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𖤍𖡼↷ 𝐓𝐇𝐈𝐑𝐓𝐄𝐄𝐍

DANDO UMA DE
SCOOBY-DOO

Eu estava ficando louca. Quer dizer, não que em algum momento da minha vida eu não tenha sido totalmente surtada, mas acho que agora tudo está mil vezes pior. Não sei porque em algum momento achei que entrar na U.A fosse resolver todos os meus problemas, na verdade, parece só que eles ficaram ainda maiores. Eu estava quase fritando meu cerébro, e eu não sabia o que estava me deixando mais maluca, se toda minha história com Kirishima ou aquele vilão que me conhecia. Eu não conseguia parar de pensar em um segundo sequer sobre aquilo, eu precisava de malditas respostas! E eu definitivamente não ia conseguir isso ficando aqui parada olhando para a carinha bonita de Kirishima.

-Aoi? - ele me chamou e eu percebi que tinha ficado muito tempo parada olhando para a parede. Fazia algumas horas que Kirishima estava aqui em casa sem ser expulso ou fazer menção de ir embora, e eu nem sei como minha mãe o deixou entrar depois do que tinha acontecido naquela outra noite. Sem contar que ela nunca tinha me deixado trazer amigos para casa, porque simplesmente me odiava. De qualquer forma, eu sabia que era um erro deixar Kirishima se aproximar de mim, ele merecia algo bem melhor do que eu podia oferecer. Mas ele já estava ali! O que mais eu deveria fazer? Não dava pra expulsar ele! E no fundo eu nem queria fazer isso, a companhia dele era até que reconfortante, e era bom ver que tinha pelo menos uma pessia preocupada comigo e com o como eu estava.

-Vou ficar maluca. - murmurei, me jogando de costas na cama bem ao lado de Kirishima. Ele apenas riu, se deitando do meu lado e eu ignorei completamente o como aquilo fez meu estômago revirar de forma patética por estar tão perto assim dele. Não! Não, isso não vai rolar! Coração maldito, akai ito maldito, destino maldito, querem parar de palhaçada? Não vou gostar de ninguém, muito menos de Kirishima Eijirou! Só porque ele é minha alma gêmea, não significa que devemos e vamos ficar juntos, ok? Não vai rolar! -Aquele vilão, Kirishima! - falei ao me dar conta que ele não fazia a menor ideia do que eu estava falando. Ele apenas soltou um "ah", como se fizesse sentido, mas eu também sabia que ele não fazia a menor ideia do que eu estava falando mesmo assim. Bufei. -Ele sabe quem eu sou e eu não sei quem ele é, tô alarmada aqui.

-Mas vai ver ele sabe quem você é por sermos alunos da U.A. - Kirishima disse, se virando para o lado para me fitar. Eu fiz o mesmo, mas me arrependi no mesmo instante ao perceber que ficamos tão próximos que eu podia sentir a respiração quente dele contra meu rosto. Meu Deus. Minha vida não é nada justa comigo. Tive vontade de estender a mão e tocar a cicatriz bem acima da sobrancelha dele, quis o perguntar o que tinha ocasionado aquilo. Queria perguntar tantas e tantas coisas para Kirishima, queria saber sobre o que ele mais gostava de fazer e queria saber sobre sua família. Podia passar o dia todo só o escutando. Mas também sabia que não podia fazer isso. Não era justo. Ele merecia coisa melhor do que eu podia oferecer.  

-Não. -falei, quando consegui recuperar minhas palavras. Suspirei. -Não acho que seja esse o caso. O jeito que ele falou meu nome deu a entender que a gente tinha um passado. Eu senti a confusão de sentimentos dele quando me viu ali. Ele me conhece, Kirishima. Então por que minha mente não se lembra dele?

