#01- O Garoto Solitário
Em toda história temos um protagonista incrível, um cara que as garotas se apaixonam e os garotos querem sempre o ter por perto, mas isso para mim não existe, não mesmo!
Meu nome é Isaack Lopes. Tenho quinze anos de idade e estou indo iniciar o primeiro ano, mas eu acho a escola um saco, não só a escola, as pessoas são um saco e não gosto de me envolver.
Eu faltei toda a primeira semana de aula, então vou ter que aturar tudo isso para não morrer nas mãos da minha mãe, que acredita que a escola é o melhor para meu futuro. Ela só esquece que essa juventude que todos dizem ser incrível é apenas uma mentira, é o início da maldade das pessoas.
O bom de ter faltado os primeiros dias de aula é que em uma escola nova todos usam os primeiros dias para fazer amizade e como já se passou uma semana desde que a aula começou, todos já tem seus grupos e me deixarão em paz na sala e fora dela.
Quando entrei na sala de aula, percebi que iniciava minha tortura, a primeira coisa que vi foi um trio bem animado. Sentei-me ao fundo tentando não ser notado e fingir que estava dormindo, mas o trio não sabia falar baixo e eu escutava toda agitação.
_ Você não vai encontrar ninguém com o nome mais estranho que o seu, se acostume a isso. _ diz uma das garotas com uma voz doce, mas não fiz muita questão de olhar.
_ Meu nome não é tão estranho, vocês se acostumam com ele. _ disse a outra.
_ Uma semana de aula e já estou morto! _ disse o garoto que as acompanhava.
A voz do garoto parecia bastante familiar, mas não quis nem olhar, só de imaginar alguém que já havia estudado comigo já me dava arrepios, mas se bem que pode me ajudar e falar que não quero ninguém por perto.
_ Quem é aquele perto do meu lugar?
Quando ouvi isso já sabia que tinha sido notado, o que me desanimou um pouco, mas permaneci sem olhar para ninguém e esperei para que me esquecesse.
_ Eu não conheço. _ respondeu a outra garota para minha felicidade, seria horrível ter que me enturmar com um grupo tão animado.
O garoto ficou muito calado e senti um cala frio como se alguém estivesse me olhando ainda. Por um segundo pensei em espiar, mas não se deve fazer agora o que você pode fazer depois, então deixei o pensamento de lado.
_ Eu conheço! Estudei com ele no início do fundamental. _ disse o garoto para me irritar.
_ Vamos chamar ele aqui então!
_ Nem tenta! Ele não anda, interage ou pelo menos fala com as pessoas. _ disse ele.
_ O que?!
_ Desde sempre ele foi assim, sempre mantém as pessoas afastadas, desde que o conheço.
_ Totalmente diferente de você Akira, sempre quer todos perto.
Akira? Que nome é esse? Isso é chinês ou algo do tipo, eu tenho certeza. Eu pensava que meu nome era estranho, mas agora fico feliz, ninguém vai incomodar com meu nome com uma garota com nome assim.
_ Mas por que ele é assim? _ perguntou a tal Akira me tratando como se eu não estivesse presente.
_ Isso eu não sei responder. Desde que começamos a estudar juntos ele já era bem afastado de todos e pelo jeito parece que ele não mudou.
Esse jeito dele falar, eu tenho certeza que é Joseph Ramos, um garoto bonito e super popular que estudava comigo, mas nós nunca conversamos. Claro que nunca conversamos, a ideia de me juntar aos populares me faz parecer o maior idiota.
_ Ele deve ter amigos apenas fora da escola.
_ Durante todo o tempo em que estudamos juntos nunca o vi conversando com ninguém dentro ou fora da escola, não creio que esteja certa.
Exatamente Joseph, ganhou um ponto por saber... espera, isso quer dizer que ele me observava? Por que ele faria isso? Que nojo, não gostei de escutar uma coisa assim, quero ser sempre invisível.
_ O que será que aconteceu para que ele se tornasse uma pessoa assim?
_ Parece estar bem interessada Akira, o que foi gostou do esquisitinho?
_ Claro que não Luna, eu só queria entender.
_ Mas eu achei algo em comum, ele é tão estranho quanto seu nome, então a estranheza é comum entre vocês dois.
_ Não achei graça em nada Luna!
Os alunos foram chegando aos poucos até tocar o sino da primeira aula, infelizmente à aula teria que começar, mas talvez seria mais calmo que escutar o trio animação conversando de mim como se eu não estivesse presente.
