𖤍𖡼↷ 𝐒𝐈𝐗
AKAI ITO
Seria mentira se eu dissesse que não tinha me divertido nem um pouco naquela tarde ao lado de Kaminari, Sero e Kirishima. Apesar de todos os problemas que eu tinha com minha família e os pensamentos que não paravam de me rondar em relação a Kirishima, por um tempo, consegui deixar isso de lado enquanto aproveitava o momento ao lado dos três que incrivelmente conseguiram me fazer dar altas risadas. Eles tinham uma energia muito caótica e absurda, e isso era extremamente engraçado. Era como se gossem um grande imã para problemas, o que só fazia eu me deliciar vendo eles se ferrando.
Eu não me importei com mais nada naquela tarde. Esqueci completamente meus problemas com meus pais ou o quanto minha família era podre e eu teria que voltar para casa e aguentar o verdadeiro inferno. Tampouco pensei no fato de Kirishima ser minha alma gêmea e no quanto eu deveria o evitar para impedir a mim mesma de entrar em um caminho que eu não queria trilhar. Não pensei nas consequências que ficar perto demais de Kirishima poderiam gerar, e também não pensei muito sobre o que deveria significar minha individualidade não surtir nenhum efeito nele. Peculiar, sim. Se isso tinha algo relacionado ao fato de sermos almas gêmeas e o porquê isso acontecer, eu não sabia. E também não pensaria naquilo, não naquele momento.
Kirishima, Sero, Kaminari e eu andamos rindo pela rua em direção ao metrô depois de uma piada muito imbecil que Denki fez. Claro, eu não esperava nada de melhor vindo dele, mas ainda assim foi uma pérola grande o suficiente para me divertir dessa forma. Em alguns momentos daquela tarde, senti que ter evitado tudo e todos da minha turma foi um grande erro e que eu era capaz de ver isso agora. Mas claro que isso podia ser só algo passageiro e que mudaria completamente na manhã seguinte.
-Você é um imbecil, Kaminari. - falei com um meio sorriso e ele apenas torceu o nariz. O cabelo ainda estava meio molhado por conta da água que ele jogou na cabeça, mas a camiseta já tinha secado. Kaminari foi zoado pelo restante do dia pelo banho que tinha tomado, o que, claro, não o deixou lá muito feliz, mas não é como se ele pudesse fazer algo a respeito. Sero particularmente adorou encher o saco de Kaminari, falando o como ele era facilmente controlado. Acho que ia muito além de ser controlado por um individualidade, sendo bem sincera.
-Você estava rindo, então foi boa! - ele disse com um sorrisinho, apontando para meu rosto. Eu apenas arqueei a sobrancelha para Denki. -Ah, qual é, Aoi. Todo mundo sabe que você é o ser humano mais difícil de agradar na face da Terra! - Sero engasgou com uma risada enquanto Kirishima arregalava os olhos, como se Kaminari tivesse acabado de falar a maior atrocidade de todas e agora fosse pagar caro por isso sendo exterminado para todo o sempre. Mas eu apenas dei de ombros, afinal, não era como se Denki estivesse completamente errado.
-Tudo bem. Justo. - falei, dando de ombros. -Isso não muda o fato que você é um imbecil. Sinceramente, eu nem sei o porque decidi perder meu lindo tempo com vocês três. - zombei, fazendo eles me olharem com indignação pura. Aquilo só serviu para me fazer sorrir.
Kirishima abriu a boca para dizer algo e eu esperei ansiosamente para saber o que era. Mas a sua fala morreu e acho que a de todos nós quando uma mulher parou na nossa frente ao invés de só seguir seu caminho, nos encarando. Essa não era a parte mais estranha, mas sim que ela estava toda vestida de preto e seus olhos estavam fixos de uma forma um tanto alarmante. Meu coração deu um salto dentro do peito, e eu provavelmente teris ficado bem mais assustada se estivesse completamente sozinha. Tinha algo naquela mulher que... Sei lá. Era dos fora do normal, não que eu entenda muito bem o que é ser normal já que nunca fui isso.