Kirishima franziu as sobrancelhas em confusão e tudo o que conseguia fazer foi o fitar por um instante. Meu Deus. Quanto mais tempo passava com Kirishima, mais eu percebia que era inevitável. Não tinha como não querer estar ao lado dele quando ele era capaz de me trazer um conforto tão grande que me assustava. Eu não queria que ninguém entrasse na minha vida e tuvesse um efeito desses sobre mim. Não podia permitir isso, não queria sofrer com as consequências depois que tudo desse errado. Eu já tinha sofrido demais e por tempo demais por causa de amizades que não valeram a pena. Tudo o que menos queria era me decepcionar com Kirishima. Ou pior: acabar o decepcionando também.

-Isso é bem estranho mesmo. - ele falou e eu suspirei, me sentindo derrotada. O que eu deveria fazer?! Ao menos que conhecesse alguém pra vasculhar minha mente em busca de respostas, eu estava perdida! Seria muito injusto pedir isso pra Poppy sabendo o como ela lidava com sua individualidade, e não sei se confio em muitas pessoas pra mexerem na minha cabeça. Meu Deus, eu estava no meio da maior encruzilhada! Ninguém tinha respostas para minhas perguntas, e isso era um lixo!

Abri a boca para dizer algo, mas todas as minhas palavras morreram completamente quando senti os dedos de Kirishima tocando uma mecha do meu cabelo. Acho até que prendi a respiração enquanto ele brincava com meu cabelo por um instante, e apesar de não ter nenhum tipo de segundas intenções em seu gesto, foi apenas carinhoso, mas quase cai da cam quando me levantei rapidamente pra me afastar. Meu rosto começou a queimar, mas não conseguia evitar. Por que você ama fuder minha vida, destino de merda? Por que colocar uma pessoa dessas no meu caminho quando claramente não posso retribuir com a mesma intensidade?

Derrubei meu celular no chão quando o peguei rapidamente, minhas mãos tremendo um pouco enquanto meu coração batia acelerado dentro do peito. Puta merda! Espero que Kirishima não tenha reparado no meu desespero patético, mas acho bem improvável. Kirishima nem parecia ter se dado conta que levantei num pulo só pra fugir dele, ele era muito lerdo pra ter notado algo. Nem sabia o que estava fazendo, só procurando qualquer desculpa para me afastar dele sem parecer uma babaca por o fazer da forma que o fiz. Não que eu ache que Kirishima pensa isso de mim, mesmo que devesse.

-Tive uma ideia! É, vou chamar a Poppy! Ela pode ajudar a gente com um plano, sei lá. - falei, meus dedos tremendo enquanto mandava uma mensagem para a única amiga que eu realmente tinha. Eu nem estava realmente mais empenhada em criar um plano, só não queria ficar sozinha com Kirishima, pois acabaria dando errado. Meu coração era muito instável naquele momento, com Poppy do meu lado eu poderia colocar as coisas de volta em seu devido lugar, certo? Sim, claro. A presença dela não daria escopo para coisas como Kirishima passando a mão no meu cabelo acontecerem. Né?

-Boa ideia! - Kirishima disse, parecendo genuinamente animado. Como ele conseguia ser assim, aliás? -Talvez ela tenha alguma ideia do que pode estar acontecendo. Quer dizer, ela é telepata, né? - fiz uma careta para ele. Como começar a explicar pra Kirishima que nem todas as pessoas são tão bem resolvidas com suas individualidades como ele era? Poppy e eu tínhamos aquele nosso sério problema em comum de odiarmos nossas individualidades. Claro que eu sabia que os motivos de Poppy provavelmente eram bem mais válidos que os meus.

-Na verdade chamei Poppy porque ela é bem mais inteligente. Não por causa da individualidade. - falei largando o celular na mesinha depois de passar meu endereço pra Poppy, rezando pra que a mãe dela deixasse Poppy vir aqui. Sabia que Poppy ainda estava com as costelas enfaixadas depois da batalha da USJ, mas não custava nada tentar, certo? E não era como se fôssemos sair na rua aprontando, só íamos conversar no meu quarto. Espero que minha mãe não esteja em casa quando Poppy chegar, tudo o que menos quero é ela reclamando que tô transformando a casa dela em circo. Precisava urgentemente do apoio emocional de Poppy.

