𖤍𖡼↷ 𝐓𝐖𝐄𝐍𝐓𝐘 𝐒𝐈𝐗
PUSSYCATS
Agora que já tinha me acostumado a morar naquela casa, foi um saco sair para ir para o acampamento. Aizawa estava quase me batendo porque eu não largava Violet e não parava de deixar claro que não queria ir porque sabia que ele estava armando pra cima de mim, e Violet não parava de dar risada, principalmente da cara que Aizawa estava fazendo para mim, como se estivesse se pagando por todos os seus pecados ao me adotar. Ainda assim, não deu pra fugir quando ele me envolveu com suas faixas e me puxou, ignorando o tom irritado de Violet por eu estar sendo arrastada no chão. Florence apenas deu risada e ficou o tempo todo gravando a minha desgraça.
Agora, Iida não parava de dar ordens para entrarmos de forma coordenada no ônibus, o que me fez revirar os olhos. Mas não protestei muito, apenas ignorei todos os outros e me arrastei para dentro. Tinha feito a burrada de passar a madrugada acordada jogando com Florence e agora tudo o que eu mais queria era dormir. Já estava prevendo que eu faria isso, passaria a viagem inteira com a cabeça apoiada no ombro de Poppy até finalmente chegarmos sabe Deus lá onde Aizawa estava nos levando.
Franzi o cenho quando entrei e a primeira coisa que vi, foi Poppy, a grandíssima traidora, deslizando para sentar no lugar vazio ao lado de Bakugo. Aquela merda não fazia o menor sentido; Bakugo estava constantemente a evitando e reprimindo o que claramente sentia por Poppy, e ela vivia fugindo dele. Então, por que caralhos eles estavam se sentando juntos? Eu não era burra. Foi só ver o olhar ansioso de Kirishima no banco atrás dos dois idiotas que eu entendi que aquilo não passava de um planinho dos três pra me fazer sentar com Kirishima. Merda! Armaram pra cima de mim e me encurralaram para eu não ter como fugir!
Só que não contavam com minha astúcia. Meu olhar se encontrou com o de Todoroki e eu não pensei nem mesmo duas vezes antes de me jogar no assento vago ao seu lado, o que o fez arquear uma sobrancelha. Nos últimos tempos, nós tínhamos nos aproximado bastante. Por isso ele não achou tão estranho assim eu sentar ao seu lado. Eu praticamente escutei Bakugo grunhir e Poppy suspirar, mas ignorei isso, e tampouco queria ver a decepção e o ciúmes nos olhos de Kirishima. Eu não fiz isso pra deixar ele com ciúmes! Mas sim porque não queria ser encurralada desse jeito!
-Ei. - Todoroki chamou minha atenção e eu me virei para fitar seus olhos heterocromaticos. Ele franziu um pouco as sobrancelhas para mim, como se tivesse tentando achar algo errado no meu rosto. -Você tá bem? - eu tinha contado para ele por mensagem o que aconteceu no dia do shopping e o como acabei indo morar com nosso sensei, mas não tínhamos exatamente conversado pessoal sobre isso. Dava para ver que mesmo que eu tivesse dito que estava tudo ok, Todoroki ainda parecia um pouco incerto.
-Por enquanto, sim. Mas tenho certeza que vão acabar com a gente nesse acampamento. - falei com um gemido infeliz, me afundando mais no assento. Todoroki deu um meio sorriso, pequeno, mas ainda assim bonito. Ele deveria sorrir com mais frequência, mas eu sabia o como isso era difícil pra ele, de qualquer forma. Por toda a situação que cercava sua família e todos os abusos que ele sofreu na infância. Não podia dizer que não entendia; tinha pessoas como Todoroki, que reprimiam todos os tipos de sentimentos, e pessoas como Tenko e eu, que sobreviviam graças a toda a raiva acumulada dentro do peito. Isso era algo que eu tentava a todo custo me livrar, porque não queria ter o mesmo destino que Tenko teve.
Aizawa deu os avisos e logo o ônibus começou a se mover. Nossa turma estava verdadeiramente caótica, todos animados demais com a viagem para usarem seus cérebros e se darem conta que aquilo ia ser o verdadeiro inferno na Terra. Se tivessem prestado minimamente atenção no sensei, veriam o como ele estava feliz demais em nos levar para aquele acampamento. Claro que nada de bom ia resultaria disso! Eu já esperava pelo pior, assim não me chocaria com o que quer que estivesse reservado para nós.
