#17- Futuro
Quando voltei para a sala o clima estava estranho. Luna estava lendo algumas revistas, Joseph estava com Marina, parece que fazendo um trabalho. Akira e Rachel estavam na mesa de reuniões, lugar que Alan passava a maior parte do tempo, mas dessa vez estava em um canto totalmente isolado.
Me sentei perto da porta, estava mais isolado do que todos, mas Luna veio conversar comigo.
_ Parece que dessa vez a briga foi feia. _ disse Luna.
_ Já estão falando sobre isso? _ perguntei.
_ Akira exigiu uma explicação de Alan, que não falou muita coisa, mas como estava sangrando, fizemos essa especulação. _ respondeu Luna.
_ Parece que a Boa Samaritana está muito irritada. Creio que nunca vi ela assim. _ falei.
_ Isso é verdade, ela está bem chateada. _ falou Luna.
Luna continuava foleando as revistas, mas não saía de perto. Parecia que ainda estava a busca de alguma informação.
_ Quer saber algo ainda Extrovertida?
_ Eu queria saber se vocês realmente brigaram de soco. _ disse Luna.
_ Não teve briga, foi apenas uma discussão. Nada demais. _ respondi.
_ Mas a sua boca estava sangrando, isso quer dizer que algo aconteceu. _ retrucou Luna.
_ Não se preocupe com isso, já está no passado. Não vale a pena ficar pensando nisso. _ falei.
_ Você é um bom homem Isaack. _ disse Luna sorrindo.
_ Isso é uma coisa que realmente não sou. _ falei.
_ Eu já disse isso, mas eu me apaixonaria por você, facilmente. _ falou Luna.
_ Não brinque com isso Luna. _ falei.
Luna se levantou e começou a sair, mas parou e me olhou fixamente.
_ Eu não brinquei, mas te entendo. _ disse ela.
Antes que Akira nos liberasse do clube, ela disse que queria uma conversa com o clube e que todos estivessem presentes. Ela pediu para que Alan e eu sentássemos nas cadeiras da frente e os outros do lado.
_ Nessa reunião, quero falar sobre a discussão de mais cedo, entre Isaack e Alan. _ disse Akira.
_ Eu disse que foi apenas uma discussão entre homens. _ falou Alan.
_ Isaack? _ perguntou Rachel.
_ Se ele disse, pode ser que seja apenas isso. Uma discussão é o bastante para mim. _ falei.
_ As coisas não se resolvem assim Isaack. Queremos saber o que realmente aconteceu. _ disse Rachel.
_ Mas, porque nós três estamos fazendo aqui? Deveria ser entre vocês. _ disse Joseph.
_ Eu preciso de vocês três para que sejamos justas em nossas conclusões. _ disse Akira.
_ Entendi! _ disse Joseph.
_ Agora queremos saber de tudo o que aconteceu entre vocês. _ disse Rachel.
Eu não estava afim de falar nada sobre o que havia acontecido, então apenas cruzei os braços e fiquei esperando.
_ Já que ele não fala, eu vou resumir tudo. Sabemos que temos diferenças e resolvemos falar tudo um para o outro, então discutimos sobre isso, mas percebemos que temos uma coisa muito em comum. _ disse Alan.
Ele ficou me olhando com provocação sobre o que ele sabia sobre Akira.
_ E o sangue na boca de Isaack? _ perguntou Akira.
_ Em um momento de raiva, acertei um soco em sua boca, mas uma coisa normal. _ falou Alan sorrindo.
_ E Isaack fez algo para se revidar esse soco que você o acertou? _ perguntou Akira.
_ Não! Continuamos nossa discussão apenas, e vocês chegaram. _ falou Alan.
Akira e Rachel ficaram me olhando, mas continuei sem falar nenhuma palavra.
_ Não vai dizer nada Isaack? _ perguntou Marina.
_ Tudo o que ele falou é a verdade, então não preciso dizer mais nada. _ respondi.
