Cap.28 (Parte 1: Toque de poesia, artes e faíscas coloridas)
Inspiração que EU TIVE para esse Capítulo:
Eu estava ansiosa para postar esse Trecho da Série Anne With An E 😍
Essa Musica é um verdadeiro hino:
♥♥♥
🎶🎶🎶
🎧🎧🎧
Vi seu rosto, ouvi seu nome
Preciso ficar com você
Garotas gostam de garotas como os garotos gostam
Nada novo
Não foi por isso que viemos?
(Girls like girls - Hayley Kiyoko)
Ravena
dia 08 de março - quinta
Flashback on
— Então não diz nada — abaixei o tom de voz e puxei seu braço — Só vamos aproveitar e se permitir sentir sem arrependimentos.
— E o que faremos depois? — colocou a mão no meu ombro — Quando a culpa surgir com o medo.
— Não faz pergunta complicada, Jade — disse com a voz divertida e peguei na sua cintura — Podemos dançar e esquecer esses medos.
Flashback off
Fechei os olhos com força quando essa memória veio na minha mente, revivi aquele dia várias vezes durante a terça, estava revivendo novamente durante essa manhã, o diálogo que tivemos após o beijo era a memória mais bonita que eu tinha.
O que atrapalhava era o fato de eu não conseguir me aceitar, sempre que dona Vânia, minha mãe, falava sobre um futuro possível noivo para mim... era como se tudo desmoronasse.
Dona Vânia queria seguir a tradição da família e fazer com que eu casasse com 17 anos.
Aquele desabafo daquele dia onde eu falei sobre o casamento dos meus pais e pedi para ela deixar eu seguir o meu próprio caminho.
Deixar eu quebrar a tradição e seguir o meu sonho
Porém, não adiantou muita coisa.
Na segunda acordei ouvindo a conversa dos meus avós com minha mãe e, claro, o assunto principal era sobre a garota que queria se aventurar pelo mundo e fazia o papel de vítima.
Eu no caso
Era muito difícil ver minha mãe falando sobre meu futuro noivo e precisar lidar com o fato de estar me descobrindo como...
Como...
Nem sabia quem eu era ou se tinha um nome definitivo.
Estava me sentindo nas nuvens, outras horas me sentia covarde por estar ignorando Jade Luisa, em outras horas sentia vontade de escrever um texto sobre o que estava sentindo.
Ouvir Jade Luisa dizendo “Eu gosto de meninas, Ravena” e em seguida “Isso sempre esteve presente comigo e não consigo evitar.”
“É difícil ficar perto de você, sermos amigas tão próximas, guardar segredos e fugir dessa sensação.”
“A sensação de perceber sentimentos por você...”
Minha única reação foi engoli em seco, encostar a cabeça na parede e entrelaçar nossos dedos.
Como se estivéssemos compartilhando uma conversa super secreta cheia de mistérios sendo revelados e lutando contra nossos sentimentos.
Mas Jade não estava lutando.
Ela não fugiu no final das contas.
Eu que fugi.
Ela teve a atitude de me beijar e fiquei sem saber o que fazer.
Levantei da cama e choraminguei diante da confirmação de estar fugindo mais uma vez.
Olhei para gata deitada no parapeito da janela, peguei a mochila, ajeitei meu uniforme, me aproximei da janela e fiz carinho no pescoço de Carla Cecília.
— Você acredita ser possível um mundo com princesas governando juntas como um... casal? — balancei a cabeça e fiz uma careta — Princesas não. Somente duas garotas governando juntas. Duas garotas que quebram as regras e gostam uma da outra.
A gata miou em resposta.
— Também acho — continuei — Eu concordo com você, Carla Cecília. Não é normal nessa cidade.
Carla Cecília se levantou e começou a piscar os olhos lentamente enquanto me olhava de um jeito engraçado.
