𖤍𖡼↷ 𝐅𝐎𝐔𝐑𝐓𝐄𝐄𝐍
APENAS MAIS
UM DIA DE
MERDA
Minhas tentativas de me manter afastada de Kirishima foram pra puta que pariu quando ele criou um grupo pra trocar mensagens comigo, Poppy e Bakugo. Eu quis morrer. O pior de tudo era ele achar que era realmente uma super ideia, que aquilo seria de grande ajuda e que assim poderiamos tentar descobrir mais coisas em relação a minha família disfuncional. Sei que as intenções de Kirishima tinham sido boas e que ele só queria me ajudar, mas que timing mais merda. Eu querendo fugir dele como o diabo foge da cruz, com todos os problemas com minha família e Bakugo e Poppy se evitando a todo custo e Kirishima me bota todo mundo junto no mesmo grupo? Isso sem falar que Bakugo e eu éramos totalmente incompatíveis. Não conseguia ver onde um grupo juntos poderia dar certo, mas até que tínhamos formado uma boa equipe para vasculhar as coisas da minha mãe.
Naquela noite em que quase fomos pegos pela minha mãe, ela saiu mais uma vez de casa e fomos novamente até seu quarto para tentar descobrir o que mais ela estava escondendo já que Poppy e Bakugo alegaram terem visto ela esconder uma caixa no assoalho. Mas imagina a cara que os dois fizeram quando realmente abrimos a parte do piso que estava oca e não encontramos nada. Eu sabia que eles não estavam mentindo, o que só provava que minha mãe estava escondendo coisas demais de mim.
Eu não conseguia parar de pensar naquele colar. Tinha guardado ele dentro do bolso e toda vez que trocava de calça o guardava junto comigo. Era uma lembrança constante que tinha algo fora do lugar, algo que eu precisava urgentemente descobrir o que era. Aquilo fez eu me manter sã naqueles dias, apenas a certeza de que aquela história com aquele vilão existia de fato, e eu ia descobrir o que era, fosse algo ruim ou não. Mesmo que tivesse me deixado profundamente traumatizada, minha mãe não tinha direito de mexer na minha mente dessa forma.
E quem diabos era T? Um amigo, uma amiga? Será que ele estava bem ou será que algo ruim tinha acontecido? Será que aquele vilão tinha algo relacionado ao fato de eu não saber quem era esse tal de T? Eu queria saber o que estava acontecendo, queria saber o porque minha mãe estava me escondendo tantas coisas. Queria poder pedir ajuda aos adultos, mas não ainda. Não enquanto eu não soubesse com certeza qual era a profundidade daquela situação toda.
Não consegui prestar atenção em nenhuma aula e defintivamente não consegui ficar tão empolgada quanto meus amigos com o aviso de que logo chegaria o festival esportivo, que teríamos algum tempo para treinar até o torneio começar. Eu passei anos da minha vida querendo entrar na U.A e sonhando com o dia em que poderia participar do festival esportivo, mas agora, não poderia me importar menos com isso. Meu foco estava totalmente em outra coisa, eu não ligava mais para coisas tão banais. Sim, era uma ótima oportunidade para mostrar aos profissionais quem eu era, mas também teria tempo de sobra para isso nos próximos dois anos. Parecia que descobrir quem era T, minha ligação com o vilão de cabelo azul e os motivos pra minha mãe me esconder coisas eram bem mais relevantes. E definitivamente estavam consumindo bem mais do meu tempo.
-Consegui descobrir alguma coisa, inútil? - demorei um tempinho para processar que Bakugo estava falando comigo e que a aula já tinha acabado e a maioria das pessoas tinha saído da sala. Franzi minhas sobrancelhas, um pouco irritada enquanto guardava minhas coisas para ir embora. Eu só precisava ir pra casa, mesmo que aquele lugar onde eu morava não fosse minha casa pra valer já que eu mais me sentia odiada do que amada naquele lugar.
