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Cap.16 Família


Eu estava dançando na chuva
Eu me sentia viva e eu não posso reclamar
Mas agora me leve para casa
Me leve para casa, onde é o meu lugar
Eu não posso mais aguentar

(Runaway- Aurora)

Ravena

Estava correndo descalça pisando nas pedrinhas da rua. Meus pés doíam, mas não ligava.

Levantei um pouco a barra do vestido preto para correr mais rápido.

Abaixei e peguei nos joelhos.

Tentei recuperar o fôlego e acalmar minha respiração.

Abaixei a cabeça, fechei os olhos, senti o cabelo se apregando na minha testa, suspirei e olhei para cima.

Tirei o cabelo da frente do rosto vendo as plantas, as árvores altas, o mato verde que parecia sombrio com o escuro da noite.

A lua cheia iluminava o céu. Porém, a escuridão predominava aqui dentro.

Olhei para as árvores da mata e disse.

— Eu sou Ravena.

Para mim as florestas, os bosques, as fazendas ou sítios eram lugares lindos e sagrados.

Precisávamos respeitar a natureza.

Deixe os espíritos das árvores e plantas saberem qual seu nome

Eu tinha lido esse trecho em um livro.

Respirei fundo lembrando do motivo de ter corrido tanto. Não me orgulhava ao dizer que fugi de casa e tudo por causa da minha família.

Meus pais sempre fazendo eu passar por problemas. Um atrás do outro.

Os meus avós, dona Serafina e o seu Lisandro, vieram nos visitar.

Eles nunca faziam muita questão de ver a filha, porque Vânia não gostava de receber os pais.

Eu disse. Eles eram um casal bastante reservado, distante dos vizinhos e para piorar queriam distância dos pais.

Meus avós custavam muito para nos visitar.

Hoje eles chegaram de surpresa e em um momento ruim.

Um momento bem ruim

Dona Vânia e seu Gilberto sempre tinham conflitos.

O casamento deles era repleto disso.

Hoje eles podiam acordar bem e felizes, amanhã talvez brigassem por causa de besteira, no dia seguinte ficavam sem se falar e evitavam sentar juntos a mesa.

Podiam passar três dias, uma semana ou meses assim.

Então por isso eu disse sobre suspeitar que eles não sabiam o que era o amor. Nem nunca vão saber se continuarem assim.

Isso acabou me afetando também

Precisava escutar minha mãe falando mal do meu pai

Precisava “fazer companhia” a minha mãe e fingir que nós éramos uma linda família

Ainda ver ela se acordando feliz e fingindo que nada estava acontecendo

Hoje foi um desses dias.

Ela acordou com um sorriso no rosto e fingiu que estava tudo bem.

Até que seu Gilberto não aguentou o teatro e então começaram a brigar.

Seu Lisandro abriu a porta no exato momento da briga e dona Serafina segurava um bolo.

Ela parecia radiante ou estava fingindo muito bem.

Desde então os dois pararam com a briga e meu pai pediu desculpas a minha avó por ter causado esse transtorno.

As suas palavras carregadas do maior cinismo me fizeram ter vontade de vomitar ali mesmo e estragar aquela “maravilhosa” noite.

Flashback on

— Eu vou para o quarto — avisei saindo e subi o primeiro degrau da escada.

— Não. Você não vai — seu Gilberto disse — Volte aqui agora e venha jantar com a gente.

— Onde tá sua educação, filha? — minha mãe fingiu estar triste — O que te ensinei esse tempo todo? Faça uma boa recepção para seus avós e trate eles bem.

— Você vive me aconselhando, mas eu não quero fazer isso agora — peguei no corrimão da escada — Estou cansada e vou escrever um pouco...

— O que eu falei sobre uma mulher escritora, Ravena? — meu pai gritou —
A escrita não ajuda ninguém. Você sonha alto demais.

— Era disso que eu estava falando — Serafina se pronunciou — Essa menina precisa de uma autoridade paterna. Se acabarem com esse casamento essa casa vai ser derrubada e você, minha filha, não conseguirá dar educação para ela.

Como sempre.

Vovó defendia meu pai.

— Não fale assim — ela ficou surpresa — Eu sei cuidar de Ravena.

— Essa menina faz o que bem entende, sai quando quer, fica se mostrando na rua — vovó começou a citar e continuei parada — Nunca vai ser uma boa esposa no futuro.

— Eu não quero me casar — desci o degrau da escada — Primeiro eu vou estudar, me formar, viajar e conhecer o mundo. Posso ser escritora e...

— Como se atreve a voltar a repetir isso? — seu Gilberto pegou no meu braço — Acabei de falar que a escrita não ajuda ninguém.

— Ravena sabe — dona Vânia sorriu forçado — Eu ensino a ela os afazeres domésticos. Com certeza tá preparada e será uma ótima esposa.

