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𖤍𖡼↷ 𝐓𝐇𝐈𝐑𝐓𝐘 𝐅𝐎𝐔𝐑

SONHO RUIM

Sonhos são coisas estranhas que somos incapazes de controlar. Às vezes não tem absolutamente nada relacionado a nossa vida, às vezes são realizações de desejos nossos. E às vezes, revivemos momentos que gostariamos de esquecer. Mas aí tá o grande problema do trauma: não dá pra se livrar dele assim tão fácil. E eu ainda me pego repetidas vezes no mesmo sonho onde volto a ser sequestrada pela Liga dos Vilões. Mas pior; porque nesses sonhos eu não tenho a mesma sorte de ser capaz de escapar com vida. E eu sempre acabo do jeito que Shigaraki queria: morta por suas mãos.

Tem sonhos onde a morte não é o bastante e nem o final do tormento. Tem sonhos onde eu me junto a eles, abrindo mão de ser uma super heroína para colaborar com os planos e ideais deturpados de Shigaraki. Ficar ao seu lado e ajudar a acabar com tudo aquilo que eu prezo, com minha família, com meus amigos, com as pessoas que importam pra mim. Como se não existisse nenhum outro sentimento dentro de mim que não o mais puro prazer pela destruição e pelo caos. Por ver tudo queimar, queimar e queimar e acabar em cinzas.

Esses eram os sonhos que mais me assustavam. Que me faziam acordar com o ar faltando nos meus pulmões e o coração batendo acelerado dentro do peito. A moral e a ética são coisas engraçadas; tão facilmente perdidas quando você muda o que rege a sua vida. Se você não compactua com os pensamentos da sociedade, logo qual o sentido de ser uma pessoa ética? E se sua moral não é igual a dos outros, então pra que se incomodar com ter ela? Às vezes eu sentia como se andasse em uma corda bamba. No limbo entre ser "bom" e ser "ruim". E eu honestamente tinha medo desses sonhos.

Raiva, frustração e trauma, tudo isso levava as pessoas há um único caminho e resultava em um novo vilão. Ter tudo isso acumulado dentro de mim me incomodava. Me deixava assustada. Às vezes quando estava treinando e controlava demais a mente de outra pessoa para fazer o que eu mandasse; ou quando puxava seus sentimentos entre meus dedos e os manipulava da forma que queria, causando um desespero tão grande que já tinha feito gente cair de joelhos. Esses momentos, onde tudo parecia ficar nublado pra mim, quando minha individualidade ia para um caminho que eu odiava gostar, isso me assustava. Mesmo que ninguém mais parecesse ligar.

Então, naquela noite, quando acordei de madrugada assustada mais uma vez naquela semana, me senti extremamente exausta. Os pesadelos eram uma bosta e eu estava cansada de ter eles em minha mente toda hora. O pânico que me invadia quando lembrava daquele sequestro. Fazia eu me perguntar se Bakugo estava sentindo esse mesmo medo, mas assim como eu, ele fingiria que estava tudo bem, que aquilo não tinha sido suficiente para o afetar. Mas tínhamos sido sequestrados. Em um lugar que deveríamos estar seguros. Eu não conseguia mais parar de esperar pelo pior.

Eram três horas da manhã, mas era madrugada de sexta para sábado. Se fosse qualquer outro dia, eu não teria cogitado mandar mensagem para Eijirou. Mas eu bem sabia que ele e Kaminari não dormiam antes das quatro da manhã nos finais de semana porque gastavam tempo demais jogando videogame, me fazendo lembrar de Florence e do como ela amava ficar enfiada atrás da tela de um computador.

Aoi | 3h12
Kiri
Tá acordado?
Tive um pesadelo
Não quero ficar sozinha
Pode me ligar e falar
comigo até eu dormir?

Talvez fosse egoísta da minha parte pedir isso pra ele, mas pra quem mais eu ia pedir? Só escutar o som da voz dele já ia me deixar muito mais calma. Kirishima era a única pessoa que já tinha visto a maior parte das minhas inseguranças e com quem eu me sentia confortável o suficiente para ficar do lado em momentos de crise. Como ele mesmo gostava de dizer, não estava ali só para os momentos bons.

