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Diário de Bordo de Capitã(o) Murphy

29 de Março, Tusiana


  Estou escrevendo isso com toda ira que há dentro de mim, como ele ousaria fazer isso? Já estamos em tempos sombrios e aquele orate comete a ultraje de me pôr contra a parede. Me pergunto se alguma vez passamos pelo Holandês Voador durante o nosso percurso, isso explicaria o porquê de nos encontrarmos nesse mar de azar. Tentarei recuperar a prumo para iniciar com o relato do que aconteceu.

O mar está instável, mas não vemos chuva há algumas semanas, de modo que está ficando cada vez mais difícil conseguirmos recursos para manter toda a tripulação ativa em suas posições. Estamos passando por momentos delicados, pois, além da escassez de água potável, navios mercantes parecem ter forjado e compartilhado uma boa estratégia de rota e fuga, por mais que procurássemos em todas as rotas que costumavam navegar, eles não mais apareciam em nenhuma delas.

Eu e alguns homens da tripulação navegamos de chalupa, para não chamarmos atenção, e desembarcamos disfarçadamente em uma das cidades costeiras do leste, Calesas, uma cidade pequena, mas muito comerciante, principalmente em sua produção de madeira para caleches, mas ainda assim havia uma enorme variedade em seu comércio.

Não perdemos tempo e nos dirigimos até uma das tavernas da cidade, pois havíamos combinado um encontro com um de nossos informantes infiltrados, a fim de receber informações sobre navios mercantes que desembarcam e suas rotas de viagem.

— Dissestes que chegarias em duas semanas, sequer sete dias se passaram — disse Henry, um de meus informantes, quando me posicionei ao seu lado.

Dei um leve pigarro com a garganta, fazendo um sinal para que ele fosse mais discreto e abrandasse o tom de voz, mas seu afoito poderia ser explicado pelo copo preenchido por uma bebida que, a julgar pelo forte odor que saía de sua boca, presumi ser rum imaculado.
Henry me puxou para um canto mais remoto e reservado da taverna, embora estivéssemos um pouco mais afastados dos outros homens, prosseguimos mantendo o máximo de discrição.

— A tripulação está ficando sem suprimentos — iniciei a fala — os navios não seguem a mesma rota que outrora seguiam. — complementei.

Ele me olhou com desconcerto e decepção, como se o que quer que saísse de sua boca, não fosse ser uma boa notícia.

— É concebível que os cursos tenham passado por mudanças, mas ninguém tem acesso a elas, nem mesmo seus comerciantes — ele disse.

Senti meu corpo encher-se de fúria. Como eles poderiam ter vencido daquela vez? Imaginar que suas espertezas superaram a minha, era angustiante.

Henry percebeu meu descontentamento e voltou a falar.

— Parece-me que há uma comunicação direta entre os marinheiros e os supervisores que monitoram os itinerários — ele deu seu palpite, então expressei um olhar de confusão com aquela alegação.

— Comunicação direta? — franzi as sobrancelhas — do que estás falando?
Ele não parecia ter certeza do que acabara de dizer, mas se surgiu este pensamento, é porque indícios o levaram para esta conclusão, e eu precisava de detalhes.

— Ouvi alguns jovens marinheiros sussurrando um para o outro, mas não posso garantir a veracidade dessa informação, tampouco explicar como funcionam estas comunicações sem antes investigá-las minuciosamente — finalizou, dando um belo gole no seu grande copo de rum.

O olhei com apreensão, qualquer um, em meu lugar, iria deduzir que a bebida lhe fez mal e o pobre homem estaria delirando, mas eu o conhecia o suficiente para saber que a bebida só o deixava ainda mais lúcido, afoito sim, porém mais transparente que a própria água.

— Quanto às necessidades da tripulação, Capitão... — ele se aproximou de mim gradativamente, quase grudando seus lábios em meu ouvido esquerdo e sussurrou, com um hálito quente e com teor alcoólico, que havia um pequeno armazém não muito longe dali, cujo vigilantes não estariam por perto durante aquele horário e seria muito fácil entrar e sair de lá..
Fomos até o armazém e adentramos sorrateiramente por uma escotilha que se localizava no teto esconso, embora tivesse suprimentos lá, não eram muitos, mas saqueamos tudo o que podíamos e o que seria necessário para as próximas viagens.
Estava escuro e por isso foi mais fácil abandonarmos a costa sem sermos avistados por nenhum vigilante.

