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Cap.31 (Parte 2: Eu não era a vítima)

Inspiração que EU TIVE para esse Capítulo:

Mãe olhando para mim
Diga-me o que você vê?
Sim, eu perdi a cabeça

(All the things she said - t.A.T.u)

Capítulo Não Revisado.

Gilberto narrando

O passado - Continuação

Entramos na sala da diretoria sendo recebidos por a diretora Bárbara que ainda não havia entedido o que tinha acontecido.

Joel, o astro, imaginem a ironia na minha voz, estava bem sentado na cadeira de frente para diretora.

Vânia praticamente me obrigou a sentar do lado dele e ficamos em um silêncio desconfortável esperando a diretora anunciar qual era o assunto de extrema importância.

Estar junto com Joel no mesmo lugar, considerando que faziam anos desde a última vez que vi ele, trazia as tristes recordações de quando precisei aceitar ele namorando com Franciele sem nem se importar comigo

Trazia a mesma sensação de raiva e mágoa que senti nesse tempo.

— Podemos começar? — ela quebrou o silêncio — Estão mais calmos?

Eu limpei a garganta.

— Nunca estive tão calmo — respondi — O que a minha filha aprontou dessa vez? Qual o motivo dessa reunião?

Vânia e Joel se entreolharam.

*Eles pareciam se comunicar através de olhares*

— Ficaria agradecida se fosse direto ao assunto, Bárbara — ela sorriu — Ainda preciso fazer uma faxina quando chegar em casa.

A diretora tirou o óculos para poder nos ver melhor, pois seu óculos parecia estar com a lente manchada.

— O motivo dessa reunião — começou meio receosa — Eu nem sei como falar isso para vocês. Bom... Jade Luisa é uma excelente aluna muito educada. Ravena tem uma certa rebeldia, vocês sabem, mas nos últimos dias ela anda calma e tranquila. Não aprontou mais nada.

— Então qual o problema? — perguntei e percebi que minha voz saiu com um toque de irritação.

— Também não entendi — Joel disse — Se minha filha é uma excelente aluna e é educada.

Bárbara pressionou as têmporas e fechou os olhos demonstrando seu cansaço bem visível.

— É muito desafiador ser diretora.

Seu comentário me deixou curioso e com vontade de ler os pensamentos dela para saber qual o mistério.

*Estava ficando impaciente*

Minha mulher podia ficar nessa reunião sozinha e resolver tudo.

Eu não queria estar aqui.

— Suas filhas fizeram amizade e elas foram vistas fazendo... bem... foram vistas se beijando.

Vânia, que olhava com atenção para a decoração da mesa, acabou arregalando os olhos.

Observei as sobrancelhas franzidas de Joel e ele abrindo a boca rapidamente sem entender nada.

Eu balancei a cabeça procurando ter maior compreensão.

— Como é que é? — conseguir perguntar sendo envolvido por uma dúvida quase cruel de ter escutado certo ou ter apenas me confundido.

— Não, diretora — Vânia sorriu bem tranquila — Acho que a senhora deve ter se confundido. A minha filha é amiga de Jade Luisa. Elas são unidas e a senhora deve ter visto um abraço, claro.

Ela continuou rindo como se isso fosse algo totalmente fora do normal.

— Faça-me o favor — pegou sua bolsa — Eu sei que os alunos tem medo da minha família, inventam que somos feiticeiros, mas francamente... um aluno chegar ao ponto de inventar uma mentira dessas para prejudicar a nossa filha?

Ela puxou meu braço.

— Vamos embora, Gilberto — falou — Não temos que ficar perdendo tempo com boatos.

— Vamos ficar, mulher — bufei irritado — Eu quero entender essa história. Que negócio é esse de terem visto Ravena beijando uma menina?

— Ei, olhe lá — Joel se manifestou — Uma menina não. Ela tem um nome e se chama Jade Luisa de Cabral. Diretora Bárbara...  quem foi que te falou isso?

Joel parecia confuso e chateado.

Ele não estava entendendo nada assim como a gente.

*Duas crianças se beijando na cidade?*

*Chegava até a ser piada, porque nós estávamos falando do Lugar das Lendas onde tudo era atrasado*

Eu já tinha ouvido falar de casos parecidos.

Adolescentes que se assumiam para os pais.