Esperei por um tempo por uma resposta que não veio e apenas suspirei, largando o celular do lado e me escondendo embaixo do corbertor. Talvez Kirishima já estivesse dormindo, afinal, o treino de Aizawa foi pesado essa semana. Às vezes queria apenas desaparecer. Encolher até não sobrar nada, nenhum vestígio de Aoi Yamazaki que pudesse servir para incomodar os outros.

A batida na minha porta foi tão sutil que quase não escutei. Fiz uma careta e suspirei enquanto me arrastava para fora dos lençóis. Por que caralhos iam bater na minha porta três da manhã?

Abri uma fresta da porta, apenas para me deparar com os olhos vermelhos de Kirishima e o cabelo bagunçado como se ele tivesse acabado de sair da cama. Pisquei os olhos surpresa por ele aparecer ali e abri mais a porta para o fitar.

-Kiri, porque...- comecei, mas notei que tinha algo em suas mãos que ele estendeu na minha direção. Era uma caneca.

-Yaoyorozu disse que chá é bom quando a gente tá ansioso. - Kirishima disse dando de ombros como se não fosse nada demais. Mas se não era nada demais, porque aquele gesto carinhoso de ter levantado, feito chá pra mim e ido até ali quase me fez chorar?

Eu segurei a mão de Kirishima e o puxei pra dentro. Ele arregalou os olhos, mas não me importei, apenas fechei a porta e tomei o chá, vendo Kirishima suspirar derrotado e se sentar na beirada da minha cama.

-Não mereço você. - soltei, incapaz de conter essas palavras. Kirishima me olhou indignado. -Não, é sério, Eijirou. Eu sou uma idiota, e você é bom demais pra mim, então, sei lá, você deveria ter alguém que não fosse tão escrota e não tivesse te feito sofrer tanto e...

-Aoi. - ele chamou, segurando minhas mãos com força nas suas. Eu pisquei para tentar afastar as lágrimas enquanto olhava para os olhos dele. -Com o que você sonhou?

Apoiei minha testa contra o ombro dele e respirei fundo. Estremeci de leve sentindo os dedos de Kirishima deslizando pelas minhas costas com delicadeza, como se qualquer movimento brusco fosse acabar me assustando.

-Com o sequestro. De novo. - admiti, sentindo minha garganta fechar. -Odeio isso. Me sinto uma idiota fraca.

-Você não é fraca, Aoi. - ele disse, me apertando com força em seus braços. -E não é idiota, nem escrota, e não me fez sofrer. Talvez só um pouco, mas porque eu fiquei com ciúmes. - ele admitiu, afagando meu cabelo. -Você me faz a pessoa mais feliz do mundo, como pode falar uma coisa dessas? Odeio te ver assim. Odeio quando você fica remoendo o passado, odeio que esses vilões tenham feito o que fizeram com você e tenham te deixado assim. Odeio que você não percebe que eu sempre soube que você só tinha medo de ficar comigo. Eu sei de todas essas coisas e eu nunca fiquei triste por causa disso. Você me disse naquela época pra não ter esperanças, mas eu não sou o tipo de pessoa que desiste fácil de algo que quer muito.

Eu dei uma risada baixinha, me afastando para o olhar. Kirishima estava falando aquilo com toda sinceridade do mundo, e era isso que eu mais amava nele. Ele jamais mentiria pra mim só pra fazer eu me sentir melhor. Ele sempre me diria a verdade, ela doesse ou não.

-Então você me quer muito? - provoquei, vendo as bochechas de Kirishima ficarem vermelhas.

-Achei que isso tivesse claro esse tempo todo. - ele disse coçando a nuca e eu sorri que nem uma idiota, porque esse era o efeito que ele tinha sobre mim. -E eu não vou deixar você sozinha. Dessa vez eu vou estar lá quando você precisar de mim.

