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Cap.31 (Parte 1: Garota esquecida, perdida e abandonada)

Inspiração que EU TIVE para esse Capítulo:

A vida não é um livro de histórias, mas ela se desenvolve em capítulos
Vire a página e comece a concertar
Não há uma garantia de “felizes para sempre”
Caminhe até a sua bondade antes da sua história terminar
Então quando a sua história terminar
Eles dirão
Era uma vez uma garota que voou mais alto
Era uma vez, ela fez as coisas certas
Era uma vez, onde todos estavam juntos
Ela mudou seu coração para mudar a mente deles
Esse tem que ser o meu era uma vez

( Dove Cameron - My Once Upon a Time)

Assistam o Vídeo quem puder :)

(Essa música é para Parte de RAVENA)

Atenção, galera, Nesse Capítulo teremos Narração de Gilberto, pai da Ravena.








Ravena

Segunda

Flashback on

Eu estava com frio.

Abraçava meu próprio corpo buscando conforto e tentando se livrar de todo esse sufoco, de toda negatividade, de todo furacão.

Oliver ia precisar se afastar de mim de novo

Isso não era justo

Jade Luisa acabou com o turbilhão de pensamentos desgovernados que insistiam em permanecer dentro da minha mente.

Estávamos em um lugar afastado, perto da casinha de madeira, longe dos alunos barulhentos que brincavam na hora do intervalo.

Jade Luisa ficou bem próxima.

Seus olhos claros, tão azuis quanto as águas calmas de uma lagoa, com essa comparação acabei perdendo o foco do furacão em forma de pensamento e me concentrei no momento em reparar cada detalhe.

Eu estava no presente

Vivendo aquilo junto da garota dona dos olhos brilhantes

A imagem de águas calmas de uma lagoa azul inundaram minha mente ao ponto de silenciar as dúvidas, medos, todo e qualquer tipo de negatividade.

O mar agitado se tranquilizou.

Não existia mais espaço para o medo.

Peguei no rosto dela com certa urgência, em um ato de coragem, porque sabia que me concentrar nela era importante.

Esquecia meus problemas.

Silenciava as vozes.

Garota pagã, garota pagã, garota pagã

A voz de Mariete ainda insistia em tirar minha paz e parecia gritar comigo.

Beijei a bochecha dela sem dar atenção para os gritos de Mariete.

E enfim beijei ela.

Nossos lábios se tocaram com uma urgência da minha parte, porque Jade não esperava esse selinho.

E as vozes silenciaram por completo.

Só tive tempo de ouvir alguém correndo enquanto pisava nas folhas.

Eu abri um olho, ainda estávamos nos beijando, e tive a impressão de ter visto uma garota de cabelo preto correr em direção ao muro.

Cabelo longo, com uniforme da escola e a manga do uniforme deixava a mostra, mesmo que sem querer, a alça de um sutiã

Me afastei rapidamente dela e olhei assustada para os lados.

Jade se assustou.

— O que foi?

Um pressentimento ruim veio antes de um vento frio atingir meu corpo e não sabia o que pensar.

Conhecia essa garota.

Ou eu imaginei ter visto essa garota.

O vento frio fez o medo aumentar, as minhas mãos geladas agarraram nos braços de Jade, o mar agitado estava escuro como uma noite escura sem lua e nada para iluminar, a lagoa azul sumiu.

Corri rápido junto com ela e naquele momento só queria uma coisa.

Eu queria que aparecesse um coelho branco, que estivesse escondido de trás de algum mato e pulasse do nada, assim nós duas podíamos seguir esse coelho branco e iríamos parar no País das Maravilhas, igual a Alice.

A gente ia viver longe desse mundo.

E seríamos felizes.

Não iríamos querer voltar como Alice queria.

Pois somente em um outro lugar, dentro da ficção, eu e Jade teríamos paz.

Olivia vivia com seu cabelo solto e a sua blusa frouxa do uniforme sempre deixava a mostra uma alça do sutiã

Estava cansada e revoltada com esse negócio de não poder ser amiga de Oliver, nem conseguir dormir direito, podia estar delirando.

Eu estava delirando, não era?

Não vi nada.

Mas esse pressentimento ruim não tinha sumido.