_ Deixo o veredito com você Akira. _ disse Rachel.
Akira ficou olhando para nós dois e depois olhou para os outros. Joseph, Luna e Marina ficaram mudos, nada falavam, mas Rachel acenou com a cabeça positivamente para Akira.
_ Creio que devo ser totalmente justa com tudo o que aconteceu, então quero dizer aos dois que da próxima vez que quiser resolver coisas como homens, que seja fora da sala de nosso clube. _ disse Akira.
_ Tudo bem. _ respondi.
_ Como queira Akira. _ disse Alan.
_ E tem mais uma coisa, Alan está suspenso do clube por uma semana. _ falou Akira.
_ O que! _ disse Alan.
Todos na sala ficaram totalmente surpresos, apenas Rachel fechou os olhos e parecia ter concordado com o que Akira havia falado.
_ Por que vou ser suspenso, mas o Isaack vai sair em pune dessa? _ perguntou Alan.
_ Ainda pergunta Alan? Você o agrediu fisicamente. Já era ruim uma discussão entre vocês, mas agressão é fora de questão. _ disse Akira.
_ Isso é uma grande injustiça. _ disse Alan.
_ Por isso mesmo que eu deixei os outros aqui, se acham que estou sendo injusta, vou reconsiderar. Então se sou injusta podem dizer. _ falou Akira.
Rachel, Joseph, Luna e Marina continuaram calados, o que deixou Alan mais contrariado, mas creio que também estava achando tudo isso injusto, mas não poderia dizer nada.
_ Se é assim, o martelo está batido. Espero que pensem muito em tudo o que fizeram e que isso não se repita. _ disse Akira.
_ Reunião finalizada. _ disse Rachel.
Alan foi o primeiro a sair da sala e com muita raiva, mas logo depois também saí e fui direto para casa, onde fiquei refletindo tudo o que aconteceu, tanto com a discussão, quanto com aquele julgamento.
No dia seguinte fui para a escola, mas entrei direto para a sala e a primeira aula era de Alicia, que chegou com muitas folhas nas mãos.
_ Bom dia queridos alunos, hoje temos uma ótima tarefa para realizar. _ disse Alicia com um sorriso.
Esse sorriso já era um grande motivo para que eu ficasse totalmente assustado com o que ela poderia fazer.
_ Hoje vamos falar de futuro, então já peguem as suas canetas para começarmos. _ falou Alicia.
Ela dividiu as folhas entre todos os alunos. Quando recebi minha folha, vi que era sobre algo que eu queria ser ou fazer futuramente.
_ Vocês vão preencher essas folhas e no ano que vem vocês terão algumas aulas com o que melhor lhes interessar. Será uma matéria extra no momento das aulas, então para vocês será um teste muito interessante. _ explicou Alicia.
_ Eu não penso muito em coisas que vão acontecer no futuro. _ falei.
_ Então você pode começar a pensar sobre isso a partir de agora. _ falou Alicia.
_ Gosto mais do presente. _ respondi.
_ Gosta? Não é o que parece.
_ O passado nos traz arrependimento e o futuro nos causa ansiedade. Creio que o melhor é realmente o presente.
_ Claro que você tinha toda uma resposta por trás disso. Você tem uma semana para me entregar isso Isaack. _ disse Alicia.
Uma semana para entregar algo desse tipo? Eu nem sei o que vou escrever e o pior é que vai valer uma aula no próximo ano, então tem que ser uma coisa que pelo menos não seja tão desagradável.
No fim das aulas, quando fui ao clube, com exceção de Marina, todos estavam com uma preocupação no rosto.
_ Suponho que seja o mesmo trabalho. _ falei.
_ Sim! É como se quisessem que saibamos o que fazer daqui a dois anos. _ disse Rachel.
_ Parece que estamos todos no mesmo barco, ou quase todos. _ falei.