— E o que eu quero? Não importa? — coloquei a mão no peito — Só porque somos mulheres temos a obrigação de nos casar?

— Como pensa em viver sozinha? — seu Lisandro perguntou tirando o chapéu — Uma mulher tem que casar e cumprir seus deveres como dona de casa.

— Eu sou uma criança, vovô. Não me preocupo com casamento — cruzei os braços — Sim, pai. Não tenho certeza, mas se fosse para escolher eu escolheria ser escritora.

Serafina pegou na testa enquanto balançava a cabeça.

— Se vocês realmente gostassem de mim então iriam me apoiar — suspirei — Eu as vezes sinto que sou uma intrusa aqui. Essa sensação sempre me persegue todo dia e toda hora.

— Você é dessa família — meu pai pegou  caderno de desenhos — Pare de querer ser a vítima. Já devia ter queimado isso.

— Não ouse queimar meu caderno — corri rápido e o agarrei contra o peito — Você nunca fala nada, papai, pois vive trabalhando e depois passa o dia inteiro quieto. Por que resolveu levantar a voz agora? Tá querendo agradar meus avós, não é?

Eu perguntei o desafiando.

— Suba para seu quarto — pegou no meu braço de novo — Faça suas orações e vá dormir. Você tá de castigo, Ravena, e proibida de escrever.

— Isso, Gilberto. Coloque moral nessa menina — Lisandro disse.

— Deviam matricular Ravena em um internato — Serafina propôs — Jovens mulheres tem muitas oportunidades se forem estudar fora.

— Ou podiam chamar um professor — vovô ajeitou o óculos — Assim poderia estudar em casa e aprender os afazeres domésticos.

— Chega. Estão agindo como se eu fosse uma marionete — consegui me soltar — Disposta a obedecer as ordens de vocês.

Encarei eles e sai correndo.

Não queria casar com 17 anos só para continuar seguindo a tradição.

Eles não eram Perigosos como os moradores achavam.

Porém, eram tóxicos e problemáticos sem estrutura nenhuma para criar um filho.

Eu ia seguir o conselho de Oliver.

Pode fazer a sua própria história e ser quem você quiser

Abri a porta para liberdade e corri em busca do meu lugar de refúgio.

Meu refúgio era a lagoa encantada

Flashback of

Peguei na barriga sentindo fome e meus pés pisaram nas folhas amarelas.

Comecei a andar em direção a mata.

Eu queria me perder no meio dessa natureza, conseguir se esconder do mundo, da maldade, do preconceito e da ilusão.

Sempre tinha a sensação que depois da lagoa encantada iria encontrar um lugar para chamar de meu.

Uma casinha no meio do mato, cheia de plantas ao redor, cachoeira, remédios da “floresta” e muito mais coisas das quais  gostava.

Li em um livro sobre as plantas que podiam curar doenças.

Comecei a correr sem me preocupar com nada. As plantas passavam como borrão por mim enquanto eu corria sem parar.

O vento açoitou meu rosto quando pulei para escapar de um galho caído no chão.

O único som que escutava era o da minha respiração.

Fiz uma trança antes de sair de casa e deixei o restante do cabelo solto.

Com a correria meu cabelo se soltou da trança, fino e castanho com cheiro de shampoo de camomila, igual ao cabelo de uma personagem de um filme que eu gostava.

As folhas das árvores, as plantas, sujeira jogada pelo chão. Tudo estava voando com o vento.

Sentia como se tivesse dentro de um furacão, mas com a sensação estranha de segurança. Tudo ali era seguro.

Tudo ao meu redor parecia certo.

Aquilo era música para meus ouvidos.

Parei com a correria e fiquei quieta em um canto.

Os animais noturnos, morcegos, grilos, mariposas, louva-a-deus, sapos e rãs e muitos outros, se escondiam no escuro.

Eu conseguia sentir a presença deles.

— Eu não estou sozinha — sussurrei — Os animais noturnos estão comigo.

Pensei na garota popular que havia chegado na escola.

— Jade Luisa iria adorar conhecer meus novos amigos — sorri com ironia — Ela gostaria de acampar aqui durante uma noite.

Escutei uma risadinha baixa. Olhei para o lado e vi de longe algo vermelho.

A risadinha continou enquanto observei com atenção a cor vermelha do chapéu se balançando.

Em uma fração de segundos um ser de estatura pequena correu depressa se escondendo de trás da planta dente de leão.

Pisquei estática e sem reação e observei o vento cessar aos poucos e a flor parar de se mexer.

Aquele pequeno ser passou como um vulto, rápido e misterioso prestes a se esconder sem deixar rastros, que fiquei tonta tentando entender como aquilo aconteceu.

Chapéu vermelho, homenzinho baixo e muito brincalhão.

Não podia ser.

Eu havia visto um duende?

Peguei um graveto, sentei na areia fria, cruzei as pernas e fiz um círculo na areia tentando procurar inspiração.