-Espero que não se importe, mas chamei reforços. Se vamos investigar, temos que fazer isso pra valer! - Kirishima disse dando um sorriso repleto de dentes afiados. Fiquei tão perdida nisso que nem perguntei quem ele tinha chamado, só fazendo um gesto de tanto faz. Meu Deus! Poppy precisava chegar logo, ou eu acabaria entrando em alguma espécie de colapso graças a Kirishima e ao fato de ele ser incapaz de perceber o quanto é incrivelmente fofo. E não digo isso em um sentido ruim. Inferno! Seria tão mais fácil se ele fosse um babaca odioso, assim eu teria a desculpa perfeita para o afastar, mas como se faz isso com uma pessoa tão atenciosa e que sempre se preocupa com os outros como Kirishima? Sério! Destino de merda! Será que se eu não soubesse que ele é minha alma gêmea e estamos fadados a esse caminho, eu teria dado uma chance? Difícil saber, mas minha resposta continua sendo negativa. Não posso provar a todos que estão certos a respeito do akai ito. Não vou ficar com ele.

Poppy não demorou tanto quanto imaginei que demoraria pra aparecer. Foram dez minutos até eu escutar a campainha tocando a suspirar feliz por isso. Fiquei esse tempo inteiro fingindo estar procurando um caderno pra fazermos anotações, apesar de ter um na minha escrivaninha, mas Kirishima não pareceu perceber isso enquanto falava animado sobre o porque tinha tingido o cabelo de vermelho. Tentei imaginar Kirishima com o cabelo preto, mas não consegui. Aquele vermelho berrante que chegava até a ser meio ridículo e aquele cabelo todo espetado meio que já parecia fazer parte dele, então era difícil imaginá-lo de outra forma. Pelo menos estava de costas para ele, assim Kirishima não ia conseguir ver meu sorriso idiota enquanto o escutava falar, apesar de eu tentar a tudo custo evitar isso.

Quando consegui terminar de colocar meu tênis e fui até a porta do meu quarto para ir receber Poppy, tomei um susto. A porta se abriu antes que eu pudesse fazer isso e vi minha mãe me olhando de uma forma um tanto irritada. Porra. Tive esperanças de ela já não estar mais aqui, mas lá estava ela, e estava bem irritada.

Mas então, meus olhos caíram sobre Poppy. Ela estava claramente desconfortável, o que me fez franzir o cenho. Até eu entender o motivo de ela estar desconfortável, o que não tinha nada relacionado a minha mãe, mas sim a outra pessoa ao lado de Poppy, que era ninguém mais ninguém menos que Bakugo Katsuki. Me virei apenas o suficiente para fuzilar Kirishima com os olhos, que ergueu as mãos em sinal de rendição. Bakugo e Poppy devem ter chego no mesmo instante, isso explicava o desconforto. Meu Deus, eu ia esfolar Kirishima vivo! Preferia que ele tivesse chamado Kaminari e Sero!

-Aoi, precisamos conversar. - minha mãe disse antes mesmo que eu pudesse falar oi para minha amiga e mandar Bakugo sair da minha casa. Abri a boca para protestar, meus seus olhos fixaram nos meus com irritação. -Agora.

Engoli em seco, mas assenti, trocando apenas um olhar alarmado com Poppy antes de a seguir para fora.

-Vocês três podem ficar a vontade ai, eu já volto. Só não toca no violino! - reclamei, vendo Bakugo se aproximar pra xeretar minha escrivaninha. Ele revirou os olhos para mim, apesar de nem ter olhado na minha cara. Babaca de merda! Kirishima precisava de amigos melhores, puta merda!

Fechei a porta atrás de mim e me virei para olhar minha mãe. Ela exalava irritação, me fitando como se estivesse perto de me jogar da escada, e eu engoli em seco.