A sala ficava no segundo andar e eu já havia pensado em tudo para continuar minha vida solitária. Já havia observado um local calmo para ficar no intervalo da aula, na sala não tinha ninguém que chegaria perto, poderia ser um ano menos desagradável que eu havia imaginado.
O professor chegou depois de todos os alunos e eu finalmente levantei a cabeça e vi um mar de tortura, trinta e cinco alunos. Eu fiquei tonto, não ficava presente no meio de tantas pessoas havia meses.
_ Vamos acalmando para dar início as aulas, temos muita coisa para fazer hoje, então mãos à obra.
O professor Tony Martim parecia até um cara legal para um adulto. Vestia um terno até que elegante, tinha uma barba rala, cabelos castanhos, aparentava ter apenas uns vinte e cinco anos, tinha os olhos brilhando e sempre sorria, mas eu não confio nas pessoas e ele parecia ser gentil de mais para não esconder maldade, tenho certeza de que ele vai conseguir um jeito de me torturar ainda hoje.
_ Você deve ser Isaack, o garoto que faltou durante a primeira semana de aula. Sinto muito não ter notado você antes, estava bem quieto.
Eu estava olhando tão fixamente para ele que demorei alguns segundos para responder, o que fez a turma começar com risinhos.
_ Vamos recebê-lo bem turma, espero que possa fazer muitos amigos Isaack.
_ Eu duvido disso!
Disse por impulso. Eu não acredito nesse papo de amizade, isso é só mais uma coisa que inventam na juventude. Quando eu sair da escola nunca mais verei nenhum deles, então não tem sentido.
Após a resposta olhei para Joseph que estava com um olhar de reprovação. Realmente era ele. Eu não importei, ele sempre me olhou da mesma forma. Ele não mudou nada, uniforme escolar todo bonito, o cabelo negro bem estiloso, olhos verdes, uma cara de playboy que eu sempre odiei, odiava mais que ele é mais alto que eu, alguns centímetros, mas ainda era, mas eu apenas fingia que ele não existe.
_ Disse algo Isaack?
_ Não senhor, eu não disse.
_ Tudo bem, vamos voltar à aula. Eu preciso de alguém que ajude o novato, ele perdeu toda a primeira semana.
Da forma que eu disse que não teria amigos eu duvidava que alguém pudesse me ajudar, mas quando olhei para o lado vi uma garota de longos cabelos castanhos que estavam soltos, olhos negros brilhantes e de uma linda pele pálida com a mão estendida, fiquei surpreso com o que estava vendo, provavelmente ele iria pedir para sair da sala, não tinha como querer me ajudar.
_ Akira! Ótimo! Vai ser de grande ajuda para o Isaack. sente-se ao lado dele.
Uma coisa que odeio muito são as pessoas gentis, elas te fazem pensar que você é especial, mas é tudo uma mentira, elas iludem e depois vão embora, mas eu sou formado em mil e uma formas de não acreditar na gentileza das pessoas.
_ Tem certeza de que vai querer encarar a fera? Você é bem corajosa. _ murmurou Joseph.
Eu o olhei com reprovação, mas fiquei mais surpreso quando a garota colocou a carteira ao lado da minha e se sentou com uma grande delicadeza.
A garota ficou me olhando durante vários minutos, eu coloquei o capuz da blusa um pouco mais à frente do meu rosto, mas ela continuava olhando. Se eu não tivesse uma formação tão boa apaixonaria por ela naquele momento, estilo de garota muito bonita que dá certo com todo mundo, um sorriso faria qualquer homem se apaixonar, mas eu não sou assim.
_ Seu nome é Isaack certo? Eu sou Akira Rodrigues, é um prazer.
Eu apenas olhei para garota e voltei meu olhar para o professor, mas na verdade eu queria muito ficar deitado durante toda a aula.
Ela continuava me olhando e eu decidi dar o meu olhar mais gélido, mas quando eu olhei vi um olhar doce e um grande sorriso que virei instantaneamente. Eu perdi essa batalha e aceito isso, mas não perderei a guerra.
_ Ouvi dizer que você não tem muitos amigos.
_ E você é a boa samaritana que vai me ajudar para ficar bem aos olhos da classe.
_ O que? Não! Eu não quero isso.
Ela errou muito feio, eu não tenho amigo nenhum, não existe isso de muito ou pouco, mas isso é uma coisa muito boa que poucos têm.
_ Por que está todo de preto? Está sem uniforme e sua roupa é completamente preta.