Olivia

Estávamos sozinhas... era para estarmos sozinhas.

Cadê esse coelho branco?

Flashback off

Terça

Sexta feira eu tinha entrado na igreja católica e tinha falado com o padre Luciano.

Por alguma razão desconhecida, até mesmo estranha, não parava de pensar na conversa que tive com o padre na tarde de sexta.

Passei a mão pelo calendário que ganhei no primeiro dia que fui visitar a igreja, porque Jade tinha me convidado para ir fazer a atividade da quaresma.

O padre falou no dia da atividade para que era o calendário.

— O calendário é para vocês levarem — chamou os coroinhas — Eles irão agora distribuir vários calendários, a tarefa é marcarem com caneta cada dia que se passa, até completar os 40 dias.

Detalhe importante: eu não estava marcando os dias

E nem pretendia marcar.

Um relógio começou a badalar do nada e achei esquisito, porque a gente não tinha esses relógios em casa.

Puxei a bíblia pequena que estava embaixo dos livros grandes.

Padre Luciano queria que eu lesse a bíblia.

— Fique com essa bíblia. Pode ler em casa e tirar as dúvidas nos dias que seus amigos vierem assistir as missas.

O relógio foi parando de badalar.

Preferia ler meus livros grandes sobre plantas, o poder das ervas para fazer chás, árvores, natureza, dicas para fazer a tristeza ir embora com um simples exercício como bater palmas.

*Meus livros eram meus bens preciosos*

Aprendia tudo com eles.

Os livros sobre a natureza me faziam aprender muita coisa legal.

Agora ler a bíblia era outra história.

Não sabia o que ia encontrar na bíblia, se tinha ensinamentos valiosos como nos livros que costumava ler, podia tentar começar pelo básico do básico.

A vida de Jesus

Meus pais sempre tentavam me contar a história sobre o nascimento de Jesus e a vida de Jesus.

Sinceramente... eu ficava entediada com essa história pelo simples fato da minha mãe contar tudo com um sorriso grande e com empolgação.

Dona Vânia queria muito que eu seguisse os conselhos dela e aceitasse ir para a igreja católica.

Pensei em ler a bíblia de uma vez por todas e acabar com o mistério.

Será?

E se eu ficasse entediada?

Talvez não...

Só ficava entediada quando era dona Vânia contando a história.

Agora ler tudo sozinha era outra coisa.

Sentei no chão frio e encostei as costas na cama para ficar mais confortável e disse:

— Preciso distrair minha cabeça.

Esquecer Mariete, Olivia, julgamentos

Decidi começar a leitura com os livros do meio, pois sempre abria a bíblia em Matheus.

Tentava abrir em outro livro, mas sempre caia nesses.

Abri na página e li baixinho:

— O Evangelho Segundo Mateus. Capítulo 1. Livro da geração de Jesus Cristo, filho de Davi, filho de Abraão.
2.Abraão gerou Isaac. Isaac gerou Jacó. Jacó gerou Judá e seus irmãos.
3.Judá gerou, de Tamar, Farés e Zara. Farés gerou Esron. Esron gerou Arão.
4.Arão gerou Aminadab. Aminadab gerou Naasson. Naasson gerou Salmon.
5.Salmon gerou Booz, de Raab. Booz gerou Obed, de Rute. Obed gerou Jessé. Jessé gerou o rei Davi.
6.O rei Davi gerou Salomão, da­quela que fora mulher de Urias.
7.Salomão gerou Roboão. Roboão gerou Abias. Abias gerou Asa.
8.Asa gerou Josafá. Josafá gerou Jorão. Jorão gerou Ozias.
9.Ozias gerou Joatão. Joatão gerou Acaz. Acaz gerou Ezequias.
10.Ezequias gerou Manassés. Manassés gerou Amon. Amon gerou Josias.
11.Josias gerou Jeconias e seus irmãos, no cativeiro da Babilônia.

Fiquei curiosa com tantos nomes diferentes e alguns não conseguir pronunciar direito.