-Eijirou...- comecei, segurando seu rosto, mas ele apenas levou a mão até a minha e deu um sorriso. Sabia que ele jamais iria esquecer do que tinha rolado no acampamento.

-Tá tudo bem. - ele garantiu. -Não vou sair do seu lado.

Eu apenas dei um sorrisinho para ele.

-Então você vai virar aqueles namorados grudentos e insuportáveis que não deixam a namorada nem respirar? - brinquei, fazendo ele rir.

-Sim, vou ficar grudado em você até você enjoar de mim. - ele retrucou, afundando os dedos no meu cabelo. Eu suspirei, segurando sua mão livre na minha.

-Tudo bem, acho que posso lidar com isso. - falei e Kirishima riu, me puxando para meus perto de si e beijando minha testa.

-Vou ficar com você até você dormir. - ele disse, me conduzindo até eu voltar a deitar na cama. Ele se sentou na beiradinha e eu franzi cenho, agarrando sua mão e o forçando a deitar do meu lado, o que ele fez com uma careta.

-Eijirou, a possibilidade de Aizawa aparecer do além essa hora da madrugada e te esganar é nula. - zombei e ele murmurou algo incompreensível. Eu dei risada, me aproximando mais dele para deitar a cabeça contra seu peito, o que o fez se render logo e passar o braço ao redor de mim, me puxando para perto e me abraçando.

-Eu só tô sendo um cara respeitoso. - ele protestou e eu dei um sorriso para ele, entrelaçando os dedos nos de Kirishima.

-Eu sei, eu sei. Você é respeitoso até demais e até com quem não merece. - falei com um suspiro. -Mas amo isso em você. Amo muitas coisas em você. E amo você.

Foi sem querer. Juro que dizer isso foi sem querer. As palavras apenas saltaram pra fora da minha boca, tão honestas, tão sinceras e tão carregadas de sentimentos que eu fui incapaz de as manter só pra mim.

Eu amava Kirishima, isso era muito claro pra mim. Não tive boas experiências com amor, nem mesmo sabia direito o que deveria significar. Mas agora eu sabia, porque pessoas diferentes mostraram isso pra mim. Como Aizawa, Violet, Florence e meu pai que me mostraram o que amor familiar deveria ser. Ou Poppy que me mostrou o que amizade verdadeira era, o quanto isso era importante e a quantidade de sentimentos bons que trazia. E tinha Kirishima.

Ele me mostrou o que era estar apaixonada por alguém. Me mostrou que não tinha problema em fazer isso. Que eu podia me jogar naquele sentimento sem medo, sem culpa, sem remorso. Ele me mostrou que eu podia me permitir sentir tudo aquilo e que não era errado. Que era bom sentir aquela emoção dentro do peito toda vez que ele sorria pra mim. Que era bom toda vez que ele segurava minha mão ou mexia no meu cabelo. Que era bom ter alguém do meu lado me incentivando, me acolhendo e gostando de mim por quem eu era. E que eu podia me importar tanto com uma pessoa que saber que ela estava feliz já era o suficiente pra me deixar feliz também.

Nunca quis me apaixonar e nem amar. Mas Eijirou foi entrando na minha vida de uma forma tão natural e simples, mesmo que eu nem quisesse isso, e quando eu menos esperava, já sentia toda aquela imensidão por ele. E mesmo que eu tivesse sentido medo, ele nunca, jamais, me deixou. Ficou do meu lado até aquele meu medo idiota se tornar extremamente insignificante. Em todos os momentos ruins, ele esteve lá. Não apenas nos bons. Kirishima me fez sorrir de verdade e foi uma das pessoas que ajudou a preencher o buraco dentro do meu coração. E eu não tinha nenhuma vergonha que admitir isso.

-Você ama? - ele perguntou surpreso, mas sua felicidade era óbvia, não só pelos seus sentimentos mas também pelo imenso sorriso em seu rosto. Eu dei risada.

