Cap.18 Nossa geração não estava perdida
Não tem como, pessoal. Olha que clipe bonito, música bonita, letra linda. Vocês vão adorar e quem assistiu essa Chiquititas poderá relembrar e matar as saudades.
Aviso: coloquei o clipe, pois procurei a Letra da música em português mas não tem nenhum vídeo :(
ESSA MÚSICA NÃO ESTÁ NA PLAYLIST
Esse capítulo está fofo e É Só Querer combina muito para entrar na vibe
Mais uma coisinha...fiquei na dúvida se o nome era Kay ou Kai. Em alguns sites eu vi Kay e em outros Kai.
Perdão se errei algo.
Então é só você querer
Que tudo você vai poder
Pode pensar (é só querer)
Pode amar (é só querer)
Pode criar e imaginar
E planejar como será
E até escolher como viver
É só querer, é só querer
(Chiquititas Brasil - É só querer)
Esther e Amanda apareceram no Capítulo 4
Oliver
Matemática não é uma matéria difícil.
Cheguei a essa conclusão quando ainda era bem novo e estava aprendendo a fazer contas de somar, subtrair, a de multiplicar e divisão.
Cada série vinha algo diferente, um desafio, uma prova, um trabalho, um problema.
Eu enfrentava todos quando se tratava de matemática.
Minha mãe podia me achar fraco e sem qualidades.
Um garoto gentil que não ia conseguir sobreviver as dificuldades do mundo.
Porém, eu conseguia resolver contas difícies, corria muito, mexia com insetos considerados nojentos para os meus colegas e era inteligente.
Eu era capaz.
Nenhum problema de matemática me deixava cheio de dúvidas por muito tempo.
Escrevi a conta, pensei um pouco e logo consegui chegar ao resultado. Coloquei os números debaixo da continha e soltei o caderno.
Passei a mão no rosto e respirei fundo.
Não esquecia da minha mãe e desse assunto dela estar com medo de Ravena.
Eu nem tive opção. Precisei falar a verdade. Ela precisava saber que Ravena é filha do casal feiticeiro.
Só que isso nem foi o pior.
O pior foi Mariete descobrir que minha amiga é a bruxa
Tinha esperança delas se darem bem, pois minha mãe havia tratado ela mal desde o dia que se conheceram
Mas agora não sabia se era possível mudar essa situação.
Como podia fazer para mamãe mudar de opinião sobre minha amiga?
Pensar na flor de cerejeira fez um meio sorriso surgir nos meus lábios. Adorei o passeio para a praça e foi uma grande experiência ter ficado em grupo com Rute.
Ainda bem que ela preferiu se afastar e nos deixou sozinhos.
Julie parecia ser legal. Vinícius tinha opinião própria e não levou a sério a história do duende.
De repente observei que havia ficado escuro no lugar onde eu estava. Uma sombra. Como se uma nuvem tivesse passado por cima do sol.
Levantei a cabeça e me deparei com duas garotas. Elas estavam de braços cruzados e com a expressão séria.
Jade Luisa se aproximou e ficou na minha frente.
Me segurei para não sorrir bobo quando vi seu jeitinho tímido.
Ela era encantadora.
— Precisam de alguma coisa, meninas? — perguntei, desviando o olhar e senti o meu rosto esquentar por ter ficado com vergonha.
— Vai ter uma peça da princesa com o príncipe. Viemos te convidar para fazer a encenação — Julie explicou com a voz calma e levantei rápido.
— Princesa e príncipe? — suspirei — Isso é tudo clichê. Não gosto dessas coisas.
— Estou brincando, guri. Sabia que você ia reagir assim — Julie soltou a risada — Precisamos muito, muito, muito da sua ajuda.
— É um caso de vida ou morte? — elas balançaram a cabeça negando — Então conseguem resolver sozinhas.
— Vamos ler um conto de fadas — Ravena confessou — Você e Jade vão ficar vigiando para ninguém aparecer.
Raven sempre ia direto ao assunto sem rodeios.
Encarei as meninas esperando uma reação engraçada, mas continuaram sérias.
— Muito boa essa piada — sorri forçado — Na próxima vez pensa melhor em como fazer uma brincadeira. Precisa aprender antes de passar vergonha.