Marina ficou nos olhando e todos pareciam estar com uma cara de inveja para ela.
_ Eu não tenho culpa de estar no primeiro ano, mas estou gostando. _ disse Marina.
_ Não precisam colocar exatamente o que vão fazer, mas podem colocar algo que gostem, ou que acham que poderia ajudar futuramente. _ disse Akira.
_ Pelo menos alguém já está conseguindo fazer esse trabalho chato. _ disse Luna.
_ Eu não posso fazer o trabalho dessa forma, vou ter que levar muito a sério. _ disse Akira.
_ Por que? _ perguntou Joseph.
_ Minha família não aceitaria nunca uma coisa dessas. Eu tenho que dizer que vou ser algo no meio do que meus pais são, então só tenho que pensar em algo do tipo. _ explicou Akira.
_ É uma ideia bem melhor que aquela antiga, então eu gostei. _ falei.
_ Mas eu não disse que descartei a outra. _ disse Akira.
Creio que fugir de casa não seria a melhor coisa, mas não sei bem o que eu poderia fazer para ajudar Akira com todos esses problemas que ela está.
Ficamos no clube quebrando a cabeça para fazer esse maldito trabalho, mas ainda assim não conseguimos fazer muita coisa. Rachel, Joseph, Luna e Marina foram para casa, me deixando sozinho com Akira.
_ Quer me dizer algo Zack? _ perguntou Akira.
_ Mais ou menos.
_ Quer saber se eu realmente fui justa ao suspender Alan, mas deixar você continuar no clube?
Akira parecia minha mãe quando fazia toda essa leitura de minha pessoa, isso me deixava bastante assustado às vezes, mas também estava me acostumando, assim como acostumei com minha mãe.
_ Exatamente isso, eu não gostei muito para ser sincero.
_ Saiba que não fiz isso por gostar mais ou menos de você. Se tivesse agredido o Alan, também seria suspenso, mas não foi o que aconteceu.
_ Mesmo assim, nós dois discutimos, então tinha que ter punição para os dois.
_ O que foi Isaack, parece que está gostando do Alan, está com saudades dele? _ perguntou Akira.
_ Não tem a ver com saudades e sim com justiça.
_ Então crê que eu não estou sendo justa? Saiba que eu pensei muito no que fazer, até chegar em minha conclusão.
_ Ainda acho que não foi muito justa!
_ O que quer então, não vir ao clube? Tudo bem! Só não coloca isso em minhas mãos, creio que fiz o certo e é o que me importa.
Antes que eu pudesse responder algo, a porta abril e apareceu a mãe de Akira. Estava totalmente com roupas sociais, camisa, um terno e uma saia, além de sapatos negros com salto.
_ Estão no meio de uma discussão? _ perguntou Kátia.
Olhei para Akira e ela estava totalmente surpresa com a aparição da mãe, parecia que não iria conseguir falar nada.
_ Não era nada demais. _ respondi.
_ Não era o que parecia do lado de fora. _ disse Kátia.
_ Às vezes as coisas não são o que parece. É uma coisa que acontece. _ falei.
Kátia veio se aproximando da mesa de reuniões e ficou olhando para Akira como se eu não estivesse presente na sala.
_ O que está acontecendo filha? Precisa que alguém fique respondendo por você? _ perguntou Kátia.
Isso foi meio frustrante, principalmente que ela não havia citado nome de ninguém. Minha vontade era de falar muitas coisas para essa mulher, mas não poderia encrencar Akira.
_ O que está fazendo aqui mãe? _ perguntou Akira.
_ Me ligaram para falar que a escola começou a falar sobre o futuro e sobre a aula extra do próximo ano, então vim aqui para conversar com você sobre isso. _ disse Kátia.
_ Não poderia esperar até eu chegar em casa para resolvermos isso? _ perguntou Akira.
_ E você poderia entregar os papeis hoje e sem conversar comigo ou com seu pai. _ disse Kátia.
