Capítulo 16
Lucy Gallagher
Sinto o cheiro de algo parecido com ovo e nem abro os olhos direito quando me levanto e corro até um banheiro, abro a tampa da privada e começo a colocar todo o álcool para fora.
Afasto meus cabelos e consigo os prender, caio sentada no chão e gemo de dor quando toco minha barriga. Ergo minha mão segurando na pia e consigo me levantar, curvo meu corpo e abro a torneira para lavar o rosto.
Me olho no espelho e percebo que não estou tão ruim, olho para baixo e meu humor melhora quando vejo que tem uma pasta de dentes e escova na pia. Então começo a escovar os dentes e fecho meus olhos sentindo o gosto aliviante.
Lembro vagamente de ver um parque e dançar Britney na mesa de um bar, respiro fundo e limpo minha boca para tirar a pasta. Saio do banheiro e vou seguindo o cheiro com uma certa careta.
Desço os degraus para a sala e vejo que está vazia, vou até a cozinha e subo outros degraus. Entro na cozinha e vejo Dylan cozinhando só com uma calça moletom.
-Você me trocou?- pergunto com a voz rouca.
-Eu fechei os olhos.- explica e sorrio.
-Obrigada.- sento em uma das cadeiras da bancada.- Irritei muito?
-Sim.- assente e sorrio mais.
-Você nunca ficou bêbado e irritou alguém?- cruzo meus braços.
-Eu não fico bêbado fácil.- ele vira e coloca um prato na minha frente.
-Eu queria uma carinha feliz.- observo o ovo.
-Não tem como fazer uma carinha feliz.- explica pegando café preto.
-Dois ovos como olhos, dois bacons como sobrancelhas e uma torrada cortada em triângulo como sorriso.- explico e ele me encara.
-Come.- aponta.
-Só dizendo.- pego o garfo.
Começo a comer com um pouco de enjôo, mas até que tudo é bom e fico surpresa por ele cozinhar já que parecia não saber fazer nada. Respiro fundo e observo o corpo de Dylan, e a tatuagem que desaparece pela barra da calça de moletom.
-Você fez isso com quantos anos?- pergunto.
-Dezoito.- ele sobe a calça.- Não gosto dela.
-Sabe que tem negócio para tirar isso, né?- apoio meus braços na bancada.
-Sei, mas...- ele limpa a garganta e sorrio mais.- Mas....
-Você tem medo.- percebo.
-Tenho.- admite.
-Eu gostei.- falo e ele me observa.- Da tatuagem.
-Mentira.- se aproxima.
-Eu gostei.- continuo e ele passa por mim.
-Está me irritando.- começa a ir até o quarto.- Se veste e vamos.
-Minhas roupas estão com cheiro de bebida...- explico o seguindo.
-Culpa sua, não minha.- fala apoiando o copo na escrivaninha e entra no closet.
-Não posso usar algo seu?- começo a entrar no closet.
-Não, você veste a sua roupa.- fala lá de dentro e sorrio lentamente quando o vejo nu de costas.- Lucy!
-Você não me avisou que ia tirar a roupa!- me defendo.
-Eu estou em casa, não preciso avisar!- ele veste a cueca e se vira para segurar meu braço.- Eu, generosamente, ajudei você ontem. Não significa que agora somos melhores amigos!
O observo e ele me empurra para dentro do quarto e bate a porta, respiro fundo e começo a me vestir rapidamente. Coloco o casaco e pego minha bolsa, abro a porta e começo a ir até a porta com passos decididos.
-Ainda não vamos.- Dylan avisa abotoando a camisa enquanto passa pelo corredor.
-Eu vou.- abro a porta e ele para de tentar colocar a gravata.
-Lucy.- vem atrás de mim e aperto o botão do elevador.- Lucy!- fica com mais raiva e pego meu celular.- Lucinda!
-Não somos melhores amigos.- murmuro.
-Você me irrita fácil. Fica difícil não explodir.- ele segura meu braço e me vira.- Eu deixo você em casa.
-Já pedi um Uber.- o elevador abre.- Vejo você na segunda, chefe.
-Lucinda.- ele apoia as mãos no elevador e nos encaramos.- Por favor.
-Minha irmã volta hoje, então eu tenho que fazer uma festa estúpida.- aperto no térreo.- E você? Comece a falar bem de mim, fiz minha parte.