Pops <3 | 8:09
Ei
Por que não sentou
com o Kirishima?
:(
Aoi | 8:10
Por que sentou
com o Bakugo?
Achei que fôssemos
uma dupla! Traição
Eu vi a careta que Poppy fez e me senti satisfeita. Seus olhos encontraram os meus, e o que ela queria dizer estava óbvio, queria que eu tivesse uma conversa decente com Kirishima, mas isso era tudo o que eu menos queria naquele momento. Só queria ficar quietinha e dormir até finalmente chegarmos, não queria ter conversas sinceras com ninguém. Eu gostava mais de fugir e me esconder.
Bakugo percebeu que eu estava olhando na direção dos dois e fez cara de merda pra mim, erguendo o dedo do meio. Eu também sabia o que ele queria me dizer e o quanto queria me jogar pela janela por ficar chateando o melhor amigo dele, mas eu não estava fazendo aquilo de propósito! Eu não tinha intenção de magoar o Kirishima, mas tinha dito a ele que não poderíamos ficar juntos e ele não foi capaz de entender isso. Não adiantaria ele insistir, eu não sabia se um dia seria capaz de mudar de ideia.
De qualquer forma, eu estava cansada demais para me importar com isso ou qualquer outra coisa. Apenas me afundei mais no banco e fechei meus olhos, tentando ignorar Mina brincando com Kirishima e o quanto aquilo estava me incomodando, a intimidade entre os dois. Fui eu que dei um fora nele, afinal. Kirishima podia fazer, falar e ficar com quem quisesse, eu não tinha absolutamente nada haver com isso. E foi pensando nisso que acabei dormindo, tombando a cabeça contra o ombro de Todoroki sem querer. E sem me dar conta do quanto essa visão ia causar uma guerra entre Bakugo, Poppy, Kirishima e eu.
Sempre soube que Aizawa estava armando pra cima de nós. Quando o ônibus fez sua primeira e única parada no meio do nada, percebi que estávamos mais ferrados do que eu tinha imaginado.
-Com olhos brilhantes, nós mandamos ver!
-Fofas, felinas e perigosas!
-As Wild, Wild Pussycats! - essa foi toda a confirmação que eu precisava de que estávamos fodidos. Por que outro motivo Aizawa sensei arranjaria heroínas profissionais para aparecer ali que não para nos testar? É, a coisa i ficar bem doida. Poppy e eu apenas trocamos um olhar, e percebi que ela pensava o mesmo.
-Conheçam as heroínas profissionais, Pussycats. - Aizawa sensei disse com seu tom de voz neutro, mas eu o conhecia bem o suficiente para saber onde aquilo iria terminar. Correr; precisávamos correr dali o mais rápido possível.
Me mantive alerta naquele momento enquanto Midoriya estava falando de forma animada sobre a carreira delas, já que ele era tão nerd que conhecia todos os super heróis existentes. Não que eu fosse muito diferente, já que também sabia de todos aqueles fatos sobre elas. Fiz uma careta quando uma delas afundou a luva de pata no rosto de Midoriya, o calando.
-Temos dezoito anos de experiência nos nossos corações! - ela retrucou após Midoriya dizer que eram doze.
-Essa área toda é mais ou menos nosso domínio. - a outra disse, apontando na direção de toda a floresta que se estendia abaixo de nós. No meio do nada, bem escondido de tudo e todos. Justo, sinceramente, ainda mais depois do encontro com Shigaraki no shopping. -O lugar onde vocês vão ficar é na base daquela montanha.
-Precisamos voltar logo pro ônibus. - sussurrei para Poppy, puxando sua mão. -Eu tenho certeza que vai vir algo de ruim ai.
-Eu diria que você está sendo paranoica, mas estou inclinada a concordar. - Poppy sussurrou de volta.
-Então por que paramos se só estamos na metade do caminho? - Uraraka disse, toda desconfiada. Nem todos da nossa turma eram idiotas, afinal.
-Não me diga que...
-Vamos voltar para o ônibus, tá? Rápido. - Sero disse, o desespero nítido em sua voz.
-Agora são nove e meia da manhã. Se vocês se apressarem, vão chegar lá meio dia.
-Voltem para o ônibus, depressa! - Kirishima gritou, começando a correr e sendo seguido pelo bando de idiotas gritando. Quis morrer; deveriam ter sido discretos!
-Os gatinhos que não chegarem antes do meio dia e meio não vão comer nada!