— Não tenha pena de mim — cruzei os braços — Os adultos mandam em tudo e sempre possuem a última voz, mas sabe que nunca gostei de obedecer regras, e sabe o que mais?
Ela andou pelo parapeito da janela e alguns raios de sol fizeram seus pêlos brilharem em um show de cores.
A gata com três cores.
— Também não sou um robô para seguir as pessoas dessa cidade — disse com determinação — E se eu gosto de garotas mesmo... então a combinação é perfeita. Quebrar as regras tem aquele gostinho de liberdade e gostar de garotas significa que o amor pode ser totalmente diferente do que imaginei.
Beijei a cabeça da gata.
— Vou sentir saudades dos seus conselhos — disse irônica — Não se atreva a ter pena de mim novamente, senhora Carla Cecília.
Desfiz as trancinhas do cabelo e resolvi fazer um rabo de cavalo.
Como se fosse um penteado rápido para dias onde eu não tivesse animada de verdade.
Desci as escadas e encontrei meus pais arrumados para sair.
Os pássaros cantavam do lado de fora e se comunicavam felizes, pareciam estar cantando e agradecendo ao ser superior que havia criado eles, era bonito e bem barulhento ao mesmo tempo.
— Ficou pronta, filha? — dona Vânia sorriu — Podemos ir agora?
— Não me diga que a senhora resolveu fazer outra surpresa — revirei os olhos — Custa me avisar antes de tomar essas decisões?
— Nossa — sorriu sem graça — Mas que mau humor, minha filha.
— Sua mãe vai te acompanhar hoje — seu Gilberto, meu pai, disse do nada — Esqueceu o dia da mulher? Hoje é 8 de março.
— Você falou ontem sobre o café da manhã que a diretora anunciou — ela completou — Então preciso ir contigo para comemorar.
— Dia internacional da mulher — peguei no corrimão da escada — E preciso fingir que tenho uma linda família.
— Você tem uma linda família. Pare de ser mau humorada — me repreendeu — Agora podemos ir para escola?
— Vou trabalhar — pegou a sua bicicleta — Quem sabe tenho mais sorte dessa vez.
Poucas pessoas tinham coragem de se aproximar do seu Gilberto por causa da fama ruim da minha família.
Então era bem difícil trabalhar como entregador de leite em um lugar cheio de pessoas superticiosas que juravam que meus pais praticavam bruxaria.
Lembrei da conversa estranha que tive com a mulher misteriosa.
“Eu te conheço, querida, você tem uma luz e consegue atrair os animais, uma conexão linda com a natureza, pois sabe que somos a natureza.”
“A religião não te agrada, é sinal de mudança.”
“Bruxas também podem fazer magia, filha, as escriroras e as bruxas são mulheres fortes e podem fazer história. Elas fazem acontecer.”
As vezes pensava: E se eu fosse a bruxa na verdade?
Eles não eram bruxos, mas eu podia ser.
Balancei a cabeça rapidamente e me obriguei a parar com pensamentos aleatórios.
Essa mulher misteriosa nunca mais ia aparecer e isso podia acabar virando história.
Desci do ônibus e a primeira coisa que vi foi um grupo de alunos indo para escola.
Jade Luisa estava no meio desses alunos.
Não podia ignorar ela para sempre.
Vi de longe as crianças da Biblioteca Ultrasecreta e lembrei da atitude deles de fugirem de seus pais e verem uma “salvação” se tivessem a ajuda das tias.
Era engraçado ter virado tia de um bando de crianças pequenas.
Dava para acreditar que eu assustava essas crianças?
Dava para acreditar que me divertia vendo eles ficando com raiva de mim?
A diretora tinha muito trabalho quando eu assustava eles e sempre era chamada na diretoria para receber reclamações.
— Olha lá — minha mãe apontou na direção dos alunos — A sua amiga, filha.
Era só o que me faltava
Fomos andando devagar e a cada passo sentia o meu coração acelerando mais e mais.