— Para com provocações. É verdade — pegou um livro — Esse é o conto de fadas da Rainha da Neve. Julie trouxe e tive a ideia de lermos na hora do intervalo.
— Basta procurarmos um lugar seguro — Jade se manifestou — Ajuda a gente, Oliver. Por favor. É por uma boa causa.
Pedi espaço e elas se afastaram. Andei de um lado para o outro. Coloquei a mão no queixo e cocei a cabeça.
— Deixa eu pensar — fiz um bico e dei de ombros — Aqui é cheio de regras + a cidade não permite histórias clichês + as professoras podem descobrir = possível encrenca. Então minha resposta é não.
Elas se entreolharam e achei que tinham desistido.
— Você tá no seu direito — Raven disse — Mas pensa comigo em uma cidade repleta de adolescentes obedecendo os pais. Adolescentes parecendo robôs ou marionetes. É isso que vai acontecer se as crianças de hoje não souberem usar a imaginação.
— A gente precisa obedecer os pais. Ser desobediente é errado — baguncei o cabelo — Deus gosta de crianças boas.
— Deixa eu explicar melhor — Julie deu um passo em minha direção — Ela tá se referindo a adolescentes sem opinião própria. Eles seguem tudo que os pais dizem e não tem como pensar. Eles nem saberão lidar com as adversidades da vida.
— Os pais querem cortar as asas dos filhos e fazem isso com grande maestria — pegou na trança — Negarem o direito que toda criança tem de imaginar é um ato bem pensado. Querem as melhores crianças e os melhores adolescentes que possam obedecer tudo sem questionar.
— Eu nunca gostei desses contos — ela confessou — A ideia do príncipe salvar a princesa me parece chata. Porém, fazer as crianças saberem dessas histórias vai ser bom. Eles vão poder descobrir coisas novas, imaginar, enxergar um mundo diferente e esquecer um pouco do real.
— Tem tantas versões — complementou — Julie pode achar chato algumas delas. Enquanto eu me diverto com a maioria. São histórias passadas de geração para geração. Reinos encantados, dragões, a neve, torres, castelos, fadas, anões. Uma infinidade de conhecimento.
— Os adultos nunca vão ensinar isso aos seus filhos — falou triste — Essa tarefa é nossa. Alguém disposto a quebrar essa regra e esse ciclo infinito.
— Toda criança tem direito a moradia, educação, brincadeira ao ar livre, uma boa alimentação e principalmente — levantou um dedo — Aprender sobre a arte, a música, a dança. Essa geração é a nossa. Somos todos da mesma idade. É a gente que precisa acordar as pessoas.
— Vocês deviam trabalhar com vendas — sentei no banco — Sabem convencer as pessoas a comprar seus produtos. Eu estou surpreso, porque conseguem fazer a pessoa pensar por outro lado.
— Conseguimos te convencer — Jade comemorou — Vamos. Vai ser rápido.
— Um dia minha mãe quis cortar as minhas asas — disse envergonhado —
A única que me apoiou foi a Ravena. Ela nos ensinou a gostar das mudanças e abraçar as oportunidades da vida. Vocês tem razão. Nossos pais não vão entender e talvez precisemos ensinar a eles.
O silêncio se fez presente e fiquei desconfortável.
Tinha acabado de deixar claro um episódio constrangedor onde senti que estava perdendo a liberdade.
— Obrigada pelo voto de confiança — ela fez uma reverência rápida — Tenho fé que essa geração não tá perdida.
Começamos a rir da reverência.
— Como é esse conto? — perguntei rindo — Vale a pena reunir o pessoal para ler isso?
— A Rainha da Neve é sobre dois amigos, Kai e Gerda, que viviam felizes até o dia de uma “chuva” diferente interromper a vida deles. Um espelho foi quebrado em pedacinhos e um pedaço de vidro cai nos olhos de Kai. Aí o garoto muda o seu comportamento e fica cheio de ignorância, raiva, coração frio...
— O resto você vai descobrir na hora certa — Jade disse — Se levanta. Temos um compromisso.
Julie tinha o lugar perfeito.
A gente ia se reunir em uma “casinha” de madeira que fizeram, mas a casinha ficava em um local afastado.
Se localizava detrás da escola e longe do jardim. Um local onde poucos andavam, pois preferiam brincar no balanço ou correr uns atrás dos outros.
Os alunos grandes ficavam na quadra.
