𖤍𖡼↷ 𝐓𝐇𝐈𝐑𝐓𝐘 𝐄𝐈𝐆𝐇𝐓
BIG THREE
Eu não podia dizer que estava totalmente bem. Apesar de estar determinada a me aproximar de Kirishima mais uma vez, de conseguir o conquistar, eu sabia que nada era tão fácil assim. E, querendo ou não, ainda machucava saber que ele não se lembrava de nós. Que os sentimentos que tinha por mim estavam perdidos, talvez para sempre. Mesmo com minha determinação de o conquistar mais uma vez, Eijirou não se lembrava dos momentos que tivemos juntos, momentos tão bons pra mim que vão ficar para sempre gravados em minha memória. E mesmo que eu faça de tudo pra construir novos, perder os antigos é algo que dói.
Eu estava tentando focar em outra coisa. Estava tentando focar na minha determinação acadêmica, estava tentando focar nas aulas, estava tentando de tudo para deixar toda essa situação com Kirishima em um segundo plano. Mas como eu faria isso se toda vez que seus olhos escarlate estavam sobre mim, me levavam para um lugar onde eu não queria estar? Como se eu sempre acabava me lembrando de tudo aquilo que eu tinha e perdi? Eu não podia me permitir pensar naquilo. Sabia que só ia servir para me deixar pra baixo, e ficar pra baixo não ia magicamente resolver todos os meus problemas.
-Você deveria relaxar, Pops. - falei sem a olhar, mas conseguia sentir o olhar de Poppy em mim. Eu apenas continuei fitando minha mão esquerda, aquele laço que parecia estar mais fraco a cada dia. Ou talvez fosse tudo coisa da minha cabeça, mas não me importava. Eu acho que tinha todo o direito do mundo de me preocupar com minha alma gêmea, mesmo que ele sequer lembrasse de quem eu era e do que nós dois costumávamos ser. Tudo bem, eu podia superar isso. Certo? -Eu tô bem. Acredita em mim.
-Você não precisa mentir pra mim. - Poppy retrucou, me fazendo apenas suspirar. Não era minha intenção mentir, eu só queria acreditar nas minhas próprias palavras. Mas claro que minha melhor amiga jamais ia acreditar nisso quando ela podia ver no meu rosto que tudo estava completamente fora do lugar. Eu amava Poppy pela amiga maravilhosa que ela era. Poppy não aceitaria assim tão fácil minhas desculpas, e quando tudo parecia estar completamente perdido e uma merda, pelo menos eu a tinha do meu lado para me dar o apoio que eu me negava a aceitar que eu precisava. Mas eu precisava mesmo assim. -Sei que não está tudo bem. Você tá toda hora olhando para o fio, Aoi. Para com isso, ele não vai sumir, é impossível.
-Eu sei. Mas parece que isso é a única coisa que me restou dele. - falei com um suspiro. Poppy apenas me olhou e eu sabia o que ela estava pensando. Sabia que estava preocupada e sabia que estava com medo de que eu voltasse para aquele buraco que custou muito me tirar. -Talvez eu esteja exagerando, mas eu fico chateada, poxa. Eu amo o Eijirou, ver que ele não lembra da gente é um pesadelo. Talvez eu até mereça isso por ter o rejeitado e afastado por tanto tempo, talvez seja o universo querendo me provar algo!
-Não diga essas coisas, Aoi. - Poppy falou torcendo o nariz para mim em uma careta engraçada. -Vocês dois estão sofrendo com essa história. Kiri tá tão desesperado quanto você por não conseguir se lembrar, ele se sente culpado pra caramba. A paixão por Mina ficou até esquecida, porque ele realmente tá tentando lembrar de você. Não importa que Kirishima tenha se esquecido de você, porque os sentimentos dele não são algo que possa ser apagado, entende? Ele não se lembra, mas está tudo lá. Você só precisa ser paciente e dar tempo ao tempo.
Poppy deu um sorriso sincero para mim e eu realmente me permiti acreditar e confiar em suas palavras. Eu não queria mais me sentir daquela forma, como se tivesse perdido uma das coisas mais importantes da minha vida e jamais fosse ser capaz de a ter de volta. O que eu pudesse fazer, eu faria, isso era um fato. Mas eu também tinha todo o direito do mundo de me sentir pra baixo, e eu estava realmente desanimada ultimamente. Mas eu daria um jeito nisso, já tinha superado coisas particularmente ruins em minha vida, e não iria permitir ser arrastada novamente para isso.
