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Cap.25 (Parte 2: Viramos atores)

Inspiração que EU TIVE para esse Capítulo:

Imaginem como se fosse Ravena falando pela primeira vez com Olivia

Pra te guiar pra te salvar quando pensar em desistir
Minha voz você vai ouvir
Olhe para o lado eu vou estar podemos ir até o fim
Sei que você faria o mesmo por mim

( Juntos até o fim - Rebelde )

ESSA MÚSICA NÃO ESTÁ NA PLAYLIST

Pensei nessa música como Inspiração por causa da amizade do quarteto

Capítulo 26 tá chegando e uma brincadeira inocente entre Jade e Ravena vai dar início a uma linda história.

Aguardem.

Ah, e por favor lembrem-se que eu já Avisei que teria momentos fofos/românticos

Eu estou pesquisando e me inspirando bastante.

Ravena

A cena do Capítulo anterior vai continuar com eles ainda no jardim

Depois de muitos abraços em grupo, algumas risadas, lembranças de como nossa amizade começou, promessas de sermos amigos para sempre.

Só restou Jade e eu no jardim da escola.

Julie chamou Oliver para conversarem em particular e eu achei estranho, pois eles nunca ficaram de segredinho.

Oliver podia gostar de Jade, mas isso não era motivo para ficar de segredinho com Julie, alguma coisa estava acontecendo, disso eu tinha certeza.

A diretora avisou que a escola estava com alguns problemas de energia e então os professores preferiram esperar tudo se normalizar para os alunos irem fazer as provas.

Isso queria dizer que a gente tinha tempo livre.

— Nossa, ainda bem que aconteceu esse problema com a energia, não é? — Jade disse e logo levantou as mãos para o céu agradecendo — Obrigada, Papai do céu.

Eu não segurei a risada e soltei uma gargalhada vendo seu jeito.

— Só você para me fazer rir — balancei a cabeça — Isso é medo das provas?

— Estou ansiosa, Ravena — confessou meio tímida — Eu não conseguiria me concentrar em nada agora.

Observei seus dedos se tremendo e ela escondeu a mão no bolso da saia.

Peguei no seu braço com cuidado e sussurrei:

— O que foi, Jade Luisa? — olhei nos seus olhos — Tá sentindo alguma coisa?

Ela se afastou.

— Estou com medo do meu pai não me deixar ir para o parque — desviou o olhar — Odeio estar ansiosa desse jeito, mas é impossível controlar. Tenho medo dessa doença também.

— Tudo é possível — olhei para os lados — Vem comigo conhecer uma...

Mordi o lábio sem saber como explicar.

— Conhecer uma velha amiga minha — peguei na mão dela e apressei seus passos.

— Calma aí, Ravena — tentou me acompanhar — Não posso correr.

— Então nós vamos andar devagar e aproveitar a caminhada — eu sorri — Você vai adorar conhecê-la.

— Nossa, que mistério — fez beicinho —Sabia que tinha gente boa nessa escola, pessoas que te acham legal, vêem uma boa companhia em você, porque Olivia estava errada, não é?

Eu fiquei em silêncio.

— Olivia insistiu em me fazer ficar contra você ao dizer que você era perigosa, isso eu nunca vou nem esquecer, foi no começo das aulas e lembro bem dessa conversa.

Continuei em silêncio e torcendo para ela parar de lembrar desse dia.

Olivia, por que você tinha que me odiar tanto?

Por que eu precisei gostar de você?

Olivia com certeza gostava de um garoto

— Eu sabia que era exagero dela — Jade continuou — Você tem velhos amigos.

Não, Luly.

Eu nunca tive amigos.

Olivia tinha razão.

— Por que estamos nos afastando dos alunos? — olhou para trás — Os seus velhos amigos estão no meio deles. A gente não devia ir naquela direção?

Apontou para o lado direito onde tinha um grupinho conversando.

— Jade Luisa — parei de andar com raiva — Para de falar. Estou ficando doidinha aqui.

Ela se assustou e parou de andar também.

— Desculpa — suspirei — Não queria ser grossa, só fiquei confusa te vendo falar tanta coisa, estamos indo nessa direção porque não tem a ver com os alunos. 

— Como assim? — sorriu sem graça — Agora não entendi nada.

Andamos mais um pouco e chegamos no nosso destino.

— Seja bem-vinda ao meu segundo lugar de refúgio — abri os braços — Essa aqui é a minha árvore preferida.