-Eu deixo um de seus amigos entrar pra te fazer companhia depois do que aconteceu na escola e você acha que isso aqui virou festa, Aoi? É sério? - minha mãe disse revoltada. Abri a boca para dizer algo, mas nada inteligente veio a mente. Apenas a encarei, um pouco assustada. Ela estava nervosa de um jeito que jamais tinha visto antes. Sabia que ela odiava todos os amigos que eu tinha, mas dessa vez estava pior. E bem, bem estranho. -Não quero mais você perto dessa telepata, Aoi. É a última vez que quero te ver com ela, entendeu?

-Mas mãe...- protestei, preparada para dizer que Poppy era a melhor amiga que eu tinha e que não, não iria me afastar dela. Minha mãe ergueu a mão e eu me calei. Apesar de ela não merecer, eu tinha respeito. Pelo menos na maior parte do tempo.

-Sem "mas", Aoi! Essa garota pode ficar mexendo com sua mente e você nunca nem saber! Estou tentando te proteger! Seja mais agradecida. - ela disse seriamente. Eu apenas a encarei, perplexa. Poppy jamais faria isso! Ela não era manipuladora, diferente sa minha própria mãe. -Vou deixar seus amigos ficarem hoje, mas chega. Irei sair para encontrar seu pai e voltamos só de noite. Vê se você se comporta.

-Sim, senhora. - murmurei, as sobrancelhas franzidas enquanto a via se afastar. Olhei até não conseguir mais a ver antes de entrar no meu quarto.

O clima lá dentro estava a maior merda também. Bakugo estava apoiado na minha escrivaninha, os braços cruzados e exalando irritação, apesar de ter uma pontinha de preocupação que eu sabia que vinha por causa de Poppy. Cara, que idiota patético! Não adianta nada fingir não ligar. Às vezes até gostava de ser empática se isso significava ver Bakugo agir como um idiota patético sendo que no fundo se importava.

Poppy tinha se sentado na beirada da minha cama e parecia bem envergonhada e deslocada. Ainda assim, ela observava e escutava atentamente Kirishima falar sobre seu ponto de vista em relação ao que tinha acontecido na USJ, narrando a luta da sua maneira.

Não consegui me importar com nada disso, pois comecei a andar de um lado para o outro assim que entrei no quarto. As palavras de minha mãe não faziam sentido. Por que ela implicaria só com Poppy, e não com os outros dois meninos no meu quarto? Ela ter dito que era porque Poppy era uma telepata apenas deixava tudo ainda mais estranho.

A individualidade da minha mãe era controle e manipulação mental. Podia mexer na mente dar pessoas caso desejasse. Não era um poder forte como a telepatia de Poppy, mas forte o suficiente pra fazer um estrago. Me lembra de que quando era pequena, ela ter dito ao meu pai que a coisa mais alarmante eram individualidades como as de Psique, mãe de Poppy, pois facilmente conseguiram ver através do controle mental.

Por que eu estava pensando nisso? Por que estava tão incomodada? No instante que ela me disse isso e seu nervosismo... O nervosismo dela não era irritação por eu trazer pessoas para cá, não é? Era porque Poppy era filha de Psique e uma telepata. Ela estava preocupada com a possibilidade da minha amiga descobrir algo! Só isso fazia sentido pra mim.

-Aoi? O que foi? - Poppy disse num sussurro, chamando minha atenção. Comecei a bater o pé de forma inquieta; Poppy também conseguia saber o que eu estava sentindo, por isso a preocupação em seu olhar.

-Acho que juntei umas peças desse quebra cabeças. Espero estar enganada. Mas como uma pessoa que tá sempre esperando o pior dos próprios pais, acho que não tô tão doida...

-Fala direito, caralho! Nada do que tá falando faz sentido, sua idiota. - Bakugo disse irritado, mas eu o ignorei, olhando para a parede por um instante. Deus, como eu desejava estar enganada!