-Não que seja da sua conta, seu merdinha, mas não descobri nada. - falei, tirando o colar do meu bolso e o fitando por um instante. -Essa ainda é a única pista que nós temos, e mais mil e uma perguntas para serem respondidas. - Bakugo fez uma barulho de deboche e eu me virei para o encarar, querendo dar um murro em sua cara. Mas os olhos vermelhos dele estavam fixos no colar em minha mão.
-Você deveria confrontar aquela velha, ameaçar ela de morte e fazer ela te contar. Ela não usou a individualidade dela em você? Usa a sua nela. - ele disse com um sorriso cruel que me fez dar uma risada incrédula.
-Amo seu espírito de herói. - falei, repleta de sarcasmo. Mas se bem que não era uma ideia tão ruim assim, vai que dá certo... Não! Defintivamente não! Não posso ser influenciada por esse maluco do caralho. Eu precisava fazer as coisas da maneira correta e o método Bakugo não vai ajudar em absolutamente nada, na verdade, só vai piorar tudo.
Bakugo apenas fez um tsc antes de me dar as costas e sair. Além de ser surtado, não tem um pingo de educação, mas ok. Pelo menos ele estava minimamente interessado naquele caso. A gente estava mais parecendo personagens de scooby-doo tentando desvendar a porra de um mistério. Pelo menos espero que a gente consiga respostas no final, ou vou acabar ficando maluca. Se bem que já sinto minha sanidade se esvaindo aos poucos, mas preciso me manter firme até conseguir o que eu quero. Dependendo no nível da situação, não vou deixar aquilo passar em branco.
-Odeio esse moleque. - murmurei irritada, socando meus últimos cadernos na mochila e me virando, tomando um susto ao ver Poppy parada bem na minha frente. Ela abriu um sorriso culpado para mim ao ver que quase tinha me feito ter uma parada cardíaca. -Meu Deus, você quase que me mata. Mas tudo bem, eu estava mesmo bem perdida dentro dos meus pensamentos caóticos, alarmantes e totalmente desconexos. Vamos para o metrô?
Poppy me olhou e deu uma risadinha, e acho que ela já tinha desistido de tentar me entender há um bom tempo. Ainda assim, aqui estava ela, como a ótima e leal amiga que era. E eu seria eternamente grata a Poppy por isso, porque foi ela quem me mostrou que eu podia sim ter amigos de verdade, sem segundas intenções.
-Minha mãe vem me buscar hoje. - ela disse e eu assenti. Poppy me olhou e franziu as sobrancelhas. Conseguia sentir a preocupação dela, por isso apenas apertei a mão dela de leve na minha.
-Relaxa, eu tô bem. Ou pelo menos vou ficar. - queria muito acreditar nisso, mas tava meio foda. De qualquer forma, Poppy não acreditou, mas não dei tempo a ela de pensar muito naquilo. -Preciso ir! Me manda mensagem quando chegar em casa?
-Você também. - ela disse e eu sorri antes de assentir e me despedir dela, saindo correndo da sala. Queria ver se conseguia pegar a casa sem ninguém para vasculhar um pouco mais as coisas da minha mãe, qualquer pista seria muito bem vinda.
Eu não gostava de ir com outras pessoas que não Poppy para estação, por isso não esperei ninguém antes de ir sozinha. Eu já estava acostumada com isso, pois meus pais nunca se importaram o suficiente comigo para me levarem aos lugares ou se preocuparam o suficiente se eu estava bem ou não. De qualquer forma, pouco me importava. Eu já estava acostumada a cuidar de mim mesma.
E sem contar que estar sozinha significava que teria tempo o suficiente para colocar minha mente de volta no lugar. Quer dizer, pelo menos era o que eu queria, mas devido aos último acontecimentos na minha vida, parecia que nada seria o suficiente pra colocar as coisas no eixo mais uma vez. Eu sentia como se minha vida tivesse começado a cair, cair e cair, e eu não fazia a menor ideia de como fazer isso parar.
