#13- Ego
No finzinho da tarde cheguei em casa e minha mãe estava assistindo televisão. Me sentei em uma poltrona e fiquei por ali, mas ela já estava me olhando com um sorriso no rosto.
_ O que eu fiz? _ perguntei.
Ela sorriu novamente e chegou mais perto, se sentando no braço da poltrona.
_ Alicia me disse que tiveram uma boa conversa. Gostei de saber.
Com certeza a língua de Alicia não coube na boca e ela falaria sobre a nossa conversa com alguém. Me espanta ela não ter falado nada na escola.
_ Conversamos um pouco sobre algumas coisas e ela até disse seu nome. Disse que era uma pessoa muito sábia. _ respondi.
_ Então ela me acha sábia?
_ Está repetindo para ficar parecendo ser mais importante? _ perguntei.
_ Claro que não filho.
Comecei a lembrar de tudo o que Alicia havia me falado naquela noite e o quanto ela foi incrível.
_ Acho que ela já está tão boa quanto vocês nessas coisas. _ falei.
Minha mãe apenas me olhou, parecia estar curiosa, mas sorriu.
_ Que tipo de coisa?
_ Conselhos. Acho que ela aprendeu muito bem com você e agora é uma mulher incrível.
_ Ela está uma pessoa bem madura, apesar de muitas vezes ainda ser uma criança por dentro. Mas isso faz parte de ser Alicia. _ disse minha mãe.
Conversar com minha mãe muitas vezes é uma coisa muito boa. Por mais que ela consiga em várias ocasiões me deixar encabulado, ela sempre consegue mostrar o caminho que devo seguir.
No dia seguinte fui para a escola e Akira chamou todos os membros do clube para estar presentes na sala para uma breve reunião. Meia hora antes do sino tocar, todos já estavam presentes.
_ Agradeço muito pela presença de todos. Nós precisamos resolver um assunto que foi solicitado ontem. _ disse Rachel.
_ Nosso clube foi solicitado a estar ajudando no novo evento, então vamos tentar dar o nosso melhor para que ele aconteça da melhor forma possível. Isaack e Marina já estão por dentro de tudo o que está acontecendo, então vão poder nos deixar por dentro das coisas. _ falou Akira.
Antes que eu ou Marina pudéssemos pronunciar algo, Alan estava com a mão estendida, então fiquei em silêncio para que ele pudesse falar.
_ Nosso clube já dispôs duas pessoas para esse evento e existem vários outros clubes na escola, então por que apenas nós?
_ Primeiramente que quem pediu ajuda foi uma pessoa de nosso clube, então como clube deveríamos ajudar. Também devemos lembrar que Jean nos pediu ajuda e eu disse que se precisassem de mais alguém, eu mandaria. _ disse Akira.
_ Mandaria o Joseph e a Luna. Até porque nunca concordei em participar disso. _ falou Alan.
_ Já iríamos falar sobre isso Alan, mas já que tocou no assunto, vamos falar sobre isso primeiro. Rachel. _ disse Akira.
_ Como precisamos ajudar no festival e não é uma atividade exatamente do clube, apenas quem quiser vai participar. Não vamos obrigar vocês a estar ajudando, mas a gente ficaria feliz. _ disse Rachel.
_ Já temos Zack e Marina, mas precisamos de mais pessoas para estar ajudando. _ disse Akira.
_ Com certeza eu ajudo. _ disse Rachel.
_ Eu também! Podem contar comigo. _ falou Joseph.
Alan ficou apenas olhando para Rachel e depois para Akira, depois ele fez um sinal de positivo para Rachel.
_ Já que todos estão ajudando, creio que o melhor é eu também ajudar. _ disse Alan.
_ Muito bom, então todo o clube vai estar ajudando nesse novo evento. _ disse Akira.
_ Isaack e Marina, agora podem falar um pouco sobre. _ falou Rachel.
Marina me olhou e parecia desconfortável a estar falando, então eu dei início ao que era o novo evento. Falei sobre a festa e tudo o que estavam planejando, principalmente as dificuldades de lhe dar com a turma da outra escola.