-Aoi? - Poppy chamou de novo e dessa fez eu virei para a fitar.

-Tudo bem. - murmurei, respirando fundo e passando a mão no meu cabelo. -Tudo bem, ok. Preciso de dois segundos.

-Caralho, você tá surtando mesmo. - Bakugo riu e eu tive vontade de arrastar a cara dele no asfalto. Talvez eu devesse o obrigar a fazer isso consigo mesmo. Talvez eu tivesse feito exatamente isso se não tivesse realmente surtando.

-Preciso de ajuda por um único fator aqui: não sei quem é aquele vilão que invadiu a USJ e quero saber o motivo de ele me conhecer. Eu sinto que devia saber exatamente quem ele é, mas minha mente bloqueia qualquer tipo de tentativa que eu faço de descobrir isso.

-E por que caralhos eu deveria te ajudar? - Bakugo disse com irritação e eu dei a ele um sorriso sarcástico.

-E por que não ajudaria? Você não tem nada de melhor pra fazer nessa sua vida miserável mesmo. - falei com arrogância e faíscas saíram de suas mãos. Ele parecia bem perto de ir embora, mas eu não podia me importar menos.

-Bro, relaxa ai! - Kirishima disse, tentando acalmar os nervos. Não funcionou.

-Você não quer descobrir se ela está mentindo ou falando a verdade pra gente? Tá ai a sua oportunidade. - Poppy falou, atraindo a atenção de Bakugo. Claro que esse merdinha ainda estaria desconfiado de mim, era um babaquinha de merda mesmo!

Bakugo apenas revirou os olhos, mas voltou a se apoiar na minha escrivaninha e cruzou os braços. Eu também revirei os olhos, porque ele era um grande babaca. Pelo menos alguém sabia lidar com aquela bomba atômica.

-Continuando. - falei, lançando um olhar feio para Bakugo, mas ele fingiu não perceber. Babaquinha. -Cheguei a duas conclusões, já que é nítido que eu conheci sim aquele vilão. Primeira, minha mente pode ter bloqueado isso por causa de algum trauma gerado no passado e agora não consigo me lembrar. - falei, erguendo o dedo indicador. -Ou a segunda...

Engoli em seco. Pensar naquela possibilidade, por mais real que fosse... Também machucava pra caralho.

-Minha mãe pode ter usado a individualidade dela em mim e me feito esquecer sobre a existência dele. Agora, isso gera milhares e milhares de perguntas. O motivo, o como e o que ele significava pra mim e eu pra ele. Por que fazemos parte da vida um do outro? Eu preciso de respostas. E é isso que vamos fazer hoje, procurar por elas.

Por um tempo, os três apenas ficaram em silêncio, me observando como se eu fosse maluca. Mas só um teve coragem de dizer em voz alta.

-Você tá obcecada pra caralho. Já te falaram que isso não faz bem? - Bakugo falou com um sorriso sarcástico e eu ri com maldade antes de erguer o dedo do meio para ele.

-Vai se foder. - falei, fazendo tanto Poppy quanto Kirishima engasgarem. Mas eu não tinha tempo a perder, minha personalidade era péssima e a essa altura ambos já deviam ter se dado conta desse fato. -Eu preciso saber quem ele é! Se isso for útil, vai ser algo a usar contra ele!

-Aoi... - Poppy disse calmamente, me observando. Ela parecia estar escolhendo as palavras para falar o que queria. -Tudo bem, eu entendo você e o porque se sentir assim. Mas se as memórias forem mesmo ruins, não acha que isso só vai servir pra te machucar?

Eu sabia que Poppy estava certa, mas me negava a ver dessa forma. Pelo menos por enquanto.

-E outra coisa, idiota. Você não pensa direito não? Se sua mãe realmente tiver mexido nessa sua cabecinha maldita, como diabos você vai fazer ela desfazer o que fez, hein? Porque duvido que... - Bakugo começou, mas calou a boca assim que seus olhos caíram em Poppy. Entendi o que ele ia dizer na hora, e acho qur Poppy também. "Duvido que Poppy vá te ajudar com isso" ou qualquer coisa do tipo. Mas esse era o menor dos meus problemas.