-Ei, você pode me ajudar? Acho que estou meio perdido. - eu estava tão dentro de mim mesma que nem notei alguém se aproximar de mim até a pessoa estar falando comigo. Me virei, preparada para ajudar a pessoa, mas o que encontrei foram olhos vermelhos e um cabelo azul escondido pela touca do moletom. Meus olhos se arregalaram e um grito ficou preso na minha garganta a medida que minha ficha caia e eu percebia exatamente quem aquele era.
Antes que eu pudesse sequer reagir, gritar ou usar minha individualidade nele, o vilão agarrou meu pulso, seus dedos se fechando ali, deixando apenas um de fora. Senti meu estômago revirar completamente; sabia o que acontecia com tudo o que ele tocava, e também sabia que eu tinha acabado de me tornar uma refém.
-Não precisa disso, né, Aoi. - ele sorriu de uma forma que fez um calafrio percorrer minha espinha. -Se gritar ou tentar usar sua individualidade em mim, vou fechar a mão no seu pulso e você vai morrer. Então, não faça nada estúpido. Vamos apenas conversar.
Ele me deu um puxão e eu quase cai no asfalto, sendo obrigada a caminhar com ele. Meu coração começou a bater forte dentro do peito e achei que fosse acabar vomitando ele pra fora. De todos os cenários possíveis e imagináveis, aquele era um que eu definitivamente não estava esperando acontecer tão cedo.
Meu Deus, o único maldito dia que Poppy não está comigo e que estou completamente sozinha, uma merda dessas acontece! Quase como se ele estivesse esperando exatamente por esse momento. Pensar nisso fez meu estômago revirar de novo e eu engoli em seco, temendo pelo pior. Eu até podia tentar usar minha individualidade, mas ele precisava de menos de um segundo para me matar. Eu não podia arriscar. Não me deixava outra escolha que não fazer exatamente o que ele queria.
-Me perguntei por um bom tempo o que tinha acontecido com você. - ele falou por fim e eu estremeci. Apenas o som de sua voz já era o suficiente para me assustar. -Fiquei tentando entender porque você me deixou plantado te esperando e nunca apareceu. E ai eu te encontra na U.A! Heroína, Aoi? Sério? - ele riu e eu sentia o ar faltar dos meus pulmões. Ele me conhecia. Ele me conhecia. Por que ele me conhecia? Ah Deus, ah Deus!
-Olha, eu realmente não sei quem você é! - falei, me virando o suficiente para conseguir o encarar pela primeira vez.
Minhas palavras ficaram engasgadas na garganta quando vi a corrente no pescoço dele.
O pingente de lua.
Ah meu Deus.
Não sei porque eu fiz o que fiz, mas não importa. Mesmo morrendo de medo, com a mão tremendo, levei meus dedos até aquele pingente e me aproximei para o o olhar melhor. Não tinha dúvidas de que ele completava o que estava no meu bolso.
Ficou ainda mais difícil de negar quando vi o A&T gravado dentro da lua.
Senti vontade de vomitar todo meu almoço.
-Quem é você? - era mais uma pergunta retórica, mas ele ouviu e deu uma risada maldosa para mim.
-Agora? Graças a você, sou Shigaraki Tomura. Poderia ter sido outra coisa, mas você nunca apareceu.
Por que eu sentia que deveria saber do que ele estava falando? Por que suas palavras machucaram tanto meu peito e dilaceraram meu coração? Meu medo foi substituído por uma tristeza que eu não sabia de onde vinha. E eu precisava saber. Que porra estava acontecendo?!
-Eu juro pra você. - falei, minha voz chorosa e patética. -Eu não lembro de quem você é!
Por um instante, ele me olhou com irritação, como se quisesse me matar. Na verdade, fazia sentido. Se eu tinha o magoado, e pelo tom de voz dele, eu realmente tinha, fazia sentido ele querer me matar. Agora não dava mais pra negar que nós nos conhecíamos; porra...
Mas, então, os olhos dele brilharam com compreensão quando ele pareceu entender algo.