-Foi mal, pessoal. A excursão escolar de vocês já começou. - Aizawa sensei disse.
No segundo seguinte, a terra sobre nossos pés estava vibrando, nos impedindo de continuar a correr. A terra cresceu cada vez mais e mais, nos erguendo para cima e nos envolvendo completamente enquanto todos gritavam sem parar no mais sincero e puro desespero. E ai, fomos atirados em direção a queda livre, caindo em direção a floresta que as Pussycats tinham indicado.
Cai batendo em galhos e plantas, e gritei a cada baque. Só não me estatelei completamente no chão porque cai sobre Todoroki, que amorteceu minha queda. Ele não pareceu se importar muito, mas me empurrou para o lado e se levantou antes de me ajudar a fazer o mesmo.
-Fiquem a vontade para usarem suas individualidades no nosso domínio! Vocês tem três horas! Usem suas próprias pernas para chegarem no local! Atravessando essa floresta de feras mágicas!
-Floresta de feras mágicas? - Midoriya exclamou.
-Parece até algo que saiu direto de dragon quest. - Kaminari murmurou.
Observei ao redor. Aquela floresta não tinha nada de diferente para mim, mas seria idiotice presumir que não teria nada para nos atrasar e nos atrapalhar. Aizawa estava feliz demais para o meu gosto, claro que teriam armadilhas e sabiasse lá mais o que.
Todos estavam reclamando sobre aquilo, mas eu sentia algo de diferente. Me agachei no chão, Todoroki ao meu lado franzindo o cenho para mim quando coloquei minha mão sobre a terra. Ela estava vibrando; cada vez mais, como se algo muito, muito grande estivesse se aproximando de nós.
-Tem algo vindo. - alertei. E nesse exato momento uma fera gigante surgiu em nosso caminho, fazendo todos gritarem em uma histeria coletiva.
-Uma fera mágica!
Bom, eu entendia o motivo do surto. Quer dizer, eu só não fiquei congelada no lugar porque Todoroki agarrou meu braço e me puxou junto dele para sair da mira da fera mágica. Mas isso era a U.A; e eles não iam nos colocar em risco desse jeito. Né?
Deixei minha individualidade cercar o monstro, apenas para descobrir que não funcionava nele. E se não funcionava, tinha apenas uma razão.
-Essa droga não é um monstro de verdade! - gritei, um pouco frustrada. -Não tem sentimentos para ser manipulado!
Quando os garotos destruiram o monstro, nos demos conta que era só terra. Mas ainda assim, terra também podia nos atrasar o suficiente.
-Eu tenho certeza que tem mais dessas coisas por ai. - murmurei e Todoroki assentiu.
E assim se iniciou o inferno das nossas férias no acampamento.
Chegamos cinco e vinte da tarde. Meu estômago estava doendo de tanta fome e eu estava verdadeiramente puta da vida, porque sempre que ficava cansada e com fome, ficava mais insuportável do que o normal. Todos estavam se arrastando pelo cansaço, e Poppy e eu andávamos uma apoiada na outra, sem saber quem estava carregando quem. Kirishima parecia a beira de um colapso de cansaço e eu não nego que estava assim também.
-Finalmente chegaram, hein? - a gatinha de cabelos loiros disse com um sorriso que me fez querer grunhir. Cadê a empatia dela quando nós claramente estávamos nos sentindo miseráveis naquele momento? -Parece que não serviu muito ameaçar vocês de ficarem sem almoço.
-Umas duas horas o caramba! - Sero reclamou.
-Tô com fome. Vou morrer! - Kirishima choramingou. Eu não podia concordar mais, estava exausta e morta de fome.
-Desculpa, tá? - a outra Pussycat disse. -Esse tempo é para o nosso padrão.
-Mas pra falar a verdade, achei que iam levar mais tempo. - a loirinha disse, rindo. -A minha fera mágica de terra foi capturada bem mais rápido do que eu pensava. Vocês são bons. Será que a falta de hesitação que tiveram foi devido a experiência de vocês? Quero ver como vão ficar daqui três anos! Deixa eu passar saliva em vocês! - e ela simplesmente se jogou em Todoroki e Bakugo.
-Mandalay, ela sempre foi assim? - Aizawa sensei perguntou para a outra.
-Ela está um pouco ansiosa já que está na idade de ela se casar.
-Falando em idade para se casar... - Midoriya começou, só para ser atacado pela gatinha louca. -Tava me perguntando faz um tempo, aquele garoto é filho de uma de vocês duas?