— 12.E, depois do cativeiro da Babilônia, Jeconias gerou Salatiel. Salatiel gerou Zoro­babel.
13.Zorobabel gerou Abiud. Abiud gerou Eliacim. Eliacim gerou Azor.
14.Azor gerou Sadoc. Sadoc gerou Aquim. Aquim gerou Eliud.
15.Eliud gerou Eleazar. Eleazar gerou Matã. Matã gerou Jacó.
16.Jacó gerou José, esposo de Maria, da qual nasceu Jesus, que é chamado Cristo.
17.Portanto, as gerações, desde Abraão até Davi, são catorze. Desde Davi até o cativeiro da Babilônia, catorze gerações. E, depois do cati­veiro até Cristo, catorze gerações.
18.Eis como nasceu Jesus Cristo: Maria, sua mãe, estava desposada com José. Antes de coabitarem, aconteceu que ela concebeu por virtude do Espírito Santo.
19.José, seu esposo, que era homem de bem, não querendo difamá-la, resolveu rejeitá-la secretamente.
20.Enquanto assim pensava, eis que um anjo do Senhor lhe apareceu em sonhos e lhe disse: “José, filho de Davi, não temas receber Maria por esposa, pois o que nela foi concebido vem do Espírito Santo.
21.Ela dará à luz um filho, a quem porás o nome de Jesus, porque ele salvará o seu povo de seus pecados”.
22.Tudo isto aconteceu para que se cumprisse o que o Senhor falou pelo profeta:
23.Eis que uma Virgem conceberá e dará à luz um filho, que se chamará Emanuel, que significa: Deus conosco.
24.Despertando, José fez como o anjo do Senhor lhe havia mandado e recebeu em sua casa sua esposa.
25.E, sem que ele a tivesse conhecido, ela deu à luz o seu filho, que recebeu o nome de Jesus.

Tudo bem. Não esperava por isso

Essa história daria uma bela encenação para gente contar para as crianças da Biblioteca Ultrasecreta.

*Contar do nosso jeito. Eu e Julie*

Eu podia ser Maria e Julie faria o papel de José, Jade podia ser o anjo que apareceu para José.

Oliver nunca ia aceitar participar de uma encenação.

Então eu ia precisar somente da ajuda de Julie e Jade.

Sorri com essa ideia.

Tudo para mim se transformava em livro, leitura, teatro, poesia.

As crianças da Biblioteca Ultrasecreta estavam gostando de mim, não sabia que milagre tinha acontecido, porém achava que eles não iriam ficar interessados na possível encenação do nascimento de Jesus.

Eles estavam gostando dos contos de fadas

— Vai se atrasar — dona Vânia disse — Precisa tomar chá hoje?

Suspirei.

Eu tinha “virado mulher” se acordo com a visão dela

— Faz parte do processo, filha. As mulheres passam por esses ciclos

Olhei para ela.

— Não se preocupe — sorri — Eu estou bem. Posso fazer o chá quando chegar da escola.

Ela olhou para mim com aquele olhar de orgulho que dizia: Estou feliz por você estar ficando uma mocinha.

Suspirei novamente e revirei os olhos. Revirei tanto os olhos que sentir um pouco de dor de cabeça.

Estava achando horrível passar por esse ciclo.

Minha mãe estava achando aquilo o máximo.

Fiz duas trancinhas no cabelo e coloquei a mochila nas costas, senti um friozinho na barriga quando pensei nos beijos desajeitados que compartilhei com Jade nos últimos dias, era mágico como tudo ficava melhor do lado dela.

Ela era como se fosse a minha luz

Uma luz no meio de todo o caos.

Um girassol que apareceu no fim do túnel para trazer mais cor para minha vida.

Um sorriso de uma criança pequena que trouxe tranquilidade para meus dias.

Eu era como um furacão, misteriosa, desconfiada

Ela era luz, poesia, delicadeza

Éramos como duas peças de um mesmo quebra-cabeça e nós podíamos nos unir sempre.

Tinha medo dos desafios e moradores da cidade, porque sabia que eles podiam nos separar...

Na sala meu pai, Gilberto, corria de um lado para o outro procurando algo que havia perdido e se preparando para mais um dia de trabalho.

Sai de casa, observei a calmaria da natureza a minha frente, os pássaros voando pelo céu, corri para descer a ladeira bem rápido e conseguir pegar o ônibus na hora certa.

