𖤍𖡼↷ 𝐅𝐈𝐅𝐓𝐄𝐄𝐍
DANDO UMA DE
STILES STILINSKI
Poppy só faltou me engolir por eu não ter dado sinal de vida após minha mensagem sobre ter sido abordada na rua por Shigaraki. Eu apenas aceitei bem calada, porque sabia que minha amiga estava certa e tinha todo direito de se preocupar comigo. Quer dizer, eu tinha feito merda ao não responder as mensagens preocupadas dela e de Kirishima. E por falar em Kirishima, depois do que tinha acontecido, ele não me deixava mais andar sozinha depois da escola e me esperava toda manhã na esquina da minha casa para irmos juntos. Mesmo eu fingindo estar brava e que não precisava fazer isso, a verdade é que eu silenciosamente era muito grata a ele por isso. Afinal, tudo o que eu menos queria e precisava era ser abordada mais uma vez por Shigaraki Tomura na rua!
Os dias passaram e faltavam apenas três para o festival esportivo, mas eu não podia estar me importando menos com esse evento. Claro que eu iria sim aproveitar a oportunidade de me exibir e mostrar minha individualidade, mas não ia me apegar demais a esses detalhes. Minha maior preocupação, era recuperar a memória que tinha me sido roubada. Só assim eu poderia decidir o que fazer a seguir e até que ponto envolver os heróis profissionais. Uma hora teria que alertar Aizawa sensei sobre meu passado com Shigaraki e o fato do vilão não parecer que ia me deixar de lado assim tão fácil agora que sabia exatamente onde eu estava. Pensar nisso fez um calafrio subir pela minha espinha só pela possibilidade dele chegar a, sei lá, me sequestrar. Mas ele já teria feito isso se quisesse. Né?
Isso tudo me deixava tão puta da vida! Se minha mãe nunca tivesse mexido na minha mente, nada disso estaria acontecendo. Não sei os motivos para ela ter apagado minhas memórias, mas eu as queria de volta. Precisava saber quem Shigaraki era e o que tinha acontecido entre ele e eu. Mesmo que tivesse sido algo traumatizante, minha mãe não tinha direito de mexer assim comigo! Isso só provava o quão filha da puta ela era e o quão pouco eu significava em sua vida. Pensar nisso apenas me enchia de um ranco tão grande que chegava a der até um pouco assustador. Quanto mais tempo passava e mais coisa eu descobria, mais eu chegava a conclusão que a verdadeira vilã era minha própria mãe. E eu precisava de provas o suficiente pra ferrar com ela e a colocar onde ela merece por usar sua individualidade de forma suja em mim.
-O que essas batatinhas fizeram pra você, Kobayashi? - a risada de Kaminari foi o que me tirou de meus pensamentos. Percebi que tinha amassado as batatas fritas nos meus dedos até não sobrar nada e grunhi irritada enquanto limpava minha mão na saia. Kaminari estava com um sorrisinho no rosto e eu ergui o dedo do meio para ele, deixando claro que não estava afim de escutar seu papinho idiota. Se Poppy não tivesse ido conversar com Midoriya, meu almoço estaria sendo bem mais legal, mas não. Estar cercada por idiotas como Denki só faziam meu humor ficar mil vezes pior.
-Não enche a merda do meu saco, pikachu.- falei e Kaminari fez uma careta, olhando para Kirishima e Sero em busca de ajuda. Nenhum dos dois pareceu muito inclinado a ajudar. Ninguém mandou Kaminari vir encher meu saco, se ele não queria der tratado assim, me deixasse na paz, mas não! Denki não era o tipo de pessoa que sabia manter a maldita língua dentro da maldita boca. Um idiota definitivamente.
-Por que eu só sou tratado de forma péssima nessa escola?! - Kaminari dramatizou, me fazendo revirar os olhos. Estava sem paciência para Kaminari hoje, ainda mais quando minha mente parecia prestes a explodir. Tudo o que eu mais queria era que a aula acabasse para ir pra casa e me afogar dentro dos meus pensamentos enquanto tocava violino, a única coisa que estava conseguindo pelo menos fazer minha mente ficar um pouquinho mais em seu devido lugar. Eu ia acabar surtando antes mesmo de a semana acabar, tinha bastante certeza disso! Tudo culpa da minha mãe desgraçada. O que ela ganhava com o que fez, afinal? Porque duvido muito que ela tenha apagado Shigaraki das minhas lembranças por amor a mim. O que eu estava deixando passar?