Julie andava de skate pela rua e parou quando observou que eu estava com minha mãe.
Ela nos seguiu com o olhar e percebeu a gente se aproximando da garota loira distraída.
— Oi querida — dona Vânia chamou atenção dela — Lembra de mim?
Comecei a tentar alertar Jade e sussurrei baixinho.
Ela entendeu por leitura labial.
— Não repara. Ela só parece uma mãe divertida, mas é muito doidinha e acaba assustando meus amigos.
Sussurrei pausadamente.
Ela reparou que ficamos estranhas do nada e a garota limpou a garganta enquanto segurava a risada por causa do que eu havia dito.
— Oi tia — sorriu — Bom ver a senhora de novo.
— Estava com saudades de você — apertou a bochecha dela — Pode ir na minha casa quando quiser.
Nos entreolhamos.
Minha mãe gostou de conhecer Jade e aprovou nossa amizade.
Era esquisito estar diante dela e não conseguir parar de pensar no beijo.
Nós éramos mais que amigas, amigas que se beijaram em segredo, duas crianças se descobrindo.
Será que minha mãe ainda ia tratar ela bem sabendo do ocorrido?
O clima com certeza não ia ser esse.
Todos ficariam em choque.
— Meu pai não deixa eu sair muito de casa — explicou — Mas talvez um dia consiga ir.
Pegou na bochecha e achei ter visto ela fazer uma careta.
Dona Vânia e sua incrível capacidade de fazer os outros passarem vergonha.
Apertar a bochecha, abraço inesperado, risada exagerada
Passamos pelo portão.
Olhei para trás e Julie ainda nos observava de longe.
Juju estava meio estranha.
Devia ter um motivo para ela ter ficado nos observando por tanto tempo.
Entramos na escola e fomos direto para quadra onde estavam mães de alunos e algumas crianças correndo.
— Que azar dos alunos do ensino médio — Jade comentou ao meu lado — Agora a gente tem café da manhã junto com as mães dos alunos do ensino médio e do fundamental, mas eles precisam ir para sala de aula. As nossas provas vão ser depois e eles terão aula normal.
— Mais uma vez — completei — Fomos salvas das provas.
— Exatamente, Raven — sentou na arquibancada — Eu gostei do seu cabelo assim com esse rabo de cavalo.
Seu comentário me fez rir.
— Um penteado bem básico — passei a mão no cabelo — Gostou mesmo?
— Ficou bom — confirmou — Seu ar de menina misteriosa continua.
Fizemos contato visual.
Sentei na arquibancada, cheguei perto dela e sussurrei:
— Estou te devendo uma conversa, não é?
— Uma conversa e uma explicação do motivo de ter ficado distante.
Respirei fundo.
— Vamos sair daqui.
— E o café da manhã?
— O que é mais importante para você, Luly? Esse café da manhã chato ou ir conversar comigo?
Coloquei a mão na cintura.
Escutei a voz da diretora testando o microfone.
— Alô, alô, alô. Som, som.
Alguns pararam de conversar e prestaram atenção.
— Bom dia pais e responsáveis — a diretora disse no microfone — Um prazer imenso receber vocês aqui na minha escola nesse dia tão especial. Hoje é 8 de março, o dia internacional da mulher, e vamos comemorar juntos. Eu tenho um delicioso café da manhã e uma lembrancinha que receberão na saída. Agora peço a colaboração de todos para falarmos a respeito do significado dessa data importante.
Puxei o braço de Jade Luisa na hora e nos abaixamos para passar pelo meio das pessoas.
Demos as mãos e andamos rápido em direção a um lugar seguro.
(Na casinha)
Peguei na porta e entrei na casinha.
Jade Luisa vinha atrás enquanto pegava no curativo do seu joelho enfaixado.
— Não vejo a hora de tirar isso — ela sussurrou e respirou fundo.
Não estávamos de mãos dadas e senti falta do seu toque.