-Claro que te amo, Kiri. - falei como se fosse muito óbvio, mesmo sabendo que pra ele não era. Kirishima também tinha suas inseguranças e eu sabia disso. -Amo o como você é carismático, carinhoso e bondoso com todo mundo. O como você é corajoso e nunca foge da luta. Amo o seu cabelo de merda. - falei afundando os dedos em suas mechas vermelhas e o fazendo rir. -Sua risada. Amo o som da sua risada. Amo seu sorriso. Ah, seu sorriso... - falei suspirando e colocando a mão no peito, como se tivesse tendo um ataque cardíaco. Mas era aquele o efeito que esse idiota tinha sobre mim.

-Também amo você, Aoi. - ele disse me apertando com força em seus braços e eu sorri.

Eu não tinha dúvidas disso. Kirishima dizia que me amava sem dizer isso com todas as letras há muito tempo. Dizia isso na forma como seus olhos brilhavam todas às vezes que eu fazia algo, por mais estúpido que fosse. Dizia que me amava todas às vezes que me abraçava e me beijava. Dizia que me amava todas às vezes que segurava minha mão. Dizia que me amava todas às vezes que estava comigo e seus sentimentos me atingiam em cheio. Kirishima dizia que me amava nos mais simples gestos, como me levar chá no meio da madrugada porque tive uma crise de ansiedade e ficar comigo até eu me sentir melhor. E ele tinha esse efeito sobre mim, de melhorar as coisas.

-Aoi, por que você sempre tem que ser a primeira em tudo? - ele disse fazendo biquinho e eu franzi as sobrancelhas, confusa. -Você me beijou primeiro, me chamou de namorado primeiro, contou pra todo mundo primeiro e agora disse eu te amo primeiro. Não me deixa nem tentar!

Comecei da dar risada, incapaz de me conter. Um pouco alto demais, o que fez ele arregalar os olhos e levar as mãos até minha boca de forma exasperada. O quarto do lado era o de Poppy, ela jamais nos entregaria, mesmo que me escutasse rir as quatro da manhã.

-Aoi! - ele disse com os olhos arregalados, mas eu apenas continuei rindo, o som saindo abafado por causa da sua mão na minha boca. Segurei o pulso de Kirishima, o afastando de mim e arqueando a sobrancelha com um sorriso.

-É que você é muito bonzinho, calmo e respeitoso. - disse e dei de ombros. -Eu não sou nada disso.

Kirishima apenas riu, se afundando mais na cama e deitando a cabeça no travesseiro para ficar cara a cara comigo. Ele levou a mão até minha bochecha, fazendo um carinho suave e me fazendo fechar os olhos com um suspiro.

Não foi difícil voltar a dormir ali, do lado de Kirishima. E dessa vez sem nenhum pesadelo. Apenas uma calma no coração e quietude na mente.

Apesar de ter reclamado que não queria ficar junto com um bando de pivetes metidos a heróis, Florence ainda assim foi passar aquela linda tarde de sábado no prédio da 1-A já que a convenci quando disse que jogariamos the last of us e que eu deixaria ela jogar a maior parte do jogo sozinha. Minha irmã era muito facilmente convencida se the last of us estivesse na jogada, eu achava isso incrível.

Tudo estava muito calmo já que a maioria dos idiotas tinha saído pra encher o saco de Bakugo quando ele resolveu ir treinar. Com idiotas eu digo Sero, Kaminari e Kirishima. O restante estava ou enfiado em seus próprios quartos ou estavam na cozinha tentando aprender a cozinhar com Sato.

Poppy estava sentada no meu lado, fazendo caretas enquanto via Florence jogar de forma concentrada, como se sua vida dependesse daquilo. Meio que tínhamos entrado em uma competição pra ver quem conseguia ficar jogando por mais tempo sem morrer. Poppy realmente não entendia nossa fixação com videogame e zumbis.

-Mas que droga! - Florence reclamou quando morreu para um estalador. Ela não parecia querer me passar o controle de jeito nenhum, me olhando como se tivesse cogitando a ideia de só me bater, o que me fez dar uma risada incrédula.