Troquei um olhar com Kirishima, pois ele era o que estava do meu lado. Acho que ele sentiu toda a estranheza da situação, pois deu um passo e ficou um pouco mais na minha frente, como se tivesse tentando me proteger de algo. Ao mesmo tempo que eu o agradecia mentalmente por isso, não sabia exatamente o que sentir. Irritação por ele pensar que eu precisasse de proteção? Não. Na verdade estava mais para um leve desespero por ele não ter hesitado em se colocar na minha frente. Mas eu ia focar no pensamento que ele só fez isso porque éramos heróis e essa é uma atitude de herói. É. Definitivamente era isso!
Os olhos da mulher se fixaram nos meus e um sorriso pequeno cresceu em seu rosto. Não era um sorriso maldoso, no entando; eu podia sentir que ela não era uma pessoa ruim, mas também sabia que o que ela falaria não seria algo exatamente bom. Bem, pelo menos não da forma que eu queria.
-Você sabe que tem dois caminhos, não é? Uma decisão bem importante pra tomar. Tome seu tempo. Mas fique esperta: um caminho te leva ao topo. O outro... Não acho que você vá querer saber.
Meu coração gelou quando aquela mulher disse aquilo, quase como se ela soubesse o conflito interno que eu estava naquele momento, sobre o que eu deveria fazer com minha vida e que caminho deveria tomar.
Eu nem mesmo consegui responder, a única coisa que eu era capaz de fazer, era fitar os olhos escuros dela que pareciam saber mais de mim do que eu mesma. Um calafrio percorreu minha espinha, me fazendo vontade de sair correndo. Uma parte do meu desespero sumiu quando os olhos dela cravaram em Kirishima e, sim, tenho vergonha de admitir que me senti aliviada com a mudança de atenção.
-O que você quer vai ser mais difícil de conquistar do que você imagina. Mas pelo menos você é uma pessoa persistente, não é? - mais uma frase enigmática, mas, pela cara que Kirishima estava fazendo e pela falta de cor em seu rosto, de uma forma ou de outra, ele tinha entendido o que ela queria dizer. O que, não nego, me deixou sim um pouco curiosa.
-Tá bom, tia, espera um pouco ai. - Kaminari disse erguendo as mãos e fazendo sinal de tempo, chamando a atenção dela para si. Tanto Kirishima quanto eu arregalamos os olhos em um aviso claro para ele só calar a boca, mas como eu bem tinha dito, Denki era um grande imbecil. -Você vai vir lançar essas paradas proféticas aí que nem um oráculo e não vai explicar nada? Ah, e se tem algo pra mim, eu definitivamente não quero saber.
-Nem eu. - completou Sero, só para piorar ainda mais a situação. Eu não sabia se chorava ou se cavava um buraco ali mesmo para me enfiar dentro. Eu apenas queria sumir.
A mulher não respondeu nada; apenas abriu um sorriso para Kaminari e Sero, como se ela não precisasse dizer nada para eles pois definitivamente nem mesmo adiantaria. E, sem mais ou menos, ela deu as costas e foi embora.
Eu estava tremendo mais que vara verde quando a mulher se afastou, e Kirishima parecia prestes a ter um desmaio. Sero e Kaminari apenas nos fitaram por um instante, as sobrancelhas franzidas como se eles não conseguissem entender o desespero profundo que eu e Eijirou estávamos sentindo naquele momento. Claro que não, era dois inbecis e ela não tinha dito coisas tão profundamente enigmáticas sibre a vida deles!
-Eu acho que preciso ir pra casa depois disso. - murmurei sentindo náuseas no meu estômago. Kirishima fez uma careta antes de assentir.
-Definitivamente. Caras, isso foi muito estranho mesmo. - ele disse, as sobrancelhas se franzindo em confusão. -Eu não sei o que ela quis dizer com conquistar algo que eu quero.