Luly pegou no tronco da árvore.

— Essa era sua velha amiga?

— Correto e vocês precisavam se conhecer.

— Por que?

— É que quando eu estava triste ou não aguentava mais ficar na sala com esses alunos da escola, eu sempre vinha aqui desabafar com ela, dava um abraço nela e ficava sozinha no jardim.

— Acabou de confessar sem querer que você fugia das aulas quando chegava perto do horário da saída.

Ela segurou a risada.

— Tudo bem, tudo bem... eu admito que sim, era meu costume fazer isso, sempre fugia e eu tive sorte do Raimundinho nunca ter me pegado matando aula.

— Teve sorte mesmo. Esse era o seu segundo lugar de refúgio?

Eu concordei.

— Qual seu primeiro lugar de refúgio?

— A lagoa encantada.

— Por que a lagoa encantada?

Ela começou a se balançar novamente.

Não conseguia ficar em pé parada.

Ainda estava ansiosa e fazia muitas perguntas.

— Aí você já quer saber demais. Eu não sou de revelar tudo.

— Falou a menina que passou sombra nos meus olhos e confessou que minha amizade ajudou a colorir seus dias, que ela era igual ao vulcão prestes a entrar em erupção e um furacão que chega destruindo tudo... dizendo que guardava muita coisa aqui.

Pegou minha mão e a levou ao lado esquerdo do meu peito.

— Guardava muita confusão e estava passando por mudanças.

— Eu falei isso?

— Não se faça de desentedida, Ravena. Eu disse que tenho boa memória e vou lembrar disso para sempre.

— Digamos que eu estava passando por mudanças e falei sem pensar.

— Não tá mais aqui quem falou.

— Gostou de conhecer minha árvore?

Ela deu de ombros.

— Gostei sim, é linda demais, parece ser antiga também.

— É bem antiga, as árvores tem uma boa memória, são vivas e guardam muitos ensinamentos, devia tentar conversar com ela para se sentir melhor.

Jade se abaixou e cheirou uma flor.

— Um pouco de privacidade, por favor? — pediu de costas para mim — Preciso ficar sozinha.

Eu me afastei e sentei na grama.

Mantive certa distância, porém ainda escutava sua voz.

Ela sentou em um balanço abandonado.

— A princesa Gabriela merece esse tempo para descansar no seu lindo jardim — ela começou a se balançar no balanço.

Observei a cena de longe enquanto Jade fechava os olhos e se balançava bem rápido, sua alegria era contagiante, nem parecia a garota preocupada de antes.

A imaginação abria as portas para liberdade.

A imaginação salvava.

A imaginação era um caminho sem volta.

A gente buscava uma fuga, um refúgio, um lugar seguro, encontrei meu lugar seguro no desenho, já ela encontrou seu lugar seguro nas imaginações.

(08h10)

Jade se acalmou no meio da natureza.

Estávamos a caminho da sala de aula, Julie andava de skate bem na frente, nós três ficamos para trás e perguntávamos mais sobre como era a asma, um assunto que não estava incomodando Luly no momento.

Sua ansiedade passou e conseguia falar sobre asma sem nenhum problema

Escutei as rodinhas do skate no chão na hora que Julie virou para o lado direito prestes a entrar na sala.

Foi então que do nada escutamos gritos e ela precisou se segurar na parede para não esbarrar em alguém.

Julie havia pulado e o skate tinha ido parar longe, segurava firme na parede e seu cabelo indomável cobria seu rosto, os alunos pararam no corredor e ficaram observando tudo.

— Ficou doido, garoto? — ouvi a voz de Olivia gritando.

— Queria atropelar a gente com esse skate, seu moleque? — Rute gritou em seguida.

Oliver e Jade correram ao encontro de Julie.

Eu continuei observando de longe.

— Respeita ela — Jade disse — É nossa colega de sala.

— Olha quem tá aqui — Rute bateu palmas — A novata que veio da Cidade do Sabiá.

— A mesma que preferiu nos trocar e ficar no grupo dos excluídos — Olivia completou — Mesmo depois de termos dito ótimos conselhos para novata ter cuidado quando fosse escolher o seu grupinho.

— Ainda assim a novata escolheu o grupo errado — Rute concluiu com sua voz melosa.

Nossa, a voz de Rute era irritante.

— Não tem vergonha de andar com os excluídos, amiga? — as duas falaram em uníssono.