Algumas horas depois, quando vestígios do sol começaram a pintar o céu, finalmente chegamos no navio com os mantimentos que encontramos.
Os marujos me receberam com ares de tormento, inicialmente pensei que estivessem daquela forma por presumirem que nossa viagem não havia sido muito bem sucedida. Mas logo percebi que algo além estava causando aquela recepção fúnebre.

William Taylor, meu quartel-mestre, veio em minha direção.
Ahoy, capitão! — exclamou ele — como foi a viagem?

— Havia de ser melhor, por ora, isso deve bastar — falei e apontei para os suprimentos que havíamos conseguido com o saque assaz fortuito.

Taylor parecia apreensivo, percebi em sua voz que tentava disfarçar, algo de mal estava acontecendo.

O que quer que fosse, resolveria mais tarde quando estivesse descansada. Caminhei em direção a popa do navio, até a minha cabine, que não era dotada de espaço, mas era bastante confortável para mim.

Quando entrei, chamei pelo meu fiel e amado amigo canino, que eu poderia presumir que estivesse dormindo, mas aterrorizado fiquei ao perceber que o cão não se encontrava em minha cabine. O que aconteceu?
Abri a porta, saindo abruptamente da cabine, em busca de boas respostas para o desaparecimento do meu animal.

— Onde está Randy?! — exclamei, impaciente. William Taylor apertou os lábios e abaixou a cabeça.

— Capitão... — ele disse, antes que eu o interrompesse celeremente.

— Pelos deuses dos mares, poupe-me dessa introdução inútil e diga-me onde ele está! — eu disse em um tom elevado, todos pareciam assustados em me dizer.

— Foi levado por um tripulante recruta — a fala veio do fundo por um dos marujos.
Olhei diretamente para o marujo que falou e fixei meu olhar.

— Precisarei de mais informações, marinheiro. — falei, encarando-o

— O recruta fugiu em um bote com três homens que pareciam ser tripulantes do... — ele hesitou, eu e olhei séria, com os olhos abertos e a respiração pesarosa, gritando com o olhar para que ele prosseguisse com o relato.

Capitão Mal — ele completou.

Senti meu corpo formigar de ódio e desespero, não por medo daquele maldito bucaneiro, mas por não conseguir compreender e decifrar suas ações e seus pensamentos. Malkovich era imprevisível. Ele poderia cometer um ato vil e tolo para obter benefícios, embora também pudesse fazer perversidades pelo simples fato de não poder fazer e sentir prazer pela mesma razão.

A essa hora o meu pobre Randy poderia estar sendo servido como banquete para os seus homens, ou não. Também estava considerando que ele poderia tê-lo usado de engodo para me atrair até seu navio. Ele, com todas as suas particularidades e imprevisibilidade, despertava em mim um anelo insondável da alma, o desejo devastador de dizimá-lo. Seja qual for a alternativa, eu estaria disposta a enfrentá-lo peito a peito. E se antes Mal fosse meu inimigo, agora matá-lo havia se tornado uma questão de honra.

— Que pirata poderia me dizer onde podemos encontrar aquele bandalho miserável? — perguntei, olhando para o rosto de cada homem abaixo do convés.

— Foram para o Sul, em direção ao reino de Tusiana. — uma voz firme e grave emergiu do fundo, Nambu, era como chamávamos, um dos piratas mais velhos e experientes entre todos nós, conhecia o mar como a palma de sua mão, mas era evidente que suas habilidades em combates físicos enfraqueceram-se com o tempo, no entanto, sua esperteza continuara de pé.

Içar velas! — ordenei, antes que Taylor me impedisse.