A casinha era um ótimo esconderijo.
Eu, Jade e Ravena fomos procurar as crianças.
Meu coração estava acelerado e sentia a sensação de adrenalina percorrer pelas minhas veias. Medo e ansiedade eram os sentimentos naquele momento.
Tudo junto e misturado.
Ir contra as regras da cidade nunca me chamou atenção. A única coisa capaz de atrair minha curiosidade era adentrar a floresta assombrada.
Eu só queria quebrar uma regrinha muito importante e fundamental para a nossa sobrevivência.
A floresta assombrada parecia fazer um convite. Como se dissesse em alto e bom som a seguinte palavra:
Venha
E eu queria ir. Correr para passar das árvores altas na estrada.
Correr e correr. Passar do limite. Chegar no destino.
Saber os segredos da floresta e o motivo da lua assombrar a todos.
Agora ficar de vigia, escutar contos de fadas, ver criancinhas desacreditadas e sem esperanças não estava nos meus planos.
Mesmo assim isso ia ser desafiador.
Raven avistou duas meninas.
— Estão vendo elas? — apontou para frente — A de cabelo loiro é Amanda e a de cabelo preto é Esther. As duas tem 6 anos. Acho que se insistirmos um pouco Amanda pode acreditar e aprender a usar a imaginação.
— Difícil vai ser convencer o restante do pessoal — resmunguei enquanto a gente se aproximava delas.
Amanda e Esther foram diminuindo os passos quando nos viram.
Não. Elas pareciam nem perceber a nossa presença
Olhavam somente para Raven
— O que você quer? — Esther desafiou.
— Ei, estamos aqui também — Jade ficou na frente dela — Por acaso vão ignorar nossa presença?
Jade agiu como uma forma de proteger Raven quando ficou na sua frente. Isso me deixou surpreso.
— O que vocês querem? — Amanda perguntou, dando ênfase na palavra e suspirou.
— Nunca mais tínhamos nos visto — ela começou — Essa é a Jade Luisa e esse é o Oliver.
— Percebeu como tá falando? Com essa intimidade toda — Esther logo cruzou os braços — Não somos amigas. Você só se aproxima querendo assustar a gente.
— Dessa vez vim em missão de paz. Palavra de escoteiro — elas arquearam a sobrancelha — E eu também tenho um convite, pois Amanda e Esther foram convocadas a participarem conosco da Biblioteca Ultrassecreta.
— Essa biblioteca não existe — a garota loira disse — Nunca ouvi falar.
— Existe agora. Acabamos de inventar e vocês duas foram convocadas. Vamos aprender sobre os contos de fadas.
— Lá vem ela com esse assunto sobre fada — a de cabelo preto sussurrou.
— O título do livro é A Rainha da Neve — ignorou Esther — Vocês vão gostar. Peço que chamem suas amiguinhas, ok? Elas merecem escutar a historinha.
— Tá parecendo a tia da sala — Amanda sorriu — Falando como se fosse mais velha.
— Não faltem. A presença de vocês é importante — Jade piscou o olho para elas.
Elas concordaram.
Saíram correndo e fiquei pensando se era um bom sinal.
Continuamos convidando poucos alunos que encontramos no meio do caminho.
Por fim comemoramos por termos conseguido um bom número de participantes.
Julie nos esperava na casinha e para nossa surpresa vimos três meninos com ela.
Pediu para se sentaram nas cadeiras e aguardarem. Os três estavam ansiosos enquanto conversavam.
Um pouco depois um grupo apareceu. Jade puxou minha mão e senti minhas bochechas esquentarem.
Esse era o efeito que a novata tinha sobre mim. Com sua presença, sorriso, gentileza ou apenas pelo fato de estar na mesma sala que eu.
Não importava.
Meu coração sempre ia acelerar diante da beleza dela.
Do seu jeitinho encantador.
— Fica desse lado e eu fico aqui — avisou e soltou minha mão — Nosso papel é ficar de vigia.
Julie pegou uma capa branca, grande e brilhosa, que não sei onde ela havia encontrado.
Em uma fração de segundo ela começou a correr em direção ao público.
Juju, apelido que escolhi para ela, levantou a capa enquanto corria.
Eles ficaram rindo e alguns acabaram assustados com a atitude inesperada.