Após o fim das aulas, todo o clube foi para o salão, onde Karen, Luciano e Hermes já estavam a espera junto com Jean e Mary.
_ Fiquei sabendo que estava buscando ajuda e resolvi vir. _ disse Mary.
_ Eu agradeço muito Mary. _ respondi.
_ Apesar que você poderia ter vindo direto pedir, mas tudo bem.
_ Vejo que hoje tem muitas caras novas. Eu fico feliz com a disposição da escola e dos alunos. Será de grande ajuda para nós. _ disse Luciano.
_ Viemos para ajudar em todas as coisas possíveis. Nós somos do clube de literatura. _ disse Rachel.
_ Precisamos muito de ajuda para colocar todas as coisas no lugar. _ falou Hermes.
_ Apenas isso? _ perguntou Joseph.
_ Exatamente! _ respondeu Hermes.
_ Podemos ver o planejamento de vocês? Precisamos ter uma base. _ disse Akira.
Akira foi esperta, eu já havia contato tudo a eles, mas ela não quis mostrar toda a desconfiança para eles. Luciano passou os detalhes do planejamento para todos, mas explicando à sua versão.
_ Mas dessa forma talvez não daria certo. Porque não pensam em mudar algumas coisas? _ perguntou Akira.
_ Creio que está perfeito dessa forma. _ disse Luciano.
_ Mas os gastos podem ser cortados. Imagina se economizar um terço de tudo isso. _ falou Rachel.
_ Creio que não podemos fazer isso agora. Está muito perto. _ respondeu Hermes.
_ Vocês não podem ou não querem? Existe diferença entre as duas coisas. _ disse Rachel.
_ O que quer dizer com isso? _ pergunta Karen.
_ Que alguns cortes não afetariam no tempo do trabalho, mas diminuiria nos gastos. Pelo que me mostraram as coisas são muito fáceis de serem resolvidas. _ disse Rachel.
_ O que poderia sugerir? _ perguntou Hermes.
Rachel olhou para Marina que mesmo receosa deu passos à frente para falar.
_ Eu consegui economizar fazendo algumas coisas a mão. Um exemplo é que vocês queriam luzes de várias cores, então ao invés de comprar lâmpadas coloridas eu sei um pouco de tinta nas lâmpadas para usar na festa. _ explicou Marina.
_ Está aí uma forma de cortar gastos. O que não faltam são opções. _ disse Rachel.
_ Mas uma lâmpada pintada não dá o mesmo efeito. Não é a mesma coisa. _ disse Hermes.
_ Eu acho que o feito de Marina foi incrível. Como Rachel disse, cortamos um gasto e mesmo assim vamos fazer algo decente. _ disse Joseph.
_ Eu concordo com isso. _ falou Karen.
Após as falas da garota, todos ficaram a olhando surpresos. Hermes e Luciano pareciam estar muito bravos, mas não poderiam deixar isso ser notado. Joseph sorria como se já esperasse.
_ Concorda? _ pergunta Joseph.
_ Sim! Pode ser uma coisa interessante. _ disse Karen.
A cada vez que ela concordava, Luciano e Hermes pareciam mais irritados e com mais dificuldade de não transparecer isso.
_ Algum problema com vocês dois? Ficaram calados de uma hora para outra. _ falei.
_ Não é nada. _ disse Hermes.
_ Pode ser que vocês tenham razão. Vamos tentar fazer dessa forma. _ falou Luciano.
_ Acho que dessa forma poderemos fazer as coisas bem melhor. _ fala Rachel sorrindo.
_ Mas pelo que parece ainda temos muito a fazer, então melhor que a gente comece agora. _ disse Akira sorrindo.
_ Tudo bem, mas eu queria entender uma coisa ainda. _ disse Luna.
_ O que foi? _ perguntei.
_ Esse show está um pouco estranho. _ disse Luna.
Após ela ter mencionado, todos foram olhar nos papeis e se surpreenderam com o que estavam vendo.