No meio do caminho decidi passar no cemitério. Nunca mais tinha visitado aquele lugar.

Abri o caderno de desenhos enquanto estava sentada na cadeira do ônibus e comecei a desenhar o portão da entrada do cemitério.

O ônibus foi andando.

Olhei pela janela e vi que a gente se aproximava do muro grande daquele lugar.

Pedi para o motorista parar o ônibus e desci.

Observei o grande portão da entrada do cemitério, os matos ao redor queriam tomar conta do lugar abandonado, esse era o cemitério mais antigo da cidade.

Escutei um miado de uma gata e em seguida um miado mais baixinho.

Vi uma gata e um gatinho filhote passeando pela rua, eles pareciam  tranquilos e por um segundo acabei querendo sentir essa tranquilidade, parecia que estavam aproveitando a caminhada.

Uma garotinha, que aparentava ter uns 10 anos, apareceu acompanhada de um homem e de uma mulher.

A garotinha estava andando enquanto pegava na mão da sua mãe e do seu pai e gritou:

— Espera a gente, Paco. Segura seu filho, Flora, que ele quer fugir.

Os pais da garotinha riram.

Eu acabei rindo também e fiquei rindo sozinha acompanhada a cena.

Mãe e pai

Uma gata e seu gatinho filhote

Família

Eles eram uma família unida.

Percebi a presença da planta onze-horas na minha frente.

As florzinhas vermelhas dançavam no ritmo da música do vento.

— Eu sou uma garota esquecida, perdida e abandonada — sussurrrei para essas florzinhas — Minha família nem se quer se importa comigo. Eles só fingem que se importam.

Jade Luisa podia ter perdido a sua mãe, mas ainda tinha o seu pai.

Oliver podia não ver seu pai por ele morar em outra cidade, mas tinha sua mãe por perto.

Julie não morava com seus pais e nem sabíamos muitas coisas sobre eles, mas ela tinha seus avós.

Todo mundo que eu conhecia era assim. Todos tinham um pai, ou uma mãe, ou os avós, ou os tios e assim por diante.

Família.

Eles pertenciam a um grupo, uma união forte, laços familiares e muitas gerações que se passaram e novas gerações que ainda viriam pela frente.

Eu não tinha. Eu não pertencia. Eu não me conectava.

Jade Luisa, Oliver e Julie. Eles eram a minha família verdadeira.

Dona Vânia e seu Gilberto nunca seriam uma família amorosa para mim.

De longe avistei um garoto andando pela rua e aos poucos conseguir ver melhor de quem se tratava.

Era Oliver.

Oliver andava cabisbaixo chutando as pedrinhas da rua. Ele levantou a cabeça e percebi seus olhos vermelhos. Tirou a atenção da rua e acabou me vendo de repente.

Nos entreolhamos.

A impressão que eu tive foi dele estar cansado como se estivesse andando para lá e para cá sem parar.

Ele parecia exausto e devia ter chorado muito. Também aparentava estar meio confuso.

— Oi Ravena — parou do meu lado — Fiquei aqui te esperando. Precisamos conversar.

Esfreguei a testa procurando entender.

— Você tá bem? — peguei no seu ombro — O que sua mãe fez, Oliver? Ela te fez prometer nunca mais falar comigo?

Ele sorriu triste.

— Quero ser seu amigo — choramingou — Eu quero... a gente precisa... conversar sério.

— Pode falar — insisti — Estou aqui te ouvindo.

Suas orelhas vermelhas demonstravam vergonha e acariciava o próprio braço demonstrando estar solitário.

— Fala logo, por favor. Vai direto ao assunto — analisei seu rosto — O que aconteceu?

— Vocês duas — ele começou — Vocês duas mentiram. Vocês... são iguais... são iguais a Trix e a Jamile...

Sua voz trêmula gaguejando e palavras rápidas me deixaram perdida naquele assunto.

— Trix? Como assim? — agitei levemente a cabeça — Você também conhece essa Trix? Eu ouvi falar dela.

— Conheço — suspirou — Vocês duas mentiram. Eu... nem sei o que dizer. Estou muito confuso... chateado e... magoado.