Juju dava a impressão de ser uma mulher poderosa, com seu boné e capa branca, exibindo seu charme.
Transmitia também coragem.
Tirou o boné, parou de correr e cobriu a cabeça com a capa.
Abaixou o olhar para o chão e sussurrou com a voz misteriosa.
— Ora, vejam, a primeira reunião da Biblioteca Ultrassecreta começou hoje suas atividades. Sejam todos bem-vindos pequenos aventureiros.
Ravena pegou o livro e abriu na primeira página.
— Esse é um mundo de magia onde tudo pode acontecer — se aproximou deles — Aprenderemos a soltar a imaginação de forma divertida e saudável.
— Porque a liberdade nos alcança quando a gente permite que a mente trabalhe.
— E a mente trabalha?
Um menino indagou confuso.
Todos caíram na gargalhada diante do questionamento.
— Trabalha sempre. Estamos pensando o tempo todo — Juju tirou a capa — Usar a imaginação é criar, inventar ou fantasiar cenários mentalmente.
— Vocês vão fazer isso nesse momento — bateu palmas — Esqueçam que estão nessa casinha, esqueçam o barulho do vento, os gritos dos alunos na quadra e fiquem atentos a leitura. Não precisam ter medo de mim — completou — Aqui eu sou uma escritora e nossa parceira é a Rainha da Neve com sua magnífica capa brilhosa.
Encarei os pequenos e percebi alguns cochichando.
Outros prestavam atenção e vi um brilho no olhar deles.
— Era uma vez, em um povoado situado lá em cima de tudo, vivia um duende malvado que gostava de inventar coisas estranhas — Raven iniciou — Uma vez ele criou um espelho enfeitiçado, que refletia o bonito como feio, e o bom como mau.
— Infelizmente, ele deixou o espelho cair no chão, lá embaixo de tudo, e ele quebrou em muitos pedaços — Julie continuou — Perto desse lugar que o espelho caiu, viviam dois grandes amigos - Kay e Gerda.
— Essas duas crianças eram vizinhos e eles brincavam o dia inteiro, até que seus pais os chamavam para jantar.
Juju abriu um saco de confetes.
Jogou os confetes para o alto. Jade e eu sorrimos cúmplices. Ela estava tentando imitar a neve.
— Em um dia de inverno, enquanto brincavam com bolas de neve, um pedacinho de espelho quebrado machucou o olho de Kay e outro pedaço o machucou perto do coração.
— Esse acontecimento mudou muito o Kay, e ele não quis mais brincar com Gerda. As poucas vezes que eles sem querer se encontravam, o Kay fingia que eles nunca tinham sido amigos.
— O gelo deve ter deixado Kay cego — Esther comentou — E esse duende nem era de verdade. No máximo ele era um homem normal.
— Isso. Mamãe explicou que esse povo das outras cidades são doidos — outro garoto disse — Eles vivem fantasiando coisas bobas, porque duendes, fadas ou gnomos não fazem parte da vida real.
— Exato. A gente consegue ver tudo ao nosso redor. É verdadeiro — Amanda complementou — Como acreditar em algo que não podemos ver?
— É preciso crer primeiro. Isso é fé — Jade falou — Acreditamos em Deus e não vemos Ele. Sabemos que Ele existe por termos fé.
— Essa não foi uma boa combinação — Amanda cruzou as pernas enquanto estava sentada no chão.
— Estão perdendo o foco, gurizada — Juju jogou os confetes novamente — Discutirem sobre seres elementais só vai trazer dúvidas e queremos que vocês parem e fiquem pensando em todos os personagens e em cada cenário.
A discussão foi sendo encerrada em questão de poucos segundos.
Então prosseguiram.
— A atitude dele era muito estranha e Gerda não conseguia entender por que o Kay estava agindo assim.
— Mas ela acreditava que um dia, ele voltaria a ser como era antes.
— Um dia Kay e seus amigos foram passear de trenó. Assim que Kay pulou e subiu no trenó, ele percebeu que o motorista tinha se transformado em uma mulher. Antes mesmo que ele pudesse gritar por socorro, a motorista fez com que seus cavalos saíssem correndo rapidamente, levando o trenó.
— A motorista era linda, mas com uma aparência fria - seu vestido era branco e longo e ela usava uma coroa feita de gelo, que não derretia.
