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𖤍𖡼↷ 𝐄𝐈𝐆𝐇𝐓

HIPOTETICAMENTE

A família de Kirishima tinha sido extremamente atenciosa comigo, tanto que me senti até mesmo envergonhada. Durante o jantar daquela noite, presenciando a dinâmica familiar deles, entendi pela primeira vez o que uma família deveria ser e o verdadeiro significado de amor parental, algo que eu jamais tive. Pela primeira vez desde que me entendo por gente, me senti confortável estando com outros adultos, apesar de eu estar sim morrendo de tanta vergonha. Eu só fiquei ainda mais envergonhada lembrando que eu era alma gêmea de Kirishima, mas aquele era um detalhe que eu deixaria enfiado no fundo da memória.

Eu nunca tinha sido tão bem acolhida assim na minha vida, e acho que conseguia entender melhor agora de onde vinha toda aquela bondade de Kirishima. Ninguém hesitou em me dar comida e um lugar para dormir e acho que eu seria eternamente grata a eles por isso. Principalmente a Kirishima, por mais que eu soubesse que as coisas entre mim e ele não podiam continuar a progredir do jeito que estavam.

Era egoísta da minha parte me afastar dele depois do final de semana que tivemos juntos, eu sabia muito bem disso; mas seria apenas muito mais cruel arrastar alguém tão bom e cheio de brilho como Kirishima para todos os problemas que eu era. Não, eu não faria isso logo com ele. E não só porque Kirishima era minha alma gêmea, mas porque ele merecia coisa muito melhor do que eu podia oferecer. Em que momento parei de fugir dele por ele ser minha alma gêmea e me negar a aceitar isso e passei a desejar distância dele para que ele não tivesse que ser colocado dentro do imenso problema que eu era?

Na manhã de domingo, acordei antes de qualquer um e arrumei todas as minhas coisas. Eu sabia que era muito errado sair sem me despedir depois de tudo o que tinham feito por mim, mas acho que eu não conseguiria encarar olhos vermelhos cheios de carinho e compreensão. Sim, eu era mesmo uma covarde, e não hesitei em apenas deixar um bilhete de agradecimento, indo embora e me recusando a olhar demais para Kirishima que dormia tranquilamente no sofá. Eu não podia pensar demais sobre isso, eu sabia que tinha coisas na vida que jamais poderia ter. E como uma pessoa que não sabia o significado de amor verdadeiro, eu também sabia que estava fadada a jamais o conhecer.

Meu domingo depois que voltei para casa foi uma verdadeira de uma merda. Meus pais tentaram falar comigo, quase como se estivessem preocupados e arrependidos pelo que tinha acontecido na noite anterior, mas eu nem mesmo olhei duas vezes para eles antes de me trancar no meu quarto pelo restante do dia, me afundando na cama e desejando jamais ser obrigada a sair de lá. Meu coração doía como o inferno, e eu não entendia o motivo para tudo isso.

Eu sempre soube que deixar as pessoas entrarem na minha vida era um tremendo erro. Aquela dor alojada dentro do meu peito apenas comprova algo que eu já sabia há muito tempo. Eu não era uma pessoa que merecia amizades verdadeiras, acho que eu estava destinada à solidão. E eu já deveria ter aceitado isso muito tempo atrás, mas era uma idiota com esperanças incrivelmente estúpidas de conhecer alguém que desejaria de verdade ficar ao meu lado.

Segunda feira de manhã, quando fui pra U.A me arrastando, desejei ser qualquer outra pessoa que não Aoi Kobayashi. Como eu sequer seria uma super heroína quando não conseguia ajudar nem a mim mesma? Eu era só muito patética, isso sim. Mas chega de sentir pena de mim mesma, pelo menos eu tentaria dar o meu melhor, mesmo que o meu melhor jamais fosse ser o suficiente.

Entrar na sala de aula e ver todos já numa puta energia caótica me fez esquecer por um instante de todo o caos dentro de mim mesma. Eu estava quase me sentindo aliviada quando olhos vermelhos cruzaram com os meus e meu coração despencou um pouco mais.

Kirishima pareceu bem perto de vir na minha direção para conversar comigo, determinado como sempre, e eu rapidamente desviei o olhar, caminhando para meu lugar como se não tivesse o visto. Senti de longe a hesitação de Kirishima e os sentimentos conflituosos o atingindo em cheio, o que fez eu me sentir totalmente culpada.