-Isso vai ser um problema meu e um problema pra depois a gente pensar. - falei, fazendo um gesto de tanto faz para tirar o foco de Poppy e fazer ela pensar em qualquer outa coisa. -Minha mãe saiu. E já sei exatamente o que vamos fazer agora.

Meu sorriso maldoso certamente já indicava que ia enfiar eles em merda.

Não sei se ir vasculhar a casa toda foi uma das minhas melhores ideias. Devíamos ter ido logo para o lugar mais suspeito, que era o quarto dos meus pais, mas foi o que eu deixei para irmos por último. Provavelmente eu só estava com medo demais de algo dar errado, mas nenhum dos outros três questionou isso. Ficamos em silêncio profundo, como se conversar fosse desviar todo nosso foco no que estávamos fazendo. Às vezes falávamos sobre coisas estranhas que encontrávamos, mas nada parecia acusatório o suficiente pra me fazer pensar que minha mãe estava envolvida no sumiço das minhas memórias.

Estava começando a ficar frustrada. Não tinha nada que comprovasse que minha mãe tinha agido de ma fé comigo, e não sei porque isso me incomodou tanto. Quer dizer, eu deveria ficar feliz, né? Mas sentia que tinha algo fora do lugar, e esse sentimento estava me esmagando. Acho que Poppy se deu conta disso, pois colocou a mão no meu ombro para chamar minha atenção, quase me fazendo derrubar a caixinha de joias na minha mão pelo susto. Ela me deu um sorriso um tanto culpado.

-Você está se sobrecarregando. Respira. - ela disse e eu suspirei, segurando a mão de Poppy e apertando de leve.

-Desculpa te enfiar nisso. - murmurei. Ainda mais baixo, para que somente Poppy escutasse, completei: -Juro que não sabia que ele ia vir.

Ela sabia muito bem de quem eu estava falando, pois vi como Poppy ficou tensa, apesar de dar um sorriso tentando amenizar as coisas.

-Não se preocupa. É inevitável, de qualquer forma, estudamos na mesma sala. - ela disse dando de ombros, como se não se importasse. Eu revirei os olhos, pois sabia muito bem que era só teatro e que as palavras de Bakugo mais cedo tinham sim afetado ela. Quer dizer, eu era empática. Tinha sentido exatamente o que Poppy sentiu naquele momento. Abri a boca para dizer algo, mas Poppy não me deu a chance. -E você e o Kirishima, hein?

O sorriso dela fez minhas bochechas corarem. Bom, não dava para esconder as coisas de Poppy, isso eu já tinha percebido fazia um tempinho. Mas não importava, porque confiava nela o suficiente pra abrir meu coração e Poppy sabia muito bem disso. Ela era uma ótima amiga, uma ótima ouvinte e era totalmente perspicaz.

-Não gosto dessa aproximação. - murmurei. -Apesar de também gostar. É confuso demais, Poppy. - suspirei, olhando para minha mão esquerda. Para o fio vermelho que me ligava ao idiota que estava falando algo para Bakugo naquele exato momento. Ainda mais baixo, completamente: -Acho que tenho medo de deixar ele se aproximar e acabar me apaixonando. Mas também não gosto de o evitar. Não quero que Kirishima se decepcione quando me conhecer mais a fundo. E sei que isso vai acontecer.

-Você tá muito, muito errada, Aoi. - Poppy disse, suas sobrancelhas franzidas em uma expressão séria que eu achei bem fofa, apesar de saber que ela estava me censurando. -Você nunca vai ser uma decepção.

-Ah, Poppy, você fala isso porque é minha amiga! Mas eu só sei fazer isso da vida: decepcionar todo mundo e...