Olivia passou o braço ao redor do pescoço dela e fingiu que tinham intimidade.

— Desculpa — Luly saiu de perto delas — Eu queria ser amiga de todo mundo... vocês que forçaram a barra pedindo que eu escolhesse um grupo. Nunca quis ser inimiga de ninguém.

— Essas gurias são muito chatas — Julie pegou o skate — Eu devia ter atropelado as duas. Essa cena ia ser engraçada.

— Só ia trazer confusão. Nada a ver — Oliver repreendeu a atitude dela — Nós somos pessoas civilizadas, como minha diz, não podemos julgar ninguém. Tem na bíblia que não devemos julgar para que a gente não seja julgado.

Eu sorri sentindo orgulho dele por ter dito sua opinião, brincou de bicicleta com garotos diferentes, perdeu o seu medo de falar com pessoas novas e agora expressou sua opinião na frente das populares.

Dona Mariete devia reconhecer o filho inteligente que ela tinha e parar de pegar no pé dele.

— Esse nerd só fala besteira — Rute colocou um bombom na boca — Nem adianta perder tempo com esse povo.

— Adianta sim — a popular ajeitou o cabelo — Eu não gosto de perder, sua escolha foi ficar no grupo dos excluídos, saiba que toda escolha sempre tem suas consequências.

— Foi uma ameaça? — Luly desafiou — A que ponto chegou sua crueldade?

— Estou perdendo a paciência com essa guria — Julie respirou fundo — Fica aí brigando por causa de besteira, coisa sem sentido, um motivo tão infantil.

— Calma, Juju — Ollie sussurrou — Tem uma platéia grande aqui. Corredor não é o local adequado para brigar.

Os alunos ao meu redor queriam se divertir.

Não entendia como essas brigas bobas em escola atraia tanta atenção.

Crianças e adolescentes reunidos no corredor que ficou pequeno com esse tanto de gente.

— Fica na sua, garoto — a popular colocou a mão na cintura — Isso é um aviso, minha querida Jadizinha. Se eu fosse você... ficava esperta. Preferiu ser amiguinha daquela bruxa esquisita, do nerd que gosta de insetos e dessa coisa estranha que usa boné e calça.

Agora a popular exagerou.

Eu admirava ela, via suas qualidades, beleza, só esqueci dos seus defeitos e jeito superior, estava cega porque ela parecia perfeita.

Eu me enganei e finalmente tirei a venda dos olhos.

Em uma fração de segundos cheguei perto e fiquei no meio deles.

— Oi, Olivia.

Ela arqueeou as sobrancelhas surpresa e imaginei que nem notaram a minha presença antes.

Fiquei quieta no meu canto igual uma gata sem fazer barulho.

— Oi, Rute.

— Estou dizendo que essa bruxa é doida, ela apareceu do nada, deve ter feito um feitiço para surgir aqui e nos assustar.

— Com certeza, Rute. Estamos em perigo com a presença dessa...

— Dessa o que? Completa a frase, Olivia.

Dei um passo em sua direção.

— Dessa bruxa esquisita.

— Qual o seu problema, garota? O que tem na sua cabeça? Como pode ofender Julie a chamando de garoto, você sabe que é ela e não ele, mesmo assim insiste em mexer com quem tá quieto, e Oliver merece respeito também, tem problema nenhum dele gostar de insetos.

— Não vou ficar ouvindo reclamações.

Fiquei na sua frente impedindo ela de sair.

— Vai escutar sim. Quem mandou ofender meus amigos?

Os alunos ficaram com medo.

— Posso ser bruxa e posso ser quem eu quiser, só esqueceram de citar minhas outras qualidades, sou escritora, tenho a mania de ser observadora e sou a mãe do grupo, eu defendo quem eu amo e vou até o fim se for preciso para estar com meus amigos, vocês duas são muito superficiais e se sentem superior, nunca vão entender a sensação de bem estar verdadeiro que tem numa amizade saudável.

Elas ficaram com a cara branca.

— São as minhas qualidades e eu tenho orgulho de ser quem eu sou, tenho mil e uma versões de mim mesma, posso virar escritora, poeta, gata, assim eu me perco nas minhas melhores versões, a bruxa é uma mulher sábia e escritoras tem o poder de usar a imaginação e criar um livro fantástico.

Jade, Oliver e Julie disseram palavras de conforto e incentiram minha atitude.