Juju começou a desfilar de um jeito desajeitado e eles ficaram zoando. Claramente estavam achando tudo engraçado.
— Deviam ser atrizes — cochichei no ouvido de Jade — Podemos ir embora agora?
— Só quando acabar — respondeu — Confessa, Oliver. Você tá gostando de fazer esse trabalho.
— Estou achando entediante. Não sei o que vamos ganhar com isso.
— Só de estarmos vendo todos felizes já é um presente. Também estava receosa no início, mas presenciar essa cena mudou tudo. Como se a escuridão e a cor cinza tivesse ido embora e deixou o brilho surgir. Essa cidade precisava de um sorriso, animação, brilho especial.
— O ambiente tá te fazendo bem — eu conclui — Vou ficar aqui. Ah, que fique claro... estou fazendo isso por você.
Me olhou de canto de olho
Desconfiada.
Continuei o contato visual, mesmo sentindo minhas mãos suarem de nervosismo, então ela finalmente desviou o olhar.
— Sou a personagem, gurizada — reclamou — Tenho que fazer o meu papel direito.
— Apesar da aparência jovem, seus cavalos eram brancos, que caiam sobre seus ombros como água congelada.
“Quem é você?” perguntou Kay para a mulher desconhecida.
— “Ah, eu sou a Rainha da Neve! Que bom conhecer você, Kay.” disse ela enquanto puxava as rédeas dos cavalos com tal força, que se poderia pensar que ela não era um ser humano.
— Os cavalos e o trenó foram subindo, subindo até chegarem em outra terra, lá em cima. Acima das nuvens. Os amigos do Kay ficaram preocupados quando perceberam que ele não estava mais com eles.
— Então foram direto para a casa dos pais de Kay para ver se ele tinha voltado para casa, mas os pais disseram que a última vez que o viram tinha sido de manhã.
— Os pais de Kay sabiam que Gerda era muito amiga dele, então eles foram até a casa dela.
— Gerda não sabia de nada, mas quando contaram que Kay estava sumido, ela decidiu procurar por ele no rio onde eles costumavam brincar. Ela chegou até o rio, subiu em seu barco e foi à procura do amigo.
— Ela gritou o nome de Kay para todas as direções, mas somente os pardais responderam.
— Gerda estava quase perdendo as esperanças até que passou por um pomar de cerejas. O pomar ficava ao lado de uma casinha com uma estranha janela vermelha e azul.
— Uma velha senhora saiu e perguntou a Gerda quem era esse tal de Kay. Ela disse para a senhora a história deles e que ela estava gritando o nome dele para tentar achá-lo.
— A velha senhora a convidou para entrar no seu lindo jardim, onde cresciam flores de todos os tipos. “Que jardim mais lindo a senhora tem!” Gerda exclamou. “Essas são as flores mais lindas e cheirosas que já vi na vida!” “minhas flores não só são lindas. Cada uma delas pode contar uma história. Por que você não pergunta a elas sobre seu amigo que sumiu?” disse a senhora.
Ravena pegou dois jarros de flores. Eram flores cheirosas e bonitas.
— Então Gerda perguntou a cada uma das flores sobre o Kay, e cada uma contou as suas próprias histórias, porém nenhuma disse nada sobre ele. Gerda foi para casa triste.
— Sentindo-se sem esperanças, Gerda sentou-se embaixo de uma árvore e começou a chorar.
Juju mexeu na capa branca.
— Esperem. Tenho uma surpresa. Onde eu deixei? — falou imitando a voz de um mágico de circo — Aqui o corvo.
Tirou um pássaro preto de brinquedo e eles ficaram maravilhados com a beleza do passarinho.
— Ela ficou lá chorando até que um corvo pousou em um galho ao lado dela. O corvo perguntou por que ela estava chorando, e Gerda contou-lhe a história. “Então, você o viu por aí?” perguntou ela quando terminou.
Julie colocou o corvo de brinquedo em uma mesa de madeira.
Agora ela estava fazendo outro personagem, o corvo.
— “Se vi quem?” Perguntou o corvo — fez uma voz forçada.
— “Kay!” disse Gerda, sem paciência.’’