-Porque você é irritante, Kaminari. - suspirei, puxando o prato de batatas dele na minha direção e começando a comer. Kaminari chiou, mas não fez nada para me impedir, por isso apenas prossegui, sem me importar com o biquinho que tinha sido formado no rosto dele. Eu estava bem ciente do olhar de Kirishima em mim enquanto ele tentava entender o como eu estava. Ignorei aquele olhar e toda aquela preocupação. No momento, era tudo o que eu menos precisava.
Quando você não quer ter aulas, parece que elas passam ainda mais arrastadas. Minutos pareciam horas, e mesmo que a aula fosse de fato até que legal já que estavamos treinando nossa individualidade com o auxílio de Aizawa sensei, eu também não estava totalmente focada no que estava fazendo. Tomei pelo menos umas três broncas por estar deixando minha individualidade dispersar demais e acabar atingindo quem não tinha nada relacionado ao meu treinamento. De qualquer forma, não importava! Quase dei um suspiro aliviado quando finalmente fomos dispensados para irmos para casa.
Eu me troquei bem lentamente no vestiário feminino, analisando meu uniforme por um instante. Eu sempre quis ser uma heroína; pelo menos, era isso o que minhas memórias me diziam. Mas agora, depois das palavras fe Shigaraki, como se ele sequer fosse capaz de acreditar que eu realmente tinha seguido esse caminho, me perguntava se eu realmente queria ser heroína ou se fui forçada a querer ser. Quer dizer, meus pais sempre foram contra, mas e se isso for tudo uma fachada? Uma sensação incomoda tomava conta de mim, crescendo mais e mais a cada dia. Eu estava me sentindo péssima, sentia como se já não soubesse mais quem era Aoi Kobayashi. E mesmo que eu quisesse ter de volta o que me foi roubado, também tinha medo de descobrir toda a verdade.
-Aoi? - a voz de Poppy me despertou de meu transe, e eu apenas fiz uma careta e terminei logo de arrumar minhas coisas. Tudo o que eu menos queria era que Poppy ficasse mais preocupada ainda comigo, apesar de eu conseguir ver em seus olhos o quanto ela temia pela minha sanidade mental. Mas não tinha nada que ela pudesse fazer a respeito. Mesmo que Poppy conseguisse usar sua individualidade em mim, depois de todo o trauma e medo que surgiu em mim, não acho que eu consiga deixar alguém mexer na minha mente tão cedo. Mesmo que essa pessoa seja Poppy, que é quem eu mais confio nesse mundo.
-Tá tudo bem! Só estava distraída. - disse forçando um sorriso, mas claro que Poppy não acreditou nisso. Ela apenas arqueou a sobrancelha pra mim, mas resolveu não interferir. Poppy entendia pelo que eu estava passando, afinal, ela presenciou a maioria das minhas crises e momentos de surto. Isso também justificava o motivo de sua preocupação, afinal, ela estava me vendo literalmente começar a ficar louca bem na sua frente.
-Ei, água de salsicha e idiota suprema! - não sei nem porque Poppy e eu nos viramos assim que chegamos do lado de fora sa U.A, mas nós nos viramos apesar de Bakugo ser um escroto e nos chamar por apelidos de merda. Eu apenas arqueei uma sobrancelha para ele, que estava ao lado de Kirishima. Bakugo revirou os olhos para mim. -O cabelo de merda quer conversar.
-Tá. Mas por que você tem que ser tão escroto, hein? Ir tomar no meio do cú você não quer, né? - falei irritada enquanto me aproximava dos dois e Bakugo ergueu o dedo do meio para mim. -Enfia no meio do...