Fiz mais dois círculos menores em baixo e soltei um suspiro.

Precisava me inspirar em alguma coisa, porque estava sozinha e não tinha a foto de Oliver.

Isso mesmo.

Eu queria desenhar Oliver, o garoto dramático e engraçado que apareceu feito um furacão na minha vida.

Continuei o desenho deixando uma enxurrada de lembranças chegar na minha mente.

A tempestade, o desconhecido morrendo de frio, eu provocando ele, aquele chá de hortelã...

Era possível ver Jade Luisa sorrindo enquanto olhava os vagalumes quando fomos para casa dela assistir filme.

Primeira vez...

Primeira vez fazendo parte de um grupo, primeira vez assistindo filme com os amigos, primeira vez se permitindo relaxar e parar com paranóias.

Estava permitindo que as mudanças fizessem parte da minha vida.

Queria ensinar eles a ver o mundo como eu via e aprender coisas legais.

Eu iria ser igual uma professora disposta a passar os seus ensinamentos para os alunos.

Terminei de desenhar Jade e lembrei do seu sinal.

Ela tinha um sinal em formato de lua no braço direito

Não queria admitir, mas era fofo.

Fiquei encarando o desenho de Oliver e Jade Luisa na areia.

— Eu prometo, tentar, Oliver — disse baixo — Vou parar de me colocar para baixo... se eu conseguir.

A lua refletia na água calma da lagoa.

— Irei fazer o possível para te defender, Jade — continuei — Aqui no Lugar das Lendas é proibido as crianças usarem a imaginação e você adora imaginar ser a princesa Gabriela. Perto de mim pode se sentir a vontade para imaginar tudo que quiser.

Eu precisava voltar. Não podia fugir por muito tempo. Tinha um animalzinho me esperando...

A gatinha Carla Cecilia.

— Eu vou voltar — levantei soltando o graveto — Vou voltar por você, Carla Cecilia. Não posso te deixar com esses dois. Nunca serei capaz de confiar neles.

Fui o caminho todo sentindo a consciência pesada por ter saido e deixado Carla Cecilia no quarto.

Eu devia ter trazido ela para meu lugar de refúgio.

Fora da mata senti um cheiro de fumaça.

Fiquei intrigada, porque pouca gente andava por aqui.

Era muito perto da floresta assombrada

Poucos visitavam a lagoa

Então era perfeito para se esconder aqui

Vi uma fogueira e com passos lentos fui me aproximando.

Com cuidado cheguei perto, virei a cabeça para o lado direito, pisquei os olhos e fiquei observando a chama do fogo.

Quem acendeu essa fogueira?

Lembrei das fogueiras de São João

As épocas de festa junina.

Comecei a dançar em volta da fogueira. Ignorei a fome, o calor, o cansaço só para poder encenar da melhor forma.

Quando olhei a terra ardendo. Qual fogueira de São João — cantei baixinho — Eu perguntei a Deus do céu, ai — continuei cantando — Por que tamanha judiação. Eu perguntei a Deus do céu, ai. Por que tamanha judiação?

Fechei os olhos e imaginei que estava em lugar iluminado com várias crianças.

Estávamos todos de mãos dadas em uma roda e cantávamos juntos.

Podia sentir o cheiro de roupa nova das crianças ao meu redor, ver os vestidos das meninas e sentir o calor da fogueira.

Estávamos felizes na minha imaginação.

Que braseiro, que fornaia. Nenhum pé de plantação. Por falta d'água perdi meu gado. Morreu de sede meu alazão.

Podia ouvir as pessoas gritarem com animação.

Inté mesmo a asa branca. Bateu asas do sertão. Entonce eu disse: adeus, Rosinha. Guarda contigo meu coração.

Bandeirinhas estavam penduradas em um fio que estava preso entre duas árvores.

Um espantalho junino, com roupas da roça e chapéu de palha, apareceu no meu campo de visão.

Hoje longe, muitas légua. Numa triste solidão. Espero a chuva cair de novo. Pra mim voltar pro meu sertão.

Continuamos em roda e levantamos os braços quando a música terminou.

Abri os olhos.

Foi difícil se acostumar com a claridade da chama da fogueira e sorri sozinha.

Eu tinha imaginado algo bom.

Comecei a andar de volta para casa com um sorriso no rosto. Depois da confusão e do choro... finalmente encontrei paz na natureza.

Consegui transformar uma noite ruim em algo bom e um pouco duradouro.

Agora precisava lidar com a minha realidade, mas eu não iria desistir.

Pretendia continuar sendo eu mesma. 

Por hoje é só. Estou com pouca criatividade :(
Odeio ficar assim, mas faz parte, né?

Boa noite ou bom dia (aqui são 18:57)

Esse foi um capítulo muito sensível onde mostrei mais dos pais de Ravena e dos avós dela. Foi realmente difícil escrever esse diálogo...

Fiquem bem e até a próxima

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