Era tão normal e tão fácil pegar na mão dela, soltar gargalhadas enquanto a gente conversava, brincarmos juntas.
Tudo era fácil.
Parecia tão certo e errado ao mesmo tempo.
Eu nunca ia ter essa conexão com Olivia e finalmente as coisas se encaixavam, tudo fazia sentido e se encaixava como se eu tivesse montando um daqueles quebra-cabeça, consegui deixar Olivia para trás e me libertar.
Com Jade tudo era intenso, bonito, com cheiro de perfume floral, um toque de poesia, artes e quadros que no momento faziam parte da minha imaginação.
Podia desenhar ela pulando enquanto tentava pegar bolhas de sabão.
Podia desenhar seu rosto dando atenção aos mínimos detalhes, sua sobrancelha bem desenhada, cílios pequenos, nariz bonito, franjinha no cabelo.
Estava com inspiração e tudo isso por causa da garota que permanecia parada bem na minha frente.
Desde o começo.
Sua chegada a escola Padre Aluisio Gomes, o cheiro do seu perfume floral pela sala, ter feito amizade com os dois estranhos da escola, eu e Oliver, e ainda mostrar seu lado romântico e fofo.
Ficar na defensiva era seguro as vezes, mas aprendi que precisava mostrar quem eu era de verdade e se permitir gostar de mim.
Sempre foi Jade Luisa de Cabral.
O único medo naquele momento podia ser resumido em três palavras:
“Acordar desse sonho.”
E uma incerteza:
“O que o futuro nos reservava diante de tantas surpresas que estávamos vivendo no presente.”
Sou só uma criança e preciso me preocupar com coisa de criança
Nada disso.
Finalmente sentia liberdade ao decidir excluir essa frase da minha vida de uma vez por todas.
Porque alguém entendia como era ter essas dúvidas e medos, alguém entendia a sensação de crescer sentindo culpa por não saber lidar com os sentimentos estranhos, alguém entendia o dilema e desvendava o mistério.
Aqui no Lugar das Lendas podíamos ser as únicas garotas que gostavam de garotas.
Porém, ao redor do mundo devia existir outras garotas desse jeito e que lutavam contra o medo ou as dúvidas, eram bem corajosas a ponto de enfrentar todos e mostrar sentir orgulho delas mesmas.
Existia um mundo além dessa cidade atrasada e nesse mundo tudo podia existir, desde coisas boas até ruins, e também tinha gente como a gente.
Jade veio e me abraçou.
Nosso abraço se encaixou como uma peça de quebra-cabeça.
Sempre parecia ser o nosso primeiro abraço e eu ainda tentava acostumar a receber abraços inesperados.
— Oliver gosta de mim — ela começou — Só que não vou enganar meu amigo e irei dizer a verdade.
— Qual verdade? — perguntei com receio.
— Sobre não sentir o mesmo por ele — roeu a unha meio nervosa — Preciso ser sincera, Ravena.
— Coitado do Oliver — fiquei triste — Ele vai ficar decepcionado.
— Também estou com pena — cruzou os braços quando um vento entrou ali na casinha.
Tirei do baú a capa branca, grande e brilhosa, que pertencia a Rainha da Neve e abracei ela colocando a capa para a proteger do frio.
— Desculpa por ter te evitado. Fui muito covarde.
— Tudo bem, Ravena. Eu entendo.
— Fiz errado, Luly. Nunca devia ter ido por esse caminho.
— E como se sente agora?
— Cheia de medos ainda. A única coisa que mudou foi... estou inspirada para escrever e desenhar... porque você faz isso comigo. Sempre fico com inspiração do seu lado.
— Que honra ser o motivo da sua inspiração.
— Fique feliz mesmo. Naquele dia... eu te deixei falar muito mais e falei pouco.
— Tem algo além daquilo? Outro segredo?
— Não é segredo, Luly, é uma confirmação.
Encarou a parede e esperou pela resposta.