_ Por que você está com roupa toda clara? Por que gosta tanto de ter amigos? Não precisa responder, porque provavelmente é apenas uma coisa que você gosta, então sem perguntas bobas.
_ Estamos parecendo yin yang.
_ Ou a lua minguante!
Eu acabei falando algo dos meus pensamentos, o que vai fazer com que ela fique curiosa e perguntar sobre isso, foi meu primeiro erro na escola.
_ Por que a lua? _ perguntou a garota.
Eu sabia que ela perguntaria, mas a melhor resposta é a menor possível para não dar brechas para um novo diálogo ou algum tipo de pergunta.
_ A lua minguante tem dois lados, um lado é a luz da lua o outro apenas escuridão.
_ Isso é incrível... e lindo também. _ disse ela.
Dei um olhar desinteressado para ela e voltei olhar para o professor na esperança dela me deixar em paz.
_ Isaack, por que faltou toda a primeira semana?
Percebi que ela não consegue ficar quieta, era apenas uma aula e ela iria me fazer perguntas de todos os tipos, então eu tenho que ser rápido com isso.
_ Eu não sou muito sociável e odeio ficar perto das pessoas. Você errou quando disse que eu não tenho muitos amigos, eu não tenho nenhum. Não quero ser um iludido que acredita em amizade, só aceitei que sentasse aqui porque preciso pegar a matéria que o professor falou. Fora isso não desejo nada de ninguém daqui. Eu nem queria estar aqui!
_ Eu não queria te deixar mal... sinto muito.
Eu não me importo em deixar as pessoas mal, mas ela é uma garota muito bonita e muito gentil, por isso ela é a pessoa que tenho que ficar longe. Não posso me enganar pensando que vamos ser bons amigos.
_ Então já que estamos no fim da aula vamos ter que fazer um pequeno trabalho e vou deixar que seja em duplas. Já que Akira está ajudando Isaack os dois podem ficar juntos, os outros escolham suas duplas.
_ Por mim está perfeito. _ disse Akira sorrindo.
Eu sabia que esse professor era maligno, eu poderia muito bem fazer esse trabalho sozinho. A turma está em número ímpar e eu sou o que fica sobrando nas turmas. Obrigado Sr. Tony, eu sabia que teria um jeito de me torturar!
Eu não acreditava que teria que fazer trabalho com a boa samaritana, a garota que parecia ter uma grande popularidade. Como descobri isso? Quando o professor disse que faríamos juntos todos me olharam com reprovação, foi à única parte boa.
As aulas continuam até chegar o intervalo, quando o sino tocou, eu já tinha a comida comigo e já havia pensado no local que eu ficaria, perto de um prédio velho da escola, parece que ninguém vai lá.
Quando estava chegando à porta vi Joseph e uma garota loira com cabelo na altura dos ombros e de olhos azuis, baixinha e com a pele branca, acho que era Luna seu nome. Eles estavam chegando perto da boa samaritana.
_ Você parece estar realmente interessada!
Realmente era a Luna, aquela voz doce e toda aquela animação dava para saber que era ela.
_ Foi o que ele me disse.
_ Ele disse que você estava interessada nele?
Acho que o Joseph leva tudo para um lado bastante idiota, não estou em uma comédia romântica para as coisas acontecerem assim, mas está me incomodando eles logo atrás e falando alto sobre o que eu poderia ter dito, vão para longe!
_ Não Joseph! Ele disse que eu estava interessada a ser uma "boa samaritana" e por isso estava o ajudando.
_ Gostei dele!
Não Luna, não goste de mim, isso não é sensato, espero que não estejam indo para o meu local!
_ Ele sempre tenta afastar as pessoas, não mudou nada desde o fundamental.
_ Eu só queria ajudar, ser educada.
Será que eles estão me vendo aqui, ou fiquei totalmente invisível? Espero que não seja indireta para conversar comigo, eu não ligo para isso.
Os três fizeram uma curva, pareciam estar indo para o jardim, o que me deixou bastante feliz. Fui até o prédio abandonado e bem perto tinha um banco no gramado. Comi minha comida e resolvi me deitar um pouco, tirar toda chateação da sala de aula naquele local, estava ótimo até sentir a presença de alguém.
_ Isaack, temos algo a fazer hoje!
Não estava acreditando que a Boa Samaritana estava atrapalhando meu momento perfeito, por que ela não estava com a duplinha de amigos dela?
_ Por que está aqui? Intervalo quer dizer descanso e é a hora que tenho meu descanso das pessoas da escola.