-Então! Eu tive uma ideia. - Kirishima disse me cortando antes que eu tivesse chance de prosseguir. Vi Poppy o olhar agradecida, mas ignorei enquanto me virava para fitar os olhos escarlate de Kirishima. -Deveriamos montar um quadro!
Bakugo e eu fizemos a mesma cara de ponto de interrogação, mas Poppy ficou animada, como se ela tivesse entendido exatamente o que Eijirou estava falando. Troquei um olhar com a bomba atômica do meu lado, mas ele deu de ombros, como se Poppy e Kirishima fossem loucos.
-Tipo um quadro de detetives! - Poppy disse animada e Bakugo e eu soltamos um "ah" baixinho. Kirishima sorriu ainda mais animado e eu torci o nariz. Minha vida virou várzea.
-Sim! Mas não pode ser na casa da Aoi. Nem dá na minha, meus pais vivem entrando no meu quarto. - Kirishima disse fazendo uma careta. Poppy também ficou um pouco menos animada, pois na casa dela era um grande NÃO! Tudo o que menos queria naquele momento, era envolver heróis profissionais. Pelo menos, não até eu ter realmente alguma resposta concreta e souber de algo pra valer.
Nós três nos viramos ao mesmo tempo para fitar Bakugo. A princípio, ele não entendeu nada, apenas nos encarou com sua irritação habitual. Então, começou a ficar com raiva pra valer.
-Não! Nem fodendo! Morram! No meu quarto não. - ele gritou irritado, mas eu apenas sorri.
Ahan. Vai nessa.
Bakugo estava nos xingando e gritando faziam quarenta e cinco minutos, mas nem Poppy, nem eu e muito menos Kirishima estávamos nos importando enquanto colavamos algumas folhas com fita adesiva na parede dele que tínhamos livrado só pra fazer aquilo. Bakugo quase me explodiu quando fiz um risco de marcador permanente na parede, então resolvemos usar linhas coloridas pra ligar as coisas antes que Bakugo matasse um de nós três. Ele mais estava gritando do que ajudando, mas pouco me importava com isso.
Enrolei um pedaço de linha vermelha no meu dedo, sabendo exatamente de onde Eijirou tinha tirado aquela ideia. Do mesmo lugar que tirou a ideia de me beijar pra fazer meu ataque de pânico parar. Lembrar disso fez meu pescoço começar a esquentar. Não tínhamos exatamente falado sobre o que tinha acontecido, e eu, honestamente, não sabia dizer se era algo bom ou ruim só deixar pra lá.
Observei Poppy colocar um desenho que tinha feito pra ilustrar o colar com pingente de sol e o outro com o pingente de lua que eu tinha explicado para ela como era, vendo o quão talentosa ela era com aquilo. Bakugo devia estar pensando o mesmo pela forma como seus olhos estavam fixos na minha amiga, o que me fez soltar uma risada debochada que não passou despercebida por ele. Dei um sorriso malicioso para Bakugo e ele ergueu o dedo do meio para mim, falando um "vai se fuder" sem som.
-Acho que isso é tudo que a gente tem. - Kirishima disse, se afastando para observar as anotações, recortes e desenhos caóticos na parede, com mais linha vermelha de "não resolvido" do que amarela pra "quase lá" e verde pra "desvendado". É, estavamos fodidos mesmo. Ainda tinha um longo, maldito e infeliz caminho a percorrer, e pensar nisso fez eu me jogar na cama de Bakugo e afundar o rosto contra o colchão, querendo dar um grito.
-Saí da minha cama, sua idiota imprestável. - Bakugo reclamou, mas não fez menção de me tirar de lá, por isso nem mesmo me mexi. Queria chorar e gritar e morrer.
-Odeio essa merda! - gritei, minha voz saindo um pouco abafada por meu rosto estar afundado no colchão. -Odeio minha mãe, odeio o Shigaraki e odeio não saber mais quem eu sou! Meu Deus, mas que porra! Quero minhas memórias de volta!
Senti uma mão deslizar pelas minhas costas de leve e tomei um susto, me virando o suficiente para ver que era Kirishima. Isso fez um pouco da minha raiva diminuir, não nego. Meu estômago patético até se revirou, e eu quis gritar para meu coração estúpido que aquilo era idiota pra porra!