— Era você. Desde quando chegou na escola com seu perfume floral, sempre foi você, agora percebo isso.
Aqueles olhos claros, tipo azul-metálico, brilharam com a minha confirmação e suas bochechas ficaram vermelhas.
Era fofo ver ela ficar com vergonha.
— Descobri uma coisa. Estava ansiosa para te contar.
— Conte tudo e não esconda nada.
Brinquei com a voz divertida.
— Fiz amizade com uma adolescente chamada Trix. Já ouviu falar dela?
— Acho que conheço só de vista.
— Você vai adorar conhecê-la. Ela foi a responsável de fazer eu entender essas coisas que estão acontecendo comigo... acontecendo com a gente.
— Não entendi. Vai direto ao assunto, Luly.
— Trix também gosta de meninas.
O meu coração deu um salto, agitei levemente a cabeça tentando assimilar o que acabei de ouvir e esfreguei o queixo.
— Então tem outras...
— Tem sim, Ravena. Devem ter muitas meninas assim.
— E tem algum nome para nos definir?
— Somos lésbicas, meninas que gostam de meninas.
Flashbacks se passaram pela minha mente.
Flashback on
Eu sempre quis conversar com alguém sobre esse assunto. Com meus pais adotivos não podia contar, não tinha um amigo e muito menos uma amiga, fazia nem ideia da minha família biológico.
Então eu ficava quieta e sentindo todas essas coisas confusas.
...
Alguém nesse mundo precisava ser capaz de tirar minhas dúvidas sobre eu me sentir diferente das outras meninas.
...
No futuro eu ia gostar de um garoto... assim esperava.
...
Eu não tinha experiências para contar e nenhum admirador secreto. Minha vida solitária se resumia a estudos, trabalhos escolares, brincadeiras.
Eles queriam saber dos namoradinhos e não sei se iam reagir bem se eu falasse sobre esse problemão que estava enfrentando.
...
O vestido caiu sobre a cama, leve como uma pena, a cômoda junto com o baú e o guarda-roupa junto com as paredes iam sumindo aos poucos.
Parecia que tudo virava fumaça.
Insignificantes.
Jade Luisa foi a única que sobrou e eu simplesmente não sabia lidar com isso.
...
Se existisse mesmo Deus e estivesse comigo nesse momento...
Eu ia dizer uma coisa para Ele agora:
Só isso que eu te peço. Quero ser normal, Deus. Só quero ser normal.
Flashback off
— Caramba — senti meus olhos se encherem de lágrimas — Então sou normal.
— Somos normais — abriu a capa branca e ficamos juntinhas protegidas pela capa — Sempre fomos normais.
Comecei a chorar emocionada.
— Será que podemos continuar brincando?
Enxuguei as lágrimas e esperei ela continuar.
— Aquele beijo de brincadeira. Você lembra?
— Nosso segredo.
Levantamos as mãos e nossos dedos se tocaram levemente, um choque pareceu despertar algo dentro de mim, parecia que saiam faíscas dos nossos dedos.
Imaginei faíscas coloridas.
Começamos um beijo desajeitado e um simples selinho se transformou em algo com grande significado.
Eu estava beijando aquela menina dona dos olhos brilhantes, semelhantes a um cristal, que um dia se atreveu a encarar a bruxa sem nenhum tipo de vergonha.
Ninguém nunca tinha olhado para bruxa assim.
Mas ela olhou e ainda chegou perto.
Faiscas pareciam acender e queimar nos meus dedos e sabia que essa sensação era recíproca, porque Jade gostava de mim.
Sim, Luly, com você aprendi a observar as nuvens andando no céu e me sentir infinita
Continuava me sentindo infinita agora nesse exato momento.
Eu era uma escritora e tinha orgulho disso. Eu era lésbica e estava aprendendo a ter orgulho disso também.
Infinita. Infinita.
Quem chorou?
Porque a autora aqui se encontra emocionada 🥹🥹🥹
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