_ Não fique me olhando com tanta desaprovação, só quero saber do trabalho, temos que fazer!
_ Poderia ter falado na aula e não me atrapalhar, mas já que perguntou se quiser posso ir a sua casa e...
_ Na minha casa não!
Ela me olhou assustada, será que eu não sou tão bom para entrar na casa da Bela? Eu não sabia o que falar, não me importava com o local, mas por que estava tão assustada? Tem cadáver na casa da garota?
_ Desculpa, mas seria melhor se fosse em sua casa, se não tiver problemas.
_ Por mim não tem problema nenhum.
Claro que não teria problemas, eu sei que sou preguiçoso, meu lema é "não faça nada e se fizer, faça rápido", então era só fazer o trabalho rápido que eu teria minha liberdade.
_ Então... eu acho que vou indo.
_ Ótimo! Agora posso ficar sozinho novamente.
Ainda tive mais algumas aulas, foi uma grande tortura, mas ao escutar o último sino foi fantástica a vontade se ir para minha casa, quando sai no portão foi um ar de liberdade, mas a felicidade de solitário dura bem pouco e percebi que Akira estava vido atrás de mim.
_ Me espera, não podemos ir juntos?
_ O que! Por que iriamos juntos?
_ Eu não sei onde você mora, como quer que eu chegue até sua casa?
_ Posso escrever o endereço para você, fazer um desenho, qualquer outra coisa.
_ Só vamos!
Ela me acompanhou até minha casa mesmo contra minha vontade, mas pelo menos dessa vez foi legal, ela não falou nada, eu não falei nada, foi como se eu tivesse sozinho com uma sombra a mais comigo.
Quando chegamos em minha casa vi um estranho brilho no olhar da Boa Samaritana. Eu não entendi, pois minha casa era bem simples, pequena de cor amarela, separada em poucos cômodos.
_ Essa é minha casa, não tem nada de mais, vamos terminar esse trabalho logo para você ir embora.
_ Já está me expulsando?
_ Claro que não, só não quero que vá tarde para casa.
Nesse momento percebi que não sou nem um pouco irônico, sou tão apático que não consigo fazer uma piada.
Cheguei, abri a porta e vi minha mãe no outro cômodo fazendo um bolo ou algo do tipo, ela estava com os cabelos castanhos presos, mesmo sendo curtos, olhos também castanhos escuros, usava um avental florido por cima a camisa branca e uma bermuda jeans.
_ Mãe, estou de volta!
_ Que bom fil... o que! Trouxe uma amiga?
Minha mãe quase deixou a vasilha cair, ficou paralisada, agora eu teria que dar mais explicações para que não houvesse confusões.
_ Essa é a Boa Samaritana, ela veio apenas fazer um trabalho, o que significa que não é minha amiga.
_ Não me chama assim! Meu nome é Akira Rodrigues, e um prazer senhora!
_ Não precisa do 'senhora', pode me chamar de Catherine. Vocês dois parecem se dar bem.
_ Sério?
_ Não é sério não! Tem certeza de que é minha mãe?
Minha mãe é minha maior inimiga quando é tentar me colocar em meio social, por isso ela me obriga a ir para a escola, como se eu fosse querer alguém perto.
_ Vou fazer um café e algo para que possam comer.
_ Não precisa se incomodar com comida.
_ Não é incômodo. Não é sempre que temos visita aqui, então tenho que ser uma boa anfitriã.
_ Muito obrigada!
Claro que minha mãe iria querer agradar qualquer um que viesse aqui comigo, ela amolaria a pessoa só para ter um tempo a mais comigo, mas parece que a Boa Samaritana mora em outro local e longe, então ela vai ter que ir embora cedo e eu volto para minha paz.
_ Algum problema fazer esse trabalho no quarto? Daqui a pouco a Encrenca chega e não vai ser fácil concentrar.
_ Por mim tudo bem, mas o que é encrenca?
_ Deixa isso de lado, só vamos!
Enquanto a gente subia para meu quarto ela ficava olhando para tudo como se nunca tivesse entrado em uma casa, mas duvido que ela seja uma sem-teto.
Começamos fazer o trabalho, surpreendentemente ela teve concentração total, não me perguntou sobre nada, parou de fazer observações no meu quarto, foco total, menos quando minha mãe levou um lanche para nós. Quando terminamos, ela jogou os cabelos atrás da orelha e deu uma grande espreguiçada.
_ Até que enfim terminamos.
_ Você é mais inteligente que parece Boa Samaritana, me surpreendeu.