_ Esse show realmente está muito estranho. Quem pensou nisso? _ perguntou Akira.
_ Nós ficamos com a parte da música e eu quis ser eclético, então coloquei rock, sertanejo, rap, música clássica, gospel e jazz, para que todos possam aproveitar da melhor maneira. _ disse Hermes.
_ Isso está parecendo um show de talentos. Uma coisa assim vai ser muito estranha. _ disse Rachel.
_ Por que acha isso? _ pergunta Karen.
_ Imagina começar com uma música clássica, passar para rock e terminar com música gospel. Seria uma coisa totalmente bagunçada. _ disse Rachel.
_ Concordo com Rachel. Isso deixaria até os convidados sem entender as coisas. _ falou Joseph.
_ Os ajudantes deveriam pensar mais na ornamentação que nos assuntos já resolvidos. _ disse Hermes.
_ Mas as palavras deles são as minhas palavras, então pense que eu disse isso. _ falou Jean.
Poucas vezes Jean se pronunciava, mas toda vez que ele falava era para algo importante. Creio que agora mais que nunca, a presidência está em boas mãos.
_ Isso também cortará muitos custos em contratar bandas. _ disse Rachel.
_ Quanto a banda, a antiga turma terceiranista do último ano tinha uma banda e cantavam muito bem. Os gastos seriam quase nenhum. _ falei.
_ Então seria um show com a Júlia... _ disse Akira.
Me esqueci completamente dos problemas de Akira e Júlia. Akira com certeza deve ficar com raiva.
_ Eu posso entrar em contato com ela. Ano passado o show dela fez um grande sucesso e não vai ser diferente dessa vez. _ disse Akira.
Realmente ela queimou minha língua. Não esperava que ela estivesse amadurecido tanto, ou é apenas uma forma de me provocar.
_ Mas apenas uma banda seria muito chato e podemos conseguir muitas a baixo custo. As igrejas podem nos ajudar, as outras escolas, então não vai ser ruim. _ disse Hermes.
_ E seria uma coisa mais bagunçada que já está. Não vai ser tão bom quanto pensam. _ disse Rachel.
_ Quando vamos fazer uma festa temos que pensar primeiramente no que os convidados estão esperando e não no que nos agrada. Já pensaram sobre isso? _ perguntou Akira.
Os três ficaram se olhando, pareciam meio envergonhados e não falavam nada.
_ Façam uma pesquisa na escola de vocês, nós fizemos isso na nossa. _ disse Rachel.
_ Não precisa, vamos gastar muito tempo com isso e o tempo não vai esperar. _ disse Luciano.
_ Se quiser nós mesmos podemos fazer já que somos muitos. _ falou Akira.
_ Não é necessário, creio que do jeito que estão falando vai dar tudo certo. _ disse Luciano.
_ Ótimo! _ disse Akira
_ Acho que podemos parar para almoçar. _ disse Luciano.
_ Isso é muito bom. Vocês três venham comigo, vamos almoçar na sala do conselho estudantil. _ disse Jean.
Saímos do salão e todos foram almoçar. Akira e Rachel foram comigo e ficamos perto do prédio abandonado.
_ O que acharam? _ perguntei.
_ Pior do que você havia descrito. _ respondeu Akira.
_ Estou a pouca coisa de mandar todos eles para o inferno. _ falou Rachel.
_ Não precisamos nos exaltar, mas também concordo com a Rachel. Eles são difíceis de lhe dar.
Akira e Rachel estavam certas. Desde a primeira reunião já havia ficado ter um consenso com essa turma da outra escola.
_ Pelo menos vocês estão conseguindo colocar um pouco de juízo na cabeça deles. _ falei.
_ O que mais ajudou nesse quesito foi o Joseph. A Karen sempre gostou muito dele. _ disse Rachel.
_ Vocês eram amigas? _ perguntou Akira.
_ Mais ou menos. Mas não é uma coisa que eu gosto de relembrar. _ falou Rachel.
Após o almoço voltamos para o grande salão, onde todos os representantes já estavam esperando.