-Vai querer brigar comigo? Já viu o tamanho do meu braço? - falei dando um tapa no meu músculo e Florence revirou os olhos.

-Se acha menos, garota. Força intelectual é muito superior, e isso você pode até ter, mas nunca vai chegar aos meus pés. - ela retrucou, o que fez Poppy rir baixinho e eu soltar um som de indignação.

-Que tipo de irmã horrível você é?! - eu gritei, fazendo Florence dar um sorrisinho para mim.

-As irmãs Yamazaki são mesmo bem peculiares. Coitado do sensei. - Poppy disse baixinho me cutucando em forma de provocação. Eu bufei.

-Irmã? - nós três olhamos para o lado para ver quem tinha dito isso. Os quatro idiotas estavam de volta, nos olhando, Kaminari com as sobrancelhas franzidas enquanto seu cérebro tentava processar. -Quem é essa beldade? É uma miragem?

Florence pareceu bem perto de apenas morrer de tanto desgosto enquanto torcia o nariz com nojo e analisava Kaminari de cima a baixo.

-Tira os olhos, babaca. - falei, atirando uma almofada na cara dele. Kaminari estava tão hipnotizado com a beleza de Florence que nem pareceu sentir. -Para de secar minha irmã, Kaminari!

-Irmã?! Kirishima, você nunca me disse que tinha uma cunhada linda dessas! Que tipo de amigo é você, cara? - ele disse com indignação, balançando Kirishima que me olhou em busca de socorro. Bakugo revirou os olhos.

-Kaminari, olha bem pra cara dela de quem tá te achando legal. - Sero zombou, caindo na gargalhada. Florence claramente estava desgostosa, e lentamente se virou para olhar Poppy e eu.

-Eu tenho pena de vocês por terem que lidar com isso todos os dias. Agora tô me questionando seriamente o processo seletivo da U.A para o curso de heróis. É isso aí que um dia vai defender nossa sociedade? - Florence disse torcendo o nariz e eu cai na gargalhada. Kaminari fez cara de choro, o que só me divertiu ainda mais.

-Aoi, todo mundo na sua família é assim? Não, sério, Kirishima, você tem lugar reservado no céu. - Kaminari disse dando tapinhas amigáveis no ombro do meu namorado. Eu atirei outra almofada na cara de Denki. -Ei! Se continuar, não vou mais carregar seu celular pra você!

-Você só serve pra isso, né, carregar o celular alheio. Mas tem algo chamado tomada que também serve muito bem, logo, você é inútil. - zombei e Kaminari deu um gritinho indignado.

-Só sou humilhado por todos! Quando não é o Kacchan nem você, vem sua irmã que parece uma deusa pisar no meu pobre coração, o que eu fiz pra merecer isso?! - Denki protestou, fingindo uma falsa magoa que me fez o olhar com tédio. Florence já nem estava prestando atenção, tinha aproveitado minha distração pra voltar a jogar, fingindo que Kaminari nem existia.

-Cara, não se humilha assim. - Kirishima disse, o que fez não só Bakugo, mas Sero e Kaminari se virarem para o encarar. Kiri fez uma careta.

-Não se humilha! - Sero deu risada. Dessa vez eu joguei uma almofada na cara dele. -Lembra o dia do fliperama? Aoi quando viu a gente só faltou querer pular da janela do trem! Ela definitivamente não queria nada com você.

-Bom, agora eles namoram. - Kaminari ponderou. -Então talvez a coisa seja insistir pra conquistar!

Ignorei Denki. Na verdade, todos o ignoraram, até Poppy e Kiri.

-E daí que ele "se humilhou"?- gritei, apontando para cara de Sero. -Cala boca, eu só não queria porque ele é minha alma gêmea e eu achava que era o universo querendo foder minha vida!

-Qual o sentido disso? Você é deturpada. - Bakugo disse torcendo o nariz. Grande exemplo dele, hein! Mas percebi que falei demais, porque tinha um grande ponto de interrogação na testa de Sero e Kaminari. Mas que porra!