-Ah. - ele disse, baixo, e riu. Uma risada que me fez estremecer. -Sua mãe descobriu, né. Faz sentido. Uma pena você não lembrar da gente, Aoi. Ia ser muito mais divertido destruir os heróis com você sabendo exatamente quem eu sou.
Fiquei em choque. Ele não só tinha feito sim parte da minha vida, como também tinha se dado conta que minha mãe me obrigara a o esquecer, e isso agora estava mais claro do que nunca. Tinha muita coisa que eu queria saber e a única pessoa que tinha as respostas era ele. Mas eu não estava tão louca assim ao ponto de pedir a aquele vilão que quase matou meus amigos para me dar essas respostas.
Na verdade, eu apenas congelei no meu lugar. Não consegui falar, me mexer, respirar. Shigaraki Tomura apenas me soltou, bateu de leve na minha cabeça como se eu fosse um cachorro e se virou para ir embora.
-Sinto pena de você. É mais fodida do que eu. A gente se vê por ai, Aoi.
Meu Deus...
Meu Deus!
Não sei quanto tempo fiquei ali, parada no meio da rua, sentindo meu estômago revirar e o ar faltar aos meus pulmões. Minha mente estava girando, girando e girando. Ai meu Deus!
Dei um grito quando uma mão se fechou no meu ombro e virei em um pulo, meus olhos arregalados.
Todoroki Shoto estava me olhando inexpressivamente, mas definitivamente pensando que eu era louca.
-Você tá bem? - ele perguntou, suas sobrancelhas franzindo levemente.
Não respondi; me virei para o lado e vomitei.
Meu celular não parava de bombar de mensagens e ligações tanto de Poppy quanto de Kirishima, mas acho que aquilo era meio que culpa minha já que eu talvez tenha dito no grupo maldito que Kirishima criou que talvez eu tenha encontrado o vilão de cabelo azul e que talvez ele tenha deixado claro que minha mãe mexeu na minha mente e que talvez eu tenha visto ele usando a corrente que completava a que tínhamos achado. Agora, meu celular não parava de apitar, mas eu também não podia responder ou atender já que Shoto Todoroki estava com seus olhos heterocromáticos fixos em mim.
Tudo bem. Eu tinha feito o maior papelão ao vomitar na frente dele, e não o julgaria se ele apenas me largasse lá e fosse embora, mas Todoroki não fez isso. Na verdade, ele tinha me levado pra casa dele! O motivo? Não me pergunte! Eu realmente não consigo entender ele, não consigo sentir os sentimentos dele e nem elr sua expressão já que ela é inexistente. Ah! E ele também não é nada comunicativo.
Quando chegamos na casa dele, Todoroki me apresentou a sua irmã e disse que eu tinha passado mal no meio da rua. Depois ficamos meia hora com ela vendo se eu estava com febre, pressão baixa e por fim me deu um remédio pra tomar e me fez ficar deitada no sofá por um tempo até eu me sentir melhor pra ir pra casa. Mas a verdade é que eu não estava doente! Só estava querendo morrer, tirando isso, estava tudo bem!
Tá, precisava admitir que estava grata por Todoroki ter me arrastado com ele até sua casa, porque nem sei se eu teria conseguido voltar pra minha no estado que eu estava. E se chegasse, provavelmente ia acabar fazendo merda pelo como minha mente estava agitada. O chá da irmã dele tinha de fato feito eu me acalmar, apesar de um peso absurdo ter tomado conta do meu coração.
Mais do que nunca, precisava descobrir logo de uma vez o que estava acontecendo. Precisava ter minhas memórias de volta, antes que ficar no escuro se tornasse algo que afetaria ainda mais minha vida. Não dava mais para fugir. Precisava saber quem Shigaraki Tomura tinha sido pra mim e o peso disso na minha vida. E o motivo para minha mãe ter decidido que era melhor o apagar das minhas lembranças e esconder tudo que remetesse a ele.
