Alguns dias depois

Daniel's Pov

Não consigo parar de pensar no que aconteceu há uns dias atrás. Por mais que tente a Kira não me sai da cabeça. Também é difícil tendo em conta que estou neste preciso momento a dar uma aula à sua turma. Ela senta-se sempre na última mesa. Deve ser para estar o mais afastada possível de mim. Dói tanto saber que a estou a magoar.

Ainda não consegui perceber quem disse ao diretor Scott que eu e a Kira tínhamos uma relação. Claro que iria falar-lhe sobre isso... Nunca pensei é que ele me fosse fazer um ultimato.

Eu espero que quando o ano letivo acabar que a Kira não me odeie. E isto pode soar muito egoísta, mas eu espero que ela não encontre outra pessoa. Quero ser eu a fazê-la feliz, quero ser eu o motivo do seu sorriso, quero ser eu o pai dos seus filhos. Quero que ela fique comigo.

Alguns minutos mais tarde dou a aula por terminada e os alunos começam a sair.

- Kira não saias, por favor. Preciso de falar contigo sobre o trabalho que entregaste. - minto.

O que quero falar com ela não tem nada a ver com um trabalho que entregou.

Ela assente, pois não tem outra hipótese. Não podia negar falar comigo à frente dos seus colegas.

Todos saem e ficamos apenas nós dois.

- O que tem o trabalho? - pergunta.

Não lhe respondo. Caminho até à porta da sala e tranco-a. De seguida caminho até ela.

- O que estás a fazer? - pergunta recuando.

- Aquilo que não consigo evitar! - exclamo.

Finalmente, chego perto dela, agarro-a pela cintura com uma mão puxando-a para mim, e coloco a outra na sua nuca e junto os nossos lábios.

Ao primeiro Kira tenta resistir, mas acaba por ceder e começa a retribuir o beijo.

Os nossos lábios movem-se numa sincronização perfeita. As suas mãos rodeiam o meu pescoço e puxam-me mais para si.

Eu sei que isto é errado e que não o devia estar a fazer, muito menos na universidade, mas não consegui evitar. Eu precisava de voltar a sentir os seus lábios nos meus. Eu preciso dela da mesma forma que preciso de oxigénio. Ela é o meu oxigénio.

O toque da campainha indicando o início de uma nova aula é ouvido e rapidamente nos afastamos. Destranco a porta da sala e Kira prepara-se para sair mas eu agarro no seu pulso.

- Espera. Nós temos de falar! - digo-lhe. - Eu sei que não tens mais aulas hoje. - pego nas minhas chaves do carro e coloco-as na mão dela. - Espera por mim no carro. - peço. - Por favor!

- Está bem. Mas só porque quero tirar umas coisas a limpo. Acho que mereço algumas explicações. - diz.

- Tens razão, e eu vou dar-tas. Prometo.

Está decidido. Eu preciso de lhe contar a verdade. Ela merece sabê-lo. Não irá mudar nada entre nós, porque eu não quero que ela corra qualquer risco de perder o estágio, mas pelo menos fica a saber que eu nunca a deixei de a amar. Ela tem de saber a verdade.