Mas eu não podia; não podia arrastar Kirishima para aquele buraco. Ele futuramente ia me agradecer por isso, pelo menos era o que eu esperava e dizia para mim mesma. Evitar Kirishima era a melhor opção, era isso! Mesmo que fosse fazer eu me sentir péssima, logo ele perceberia que eu estava certa e que não valia a pena. Ele esqueceria e desistiria e tudo voltaria ao normal, certo? Sim, claro! Era o melhor que eu podia oferecer. 

Me sentindo péssima, me sentei no meu lugar e afundei o rosto entre meus braços apoiados na carteira antes que Kirishima inventasse de tentar conversar comigo, fingindo estar dormindo. Kirishima era insistente, mas uma hora ele ia desistir, eu sabia disso. Ou pelo menos era o que eu queria. Né?

Eu não prestei muita atenção na aula, ainda mais quando se tornou um caos após Aizawa sensei avisar que precisávamos escolher um representante de turma. Sinceramente, eu não podia me importar menos com aquilo, por isso não estava prestando atenção nas discussões de todos sobre o como escolheríamos aquilo já que basicamente mal nos conhecíamos. Eu não queria ser representante, então jamais votaria em mim mesma, logo meu voto seria para Poppy apesar de ter a leve impressão de que talvez ela não fosse querer ser representante. Ela era uma pessoa boa e também seria uma boa líder, então se fosse para obedecer algum daqueles idiotas da nossa turma, eu esperava que fosse ser ela.

-Oi. - Tomei um susto e quase caí da cadeira ao escutar aquela voz. A princípio, fiquei um tanto alarmada por não notar a aproximação de ninguém. Mas fiquei mais aliviada ao perceber que não era Kirishima, mas sim Poppy, me olhando com as sobrancelhas um pouco franzidas em uma tentativa de esconder uma clara preocupação. E eu podia julgar, afinal? Ela tinha me visto chorar no banheiro no horário de almoço! Realmente, minha vida era mesmo bem patética.

-Oi! - talvez minha forma de dizer "oi" tenha sido extremamente exagerada e percebi isso pelo jeito como minha voz saiu aguda, quase como se eu estivesse tentando esconder algo. Vi Poppy conter um sorriso enquanto puxava a cadeira para se sentar ao meu lado, seus olhos bonitos me analisando por um instante, procurando por algo fora do lugar. -Desculpa, eu estava um pouco distraída.

Isso não era mentira. Estava tão perdida dentro de mim mesma, incapaz de esquecer o final de semana e tudo o que tinha acontecido até ali, que sequer notei Poppy e aproximar até ela estar do meu lado e falando comigo. O que, claro, só serviu para me deixar com uma cara ainda mais estranha.

-Como foi o seu final de semana? - ela perguntou como quem não quer nada, e involuntariamente eu acabei soltando um suspiro. Claro que isso já era mais que o suficiente para entregar o quão na merda eu estava naquele momento e Poppy era inteligente demais para deixar aquilo passar. Ela apenas arqueou uma sobrancelha para mim, mas não insistiu no assunto, porque Poppy definitivamente não era o tipo de pessoa que invadia seu espaço pessoal, isso estava mais do que óbvio para mim. Ainda assim, uma parte de mim queria desesperadamente tirar o peso que tinha se instalado dentro do meu peito, e por mais estranho que pudesse parecer, Poppy me trazia uma sensação diferente de conforto que nenhuma outra pessoa tinha trazido antes. Bem, quase nenhuma outra pessoa...

-Foi uma merda. - admiti, brincando com a caneta ente meus dedos apenas para não ter que encarar os olhos de Poppy. Ela ficou em silêncio, como se esperando eu continuar ou só desistir de falar. Eu suspirei, passando minha mão livre pelo meu cabelo, meus olhos percorrendo as pessoas na sala por um instante até pousarem em Kirishima. Ele estava conversando com Kaminari, mas não estava nem de perto tão animado como sempre e uma parte de mim sabia que aquilo era culpa minha. -Às vezes me questiono seriamente o porque eu insisto em tentar algo que claramente nunca vai dar certo.