Porém, eram poucos casos e a maioria eram de adolescentes afastados da igreja.

Os alunos e os moradores da cidade procuravam inventar boatos sobre a nossa família.

Eles sabiam que ser pais de uma filha rebelde, ainda assumida como lésbica, era considerado o pior castigo que um pai e uma mãe poderia sofrer.

Nós éramos moradores de uma cidade atrasada e tínhamos “inimigos” que buscavam motivos, boatos, histórias cruéis que podiam ser capazes de fazer nossa fama de *casal feiticeiro* ficar mil vezes pior.

Eles queriam manchar a nossa imagem.

Porque éramos “feiticeiros” e tínhamos uma filha lésbica.

*Que piada*

*Eu odiava morar nesse lugar*

— Por favor gente — colocou o óculos novamente — Vamos acalmar os ânimos. Peço o respeito e a compreensão de vocês que esse assunto é sério. Assim terminamos essa reunião sem brigas.

Peguei na mão de Vânia e ela sabia o recado: vamos ficar calmos.

Joel respirou fundo e bebeu água em um copo de plástico.

— Não quero ofender nenhuma família, senhora — ela continuou — E nem quero tomar o tempo de vocês. Ravena e Jade Luisa foram vistas se beijando na escola e quem viu não importa, eu não posso expor meus alunos, garanto que essa pessoa é de extrema confiança e nunca mentiria. Eu precisava chamar vocês e avisar sobre o que suas filhas andavam aprontando. Quando descobri também fiquei desacreditada, foi estranho saber disso, agora estou contando a verdade. Preciso ser sincera.

— Ah, não é possível — minha mulher insistiu.

— Por favor, senhora — disse com a voz cansada.

— Então quer dizer... que Ravena anda beijando com essa idade? — tentei manter a paciência — Beijando uma... menina? Isso é inacreditável.

— É uma total falta de respeito — ele ficou exaltado — Jade não anda fazendo essas coisas. Ela gosta de meninos e é só uma criança que nem pensa em beijar.

— Entendo a indignação de vocês — ela nos olhava com pena — Infelizmente não posso desmentir a história. Talvez elas quiseram experimentar para saber como era, talvez podem ter se beijado uma vez por curiosidade, as novelas influenciam e quando eles vêem casais se beijando em novelas ou em filmes — fez uma pausa — São influenciados sem perceber. Umas adolescentes assumem ser lésbicas e influenciam as crianças.
As influências vem de todos os lados.

Suspirei, um suspiro profundo, uma tamanha barbaridade que estava acontecendo.

Bárbara havia nos chamado e falado a verdade.

*A verdade era horrível*

*A verdade dava cem mil forças em apoio aos moradores e deixava nossa fama um milhão de vezes pior*

Terminamos a reunião e criamos coragem de nos levantar.

Joel agarrou meu braço assim que saímos da sala da diretoria.

— Tal pai tal filha — ele riu — Gilberto, se eu soubesse que Ravena era a filha do meu amigo de infância, amigo muito bobo e infantil, nunca teria deixado as duas se aproximarem.

— Me solta, astro — ri forçado e puxei o braço — Infantil aqui é você. Infantil e falso. Cuidado ao falar mal de Ravena.

— Vai defender sua filhinha depois dela ter influenciado minha Jade? — pareceu ofendido.

— Ela não influenciou ninguém — disse rápido — As duas foram influenciadas por alguma aluna mais velha ou pelos filmes.

— Tenho certeza que essa Ravena influenciou minha Jade — cuspiu as palavras e eu dei um passo para trás.

— Parem de brigar pelo amor de Deus — minha mulher gritou.

— E Franciele? — desviei a conversa — Onde estava que não viu sua filhinha assistindo esses filmes com casais namorando?

Segurou a respiração e tive a impressão dele nem ter notado que ficou sem respirar.

Soltou o ar devagar. Desviou os olhos. Ficou apoiado na parede enquanto muita gente passava correndo pelos corredores.

— Franciele faleceu — respondeu.

Meu coração errou uma batida.

— Faça-me o favor — comecei e ele interrompeu.

— Franciele faleceu quando Jade tinha 2 anos — explicou — Jade é filha única.

Abaixei e peguei nos joelhos ficando desconcertado.