-Se você não sabe, imagina a gente. - eu zombei, fazendo Sero rir e Kaminari dar um tapinha consolador no ombro de Kirishima, que apenas deu de ombros.
Apesar de eles terem mudado de assunto no segundo seguinte, as palavras daquela mulher ficaram rondando minha mente durante todo o caminho até a estação. E eu sabia que elas ainda iriam me atormentar por um bom, bom tempo.
Eu já não estava me divertindo tanto assim com as palhaçadas de Sero e Kaminari, não quando sabia que logo estaria em casa outra vez e o verdadeiro inferno cairia sobre meus ombros. Acho que Kirishima se deu conta disso em algum momento, pois se recusou a me deixar ir sozinha para casa mesmo depois que Kaminari e Sero já tinham ido embora para suas respectivas casas.
Tentei convencer o ruivo de que não precisava, que eu podia muito bem chegar sozinha na minha casa. Mas Kirishima não pareceu me escutar e às vezes eu o queria socar por ser tão bondoso assim. Ele podia apenas ignorar o fato de que eu estava um tanto na merda e ir viver a vida dele, mas Kirishima não era assim.
-Você não precisava ter vindo. - falei em um murmúrio, fazendo de tudo para evitar os olhos vermelhos de Kirishima que eu sabia que estavam cravados em mim naquele momento. -Sabe, já tá ficando tarde e eu sei que você também precisa ir pra casa. Não precisava me acompanhar.
-Ah, eu sei. - ele falou com uma risada um pouco sem graça que me fez erguer a cabeça para o fitar. Kirishima coçou a nuca, um pouco sem graça, as bochechas corando de leve o que me fez o achar adorável. Eu involuntariamente abri um sorriso. -Você definitivamente sabe se virar, sei disso, mas achei que seria menos chato se tivesse uma companhia.
-Bem, nisso você tá certo. - falei dando risada, o empurrando de leve para quebrar aquele clima tenso que tinha se instalado entre nós. Na verdade estava mais para uma vergonha mútua, mas eu não ia admitir que ficava tímida quando estava tão perto dele. Isso ia acabar com toda a minha pose.
Kirishima pareceu ficar mais a vontade depois disso, como se uma parte daquela parede entre nós tivesse começado a rachar. Eu sabia que a culpa disso era toda minha, daquela barreira entre nós. E sendo bem honesta, eu não sabia dizer se era uma ideia boa ou ruim me livrar dela.
Nós andamos em silêncio até chegarmos na porta da minha casa, mas não foi um silêncio ruim ou desconfortável. Kirishima tinha razão, estar acompanhada, de certa forma, fez eu me sentir menos ansiosa para enfrentar as consequências de ter irritado os meus pais. Era como se enquanto eu estivesse com ele, aquele momento não fosse chegar tão cedo assim, e isso foi o suficiente para acalmar meu coração mesmo que por apenas alguns minutos, pois, mais rápido do que eu gostaria, logo estávamos em frente a minha casa.
Meu sangue gelou no instante que abri a boca para me despedir de Kirishima e vi meus pais sentados nos degraus da varanda, me esperando chegar. A expressão nos rostos deles foi o suficiente para me fazer dar um passo para trás, recuando completamente, pois eu sabia o que viria a seguir.
Kirishima percebeu na hora que tinha algo errado. Ele pareceu dividido entre tentar amenizar a situação e me ajudar a fugir, mas eu sabia que não tinha como escapar daquele inferno.
-Onde. Você. Estava? - o olhar mortal da minha mãe enquanto ela caminhava lentamente até mim me fez travar completamente. Primeiro porque ela exalava uma raiva e irritação tão grande que me fez sentir náuseas. Segundo pois eu sabia que ela não estava irritada por causa da preocupação comigo, mas sim porque tinha perdido dinheiro graças a minha fuga. E perceber isso machucou mais do que qualquer outra coisa no mundo.