— Parem de julgar as pessoas por serem quem elas são e parem de agir como se fossem as donas da escola, quem manda aqui é a diretora, não vocês.

— É isso aí, Ravena — ouvi a voz de Amanda e Ester gritando.

As meninas estavam batendo palmas e torcendo por mim.

As crianças pequenas que tinham medo quando eu contava histórias de terror, as  crianças pequenas que eu achava legal assustar...

Elas tinham medo de mim...

Agora as duas estavam sorrindo orgulhosas e mostrando apoio.

Eu tinha conquistado a confiança delas?

As reuniões da Biblioteca Ultrassecreta estavam dando resultado?

— Não tem nada de errado em ser diferente, é errado ser cruel e obrigar alguém a fazer o que não quer, todos temos livre arbítrio e podemos decidir sozinhos.

As crianças pequenas começaram a vaiar as populares, os adolescentes cochichavam, as crianças maiores estavam assustadas.

Olivia e Rute saíram desfilando e sem mostrar que foram vencidas, andaram com pose de forte, porém perderam de qualquer jeito.

— Mandou bem, Raven — Ollie me abraçou.

— Calou a boca dessas gurias encrenqueiras — Julie sorriu.

— Eu fiquei assustada — Jade confessou — Não foi justo esse show das populares só por causa de uma decisão minha.

As crianças pequenas deram tchau para gente e foram pulando felizes da vida.

Era engraçado a animação deles.

— Elas mereceram, Jade — beijei a bochecha dela — Fica triste não.

— Verdade — Juju concordou — Raven ganhou fãs.

— Quem? — Oliver franziu as sobrancelhas confuso.

— Crianças da Biblioteca Ultrassecreta, principalmente Amanda e Ester, ficaram aqui torcendo pela heroína do dia — ela explicou — Na próxima reunião tu vai ter que dar autógrafos, te prepara, viu?

Tive vontade de chorar.

Eu menti, não sentia orgulho por ser chamada de bruxa, nem gostava de ser conhecida como a filha dos feiticeiros.

Eu só fingi.

Fingi gostar de quem eu era e aquilo quase pareceu verdade em alguns momentos.

Talvez o caminho fosse fingir até aquilo ganhar espaço na minha mente.

Em um futuro próximo eu podia ter orgulho de mim mesma.

O sinal tocou.

Era hora de encarar as provas de português e matemática.

A energia havia voltado.

(18h)

A noite começou com lua crescente.

Nuvens queriam cobrir a lua no céu, enquanto o vento tomava conta da cidade e as luzes piscavam em alguns postes, o tempo frio estava agradável.

Era noite de parque, diversão, família.

A chuva podia cair a qualquer momento e acabar com a inauguração do parque.

No céu um completo silêncio e tudo parecia sem vida, estrelas brilhavam entre o céu escuro, nuvens paradas, o verdadeiro manto negro cobrindo a cidade.

Lugar das Lendas ficou mais misterioso.

Aqui a animação tomava conta, som de música em carros, crianças correndo, cheiro de batata frita e algodão doce, barracas de comida, várias luzes que iluminavam o local.

E finalmente os brinquedos.

Desde que ninguém olhasse para lua...
Estava tudo certo. Diversão garantida.

Ninguém ia se atrever a contemplar a beleza da lua.

Uma grande roda gigante aparecia bem na frente, em seguida os carrinhos de bate-bate, o carrossel, o espalha brasa, tiro ao alvo, o samba, escorregador, gangorra, a famosa casinha de madeira e  muitos outros.

Era um local grande e por isso tantos brinquedos.

A igreja permanecia no mesmo canto e praticamente isolada, pois ninguém se interessou de entrar na igreja católica com suas duas torres e um sino.

— Ravena.

Alguém gritou e assim que olhei para trás tive uma surpresa.

— Jade Luisa?

Corri ao seu encontro, nós duas sorrimos cúmplices e nos abraçamos, um abraço duradouro e dando a impressão que passamos meses sem se ver.

Passei a tarde toda sem ter notícia dela.

Ninguém sabia se Joel ia liberar a saída da filha, porque ela estava de castigo desde sábado por ter desobedecido seu pai.

Joel pegou nos ombros dela e sorriu ao me ver.

— Papai deixou — disse eufórica — Ele preferiu vim comigo para garantir.

Eu entendi.

Garantir que a filha ia estar segura.

E com boas companhias.

Sem os moleques de rua.

Eu peguei na trança e logo repreendi mentalmente a preocupação exagerada dele.