— Magoado? Por que? O que eu fiz? — cruzei os braços — Eu aqui não estou entendendo nada.

— Estou magoado com você — ele confirmou e senti como se o ar fosse faltar a qualquer momento — Magoado com a Jade.

Sentir minha garganta ficar seca.

— Do que você tá falando? — perguntei com a voz mais rouca que o normal.

Minha voz normalmente era meio rouca e meio aveludada, como ele havia dito uma vez, mas naquela hora saiu uma voz diferente e muito mais rouca.

Foi estranho ver ele confirmar com todas as letras que estava magoado comigo.

Nossas implicâncias, nossas apostas de corrida, nossas brincadeiras. Tudo isso passou como flash pela minha mente.

Como assim ele estava magoado comigo?

A sensação de ser tão pequena no meio dos problemas, a sensação de não estar no controle de nada, a sensação de estar perdendo um amigo.

— Talvez a culpa foi minha — ele prosseguiu — Eu criei expectativas demais e me iludi achando que ela iria gostar de mim um dia. 

Engoli em seco diante da sua revelação e entendi em partes do que se tratava.

O tema da conversa.

O foco.

Eu sabia que ele gostava de Luly então estava falando dela.

— Depois a gente termina isso, tá? — sorriu forçado — Ainda quero ser seu amigo. Mesmo sabendo que vocês duas mentiram... porque eu gosto muito da sua amizade.

Ele saiu correndo para escola.

— Volta aqui — gritei — Ainda não terminamos.

São iguais...
São iguais a Trix e a Jamile

Lembrei de quando Luly falou sobre uma aluna adolescente que ela havia conhecido.

Recordava bem desse dia.

— Trix também gosta de meninas.

— Somos lésbicas, meninas que gostam de meninas.

Espera aí.

Se Oliver afirmou que somos iguais a Trix e Luly conheceu ela e descobriu um nome para nos definir.

Ele sabia ou podia ter visto algo a mais?

Ele descobriu que eu e ela nos beijamos?

A falta de ar começou a se tornar difícil de suportar e entrei no cemitério em busca de um conforto.

Podia chegar na escola na segunda aula. Não pretendia sair do cemitério tão cedo.

Ninguém podia saber de nada. Não era possível. Ou era?

Sentei em um banco do cemitério, tirei o caderno de desenhos.

Eu só queria que existisse uma fada madrinha

Minha fada madrinha ia aparecer do jeito de uma estrela e ia adquirir sua forma humana.

Fechei os olhos tentando imaginar a cena:

“ — Sou sua fada madrinha, Ravena. Não fique triste, querida, quero realizar seus 3 desejos. Pode pedir o que quiser.”

“ — Eu desejo ser livre e fazer o que eu quiser, eu desejo fugir com a Jade em busca da nossa liberdade, eu desejo ver a magia dos contos de fadas acontecer na minha vida.”

Uma lágrima desceu pelo meu rosto e eu queria ser forte. Queria fazer a minha coragem voltar. Queria lutar como eu sempre lutei.

Porque, afinal, eu era Ravena e não tinha medo de nada.

Gilberto narrando

Dias Atuais - O Presente

Eu sou Gilberto, pai da Ravena e sou casado com Vânia, essa é uma boa apresentação para mim começar a contar a história do meu passado.

Apesar de tudo ter mudado nas nossas vidas, de eu e Vânia termos feito muita coisa errada no passado, de tudo ter saído do nosso controle, mas ainda é a minha história e precisa ser contada.

Eu errei muito.

Fui um pai ausente.

Hoje em dia me arrependo do que não fiz e tento recomeçar todos os dias sem muito sucesso.

Fomos pais horríveis e fizemos um mal terrível para nossa filha quando ela era criança.

Isso me atormenta dia e noite.

Deixou eu e Vânia doentes. Nos fez virar uma lenda que os antigos moradores do Lugar das Lendas nunca vai esquecer.

Posso mudar meu nome, mudar minha aparência, ir morar fora do Brasil, só não posso mudar o meu passado e nem concertar meus erros.

Os antigos moradores do Lugar das Lendas nos conheceram.

Eles não sabem e nunca vão saber de um segredo que guardamos a sete chaves e escondemos a anos.