Eu apertei a mão de Poppy na minha com carinho e retribui o sorriso, tentando passar confiança para minha melhor amiga. Tudo o que eu menos queria era que Poppy ficasse ainda mais preocupada comigo. Eu sabia que era algo inevitável de se sentir quando você amava alguém, mas Poppy já estava com a mente pesada demais com toda a história confusa com Endeavor e o fato de estar tentando descobrir o estranho interesse que ele demonstrou ter nela. Tudo o que eu menos queria era fazer Poppy ficar ainda mais sobrecarregada por conta de meus próprios problemas. Não era justo e eu queria estar lá para apoiar Poppy da mesma forma como ela sempre me apoiava. Por Poppy, eu ficaria bem. E não só por ela, mas como por mim mesma também.
Quando entramos na sala, chocando um total de zero pessoas, estava o verdadeiro caos. Era como se a classe 1-A jamais fosse ser capaz de ser silenciosa, sempre parecendo prestes a derrubar tudo abaixo. Pensar aquilo me fez rir um pouco. Eu definitivamente não sabia de onde vinha tanta energia.
Midoriya estava verdadeiramente animado. Como um grandíssimo nerd, ele estava muito feliz por finalmente ter voltado para a aula após o final de sua suspensão. Bakugo deveria estar muito puto por Midoriya já ter voltsdo e ele não, mas também, quem manda ser burro. Arrumar aquela briga havia sido algo bem estúpido, até mesmo para Katsuki. Eu até entendo que ele estava com um turbilhão de sentimentos, afinal, eu conseguia sentir todos eles. Mas às vezes Bakugo tomava todas as decisões erradas, e aquela foi uma delas. Eu não era amiga de Midoriya, mas sabia que ele não merecia tomar as porradas que tomou só porque Bakugo estava em crise.
-Certo, agora que o Midoriya está de volta, é hora de vocês ouvirem a história completa sobre o estágio. - Aizawa disse, chamando a atenção de todos para si, fazendo a turma ficar silenciosa. -Podem entrar agora. Vocês vão ouvir sobre como isso é diferente da experiência de trabalho de antes, diretamente daqueles que passaram pelo mesmo processo. Eles tiraram um tempo livre dentro da agenta ocupada deles pra falar com vocês, então ouçam com atenção o que eles tem a dizer. Esses alunos do terceiro ano estão entre os melhores da U.A, e são conhecidos como Big Three.
Três alunos entraram na sala. Um loirinho com um sorriso animado, um garoto de cabelo cor indigo e orelhas pontudas que estava desesperadamente querendo sumir e uma garota extremamente linda de cabelos compridos e sorriso bonito.
-Então, podemos começar com uma breve apresentação? Começando pelo Amajiki.
O garoto de orelhas pontudas deu uma olhada para nós que fez um calafrio percorrer pelo meu corpo. Não só eu, mas como todos, ficamos com o mesmo sentimento de desespero e intimidação.
-Não dá, Mirio. Não importa o quanto eu tente imaginar que eles são batatas, tudo com exceção da cabeça, continua tendo forma humana. E tirando a cabeça, só consigo enxergar eles como humanos. O que eu faço? As palavras não saem de jeito nenhum. - o garoto disse, sua voz saindo completamente desesperada. Eu apenas pisquei os olhos, verdadeiramente perplexa. -Minha mente está em branco. Como isso dói. Quero ir embora!
E sem esperar por alguma resposta, ele apenas nos deu as costas e pressionou a testa contra a lousa, tentando se esconder a todo custo. A vontade dele de sumir era tanta que até mesmo fez eu me sentir mal por ele. Definitivamente alguém com fobia social.
-Ei, Amajiki-kun! Sabia que chamam pessoas assim de "coração de pulga"? - a garota bonita disse simpaticamente. -Mesmo você sendo um humano! Que intrigante. - e então, ela se virou para nós. -Esse é Amajiki Tamaki, a pulga, e eu me chamo Hado Nejire. Nos pediram pra conversar com vocês hoje sobre o estágio. Mas... Ei, ei, você! Porque está com máscara. Tá gripado ou é coisa da moda? - ela disse para Shoji, que piscou, confuso. Eu franzi o cenho.