— Obrigada por ter liberado, senhor — agradeci contra vontade — Sua filha tá segura.

— Disso eu ainda tenho minhas dúvidas — cruzou os braços — Em um parque lotado ninguém fica seguro.

Jade se aproximou e sussurrou:

— Não liga. Ele ficou pior depois de descobrir que tenho asma.

— Entendi. Podemos brincar nos brinquedos pelo menos?

— Claro. Quer ir em qual brinquedo primeiro?

Seu Joel tossiu antes que eu conseguisse pensar.

— Vão no escorregador.

— Escorregador é para os pequenos, repara nessa fila, papai, todos com idades entre 3 a 8 anos.

— Eles não são pequenos, Luly, tem quase a nossa idade.

— Ah, eu sei, Raven. Só que eu queria ir no espalha brasa.

— Escolha outro, filha, o espalha brasa é perigoso.

— Podemos ir na gangorra ou carrinho de bate-bate.

— Ótima ideia. Sua amiga tem razão, filha.

Luly lançou um olhar indignado para mim e ficou séria.

Sorriu forçado e disse com ironia:

— Claro, papai. Ravena teve uma ideia maravilhosa.

— Eu vou ficar sentado naquele banco esperando vocês.

— Cadê os outros?

— Não sei.

Escutei a voz de Oliver vindo do lado direito.

Dona Mariete, Oliver e Julie vinham andando.

Minha alegria acabou

Tinha que fingir ser invisível e não deixar Mariete ver eu perto do filhinho dela

Bufei irritada

— Eu vou no banheiro — resmunguei — Depois vamos na gangorra, ok?

Luly entendeu o recado quando avistou os dois virem acompanhados de Mariete.

— Que mundo injusto. Nós temos que ficar te excluindo, Ollie precisa fingir que nem te conhece, nosso quarteto acaba ficando desunido.

— Os adultos complicam as coisas e as mentiras trazem graves consequências, mentir para os pais é arriscado e pode te levar a se tornar um mentiroso, mesmo sem querer.

— Credo, Raven.

— Ele mentiu e essa mentira tá se tornando verdade.

— Verdade nada. Estamos firmes e fortes e unidos até o fim.

Andei rápido.

Me escondi de trás do carrinho de algodão doce.

Estávamos a uma distância segura.

Oliver e Julie cumprimentaram Joel e Mariete sorriu enquanto acenava com a mão, ela teve vergonha da presença do pai de Jade, sua timidez deixou claro um certo desconforto.

O homem do carrinho chamou minha atenção.

— Vai querer algodão doce, menina? — ele perguntou distraído — Onde estão seus pais?

Eu levantei sentindo meu coração acelerar diante do questionamento.

— Quero sim, senhor — respondi — Meus pais estão chegando.

Ele preparou o algodão doce e eu paguei rapidamente.

Tirei um pedaço de algodão doce e coloquei na boca enquanto tentava disfarçar, o homem do carrinho não podia desconfiar que eu menti, então esperei pacientemente meus “pais” chegarem.

Um casal de estrangeiros, de fora da cidade, passaram e eu resolvi seguir eles.

— Meus pais estão logo ali — apontei discretamente na direção do casal — Até mais, tio.

Ele gargalhou por eu ter o chamado de tio e continuou seu trabalho.

Segui o casal de estrangeiros e cada vez mais ficava distante da galera feliz que conversava.

Ouvia bem as vozes do trio seguidas das vozes de Mariete e Joel, eles falavam alto e um pouco de culpa surgiu nos meus pensamentos, aquele sinal de inveja ou mágoa fazia a culpa vim a tona.

Não sei se era inveja da animação deles, tudo continuava funcionando normal mesmo faltando uma integrante, ou se era mágoa por ele ter mentido e entrado nessa confusão toda.

Resolvi passear pelo parque.

(minutos depois)

Todos viramos atores.

Eu era a personagem protagonista da série.

Jade fazia o papel da mocinha protagonista.

Julie era coadjuvante.

Oliver fazia o papel do popular.

Por que o popular?

Era simples.

Oliver estava sempre acompanhado das duas personagens, Jade e Julie, tornando assim popular por chamar atenção.

Juju era coadjuvante, pois fazia o papel da garota misteriosa na série.

Eu tinha a missão de ser a protagonista, mas não sabia bem a minha função.

Talvez fosse ser a segunda opção.

Elas se cansavam do popular e ficavam comigo.