-Você precisa se acalmar, caralho. Surtar não vai trazer respostas! - Bakugo disse e eu revirei os olhos. Cadê a moral desse porra?
-Ele tá certo, Aoi. - Poppy murmurou. Mas os olhos delas estavam fixos no nosso quadro, e eu podia ver as engrenagens girando em sua mente. -Mas algo me diz que estamos mais perto da verdade do que você imagina.
E eu queria profundamente que Poppy estivesse correta.
Batidas na porta fizeram nós quatro darmos um pulo e ficarmos em um silêncio mortal. Tomei o maior susto, meu coração indo parar na garganta.
-Katsuki?! Por que trancou essa droga de porta?! - a mãe dele disse do outro lado e Bakugo fez a maior cara de cú.
-Não enche, velha! Estamos ocupados! - ele gritou, fazendo sinal para que não nos preocupassemos com ela. Mas nenhum de nós se mexeu.
-Abre logo isso, garoto! - a mãe dele reclamou do outro lado, batendo tão forte na porta que fez eu me questionar se ela não ia acabar a derrubando. Agora tudo fazia muito sentido, de onde vinha essa personalidade péssima de Bakugo. -Eu fiz cookies pra vocês, mas preciso que alguém venha me ajudar a trazer.
Revirando os olhos e reclamando, Bakugo foi até a porta para a abrir. Mas antes que ele pudesse dar uma desculpa para a mãe dele, ela entrou, ignorando os gritos de protesto que ele deu. Não sei quem mais parecia prestes a ter um ataque do coração, eu, Poppy ou Kirishima, porque a primeira coisa que ela fez, foi olhar para a parede e ver o que tinhamos feito.
Vi quando milhares de perguntas surgiram na mente de Mitsuki Bakugo a medida que as sobrancelhas dela se franziam em confusão. Estavamos fodidos, era isso. Acabou a vida, acabou! Vão me internar no hospício! Não que seja má ideia, ultimamente tudo parece tão perdido...
-O que é isso? - ela perguntou, apontando para nosso incrível mural. Bakugo começou a gritar que não era da conta dela e que ela podia morrer em outro lugar, mas ela o ignorou, olhando para mim, Poppy e Kirishima em busca de respostas.
Poppy abriu e fechou a boca, mas nada saiu; ela era boazinha demais para conseguir mentir, ainda mais sobre uma pressão dessas! E Kirishima também, já que ele começou a gaguejar palavras sem sentido. Já eu não tinha problema nenhum com isso.
-Trabalho da escola. - eu disse, mas, no momento que as palavras sairam da minha boca, Kirishima resolveu falar:
-Uma pesquisa!
Mitsuki Bakugo cruzou os braços e arqueou uma sobrancelha para nós, desacreditada. Eu quis esganar Kirishima!
-É uma pesquisa para o trabalho da escola. - disse rapidamente, lançando um olhar para Kirishima calar a boca e me deixar falar. Ele apenas fez uma careta e se manteve quieto enquanto eu voltava minha atenção para a mãe de Bakugo. -Temos que desvendar um caso. É para ver se atuariamos bem em missões que envolvem pesquisa e resolução.
Falei com tanta confiança que a mãe de Bakugo apenas deu de ombros e mudou de assunto, o que me fez relaxar. Ela realmente precisava de ajuda para pegar o lanche na cozinha, e Poppy se ofereceu sem nem pensar duas vezes, saindo junto com a mulher mais velha e me deixando com os dois idiotas.
Bakugo estava me encarando perplexo. Eu sabia muito bem o que esse merdinha estava pensando a meu respeito naquele momento.
-Que que foi? - reclamei e ele apenas arqueou a sobrancelha pra mim. -Ué, minha familia é um lixo. É necessário saber mentir bem.
-A cada dia que passa, te acho pior. - ele resmungou e eu apenas ergui o dedo do meio, dando um sorriso sarcástico para ele.
-Não importa, pelo menos agora temos um local seguro pra lidar com isso. - falei apontando para a parede e suspirando. É. Seria uma longa, longa tarde.
Data: 21/05/23
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