Era uma frase enigmática, eu sabia, e também tinha deixado ela escapar acidentalmente. Arrisquei olhar para Poppy, mas não encontrei confusão em seus olhos, mas sim uma espécie de compreensão. Eu sabia muito bem que eu não era a única pessoa no universo com problemas, mas tinha a tendência egoísta de esquecer disso. Olhando para ela naquele momento me senti uma idiota por sempre estar só falando sobre mim mesma e meus próprios problemas. Que tipo de imagem péssima eu estava construindo, afinal?

Percebi que Poppy ficou inquieta de repente. Sua perna começou a balançar de forma ansiosa, e franzi as sobrancelhas por um instante, pois eu sabia que aqueles sentimentos conflituosos que sentia virem dela não tinham nada relacionado comigo. Abri a boca para perguntar se estava tudo bem e o motivo de sua mudança súbita já que eu era incapaz de ser delicada, mas Poppy voltou a falar, desviando o assunto, quase como se pressentindo o que eu estava prestes a fazer.

-Você é uma pessoa boa, Aoi. Só vai saber se vai ou não dar certo se tentar. - Poppy disse com um meio sorriso, quase como se ela fosse capaz de ver tudo o que eu estava sentindo. Eu apenas suspirei, estendendo meus braços sobre a mesa e deitando, meus olhos ainda fixos em Poppy.

-Você conhece a lenda do akai ito? - soltei acidentalmente, meus olhos arregalando um pouco ao me dar conta que estava falando demais.

-Sim, o fio vermelho das almas gêmeas. - Poppy disse me olhando como se tentasse entender o motivo de do nada eu ter começado a falar sobre isso. Eu só suspirei; já tinha começado, fugir do assunto agora ia só levantar mais suspeitas.

-Hipoteticamente, digamos que você é capaz de enxergar o fio vermelho e que odeia esse detalhe porque não acredita no amor e nem nessas bobeiras de almas gêmeas. E digamos que hipoteticamente você acabou descobrindo quem é a sua alma gêmea e tentou evitar a todo custo se aproximar, mas percebeu que isso é burrice. E ao mesmo tempo, também percebeu que é um erro muito grande arrastar essa pessoa para seus problemas. O que você faria? Claro, hipoteticamente. - não sei o porque comecei a falar quando isso era específico demais para ser hipotético. Poppy não era estúpida, claro que ela iria entender e me achar maluca e provavelmente qualquer chance de eu ter uma amizade tinha acabado de ir por água abaixo. Abri a boca para falar qualquer coisa para amenizar a situação, que era brincadeira ou sei lá. Mas nada saiu.

Poppy pareceu ponderar. E então, ela deu um pequeno sorriso para mim.

-Bom, nessa situação hipotética, acho que eu iria escutar mais o que meu coração tem a dizer. Como eu disse, a gente nunca sabe se vai dar certo ou não sem tentar. Mas claro, isso é só hipotético, né?

Ela sabia muito bem que isso não era nem de perto uma história hipotética. Poppy era inteligente; ela tinha entendido que a pessoa que podia ver o fio vermelho era eu. Ainda assim, senti que Poppy jamais contaria isso para ninguém. Ela era bondosa demais para isso, assim como Kirishima. Perceber isso me fazia começar a entender que nem todas as pessoas que cruzassem meu caminho seriam como meus pais, tentando tirar proveito da minha individualidade. E nem todos seriam como meus colegas de classe da antiga escola, se aproximando de mim apenas pelo mais puro interesse, para depois me humilharem e me excluirem completamente porque o destino não podia ser controlado da forma que desejávamos.

Eu apenas olhei para Poppy por um instante e sorri com sinceridade. Eu era grata a ela e as suas palavras, mesmo que para mim fosse extremamente difícil seguir aquele conselho.

E mesmo que eu fosse capaz de entender que Kirishima não era uma pessoa que me machucaria propositalmente, o problema não era ele. O problema jamais seria ele. Porque o verdadeiro problema era eu mesma. E quanto a isso, não existia nenhum tipo de solução. E talvez eu estivesse condenada a ser o tipo de pessoa a passar a vida sem a alma gêmea. Mesmo que a minha estivesse só a algumas carteiras na minha frente.

Data: 23/01/23

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