Essa série da vida real deixou tudo de pernas para o ar.

— Vai logo — alguém me empurrou na fila — O meu pai não pode ver eu andando na barca.

Luly interrompeu a triste reflexão sobre sermos atores.

A fila aumentava e todos lançavam olhares de medo para mim.

— É a filha do casal feiticeiro — ouvi um deles sussurrando.

Subi as escadas para a barca e sentei na cadeira do meio.

Jade sentou na cadeira do meio também.

— Achei que queria ficar com eles.

— Não. Eu vou contigo.

Juju e Oliver sentaram na ponta do brinquedo.

— Eles estão no pior lugar — fez o sinal da santa cruz — Tomara que aqui seja tranquilo.

— É super tranquilo — dei de ombros — Ouvi falar de um garoto que passou mal na barca. Estava sentado nessas cadeiras do meio.

— Para, Ravena — sorriu nervosa — Cala a boca. Você quer me assustar.

Segurei a risada.

A barca começou a subir no seu movimento pendular e Jade Luisa agarrou o ferro de proteção do brinquedo.

Suas mãos ficaram brancas devido a força que ela apertou o ferro.

Senti o friozinho na barriga e fechei os olhos, e imaginei que podia alcançar as estrelas cadentes.

— Pai nosso que estás no céu. Santificado seja o teu nome. E venha a nós o teu reino. Seja feita a tua vontade.

Jade rezava com a voz trêmula e perdi a concentração.

A barca desceu em uma velocidade fora do normal e meu coração faltou sair pela boca.

Jade gritou e passou o braço ao redor do meu pescoço me puxando para perto dela, os nossos rostos ficaram a poucos centímetros de distância, tentei respirar mesmo com dificuldade.

— Perdoai as nossas ofensas. Assim como nós perdoamos a quem nos tem ofendido.

Ela ainda estava rezando baixinho e sua cara branca, igual um papel, seus lábios agora estavam brancos e perderam a cor, seus lindos olhos azuis estavam fechados.

Uma lembrança... seus lábios que antes eram pintados de vermelho.

Eu limpando o canto da sua boca manchada de batom.

Em outra lembrança eu encarava seu rosto... estávamos na rua da casa de Juju.

Entrelacei nossos dedos e aos poucos fui soltando sua mão

Encarei sua boca novamente

Na última lembrança fui enganada por ela e acabei recebendo um presente em forma de texto.

Eu tinha as melhores companhias, eu era alguém além de uma bruxa, eu era uma pessoa normal

— O mundo tem muitas belezas, mas com sua amizade descobri que tudo pode ficar mil vezes melhor.

— Eu te observo como se fosse um quadro, um desenho, uma pintura.

Eu era problema e todos deviam me rejeitar sempre. Ela escolheu ficar

Eu limpei a garganta.

— Imagina que estamos em um campo de girassol, agora a gente se perdeu porque entramos dentro do mato, tem muitas abelhas ao nosso redor e você tenta desviar delas.

Minha voz saiu abafada por conta da ventania.

Jade deitou a cabeça no meu ombro fazendo esforço para pensar no cenário mágico que inventei.

O brinquedo voltou a subir novamente.

— Pego a câmera e procuro o melhor lugar com os melhores girassóis, você fica perto de um monte de girassol e eu tiro sua foto.

Os gritos das pessoas se misturaram com e acabei desistindo.

Era difícil distrair ela em um brinquedo radical e lotado de gente.

— Eu... eu vou desmaiar — sussurrou.

— Não vai não. Aguenta, Luly — disse rápido.

Engoli em seco lutando contra a vontade de vomitar e mantendo a calma.

A barca finalmente foi parando.

Levantei com as pernas bambas e ajudei Jade a sair, e os adolescentes foram nos seguindo na descida daquela pequena escada do brinquedo.

Eu ainda tentava me recuperar da enxurrada de lembranças que tive.

Julie desceu os poucos degraus de forma rápida.

— Eu adorei. Que saudade que eu estava de ir na barca — comentou — Foi bem engraçado ver os guris apavorados por causa da altura.

Oliver desceu se tremendo.

— E da velocidade fora do normal na hora da descida — completou — Meu corpo não se recuperou 100% do susto que tive.

— Eu e Jade ficamos tranquilas — falei controlando tremor nas pernas — Nem achamos tão radical assim.

— Percebi — Juju riu — Nossa querida Jadizinha super tranquila meditando... ou será que era rezando?