Não tinha notado o garoto atrás delas até o comentário de Midoriya. O garotinho tinha uma expressão fechada e de poucos amigos que me lembrou a Bakugo, o que me fez rir um pouco.
-Ah, não, esse aqui é meu sobrinho. - Mandalay disse. -Ei, Kouta, vem cá! Vocês vão ficar juntos durante uma semana e ainda não se apresentou?
-Olá, eu sou Midoriya do departamento de heróis da escola U.A - Midoriya disse para ele, estendendo a mão.
Midoriya era uma boa pessoa. Um cara legal, fofo, gentil. Definitivamente não merecia o soco nas bolas que tomou do garotinho, fazendo sua alma sair do corpo e Bakugo cair em uma gargalhada cruel. Midoriya caiu de joelhos no chão, vencido e derrotado.
-Midoriya! - Iida gritou. -Ei, maldito! Por que deu um soco nas partes baixas dele?!
-Não tô afim de ficar de vadiagem com quem quer ser um herói.- o menino retrucou.
-Garotinho precoce. - Bakugo zombou.
-Vocês são bem parecidos. - Todoroki comentou tranquilo, o que me fez rir, já que eu tinha pensado a mesma coisa.
-O quê? - Bakugo berrou. -Não pareço nada! Ao menos eu não fico guardando as coisas pra mim que nem um certo alguém!
-Parece um pouco sim. - Poppy disse, colocando a mão na boca para segurar a risada.
Meu Deus! Arregalei os olhos, pois eu entendi perfeitamente aquela farpada de Bakugo.
-Que indelicado, hein! - falei cheia de deboche e Bakugo me lançou um olhar de morte, se por eu estar me mentendo ou por estar defendendo Todoroki, não sei dizer. Provavelmente uma mistura dos dois.
-Chega desse teatro e tirem suas bagagens do ônibus. - Aizawa sensei reclamou. -Levem as coisas para o dormitórios e vão para o refeitório jantar. Depois, banho e dormir. O treino vai começar amanhã. Vamos, andem logo.
Quando finalmente fomos comer, nada mais teve importância e eu finalmente voltei a ser feliz. Nem mesmo toda a barulheira que fizeram foi o suficiente para acabar com meu momento de paz. Até, claro, Bakugo decidir sentar bem do meu lado e afundar o cotovelo nas minhas costelas propositadamente.
-Qual o seu problema? - falei irritada, apertando com força o hashi em minhas mãos para não enfiar no olho de Bakugo.
-Eu que deveria perguntar isso. - ele rosnou, me lançou um olhar. -Qual a sua com o meio a meio de merda? Não foi legal, porra.
-Ele é meu amigo! - falei irritada, chutando Bakugo por baixo da mesa e o fazendo sibilar. -E qual foi a sua com a Poppy? Não deveriam ficar me empurrando para o Kirishima, caralho. Você deveria saber disso.
-Acha que eu queria que ele gostasse de você? Não queria. Assim ele não ficaria sofrendo por sua causa e eu não ficaria puto contigo. Para de ser egoísta, você só tá magoando o cabelo de merda. - ele reclamou. O olhei com minha melhor expressão indignada.
-E você deveria parar de ser um orgulhoso de merda e se resolver logo com a Poppy. Já tá irritante. - retruquei e ele bufou. Então, Bakugo suspirou de forma dramática.
-Você é chata, irritante e me tira do sério, mas é minha amiga. - ele falou, me pegando totalmente despreparada e de surpresa. Deixei até a comida que eu levava a boca cair de volta no prato. -Mas eu não vou passar a mão na sua cabeça quando você fizer merda. E você tá fazendo merda.
-Ah, Bakugo, me poupe. - murmurei, apesar de saber que ele não estava exatamente errado.
-E para com essa porra que fica fazendo! - ele disse irritado, dando um tapa na minha nuca. Eu devolvi com um beliscão.
-Por que vocês dois não podem ser normais? - Poppy disse de pé na nossa frente, o prato de comida em suas mãos, como se estivesse se decidindo se valia mesmo a pena se sentar conosco para jantar. Eu dei risada.
-Isso é amizade. Né, Bakugo? - zombei e ele revirou os olhos, mas não negou.
É. Talvez, apenas talvez, as férias não fossem ser assim tão infernais. Pelo menos era o que eu esperava.
Data: 26/12/23
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