-Você quer comer Soba? - Todoroki disse, tão do nada que me fez franzir as sobrancelhas, fazendo todos os meus pensamentos desaparecerem. Ele deve ter notado minha confusão, pois deu de ombros. -Sempre faz eu me sentir melhor. Você não parece muito bem.
Eu apenas ri. Não sei onde Soba vai melhorar meus problemas, mas fiquei feliz por pelo menos alguém tentar fazer algo legal por mim. Ultimamente parecia que minha vida só estava cada vez mais na merda.
-Não, obrigada. Não acho que Soba vá resolver muita coisa. - falei em um suspiro, esfregando minha testa. Praticamente podia sentir os olhos de Todoroki em mim enquanto ele tentava entender o que estava acontecendo. Me virei apenas o suficiente para fitar seus olhos, e, sim, eu realmente achava eles muito bonitos. Quer dizer, Todoroki era atraente, apesar de sempre estar com a mesma expressão. -Meus pais são uns merdas e acho que nunca odiei tanto eles quanto odeio hoje. - revelei.
Vi em seus olhos um lampejo de compreensão que me pegou totalmente de surpresa, principalmente por ser a primeira coisa que ele deixou transparecer durante todo aquele tempo. Quer dizer, Todoroki era filho do Endeavor, isso todos sabiam. Será que o herói número dois não era assim tão bom quando a mídia achava? Agora me pego querendo desvendar mais um mistério.
-Famílias são uma merda. - falei, torcendo o nariz ao ver que se não desse logo sinal de vida aos meus amigos, estaria morta. -Mas tem uma coisa que eu aprendi, e isso é que às vezes amigos são bem mais importantes e valorosos que laços sanguíneos. E, acredite em mim, entrei na U.A sendo a pessoa com mais aversão a fazer amizades.
Todoroki me olhou como se não tivesse entendendo o porque eu estava falando aquilo para ele, mais eis a verdade: além de me dar conta de que, sim, ele provavelmente tinha uma relação tão ruim com os pais quanto a minha, ele também era do tipo que não queria fazer amigos porque isso o impediria de chegar ao seu objetivo. Isso estava claro, porque eu já tive esse mesmo olhar e determinação que ele naquele momento. E eu estive profundamente enganada.
-Só estou de dando algo no que pensar. - falei dando de ombros e me levantando, pegando minha mochila. -Obrigada pela ajuda, Todoroki. Sério mesmo, você foi muito mais útil do que imagina. Por favor, agradeça sua irmã por mim.
Ele ficou um pouco confuso, mas eu me despedi de Todoroki e fui embora. Tinha muita merda pra resolver e uma vida pra colocar de volta no lugar.
Com um suspiro, abri o aplicativo de mensagens mas ignorei que Kirishima tinha me enviado 254 mensagens e Poppy 120. Isso sem contar as chamadas e mensagens no grupo. Depois eu dava sinal de vida. Abri um contato que nem imaginava que fosse abrir, e provavelmente ia me arrepender muito disso futuramente. Ainda assim, bufei, engoli meu orgulho e enviei a maldida mensagem.
Ter ido a um Rage Room não foi uma péssima ideia e, sim, definitivamente me ajudou a extravasar e tirar pelo menos a parte da raiva que eu sentia e a vontade de destruir tudo no meu caminho. Foi satisfatório quebrar coisas usando um taco de basebol, escutar o barulho de vidro se partindo e ver tudo sendo destruído aos poucos. Bati com toda minha força, a cada golpe sentindo um pouco menos de raiva e vontade de usar aquele taco pra bater nos meus pais.
Quando finalmente cansei e larguei o taco de basebol no chão, estava com a respiração ofegante. Com um suspiro, me sentei com as pernas cruzadas e admirei o estrago que Bakugo e eu tínhamos feito na sala. Definitivamente ele tinha sido a pessoa certa para fazer aquele tipo de coisa comigo, já que quase tinha feito um buraco na parede com a própria mão até os proprietários virem brigar com a gente dizendo que individualidades não eram permitidas e que deveríamos usar apenas os tacos para não nos machucarmos.