-Mas que merda de papo de alma gêmea é esse? - Sero disse confuso, olhando para Kirishima em busca de respostas. Mas Kirishima ficou tão alarmado porque sabia o quanto eu costumava odiar essa parte da minha individualidade que nem fez contato visual.

-O akai ito. - Florence respondeu, sem tirar os olhos da televisão. -É coisa da família Yamazaki enxergar. Curioso que de três irmãs, só a Aoi enxerga.

Eu não julgava Florence por falar aquilo como se fosse nada, até porque, para ela era só um fato sobre nossa família. E diferente de Poppy, Kirishima e Bakugo, ela não sabia o como eu costumava odiar que os outros soubessem do akai ito pelo que a desgraçada que me sequestrou me fez fazer durante todos esses anos por conta dessa visão do fio vermelho.

Kaminari e Sero pareceram verdadeiramente surpresos, como se esperando por tudo, mesmo por aquilo. Mas o jeito que me olhavam eram sem maldade, sem julgamento. Só curiosidade.

-E ai, quais as chances da sua irmã ser minha alma gêmea? - Kaminari disse com um sorriso idiota, arqueando a sobrancelha pra cima e pra baixo de forma sugestiva. Kirishima suspirou exasperado e eu dei um tapa na própria testa.

-As chances são nulas, Denki. Graças ao bom Deus. - falei e ele fez um biquinho. -Isso é raro pra caralho, não é fácil achar o final do seu fio vermelho.

-Mas você achou o seu. - Sero disse apontando para Kirishima. Eu e ele trocamos um olhar e apenas sorrimos um para o outro. -Que coisa mais brega e clichê.

-Ah, vai se foder! - falei erguendo o dedo do meio. -E eu tentei evitar isso, se quer saber.

-Por que? Olha só que cara bonitão e carismático! Evitar esse golden retriever? - Kaminari disse, apertando a bochecha de Kirishima. Olhei para ele com tédio enquanto Poppy dava risada.

-Porque sou estúpida. - falei, fazendo Bakugo rir dessa vez. O som assustou todo mundo na sala.

-Finalmente admitiu o óbvio. - ele zombou e eu ergui o dedo do meio para ele.

-Você não é estúpida. - Kirishima disse pra mim e eu sorri.

-Ela é sim, cara. Ela beijou o Monoma no acampamento. - Kaminari disse. Eu já não tinha mais almofadas para jogar nele.

-Isso não dá pra te defender, Aoi. - Poppy disse e eu torci o nariz.

-Quem é Monoma? - Florence perguntou franzindo as sobrancelhas e me encarando. -E por que você beijou ele se já gostava do Kirishima?

-Porque eu sou estúpida. - suspirei, esfregando a testa. -E ele é um imbecil da classe B. Sério, não precisamos falar sobre isso. Por que não mudamos o tópico do assunto?

-Ainda estamos tentando entender porque você, sabendo quem é sua alma gêmea, decide evitar ela. Você tava tentando provar que o destino tava errado? - Sero zombou. Eu só pisquei.

-Sim, exatamente. E que alma gêmea não servia pra nada. - falei dando de ombros. -Mas como que dá pra evitar Kirishima se ele é insistente pra caralho?

Eles riram, porque era verdade. Kirishima apenas deu de ombros, como se não fosse nada demais. E eu sorri, me aproximando dele e abraçando sua cintura. Kirishima não hesitou em retribuir o abraço.

-Acho lindo que Florence conseguiu exatamente o que queria, ficar jogando sem você pra dividir, Aoi. - Poppy riu e eu fiz uma careta. Realmente, minha irmã estava muito feliz ali jogando e ignorando todo o resto.

Eu só dei risada. Eu não queria exatamente jogar videogame se tinha Kirishima por perto. Podia até ser clichê, idiota ou o que fosse, mas não estava nem aí.

E eu queria que pudéssemos ter mais daqueles momentos. Onde não tínhamos que nos preocupar com heróis, vilões ou qualquer merda assim. E podiamos só fingir sermos adolescentes normais.

Data: 20/03/24

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