_ Como todos estão aqui, vamos continuar falando sobre o orçamento da festa. _ disse Jean.
_ Mas aquilo não estava decidido? Precisam tirar mais alguma coisa? _ perguntou Hermes.
_ Cortar gastos vai ser tão importante para a escola de vocês quanto para a nossa. _ disse Jean.
_ Mas creio que o importante mesmo é ter uma festa boa onde ambas as escolas gostem. _ falou Luciano.
_ Mas como vamos fazer uma festa em que ambos gostem se vocês não sabem o que os alunos da escola de vocês querem? _ perguntou Joseph.
_ Acho que qualquer coisa que a gente fizesse por eles seria bem agradável. _ disse Luciano.
_ Essa é a questão. Se qualquer coisa que fizerem seria visto com bons olhos, por que tentar fazer o que mais gastaria cortando verbas que poderia ajudar em seus clubes? _ questionou Joseph.
_ Ainda acho que seria mais impactante como planejamos tudo. Isso já estava em nosso pensamento antes. _ disse Hermes.
Akira e Rachel deram um passo à frente e provavelmente iriam falar alguma coisa, mas eu quem trouxe todo o clube aqui, então teria que dar um jeito em tudo.
_ Creio que o melhor que poderíamos fazer é abaixar o ego e não sermos egoístas. _ falei.
Todos ficaram me olhando e alguns pareciam bem surpresos com tudo o que falei.
_ Não tem que ser como uma escola quer ou como a outra quer. Se temos que trabalhar em equipe, é escutar o que todos querem e entrar em um consenso quanto a isso, caso contrário não vai ter nada de bom aqui. Estamos fazendo essa festa para os alunos e não para deixar o ego elevado.
Eles não pareciam ter ficado feliz, mas aos poucos começamos a convencer eles de mudar várias coisas e começamos a cortar gastos desnecessários. Eles também mostraram ter ótimas ideias o que ajudou muito na construção de tudo.
_ O que vamos fazer para a confecção das coisas, já que não vamos comprar tudo? _ perguntou Karen.
_ Para isso temos uma das melhores pessoas, que é a Marina. Ela tem uma facilidade grande em confecções e ornamentações. _ respondi.
Marina me olhou um pouco assustada, mas eu sorri e fui até ela.
_ Sei que você pode dar um jeito em tudo isso.
_ Obrigada Isaack. _ disse Marina.
_ Eu também posso ajudar Marina com isso. Gosto de confecções. _ falou Mary.
Marina começou a conversar com todos e dava as ordens corretas para tudo. Com a liderança dela foi fácil terminar com todas as coisas.
No fim do dia fui na lanchonete perto da escola para tomar alguma coisa e vi Karen chegando.
_ Parabéns por tudo hoje, não imaginei que teria tanta voz assim. _ disse Karen.
_ Fiz apenas o que precisava ser feito. _ respondi.
_ Você mudou muito Isaack. Se transformou em uma pessoa incrível e provavelmente tem o dedo de alguém nisso. _ disse Karen.
_ Isso eu não sei muito bem, mas não foi só eu quem mudei.
_ Não vamos comparar a sua mudança com a minha. Você chegava a ser estranho de tão chato, não falava nada e não se importava com nada. Mas olha você agora, dando tudo de si por uma simples festa.
_ Não é uma simples festa Karen, é uma coisa importante. E não compare as mudanças mesmo, pois cada pessoa tem um ritmo diferente.
_ Você é uma pessoa incrível Isaack. Espero que um dia possamos ser amigos. _ disse Karen.
Fiquei surpreso da atitude de alguém que queria ter a atenção apenas para si. Ela não deve perceber o quanto mudou.
_ Você está me superestimando muito, parece querer algo em troca. _ respondi.
_ Você fez o conselho mudar a visão e estão bem empenhados. Vamos fazer uma festa incrível Isaack.
_ Assim espero. _ respondi.
_ Te vejo no fim de semana. Até depois. _ disse Karen.
Paguei minha bebida e saí da loja. Agora era esperar o fim de semana e tentar fazer da festa a melhor possível.
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