*Ela era meu amor*

Sua vida devia ter sido maravilhosa com vários bebês que trouxessem alegria aos seus dias.

Foi na direção da saída e fiquei sozinho com meus pensamentos.

Só ouvi minha mulher falando algo antes de me puxar pelo corredor.

Ravena

*Três crianças*

*Uma amizade*

*Um amor*

— Chame do que quiser, Ravena — disse para mim mesma e continuei andando na rua — Mas o nome certo para isso é amor. Você gosta da Jade e ela gosta de você.

Éramos três crianças, eu junto com Oliver e Jade, em uma amizade linda e um amor que estava surgindo de uma maneira bem inesperada.

Estava voltando da escola, pedi para descer do ônibus três quarteirões antes da minha casa, porque queria aproveitar a caminhada e pensar um pouco.

Peguei meu caderno e comecei a ler um texto que havia escrito na sala de aula.

Sonho com um lugar no qual nunca fui. Nunca vi. Nunca conheci. Um lugar longe das tempestades. Onde o vento é agradável. E a brisa suave bate no meu rosto de modo calmo. Onde os pássaros voam livremente. Onde sinto frio, mas um frio agradável. Um lugar com boas recordações do passado. Vou ser nova nesse lugar. Recomeçarei. Sentirei felicidade nas pequenas coisas. Mesmo quando a vida me fizer chorar. Ouvirei o som dos pássaros, o vento suave e o céu estrelado no final do dia. Para me fazer lembrar que não estou sozinha. Tenho comigo as melhores companhias

Fechei o caderno, subi a ladeira alta e cheguei em casa bem cansada, havia andado muito.

Entrei, empurrei a porta com o pé, deixei a porta se fecgar sozinha, escutei o som do silêncio e meus ouvidos estranharam tanto silêncio.

Eu estranhei o silêncio.

— Oi. Tem alguém em casa?

O sapato fez barulho enquanto passava pela sala e seguia para cozinha.

Tomei um susto quando vi meus pais na cozinha. Vânia estava de costas para mim e de frente para mesa.

Seu Gilberto estava encostado no armário e parecia prestes a chorar.

— Mãe? — chamei ela — Que silêncio estranho é esse? O que aconteceu, pai?

Ela se virou e seu semblante triste fez a escuridão tomar conta da cozinha, sem precisar apagar a luz, apenas em ver o seu semblante.

Ela era sempre tão alegre.

— Finalmente você chegou — falou — Sente aqui, Ravena.

Eu pisquei os olhos sem entender.

— Agora — ordenou com a voz firme.

Deixei a mochila no chão e sentei na cadeira da mesa.

Meu pai continuou parado e com lágrimas nos olhos.

*Ele estava pensativo e encarava a parede*

Ele não estava concentrado na nossa conversa e nem tinha me visto chegar.

— Estamos com essa roupa porque fomos na sua escola — continuou em pé — Ficamos sabendo outra novidade sobre você e dessa vez essa novidade foi muito...

— Foram na escola? — interrompi — Por que?

— Não interrompa, Ravena — levantou um dedo — Posso continuar?

— Vai em frente — cruzei as pernas.

Ela ficou de joelhos e ficamos do mesmo tamanho.

Pegou nas minhas mãos e percebi gotas de suor descendo pela sua testa, o mais estranho foi ver lágrimas caindo pelas suas bochechas, algo muito difícil de ver quando se tratava dela.

— Minha filha — suplicou — Diz para mim que é mentira. A diretora mentiu.
Eu não me conformo com essa história.

— Que história? O que a diretora disse? — apertei as mãos dela — A senhora é sempre tão exagerada...

— Viram você beijando um menina, Ravena — explicou com a voz de desgosto.

Era como se eu estivesse em uma novela e essa cena foi como se fosse a última.

Senti a sensação de medo invadir cada parte do meu corpo.

Como se eu tivesse congelado em uma cena final de uma novela.

— O que tem a me dizer? — seu choro tão sentido fez tudo parecer em câmera lenta.

Meus ouvidos estavam em alerta, meus pensamentos em alerta, minhas mãos geladas, um nó na garganta.

— Péssima hora para ficar calada — fez cócegas em mim — Reage.

Conseguir rir e me afastei fazendo a cadeira ranger.