*Nós mentimos para uma cidade inteira*

Nós somos culpados

Ravena foi vítima de um plano bem feito que os seus próprios pais fizeram

Deixamos nossa filha sozinha pensando que estávamos fazendo o bem

Deus nunca vai nos perdoar.

Gilberto narrando

O Passado

Acordei lembrando das memórias de uma antiga amiga de infância.

Franciele.

Ah, Franciele, meu amor. Eu ainda gostava de você.

Pena que nunca ia poder te chamar de meu amor de verdade.

Porque você preferiu ficar com Joel, aquele fura olho, e vocês dois ficaram juntos enquanto eu era obrigado a ver a alegria do casalzinho todas as manhãs na escola.

Joel, o garoto que era meu amigo de infância e sonhava em ser ator, estava falando dele.

Ah, Joel, por que precisou acabar com nossa amizade?

Eu gostava da Franciele e estava disposto a lutar por ela.

Joel não tinha o direito de roubar a minha garota.

Agora estava aqui, sozinho sem o amor da minha vida, trabalhando de leiteiro mais conhecido como entregador de leite, morando em uma cidade horrível e casado com uma mulher que vivia de aparências.

Eu nunca gostei da Vânia. Nunca sentir nada por ela. Nunca quis me casar com ela.

Meu amor era Franciele.

Porém, Joel roubou ela de mim.

Então meus pais decidiram se mudar quando eu era adolescente e fiquei feliz com a mudança, porque não aguentava ver o novo casalzinho feliz.

A gente morava na Cidade do Sabiá s viemos morar no Lugar das Lendas.

Conheci Vânia em um aniversário quando tínhamos 15 para 16 anos.

Ela gostou de mim por algum motivo e meus pais conheciam os pais dela.

Acabou que fomos apresentados em uma reunião de família e começamos a sair juntos, jantar juntos as vezes, visitar a casa um do outro.

Não queria seguir adiante com isso, só fui porque meus pais praticamente me obrigaram, era assim no meu tempo.

Namoramos por um ano e os pais dela falaram em casamento.

Vânia se casou com 17 anos e seguiu a tradição familiar de se casar nessa idade.

Eu fui seguindo o barco e vivendo na infelicidade de um casamento bem arranjado.

Nunca sonhamos em ter filhos

Dona Serafina, mãe dela, achou uma boa ideia termos filhos que poderiam trazer animação para nossa casa.

Eu sabia qual a reação de dona Serafina

Ela quis casar sua filha com um rapaz direito e de boa família. Seu desejo era mandar sua filha para longe e faxer com que seguisse a tradição.

Dona Serafina quis ajudar a filha a “segurar o marido” pois se ela tivesse um filho então poderia ficar comigo e nunca poderíamos nos separar.

Um filho que fizesse nossos laços familiares se unirem.

Seu Lisandro nunca ia aceitar receber a filha de volta se caso a gente resolvesse se separar.

Ravena surgiu desse jeito.

Nunca foi desejo dela engravidar então adotamos uma bebê.

— 09 horas da manhã e esse telefone não para de tocar — guardei a bicicleta — Chego do trabalho cansado e preciso escutar esse telefone tocando bem alto.

Peguei o telefone sentindo o mau humor tomar conta.

Odiava resolver as coisas

Minha mulher era boa em resolver tudo.

— Quem é? — gritei.

— Bom dia — uma voz feminina do outro lado da linha — Sou a diretora Bárbara da escola Padre Aluisio Gomes onde estuda sua filha, senhor.

— Oi, diretora — abaixei o tom de voz — O que a senhora deseja?

— Estou querendo conversar a sós com vocês dois — respondeu — É a respeito da sua filha. Podem passar na escola agora?

— Aconteceu algo grave? — franzi as sobrancelhas — Ela voltou a assustar as crianças pequenas?

— Não, senhor, nada disso — respirou fundo — É outro assunto.

— Podemos ir sim — dei de ombros — Estamos saindo.

Desliguei.

— Quem era? — minha mulher perguntou penteando seu cabelo curto.

— A diretora — respondi — Quer a nossa presença na escola.

— Por que? Alguma reunião? — ajeitou seu vestido.