Cap'n Murphy, não seria prudente levar uma porção menor de homens em um pequeno bote e atacá-los sorrateiramente em vez de fazermos exatamente o que, possivelmente, está traçado em seu plano ? — sugeriu ele — Ele pode estar nos esperando. — completou.

Olhei para ele com um sorriso esnobe e balancei a cabeça em um sinal de negação.

— Nós não sabemos o que ele planejou. — falei.

Taylor provavelmente estava correto, mas raramente eu me permitia desabonar uma ideia que me surgiu a primeiro momento. Era meu dever honrá-la até o fim.

Agora, relatando isso, confesso que não pensara racionalmente, meu sangue fervia, ansiava pelo coração sangrento daquele pirata torpe pulsando em meus dedos, então entreguei-me desde então ao desespero e ao remorso.

Taylor olhou-me com tormento, percebendo e avaliando a minha falta de sensatez, no entanto, superou suas objeções e assentiu com a cabeça, pois considerou que no fundo eu soubesse o que estava fazendo — ou se esforçou para acreditar nisso —, então ordenou mais uma vez aos tripulantes.

— Não ouviram o capitão? Içar velas! — ressaltou com intensidade e me olhou com um sorriso arteiro.

Taylor poucas vezes me compreendia, mas era fiel, e por mais que eu lhe despertasse dúvidas em minhas ações, ele sempre estivera disposto a depositar sua confiança em mim, por mais imprudentes que essas decisões aparentassem ser.

Confiantes, guiamos o Escaravelho para o sul, seria uma viagem assaz enfadonha e todos estávamos cientes disso, o mar era vasto e terras firmes ficavam distantes uma das outras, zarpamos no dia 1 de março e chegamos perto do reino de Tusiana em 29 de março, até avistarmos os mastros do monstruoso navio daquela criatura infame, era possível ver o nome "Narval" estampado em sua popa.

William Taylor estava assumindo o leme, me aproximei e, segurando um dos pinos, movi rapidamente, direcionando-nos a Narval.

— Iremos abordá-lo assim, senhor? — Taylor perguntou, um pouco confuso

— Sim. — respondi sem hesitar.

Ele me encarou, receoso e apreensivo, e assentiu, dando ordens para os homens subirem as velas.

Nos aproximamos cautelosamente do navio inimigo, os homens nos viram, mas eu não conseguia avistar o meu alvo de longe. Quando estávamos lado a lado do grande navio, Mal emergiu de uma escotilha que ficava no chão, onde aparentemente era a sua cabine.

Todas as poucas vezes em que o vira, ele sempre andara com roupas escuras que cobriam todas as partes do seu corpo. Ele aparentava ter uma certa aversão aos raios do sol, já que usava um chapéu de aba larga que cobria parte significativa do seu rosto.

— Capitão Murphy — chamou minha atenção, que já estava em sua pessoa — lhe interpretei mal quando dissestes que não querias me ver cruzar seu caminho outra vez? Agora és tu que cruza o meu. Estás perdido? — seu tom era sério, como se não fizesse ideia do que eu estava fazendo ali ou procurando.
Mal sempre mantinha o mesmo tom de voz, mesmo sendo ridiculamente sarcástico. Essa habilidade era própria de sua natureza, como eu dissera antes; era quase impossível presumir se ele sabia mesmo o que eu estava procurando, ou talvez ele nem estivesse com o meu cão.

— Tu sabes bem o que faço aqui. — afirmei, encarando-o com desprezo — devolva o que é meu ou acabarei com tu e teus homens dessa vez.

Ele franziu a testa e deu de ombros enquanto me ouvia, desconversando logo em seguida.

— Não estou com o que é teu, Murphy. — ele respondeu incisivamente, fixando-me com seu olhar.

Permaneci calada por alguns segundos, esperando que ele dissesse algo mais e deixando evidente que suas palavras não me convencera.

— És pirata. Sabes bem que o que é tomado de alguém, passa a ser teu. — dessa vez eu tinha a certeza plena de que ele estava com o meu Randy, sempre fazendo trocadilhos com as palavras para provocar.

— Não da forma que fizestes, demônio do inferno — minha feição mudou, dessa vez, assassinei-o com um olhar infernal, como se a qualquer momento súbito, pularia com uma navalha em sua garganta.