— “Ah, sim, acho que posso ter visto um menino que se parece com ele aqui no palácio. Foi há alguns meses atrás, quando a princesa decidiu se casar. Muitos candidatos vieram no palácio, mas nenhum conseguiu ganhar o coração da princesa. Porém, no terceiro dia, um menino com cabelos longos e botas novas e barulhentas entrou no palácio. Ele não ficou louco para possuir toda a prata e outro que tem no palácio, como os outros tinham ficado. Este era muito esperto nas suas respostas para a princesa e então ela gostou dele e casaram-se. Eles vivem felizes agora no palácio.”
— “Sim, deve ser o Kay! Ele estava usando suas botas novas quando foi para o passeio de trenó. E ele é tão esperto, que poderia mesmo impressionar a princesa… Leve-me até o palácio, eu quero ter certeza que é ele!” Então Gerda e o corvo foram para o palácio.
— Quando eles entraram no quarto onde a princesa e o príncipe estavam dormindo, Gerda aproximou-se da cama. O príncipe que estava lá dormindo tinha o mesmo cabelo de Kay.
— Ele virou-se na cama e seu rosto ficou de frente para Gerda.
— Ela respirou aliviada pois não era Kay, mas sim um outro rapaz. Mesmo ela estando muito feliz por Kay não ter se casado com outra, Gerda saiu do palácio triste por ainda não ter encontrado seu amigo.
As duas pegaram várias renas de brinquedo e distribuíram para as crianças.
— Gerda estava pensativa andando pela floresta em busca de Kay. De repente viu uma menina ladra e sua rena.
— Eles pensaram que ela estava perdida mas depois Gerda contou a história.
“Eu vi seu amigo!” disse a rena. “Ele foi levado pela Rainha da Neve. Eu os vi voando no trenó e acredito que estavam indo para a Lapônia, que é sempre muito frio...eu posso levar você lá se quiser.”
— Gerda estava feliz com a notícia e agradeceu a rena pela ajuda que ofereceu.
— Naquela noite eles ficaram com o pessoal conhecido da menina ladra, que deram comida e cama para Gerda dormir. Mas ela estava ansiosa e não conseguiu descansar.
Elas fecharam a janela da casinha e fingiram que estava de madrugada.
— Na manhã seguinte quando ainda estava escuro, a menina ladra ajudou Gerda a sentar-se em cima da rena e foram para Lapônia. Elas viajaram o dia inteiro e no caminho viram uma casa no meio da floresta.
— Decidiram pedir para dormir lá aquela noite. Antes mesmo que elas batessem na porta, ela se abriu.
Lá dentro era tão quente, que a dona da casa estava quase nua.
— A dona de casa nua? — perguntaram em uníssono.
— Sim, pois o calor era demais naquele lugar.
— Estou com pena do Kay. Essa Rainha é malvada — uma garota ruiva suspirou.
— Ela ajudou Gerda a tirar o casaco, e aprontou a mesa para que todos pudessem comer.
— Enquanto jantavam, Gerda contou o motivo pelo qual estavam em viagem e perguntou à dona da casa se ela sabia alguma coisa sobre Kay.
— “Sim, minha querida. Seu amigo está longe daqui, no palácio da Rainha da Neve, do jeito que sua amiga rena contou. Mas vocês devem dormir agora, descansem bastante e continuem a viagem amanhã.”
— Gerda estava tão cansada por não ter conseguido dormir na noite anterior que deitou e dormiu um sono pesado. Quando viu que estava dormindo, a dona da casa, que também era mágica, disse à rena: “Tem um probleminha. Graças aos pedaços de espelhos nos olhos e coração do Kay, ele acredita que o palácio da Rainha da Neve é o melhor lugar para ele.”
— “Mas como ela poderá lutar com a Rainha da Neve? Você poderia fazer alguma arma para ela? Ou uma poção para que ela fique super forte?” perguntou a rena.
Eles ficaram conversando entre si e procuravam soluções que resolvessem esse caso.
Fiquei surpreso por a situação estar diferente. A dúvida agora era encontrar Kay e salvá-lo.
Esqueceram do duende malvado. Pararam de discutir a respeito da existência de seres elementais.
Estavam realmente viajando através da leitura.
— “Eu não posso dar mais poder do que ela já possui. Você não vê que ela tem muito poder? Tanto que os humanos e animais, todos a ajudaram. Seu poder está no coração, mas ela não pode saber disso. Vocês irão embora amanhã e você levará Gerda somente até perto do castelo. Deixe-a no grande arbusto com frutas vermelhas. Daí em diante, ela deve continuar sozinha.