— Não. Nem sei — cocei a cabeça — É um assunto aí.

— Você nunca sabe de nada, Gilberto — reclamou — Vamos logo.

— Não tenho bola de cristal para saber de tudo — resmunguei.

Ela bufou.

Saímos de casa e pegamos o ônibus.

Na escola Padre Aluisio Gomes encontramos os alunos na hora do intervalo.

Fomos em direção a sala da diretoria.

Fui pego de surpresa quando vi um homem sentado na cadeira esperando entrar na sala da diretoria.

O homem de cabelo preto, olhos castanhos e alto encarou a gente.

— Bom dia — nos cumprimentou educadamente.

— Bom dia — dissemos em uníssono.

Tinha algo estranho nele. Algo familiar.

Um sinal de nascença no seu pescoço e um sinal no pulso parecido com o formato da lua...

Memórias de Joel, meu amigo de infância, inunduram minha mente

Meu amigo de infância era conhecido pelo apelido de astro pelo fato dele querer ser um ator famoso quando crescesse.

A diretora Bárbara saiu da sala.

— Bom dia, pais — disse e percebi que ela estava com vergonha — Eu... bom... entrem, por favor.

Achei esquisito seu jeito de falar.

— Aconteceu algo com minha filha, Bárbara? — o homem de cabelo preto quis atencipar o assunto.

— Olá, astro — a diretora sorriu ainda envergonhada — Sua filha tá bem. Não se preocupe.

— Astro? — deixei escapar.

O mesmo apelido do meu amigo de infância?

— Meu nome é Joel — ele enfim sorriu  — Sou muito amigo da diretora e todos costumam me chamar de astro. É um apelido bobo, eu sei.

Minhas mãos ficaram geladas e dei um passo para trás.

— Jo-Joel? — gaguejei.

— O que foi, Gilberto? — Vânia ficou preocupada.

Fiquei encarando ele sem piscar os olhos.

— Gilberto? Esse é seu nome? — ele pareceu surpreso.

Eu tentei falar novamente.

— Não pode ser — passei a mão no rosto — Você... é... o astro? Igual na infância?

— Estou interrompendo algo? — a diretora ficou confusa — Podem entrar, por favor.

— Vamos entrar, Gil — Vânia suspirou cansada.

Joel continuou surpreso.

— Sim. Esse é meu apelido — confirmou.

Tentei controlar a raiva que começava a iniciar, pois a vontade era de interrogar ele com um milhão de perguntas.

As únicas coisas que conseguir perguntar foi a dúvida cruel.

As maiores dúvidas.

— Vocês se casaram, astro? São felizes? Tiveram filhos? Como teve coragem de iludir Franciele e ser fura olho?

— Do que tá falando? De onde conhece a Franciele?

A expressão surpresa de Joel foi sumindo e uma expressão triste surgiu.

Ele estava prestes a chorar.

Chorar? Eu que devia ter chorado. Eu fui uma vítima

— Franciele, seu grande “amor”, lembra dela? Como é tão cínico ao ponto de ser amiguinho da diretora? Nunca mais queria te ver, seu fura olho.

— Gilberto, pelo amor de Deus. Pare com isso. Parecem crianças brigando.

— Vamos acalmar os ânimos, pessoal. Querem tomar água?

Joel ajeitou a postura e levantou o queixo com sua famosa pose de orgulho.

— Não, Bárbara. Estou bem. Ele que é um homem infantil e sempre foi.

Deu um passo para frente e ergueu a mão.

— Bom dia, Gilberto. Mundo pequeno esse, não é?

— Nem imagina o quanto.

Encarei sua mão estendida.

— O que tá vendo aqui, Bárbara, é um reencontro de velhos amigos.

— Velhos inimigos.

— Chame do que quiser.

Ficamos um de frente para o outro sem dizer nenhuma palavra.


😱😱😱 Minhas reações.

Oi, gente linda. Estão gostando do Livro? Até aqui tá tudo bom ou preciso melhorar alguma coisa?

Obs 1: Gilberto é MUITO chato e infantil.

Obs 2: Sim. Gilberto e Joel se reencontraram finalmente.

Obs 3: Ravena lendo a bíblia? Que milagre foi esse?

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