-Ei, idiota! - eu me virei tão puta que quase deixei a caixinha nas minhas mãos cair. Antes de ir até Bakugo, deixei ela em seu devido lugar para que minha mãe não estranhasse, e marchei até o babaca. -Isso aqui estava escondido entre o colchão e a cama. Podia só estar perdido, mas estava dentro de uma sacola de papel, então duvido que seja acidental. - ele estendeu uma correntinha e praticamente a esfregou no meu rosto. De forma irritada, arranquei de suas mãos para observar melhor, ciente do olhar dos três em mim naquele momento.

Franzi o cenho; não me lembrava de ter visto meus pais usarem aquela correntinha e de um dia já a ter visto. Coloquei o pingente de sol na minha palma para analisar melhor. Foi quando vi que era um colar de amizade, pois tinha um espaço para encaixar o que muito provavelmente era a lua.

Podia ser qualquer coisa. Podia ser algo do passado dos meus pais. Podia literalmente significar qualquer merda e ao mesmo tempo não significar nada. Mas foram as iniciais pequenas gravadas no meio do sol que fizeram meu sangue gelar.

A&T.

E só tinha uma pessoa naquela casa com a inicial A.

Comecei a passar mal real. Senti a mão de Kirishima espalmar nas minhas costas, me mantendo firme no lugar, porque nem tinha percebindo que estava tombando. E minhas mãos começaram a tremer.

-Aoi, você precisa se acalmar. - Poppy disse suavemente, apertando minha mão livre na sua. Meus olhos queimavam pelas lágrimas de raiva e de desespero, porque aquilo, por menor prova que fosse, já me dizia muita coisa. -Respira.

-Como vou me acalmar, Poppy? Eu nem mesmo sei mais quem eu sou. - falei, uma lágrima teimosa escorrendo pela minha bochecha. -Meu Deus! O que mais essa mulher tá escondendo de mim? O que ela fez comigo?!

Eu estava visivelmente desesperada e completamente abalada, a beira de um ataque de pânico. E foi nesse exato momento que escutamos passos.

-Merda! - Bakugo chiou, arregalando os olhos e sussurrando de forma nervosa: -Você não disse que ela ia demorar pra voltar, porra?

-Ela ia! Merda! - sussurrei nervosa, abrindo a janela do quarto sem nem pensar duas vezes. -Vamos ter que ir pelo telhado e voltar para o meu quarto antes que ela apareça aqui! Não faça barulho!

-Ah, mas que plano de bosta! - Bakugo parecia bem perto de gritar, mas isso revelaria que estávamos no quarto dela e eu acabaria tomando a surra do milênio. Já estava passando por coisa demais hoje. -Vai você primeiro, cabelo de merda!

Kirishima fez uma careta, mas não hesitou antes de se inclinar na janela e usar sua força pra subir no teto da minha casa. Em seguida, eu subi na janela e estendi os braços pra que ele me ajudasse, me puxando para cima.

Meus olhos arregalaram quando percebi que não dava mais tempo para Poppy e Bakugo virem, pois escutei a voz da minha mãe bem do outro lado da porta, gritando meu nome e avisando que tinha voltado. Merda do caralho!

-Vai logo! - Poppy disse sem fazer nenhum som, indicando que ela e Bakugo se esconderiam ali até conseguirem sair. Porra.

Nem sei como voltei para meu quarto, de tão nervosa que eu estava. Mas Kirishima e eu andamos pelo telhado e ele conseguiu abrir a janela antes de entrar e me puxar com ele para dentro.

Estava preparada para correr até o quarto de minha mãe e arrumar briga com ela só pra Poppy e Bakugo saírem de lá, mas Kirishima agarrou minha cintura e me puxou antes que eu pudesse fazer isso.

-Me larga, Kirishima! - eu falei desesperada, mas ele não me soltou de jeito nenhum. Grunhi, frustrada. Como eu queria poder usar minha individualidade nele agora! Mas essa porra não funcionava nele, que conveniente, não consigo contralar minha própria alma gêmea! -Eles precisam de ajuda!