— Rezei sim — ela admitiu — Raven ajudou bastante. Ainda bem que não fiquei sozinha.

— Vou procurar minha mãe — ele avisou — Aproveito e bebo água para espalhar o sangue depois desse susto.

Ele beijou nossas bochechas, pediu perdão para mim de novo sobre ser obrigado a passar por essa situação e acabar arrastando todos com ele, se despediu e foi procurar Mariete.

(mais tarde)

Estava sozinha e aproveitei para desenhar a vista a minha frente.

A grande roda gigante.

Arrumei um papel e alguns lápis com uma garota de uma barraca de comida.

Depois de terminar o desenho eu planejava ir no tiro ao alvo.

Ainda sentia o cheiro do perfume floral de Luly, pois o seu perfume ficou na mimha roupa.

— Enfim te achamos — alguém interrompeu meu momento de paz.

Julie segurou na cadeira onde eu estava sentada.

Jade veio em seguida comendo pipoca.

— O que desejam? — falei brincando.

— Desejo isso — ela me bateu — Nós te procuramos em todo lugar. Por que tu sumiu?

— Julie — Jade a repreendeu — Para que agir com violência?

Peguei no ombro fingindo sentir dor e me levantei.

Fiquei de frente para elas.

Fiquei surpresa quando Oliver, Mariete e Joel entraram no meu campo de visão.

O casal conversava animado.

Só observei Oliver olhando de longe para gente.

— Tranquilo — sorri — Nem doeu nada.

Fiquei distraída reparando a atitude suspeita dele.

Ele não sabia disfarçar

— Queria saber onde tu se escondia — ela simulou um pedido de desculpa — Estávamos preocupadas contigo, mas já que te achamos... tu quer desenhar, não é?

Sua pergunta pareceu ensaiada.

Juju também estava estranha.

Atitude suspeita

— Estou sim...

— Então nem vamos te atrapalhar — colocou o pé direito para o lado e se virou um pouco a procura de algo lá atrás — Jade, quer ir na roda gigante?

Ela roeu as unhas.

— Será uma boa ideia? — mordeu o lábio.

— Seu pai nem vai saber — apontou na direção deles — Estão bem distraídos.

— Vamos — respondeu — Compramos três ingressos.

— Ah não — Juju quase gritou — Ravena tá ocupada desenhando.

Juju foi nada discreta e fez um joinha com a mão, Ollie respondeu fazendo outro joinha e sorriram cúmplices, apesar dele parecer ansioso.

Suspeitei desde o inicio.

Os dois tinham um plano.

Ele gostar de Luly tudo bem, mas não fazia sentido Juju estar o ajudando.

Ela podia estar ajudando ele a conquistar Luly?

Primeiro Olivia e agora Jade.

Quando essas coisas iam parar?

Jade trazia paz ao meu coração, luz, vida aos meus dias.

Trazia inocência.

— Até mais, Ravena — elas disseram e foram até a fila.

Oliver nem se importou com a minha presença. Achei que talvez ele nem tivesse me visto.

Seguiu as meninas.

Eu guardei o papel e os lápis no bolso do vestido, apressei os passos sem o perder de vista, mantive certa distância, enfim fiquei escondida perto de um caminhão antigo que estava estacionado.

Juju havia sumido, Luly roía as unhas mostrando preocupação, Ollie criava coragem enquanto respirava fundo e contava as vezes que soltava o ar pela boca.

Ele se aproximou dela que não estava na fila.

— Tá perdida?

— Que susto, Oliver. Julie inventou de irmos na roda gigante, viu o tamanho da fila e resolveu comprar algodão doce.

— Estranho.

— Pois é. Agora estou aqui vendo a fila diminuir e ela não volta.

— Podemos ir nós dois?

Seu nervosismo presente na voz era impressionante.

Nunca tinha visto ele assim.

— Podemos. Você tá bem?

— Eu? Estou sim.

— Tem certeza?

— Certeza absoluta.

Eles ficaram na fila e Oliver não se atreveu a puxar assunto.

Sua coragem foi ficando quase inexistente.

Jade Luisa pulou tentando pegar uma bolha de sabão que voava pelo parque.

Várias bolhas de sabão.

Sua gargalhada ecoou pelo parque enquanto pegava as bolhas de sabão.

O som de asas batendo se fez presente e aquela sensação esquisita de borboletas voando no meu estômago apareceu.

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