_ Meu pai está em casa? _ perguntou Akira.
_ Não! Então vai ter que conversar diretamente comigo, ou ligar para o seu pai. _ respondeu Kátia.
_ Como se ele fosse me atender. _ murmurou Akira.
Kátia ficou me olhando como ficou da primeira vez, dos pés a cabeça, como se ficasse procurando alguma coisa boa para falar.
_ Filha, será que tem como ter uma conversa em particular? _ perguntou Kátia.
Melhor que eu imaginei, ela queria que eu saísse da sala para deixá-las a sós, que lindo!
_ Mãe, você não está em casa para ser tudo da forma que desejar. Esse é a sala do clube e o Isaack é um membro do clube. _ respondeu Akira.
_ Se eu pedir uma sala, tenho certeza que a escola ficaria feliz em emprestar. _ disse Kátia.
_ Onde quer chegar mãe? _ perguntou Akira.
_ Quero ter um tempo com minha filha, isso é pedir demais? Isaack, eu acho, pode nos deixar sozinhas por alguns instantes? _ perguntou Kátia.
_ Depende! _ respondi.
_ Depende... de que? Quer alguma coisa para nos deixar a sós? _ perguntou Kátia.
O que será que ela pensou com essa frase? A mãe da Boa Samaritana com certeza é uma pessoa bem pior do que eu imaginei.
_ Sim! Quero saber se Akira deseja ficar sozinha com você.
Akira ficou surpresa com a minha resposta, mas Kátia pareceu não gostar nada e ficava me olhando com desprezo, mas em seguida voltou o seu olhar para Akira.
_ E então minha filha, o que você tem a nos dizer? _ perguntou Kátia.
Akira continuou sem dar a resposta, mas ajeitou alguns papeis e colocou em sua bolsa, a jogando nas costas em seguida.
_ Acho que é melhor irmos para casa, aqui não é lugar para discussões. _ disse Akira.
_ Mas é sobre a escola, então creio que aqui é o melhor lugar. _ falou Kátia.
Akira saiu na frente e Kátia ficou me olhando como se eu fosse a pior pessoa que existisse, mas logo depois foi embora com a filha.
_ Talvez fugir de casa não seja uma ideia ruim.
Quando saí da sala do clube, vi Mary indo embora e ela estava sorrindo para mim.
_ O que aconteceu? _ perguntei.
_ Fiquei sabendo que levou um mega soco. _ disse Mary sorrindo.
_ Claro que você sabe disso e parece estar se divertindo. Não parece estar com problemas com o trabalho que estão nos obrigando fazer.
_ É porque eu já entreguei. _ respondeu Mary.
_ Como já entregou um trabalho daqueles? Que mente é essa que você tem?
_ Simples, eu quero ser veterinária.
_ Veterinária? _ questionei pensativo.
_ Eu me dou melhor com animais que com pessoas Isaack, já deveria ter percebido isso.
_ Talvez seja o que eu deveria fazer. _ respondi.
_ Isso não é uma coisa difícil. Isaack, só pense em algo que você realmente quer fazer e que você realmente ame. _ disse Mary sorrindo.
_ Creio que assim vai ser bem mais fácil escolher o que posso colocar nos papeis.
_ Você poderia ser muitas coisas Isaack, até presidente do Brasil. Com certeza seria melhor que muitos. _ disse Mary.
_ Não imagine que eu pelo menos pensaria em tentar ser presidente. _ respondi.
_ Eu sei que não. _ disse Mary.
Chegamos ao portão da escola, creio que foi uma ótima conversa depois de um dia tão desastroso.
_ Até mais Isaack! _ disse Mary.
_ Até mais! E Mary, muito obrigado pela dica. Vai me ajudar muito. _ falei.
Fui para minha casa e quando deitei minha mente ficou muito pensativa. Uma coisa que eu queira e goste de fazer...
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