O público ficou apreensivo vendo que Gerda ia ficar sem o apoio da rena.
— No dia seguinte, a dona da casa colocou Gerda em cima da rena, que correu o mais rápido que pôde. Eles finalmente chegaram até o grande arbusto, e a rena disse que ela deveria continuar sozinha. A rena beijou a testa de Gerda e desejou boa sorte.
Ravena tirou os sapatos e saiu correndo pela casinha.
— Ela saiu correndo descalça na neve até chegar no castelo. As paredes do castelo eram feitas de neve e os vidros eram de gelo. Por entre eles passavam luzes que vinham do norte.
— Chegou no local certo — eles bateram palmas e comemoraram — Vai libertar o amigo.
— Ninguém além da Rainha da Neve e Kay viviam no castelo. Gerda entrou em uma grande sala e finalmente encontrou Kay! Mas ele não era o mesmo Kay que ela conhecia.
— Seu corpo estava quase todo azul por conta do frio e seus olhos pareciam vazios quando a viu, como se ele não tivesse reconhecido ela.
Todos ficaram tristes.
— A Rainha da Neve removeu todos os sentimentos dele, incluindo a sensação de frio. Ele estava brincando com uns pedaços pontudos de gelo - organizando e re- organizando - como se estivesse tentando escrever alguma coisa com eles.
— Essa visão assustou tanto Gerda, que ela o abraçou e chorou baixinho. Uma das lágrimas dela caiu no ombro dele, e escorreu direto para o coração.
— A lágrima imediatamente derreteu a cobertura de gelo em volta.
— Outra lágrima caiu no rosto dele e foi direto para seu olho, e ele passou a enxergar novamente. Kay olhou em volta “Como é frio aqui!” disse ele “E vazio!” completou.
Eles continuaram atentos.
— Só depois que ele viu sua amiga, que há tanto tempo havia perdido, e começou a chorar.
— Uma das lágrimas dele caiu nos pedaços de gelo, que de repente, escreveram a palavra ETERNIDADE. Isso foi obra da Rainha do Gelo.
— Ela prometeu que iria libertá-lo se ele conseguisse formar essa palavra, porém antes ele estava cego e não conseguia.
Agora que sua pequena e valente amiga o libertou, eles saíram do palácio.
As crianças levantaram e começaram a pular felizes da vida.
Julie e Raven riram diante da cena.
— No caminho de volta, Kay e Gerda foram até a dona da casa para agradecer pela comida e cama.
— Também agradeceram a menina ladra e a rena.
— Depois eles foram ver a princesa e o príncipe para dizer a eles como tudo terminou.
— Por último, mas não menos importante, eles pararam no jardim das flores falantes para agradecer a velha senhora. Todos ficaram muito felizes e se despediram com os olhos molhados de emoção.
Confetes foram jogados para o alto e a casinha ficou colorida.
Jade abriu a janela. Uma barra de vento os alcançou e a luz do dia iluminou o local escuro.
— Finalmente os dois chegaram em casa e viveram felizes para sempre.
— Tá bom... termina com a frase “Felizes para sempre” — Julie revirou os olhos rindo — Mas pelo menos essa história é de uma amizade e não de um casal.
— Gostaram desse conto? — Raven fechou o livro — Nem respondam. Eu vejo pela expressão de vocês que foi maravilhoso.
— Não sei se ela é uma bruxa. Se fosse malvada estaria nos assustando — Amanda disse — Pela primeira vez fez algo útil.
— Continua sendo bruxa — um garoto parou de pular — Só não parece tão assustadora agora.
Juju nos chamou para um abraço em grupo.
A gente se abraçou e senti uma coisa estranha... talvez fosse aquele negócio que falam.
Eu estava com a sensação boa de dever cumprido.
Enquanto os pequenos cantavam, dançavam e pulavam... nós ficamos abraçados e por um momento o mundo pareceu parar.
Sentia a sensação de liberdade e vontade de voar, adrenalina e medo, emoção e euforia.
Quem diria que nosso trio ia ganhar uma integrante a mais. Quem diria que essa skatista ia fazer a diferença.
Quem colocava fé em um grupo de crianças com 10 a 11 anos de idade?
Ninguém achava que conseguíamos influenciar positivamente.