-Aoi, você precisa se acalmar primeiro! Você tem um plano? Ou só vai chegar lá brigando? Isso vai levantar ainda mais suspeitas! - Kirishima disse, me virando para que eu pudesse fitar seus olhos. -Você tá muito nervosa, Aoi! Não vai conseguir esconder isso da sua mãe, e se ela já manipulou sua mente antes, não tem medo de ela fazer de novo?

Eu sabia que ele estava certo e sabia que o melhor a se fazer era esperar um tempo até Bakugo e Poppy conseguirem escapar. Mas não significava que eu não podia me desesperar.

Meu desespero por saber que tinham mexido na porra da minha mente estava crescendo dentro do meu peito mais uma vez. Estava apertando com força aquela corrente na minha palma, minha respiração voltando a ficar ofegante porque parecia que eu era incapaz de respirar. Estava tendo um ataque de pânico; parecia que ia vomitar meu coração pra fora.

-Aoi. - Kirishima me chamou, mas ele parecia tão, tão longe, apesar de estar bem na minha frente. -Você precisa respirar, Aoi.

Estava cansada de me dizerem isso! Eu sabia que precisava respirar, não significava que eu conseguia! Eu só queria que tudo isso acabasse logo...

Senti as mãos fortes de Kirishima nos meus braços e, antes que eu pudesse dizer alguma coisa, a boca dele grudou na minha. Arregalei os olhos, perplexa, e prendi a respiração, incapaz sequer de reagir.

Porque...?

Como...?

Mas que porra...?

Foi uma fração de segundos. Os lábios macios de Kirishima ficaram sobre os meus por tempo o suficiente pra piscar os olhos, mas foi o bastante pra fazer meu ataque de pânico parar. Eu pisquei, atordoada, enquanto olhava os olhos vermelhos dele. Rubor manchava as bochechas de Kirishima pela vergonha, mas ele não parecia arrependido do que tinha feito.

-Eu vi em algum lugar que beijar alguém faz a pessoa prender a respiração. - ele disse, se embolando todo nas palavras. -A melhor forma de parar um ataque de pânico.

Abri a boca, mas o que saiu foi um murmúrio incompreensível. Tossi para limpar a garganta, tentando fugir daquele constrangimento todo.

-Em Teen Wolf, Kirishima. Você viu isso em Teen Wolf. - murmurei e ele só ficou ainda mais vermelho, desviando o olhar e parecendo querer se jogar da janela. Eu estava querendo fazer o mesmo, mas por motivos completamente diferentes.

O pior era admitir pra mim mesma que talvez eu quisesse que aquilo tivesse sido um beijo de verdade, e não só uma tentativa torta de Kirishima de fazer meu ataque de pânico parar.

Bem, o ataque de pânico parou, mas a ansiedade e meus pensamentos autodepreciativos e de negação estavam batendo mais forte do que nunca!

Até mesmo tinha me esquecido do vilão, da minha mãe, de Poppy e de Bakugo. Só conseguia pensar no como queria poder ser capaz de me permitir gostar de Kirishima. Mas eu sabia que não podia.

Kirishima abriu a boca para dizer algo, mas Bakugo e Poppy caindo dentro do meu quarto acabou com aquele clima constrangedor entre Kirishima e eu. Porra! Era só mais cinco segundos e ai eu saberia o que ele tinha para dizer. Agora irei morrer sem saber.

-Você tava certa, sua mãe é uma puta. - Bakugo disse e eu fiz uma careta. Poppy me encarou, os olhos arregalados. E por fim, para acabar de vez com minha noite de merda, Poppy completou:

-Acho que ela está escondendo mais coisa do que a gente imagina.

Boa noite povo bonito! Tudo bem com vocês? Espero que sim!

Um big capítulo pra vocês, espero que gostem e comentem muito <3
~Ana

Data: 30/04/23

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