Ele não demonstrou reação após me ouvir xingá-lo, além de um sorriso sarcástico e discreto em seus lábios rosados, aquele lazarento miserável parecia ter se hidratado recentemente, pensei no momento.

— Me devolva e não ouse me provocar outra vez! — insisti — estou sendo misericordiosa em não ter te capturado e te amarrado na proa do meu navio.

Cerrando os punhos, tentei me manter sob controle, pois estava ciente dos riscos que estava correndo naquele instante, seu navio era tão forte quanto o meu, talvez um pouco mais forte, mas não permitiria que minha impulsividade nos colocasse em apuros.

— Agora estamos falando de algo que passou a ser meu — afirmou o pirata sórdido — Eu não entrego nada de mão beijada, faço barganhas. — completou.

Eu desconfiava que tinha um objetivo em suas ações, agora eu teria que fazer negócios com aquele bucaneiro.

Com ojeriza e a pouca paciência que me restara, respondi com a voz cada vez mais intensa.
— Não farei negócios com um parvo igual tu! — retruquei.

Não satisfeito com a minha relutância, ele fez um sinal para um de seus homens, que levantou o meu pobre Randy e colocou-o apoiado na lateral do navio, segurando uma faca contra o pescoço do animal.

— É uma criatura deveras mansa para ter vindo de um pirata sanguinário. — Malkovich provocou. E seu jogo psicológico estava fazendo efeito em mim. Randy me olhou com seus olhos lacrimejantes, meu pobre animalzinho não merecia passar por isso.

— Tu não conseguirás me extorquir! — exclamei — Esbulhou-me e agora propõe-me uma barganha?
Ele deu as costas para mim e olhou para os seus marujos

— Teremos uma boa carne canina para o jantar, rapazes! — ele berrou.
Os homens gritaram juntos em comemoração pela notícia.

— Randy é muito mais valioso que isso — disse.

— Eu decido o que fazer com o que encontramos pelos mares — respondeu.

Olhei para o cão outra vez, ele estava acanhado e com medo, não conseguia vê-lo daquele jeito, não depois de tudo que passamos juntos, e tudo o que ele sofreu. Eu não poderia perdê-lo por um simples orgulho, então decidi ouvir o que o capitão Malkovich desejaria em troca.

— O que é tão difícil de conseguir que tivesses que me atrair até aqui para fazer por ti? — formulei as palavras com o intuito de provocá-lo.

Malkovich parecia não se incomodar com meus sentimentos em relação a ele, demonstrava estar satisfeito com o meu interesse, independente das nossas divergências.

— Há um sábio preso em Tusiana, um beato que infringiu as leis do monastério. — alegou ele — Preciso que entres na prisão de Tusiana e o tragas até mim.

— E por quê tu não faz isso? — questionei-o.

— Ouvi dizer que conheces Tusiana como a palma da tua mão. Conseguirias entrar e sair de lá sem qualquer estorvo.

Desviei meu olhar para o homem entre eles que antes estava em meu navio, o traidor, só ele poderia ter passado informações, depois desse dia, eu teria que ser um pouco mais severa com recrutas.

— És o pirata mais sorrateiro que conheço e tenho infiltrados entre os guardas que irão facilitar ainda mais a tua entrada na prisão. — ele complementou.

— Como saberei que tu irás cumprir com o acordo? — perguntei.

— Por que eu teria interesse em roubar teu cão senão para chamar tua atenção? — ele respondeu, então calei-me e assenti com a cabeça, só queria sair dali e levar o Randy embora.

— Espero que meu animal ainda esteja vivo quando eu voltar, ou tu visitará o inferno pela primeira vez, se já não viestes de lá.

Não esperei uma fala sua e dei-lhe as costas, dirigindo-me até a popa do navio, assumindo o leme e dando a ordem para zarparmos até Tusiana.
Se, depois disso, Mal cruzasse meu caminho novamente, eu acertaria a sua cara com um arpão sem que sobrasse tempo de implorar por misericórdia.

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