Eu não respondi. Apenas a encarei com minha melhor falta de expressão no rosto até ela agarrar meu braço com força e me balançar em busca de uma resposta. Kirishima se agitou do meu lado, totalmente alarmado e sem saber se deveria ou não interferir naquele problema familiar. No fim das contas, ele pigarreou, chamando a atenção de minha mãe para si, que não parecia ter o notado até aquele momento.
-Hm, boa noite, Senhora Kobayashi. - Kirishima disse. Minha mãe apenas o encarou, suas sobrancelhas se franzindo por um instante, como se fosse surreal para ela o fato de eu estar acompanhada de alguém que poderia ser meu amigo. -Sou o Kirishima, amigo da Aoi, e ela estava comigo, peço desculpas pelo horário.
Meus pais olharam para Kirishima por um instante. Minha mãe parecia incrédula pelo fato que ele claramente estava tentando poupar minha barra, e um sorriso maldoso foi lançado na minha direção, fazendo eu desejar desaparecer.
Meu pai deu uma risada cheia de sarcasmo enquanto se levantava e se aproximava de nós, arqueando uma sobrancelha para Kirishima. Eu sabia que meu pai estava se divertindo com a situação e sentindo pena de Kirishima, eu era capaz de sentir. Pena porque ele sabia que eu vivia nas meias verdades; e ele não faria questão de deixar as coisas do jeito que estavam, não depois do que eu fiz.
-Amigo, é? Se são amigos, Aoi certamente te contou da individualidade dela. - meu pai disse como quem não quer nada, lançando um olhar para mim.
-Para com isso! - falei irritada, sentindo meu coração disparar dentro do peito conforme minha ansiedade se tornava ainda maior.
Mas ele apenas me ignorou completamente.
-Ela me explicou sobre... - Kirishima começou, mas meu pai não o deixou continuar.
-Definitivamente você deve saber sobre a visão dela do akai ito. Ela deve ter te falado que é assim que ganhamos dinheiro, não é?
Silêncio; por um momento, ficamos em profundo silêncio. Kirishima franziu as sobrancelhas em confusão, como se estivesse tentando entender as palavras de meu pai e o que aquilo tudo significava.
Meus olhos se encheram de lágrimas de raiva por ele expor dessa forma algo que eu passava todos os dias tentando esconder. Esquecer.
-Ah, ela não contou. - meu pai wstalou a língua e abriu um sorriso falsamente amigável para Kirishima. -Não se sinta muito triste. Aoi sabe que as pessoas só se aproximam dela por causa do akai ito. Vai ver ela só pensou que você fosse querer se aproveitar dela também, né, filha?
Senti vontade de morrer ao ver todas as minhas inseguranças expostas ali como se fossem nada. Senti vontade de sumir para sempre apenas para não ter que encarar Kirishima de novo.
-Que nem vocês fazem com ela? - Kirishima soltou sem nem pensar duas vezes, entendendo a situação. Meus pais fizeram cara feia.
-Eu odeio vocês.- falei, me soltando da minha mãe com força. -Queria não ser filha de vocês!
Pela primeira vez na vida, vi minhas palavras surtirem algum efeito nos meus pais. Eles ficaram calados, me olhando como se eu tivesse dado um soco no estômago de ambos. Talvez se dando conta que tinham totalmente passado dos limites, mas não importava. Porque, sem nem pensar duas vezes, eu dei as costas para todos e saí dali.
Boa tarde povo bonito! Tudo bem com vocês? Espero que sim!
Última atualização do ano! Espero que ano que vem seja melhor para todos
Apesar dessa fanfic ser flopada, é minha fanfic favorita, então comentem o que estão achando :( isso me ajuda muita a continuar!
Prometo não demorar nas próximas atualizações!
Votem e comentem, isso ajuda demais e me deixa mais inspirada a continuar!
Espero que gostem <3
~Ana
Data: 31/12/22
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