Não existia risadas. Eram cócegas que vieram no momento errado e não deixaram a alegria tomar conta.

Desviei o olhar e senti vontade de chorar.

— Não posso dizer o que você quer ouvir — passei as unhas no meu braço — Não posso te iludir com falsas esperanças.

Minhas unhas acabaram arranhando meu braço e eu não senti a dor.

*Alguém entregou para diretora. Alguém viu eu beijando Jade*

— Meu Deus — se levantou — É ainda pior ver você admitindo.

Colocou um pano de prato no rosto e escondeu suas lágrimas.

Vânia com vergonha

Nunca tinha visto essa mulher envergonhada.

— O que os vizinhos vão pensar? — balançou a cabeça enquanto continuava com o pano no rosto — Eles tem medo da gente. Vai ser pior quando descobrirem que temos uma filha... Ai Deus.

Nem terminou a frase.

Era tanta indignação, tanta culpa, tanto receio, tanto desgosto, tanta vergonha.

Terminar a frase demonstrava admitir e aceitar a realidade, mas ninguém se atrevia a aceitar nada.

— A senhora não terminou a frase — levantei — Permite que eu termine?

A coragem estava querendo voltar e eu queria recebê-la de braços abertos.

Por que eu ia mentir?

Por que precisava esconder?

Eu não podia ser covarde e fugir de novo.

Era hora de parar de fugir e seguir o conselho de Jade.

Meus ouvidos atentos a cada som diferente. Eu ignorava o medo e a vontade de ficar fazendo o papel de vítima.

*Eu não era vítima*

Agora assumia meu papel de protagonista da novela.

Por mais difícil que fosse.

Parar de fugir de Mariete, dos moradores, da escola.

Só queria assumir as responsabilidades e lidar com minha triste realidade.

Meu destino cruel não se resumia a casar com 17 anos, viver um casamento infeliz, obedecer meus pais e agir como uma marionete.

O meu destino, na minha imaginação, era cheio de coragem e eu tinha uma certeza. Jade estava no meu destino.

— O que? — tirou o pano do rosto.

Ignorei os batimentos cardíacos acelerados.

— Vai ser pior quando descobrirem que vocês tem uma filha lésbica? — engoli em seco — Essa é a palavra certa.

Ela ficou me encarando como se eu fosse um alienígena.

— Ravena — mais desgosto e mais indignação — Filha, tem um futuro tão incrível esperando por você. Não perca seu tempo com bobagens. Onde você aprendeu isso? Onde viu essas coisas de beijo?

— Onde eu vi? — soprei um riso — Em lugar nenhum. Eu não precisei ver nada, dona Vânia. Isso começou naturalmente.

— Não diga bobagens, filha — insistiu — Você deve ter visto um casal aos beijos em algum filme, quis experimentar, foi isso. É normal.

— Não fique procurando respostas — mordi o lábio segurando o choro — Eu sei que é difícil acreditar que tem uma filha “errada” quando é ao contrário. Vocês tem uma filha normal.

— Isso nem é normal — bateu na mesa e Gilberto permaneceu do mesmo jeito.

— E o meu pai? Tá feito uma estátua — perguntei — Tem alguma explicação?

— Deixa seu pai para lá — pegou no cabelo preto e curto igual o da Branca de Neve — Isso nem é normal, Ravena. Foi só uma vez que vocês tentaram beijar só querendo saber como era... não foi?

— É normal sim — gritei sem querer — Eu descobri que é normal.

— Descobriu com quem? — puxou o cabelo demonstrando estar com raiva.

— Descobri com a Jade — respondi.

O clima ficou um pouco mais tenso diante da minha resposta.

— O que fiz para merecer esse castigo, meu Deus? — suspirou — Aquela Jade, tão educada e inteligente, uma menina direita fazendo uma coisa dessas.

— Ela também gosta de garotas — respirei fundo — Não foi influência de filme. A gente sempre foi assim.

— Que desgosto — apertou os lábios.

— Desculpa por ser um erro — sussurrei — Por trazer dor de cabeça e problemas.

— Você vai se casar com um rapaz de família — sorriu forçado — Eu estou te preparando com os deveres de casa e será uma ótima esposa. Esqueça essas bobagens. Você gosta de meninos.

Três crianças

Uma amizade

Um amor

Um erro?

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