-Ok, mas...
-Tchau.- o empurro assim como ele fez comigo e as portas do elevador fecham.
☽︎
Dylan Griffin
Viro um copo de uísque de uma vez e respiro fundo tentando me convencer de que não deveria fazer nada. Mas o rosto de Lucy quando o elevador fechou ficou na minha cabeça, como se estivesse furiosa comigo.
Eu nem tinha feito nada demais, eu só falei a verdade para ela e já estava toda doída. Passo a mão pelo rosto e começo a encher o copo de novo, já e meu sexto copo na última hora, espero que melhore.
-Gatinho.- a porta abre e vejo Kara.- Você parecia emburrado no telefone.
-Agora não.- falo enrolado.
-Ah, você está bêbado.- ela faz bico e começa a tirar as roupas.- Está triste?
-Eu quero que você vá embora.- viro outro copo.
-Você só precisa de uma chupada.- ela beija minha bochecha e começa a abrir meu cinto.
-Não, Kara, vai embora.- peço.
-O que deixou você assim?- franze as sobrancelhas.
-Nada.- fecho meus olhos quando ela coloca a mão dentro da minha calça.
-Deixa eu te deixar feliz.- morde meu lábio e vai ajoelhando.
-Kara...- agarro os cabelos dela e a faço me encarar.- Só uma chupada, depois você vai embora.
-Sim, senhor.- sorri e não deixo ela se aproximar.- O que?
-Nada de banho.- digo e ela sorri.- É sério.
-Eu sei, Dylan...- ela me aperta.- Agora me deixa trabalhar...
-Dylan, eu fiquei mal e...- a porta abre e Lucy para na minha frente.- Ah, foi mal, você melhora trazendo uma puta aqui.
-Puta?- Kara levanta rapidamente e fecho minha calça.- Eu não sou puta, sua vadia!
-Bem, parece uma.- Lucy a observa.
-Ok, chega.- seguro o braço de Kara.- Vamos, vai embora.
-O que?- Kara arregala os olhos.
-Você vai embora.- aperto o elevador e ele abre logo.
-Por que você tá me expulsando por causa dessa vadia?- ela grita enquanto o elevador fecha.- Duvido que ela chupe melhor que eu!
Me viro e vejo Lucy com as sobrancelhas levantadas e os braços cruzados, começo a me aproximar e Lucy bufa entrando no apartamento e indo até o armário de bebidas. Fecho a porta enquanto a observo pegando uma tequila já velha.
-Eu vim me desculpar.- ela explica abrindo a tequila.- Mas aí acho você sendo chupado por um...
-Quase sendo chupado.- corrijo e ela me encara.
-Acha engraçado?- me observa enquanto eu sorrio.- Dylan. Para de rir!- vem na minha direção e me empurra.- Dylan!
-Você é imprevisível! Como eu ia saber que você ia aparecer?- eu deixo ela me empurrar.
-Eu não me sinto tão mal por ter dado uma de infantil.- ela começa a ir embora.
-Ei, não.- seguro seu braço e ela vira rapidamente.- Você vai ficar.
-Quem disse?- franze as sobrancelhas.
-Eu.- nossos narizes se tocam.- Você vai ficar.
-Não vou tocar em você.- puxa o braço.- Não quero estragar o trabalho da outra...
-Ela nem me tocou, Lucy.- bufo e ela me encara incrédula.- Ok, ela tocou um pouco, mas foi só a mão, dois segundos.
-Vai se foder, Dylan.- ela começa a ir e bufo.
-Por favor.- falo no desespero e ela para.- Fica aqui.
-Eu não...
-Você não aguenta ficar em casa.- digo e ela pisca.- Bem aguenta pensar em ir para casa. Então....fica aqui.
-Ficar aqui.- cruza os braços.- Não vou transar com você.
-Não precisa, mas vai mudar de ideia.- falo.
-Só até amanhã.- ela começa a andar até o quarto em que a deixei noite passada.- Não me olhe, você não pode me olhar.- fala e eu desvio o olhar.
-Jantar em dez minutos!- aviso.
-Vai se foder!- ela fala no mesmo tom.
Mas pelo menos Lucy estava aqui.
Bạn đang đọc truyện trên: Truyen247.Pro