Os adultos tinham razão sempre.
Porém, nossas vozes foram ouvidas, expressamos nossas opiniões, fomos nós mesmos e brincamos juntos.
Esse público escutou com atenção.
Nossa geração não estava perdida.
Contos de fadas eram muito clichês e entediantes, mas podiam salvar pessoas.
Libertar-nos dos afazeres diários e deixar um espaço para sonhar.
Faltava minutos para o intervalo acabar.
Jade Luisa estava dançando distraída no jardim.
Eu e Julie estávamos tentando montar um cubo mágico e o trabalho ficava cada vez mais difícil.
Coloquei o cubo mágico do meu lado e continuei sentado no banco.
Observei Jade Luisa.
A imagem perfeita de uma bela bailarina dançando.
Merecia ser vista por muitas pessoas.
A emoção e vontade de voar continuava comigo, pois essa experiência fez um bem danado para mim.
Só que nunca ia admitir isso em voz alta.
Eu lendo contos de fadas? Nem pensar.
Essa era a resposta que sempre ia usar.
Sorri vendo Jade Luisa distraída e dançando sozinha.
Eu era o seu admirador secreto e isso também era novo para mim.
— Jade — deixei escapar e suspirei. Um sorriso bobo surgiu nos meus lábios.
Rapidamente ajeitei a postura. Senti que tinha alguém atrás de mim.
— Tu tá gostando dessa guria.
Julie falou no meu ouvido e em alto e bom som. Graças a Deus a garota nem ouviu nada por estar longe da gente.
— O que? Não — levantei sorrindo nervoso — De onde tirou essa besteira?
— É feio mentir, Oliver — empurrou de leve meu ombro — Tu gosta dessa guria. Como nunca tinha percebido?
— Coitadinha. Julie tá viajando — eu gaguejei.
— Seu jeito bobo entrega tudo — apertou minha bochecha — Fica tranquilo. Eu sei guardar segredo.
Revirei os olhos e mantive a pose de antes. Só que ela já tinha descoberto tudo.
Eu realmente não sabia disfarçar
— Até poderia te auxiliar — pegou o cubo mágico — O ruim é que sei nada sobre paixão.
— Eu muito menos. Nem quero saber — estalei os dedos nervoso — Isso é para os adultos.
— Todo mundo já teve sua primeira paixão — ajeitou o boné — O normal é ter entre os 7 ou 8 anos. Ou até mesmo antes disso.
Fiquei em silêncio.
— Quer uma dica? — ela continuou montando o cubo — Tente impressionar a guria. Eles aconselham isso naquelas revistas da Capricho.
— Capricho é para menininhas fofas e populares — fiz careta — Combina com Olivia e Rute.
— Que preconceito — sorriu — Tu tá julgando assim. Nem todas são iguais. Eu, por exemplo, passo longe desse tipo de revista. Só leio as vezes quando me interesso em algo. Quando estou sem ter o que fazer aí pego a Capricho e leio essas dicas de conquistas.
— Não quero impressionar ninguém — insisti — Fique com essas dicas e pode aproveitar sozinha.
— Relaxa. Tá muito na defensiva — falou tranquilamente — Nem vou te obrigar a confessar seus sentimentos.
— Eu não tenho sentimentos — desconversei — Desiste, Julie. Você fez uma suposição e acabou errando. Ficou viajando.
— Claro. Sem sentimentos — soprou um riso — Pode deixar que eu acredito.
Bufei cansado e sai andando. Julie correu atrás de mim gritando o meu nome.
A culpa era do cupido ao ter acertado a flecha no meu coração e esquecido de acertar a flecha em Jade Luisa
Esse era um amor não correspondido
Por enquanto...
Chegamos ao fim de mais um capítulo que eu escrevi rapidinho kkkkkk só demorou achar a história do conto.
Eu tirei a história do conto A Rainha da Neve de um site que achei enquanto fazia minhas pesquisas
Espero que tenham gostado.
Será que as crianças vão cooperar e começar a usar a imaginação?
Será que eles vão parar de ter medo de Ravena?
E Oliver com essa paixão secreta?
Deixem suas opiniões :)
Link do site: https://imagensemoldes.com.br/historia-infantil-a-rainha-da-neve/
Se quiserem conferir. É muito legal.
Até a próxima
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