Bakugo parecia cansado também quando se sentou de costas pra mim, pressionando a sua contra a minha. Ficamos em longo silêncio; ele não me questionou ou me zombou pelo convite, apesar de não sermos exatamente amigos. Ele apenas apareceu e não me perguntou absolutamente nada, apenas veio e extravasou junto comigo. Acho que precisava mesmo de alguém para fazer isso, pois acabei dizendo no meio da minha raiva sobre o que tinha acontecido entre eu e o vilão mais cedo, colocando tudo pra fora. Minha raiva, decepção e medo, tudo sendo esmagado como aquele computador que a gente tinha batido até não sobrar nada.
-Tá menos surtada, porra? - ele murmurou e eu revirei os olhos, apesar de saber que Bakugo não conseguiria ver.
Ficamos em silêncio por mais um tempo.
-Sabe, você deveria parar de ser tão otário com as pessoas. - soltei, sem me importar com o que ele diria. Tudo o que queria era fugir do foco do assunto, que era eu. Não queria falar sobre Shigaraki ou minha mãe maldita. Então eu ia falar sobre ele. -Principalmente com Poppy. Quando vai parar de ser um babaca com ela e só admitir que gosta pra porra dela?
Bakugo grunhiu, começando a ficar puto pra valer por eu ter tocado naquele assunto, mas eu não podia me importar menos. Mas, tão rápido quanto surgiu, sua raiva sumiu. Como se ele estivesse cansado demais até mesmo pra de irritar.
-Quando você parar de ser babaca com o cabelo de merda e admitir que gosta pra porra dele. - ele retrucou e eu torci o nariz. Desgraçado do caralho! -Já que ele é sua maldita alma gêmea.
Fiquei calada, muda, em silêncio total. E então, me levantei em um pulo, me virando para conseguir olhar bem para os olhos vermelhos de Bakugo. Ele deu um sorriso maldoso para mim e eu quis morrer.
Fiz cara de cú.
Bakugo fez cara de cú.
-Como.- não era uma pergunta, mas sim uma exigência. Não ia adiantar fingir, Bakugo falou com convicção demais e minha reação já tinha sido resposta suficiente pra ele. Bakugo riu com deboche da minha cara.
-Eu escutei sua conversa com a Yoshida. Sobre sua visão do akai ito e o cabelo de merda.
Filho da puta!
-Sinceramente, como alguém tão boa como Poppy pode ser sua alma gêmea? - soltei sem nem pensar nas minhas palavras. E então, arregalei os olhos, desejando poder retirar o que disse.
Bakugo me olhou e apenas arqueou a sobrancelha, como se aquilo não fosse nenhum tipo de surpresa pra ele. Podia até mesmo notar uma espécie de alívio. Que garoto mais imbecil, sinceramente.
-Ela sabe? - ele perguntou, mas eu neguei. -Ótimo. Melhor não saber mesmo. E se você ousar contar pra ela, sua imbecil inútil, vou contar para o cabelo de merda sobre vocês dois. Estamos entendidos, então?
Argh, eu o odiava pra caralho!
-É um acordo, seu babaca do caralho. Não vou contar nada para Poppy, ela não merece saber de uma desgraça dessas. - falei com um sorriso maldoso, estendendo a mão para ele. Bakugo apertou minha mão com mais força do que deveria, mas não reclamei. Retribui da mesma forma.
-Ainda temos dez minutos. - ele disse com aquele brilho cruel crescendo em seus olhos e eu dei risada, pegando o taco de basebol mais uma vez.
-Vamos lá, biribinha.
Boa noite povo bonito! Tudo bem com vocês? Espero que sim!
Um mimo pra vocês não falarem que eu sou horrível! Comentem bastante, quem sabe assim eu não posto com mais frequência
Votem e comentem, isso ajuda demais e me deixa mais inspirada a continuar!
Espero que gostem <3
~Ana
Data: 03/04/23
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