_ Não sei se considero isso um elogio.
_ Como se eu me importasse.
_ Você é muito grosso, pensei que estava conseguindo me aproximar.
_ E o que te fez pensar isso?
_ Você estava conversando comigo, então me veio esse pensamento, é meio que lógico.
_ Só fiz o trabalho em que fui obrigado a ser sua dupla, nada mais que isso!
_ Não vai me dizer mesmo por que faltou toda primeira semana, ou por que só usa preto? Não creio que seja apenas gosto.
_ De forma alguma. Já está ficando tarde.
_ Agora está me expulsando.
_ Você tem que voltar para casa, não é?
_ Eu por um momento esqueci isso.
Pela primeira vez ela desviou o olhar, parecia triste, ou que algo acontecia. Pode ser por isso que ela observava tanto a minha casa. Eu poderia perguntar o que houve, mas sei meus limites e sei também que não quero intrometer na vida dos outros.
_ Então você consegue ficar sem sorrir...
_ Isso não é nada, eu só pensei em umas coisas, nada demais.
_ Como se eu me importasse com isso.
Comecei a empurrar ela para fora do meu quarto, mas dessa vez foi estranho, não é como se eu quisesse ela fora e sim uma forma de tentar mudar o pensamento dela no momento.
_ Que bom que terminaram, não querem comer mais alguma coisa?
_ Não mãe, ela já está indo.
_ Maninho! Essa é sua namorada?
_ Namorada?
Vendo a surpresa da Akira e ela ficando vermelha tive que esperar um pouco para negar tudo, ela ficou muito engraçada.
_ Não! Encrenca, essa é a Boa Samaritana. Boa samaritana, essa é a Encrenca.
_ Encrenca era sua irmã?
Minha irmã tem apenas oito anos, ela nunca me viu trazer nem se quer um amigo em casa, então qualquer coisa que ela falasse eu levaria na boa. Ela é bem-educada, parece muito com minha mãe, cabelos castanhos curtos, olhos escuros um pouco puxados, um sorriso no rosto em todo momento, me faz parecer um adotado.
_ Eu me chamo Noemi!
_ Eu sou Akira!
_ É um nome engraçado.
_ Todos falam isso, apesar de que seu irmão não falou, ele nem me chama pelo nome.
_ Então ele gosta de você.
_ De forma nenhuma e parem de falar como se eu não estivesse aqui.
_ Eu tenho que voltar para casa, já está ficando tarde.
_ Não se preocupe Akira, Zack pode te acompanhar até sua casa.
_ Eu posso?
_ Claro filho, você nunca sai de casa e tem que tratar bem uma dama.
Tem horas que odeio minha mãe. A única dama que conheço é a do jogo, apesar de que eu sempre jogava sozinho. O bom era que eu sempre ganhava, mas o ruim é que eu sempre perdia.
Concordei com minha mãe e sai com Akira, à gente ia andando e ela dava alguns sorrisos bobos aleatórios, se fosse eu seria bem medonho.
_ Você tem uma família incrível, me senti muito bem em sua casa.
_ Não fique esperando um convite para voltar.
_ Não vou. A propósito, você não fica sem essa blusa?
_ Apenas quando estou em casa.
_ Hoje você estava com ela.
_ Reformulando, apenas quando estou em casa e à vontade, como você estava lá não fiquei à vontade.
_ Você é bem direto em tudo.
_ Esse é meu jeito, mas parece que as pessoas odeiam isso.
_ Eu não te odeio Isaack.
_ Você não me conhece.
_ E vai me deixar conhecer?
_ Eu já percebi que você é uma garota gentil, mas esse é meu maior medo, pessoas gentis. Eu não tenho problemas com a solidão, eu sou sozinho.
_ Não é exatamente isso o que está acontecendo, talvez um dia você se toque disso. Aqui está bom, você pode voltar.
_ Tudo bem, seria muito estranho ser vista com alguém como eu por muito tempo.
_ Você é bem paranoico, não é nada disso. Te vejo amanhã, tá legal.
_ Não tem outro jeito, tenho que ir à escola.
Eu escutei um sussurro, algo como "estou ansiosa para isso", mas ela continuou andando sem olhar para trás.
O que ela quer dizer com você está enganado? Eu não estou! Ela é gentil e se ela é gentil comigo também é com todos, não é como se eu fosse alguém especial e nem adianta tentar me convencer disso. Com certeza o melhor será chegar em casa e dormir muito sem lembrar que vou ter que ir para escola.
Princesa da Disney.
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