-Isso é porque no passado...
Ela não esperou por uma resposta. Estava agitada demais para isso, o que me fez querer rir.
-Ahhh! Você é o Todoroki-kun, não é? Porque você tem uma queimadura aí?
Eu engasguei com minha própria saliva. Meu. Deus! A menina surtou, não é possível.
-Isso...
-Você é a Yamazaki? É verdade que você vê o akai ito? Ei, você é a Yoshida? Como faz pra ficar invisível? É tão legal! Se os chifres da Ashido-san quebrarem, vão nascer de novo? Eles se mexem? Isso no Mineta que parece uma bola é o cabelo? Como você corta ele? A Asui é uma sapo hyla ou um sapo bufo? Todos vocês possuem pelo menos uma coisa interessante! Que intrigante!
-Meu Deus. - murmurei e escutei Poppy rir. Eu estava até mesmo ficando zonza, incapaz de acompanhar aquela agitação toda.
-Ei, ei, Ojiro-kun! Consegue se sustentar com a seu rabo? Se importa em responder?
-Parece que todos vocês tem uma carência de racionalidade. - Aizawa disse, começando a se irritar. Isso só me fez rir.
-Ereaser Head, não se preocupe, por favor! - o loiro de topete e olhos azuis disse com um sorriso animado. -Eu sou a atração principal aqui! A jornada adiante...?
Fiquei com pena de o ver esperando por uma resposta e só recebendo o silêncio já que ninguém entendeu o que diabos aquilo deveria significar.
-Era pra vocês falarem "será cheia de desafios"! - o garoto retrucou dando risada. -Certo! Falharam miseravelmente em entender o ponto da conversa! A explicação do estágio que não é nem mesmo necessário foi deixada para estes estudantes do terceiro ano que apareceram do nada. Eu sei, não faz muito sentido, não é mesmo? Vocês conseguiram suas licenças provisórias sendo do primeiro ano, não é? Os calouros desse ano são realmente cheios de energia, né? Certo que minha apresentação ficou sem graça, então, o que acham de vocês se juntarem e lutarem contra mim?!
-Quê?!?! - todos gritaram, perplexos.
Ele definitivamente estava planejando algo. Eu não era estúpido, conseguia ver no brilho de divertimento de seus olhos azuis que o senpai estava armando algo para nós. Era claro que não conseguiriamos o vencer, afinal, se ele achasse minimamente que poderíamos o fazer, jamais iria sugerir algo do tipo. Por um segundo, me perguntei qual seria sua individualidade. Fiquei verdadeiramente intrigada enquanto franzia o cenho em confusão.
-Vai fazer mais sentido se eles sentirem a nossa experiência nos seus próprios corpos, não acha, Ereaser Head?!
-Faça como quiser.
E foi assim que terminamos o dia tomando a maior surra do ano.
Terminamos o dia humilhados após de fato tomarmos um cacete para Mirio Togata. A individualidade dele realmente me pegou totalmente de surpresa e ver a forma como ele estava tão familiarizado com ela fez eu me perguntar se um dia eu teria isso. Ele definitivamente tinha se tornado forte por sua força de vontade, algo que ia muito além de só ter aquela individualidade. Eu estava admirada, isso era um fato. Apesar de meu estômago estar doendo pelo soco que tomei ali quando tentei usar minha individualidade nele.
-Bom, acho que isso é tudo. - Mirio disse e todos nós ainda estávamos meio curvados e jogados no chão por termos levado socos. -Não sei por quê, mas todo mundo acabou levando um soco no estômago. Acham que minha individualidade é forte?
-É forte demais, isso sim! - Sero gritou.
-Não é justo quando penso na minha! Você pode atravessar as coisas e se teleportar! É um híbrido que nem o Todoroki? - Ashido gritou. Mas o senpai apenas deu uma risada divertida.
-Não é assim que a individualidade dele funciona! Posso dizer? Ei, ei! Eu sei essa! - Hado falou de forma animada, erguendo a mão.
-É a vez do Mirio falar, Hado. - Amajiki retrucou.
-É só uma palavra: permeação. - Mirio disse. -E aquele teleporte que vocês falaram, funciona exatamente da forma que notaram. Se eu ativar minha individualidade por todo o corpo, então consigo escorregar por qualquer coisa. Até o chão!
-Ah, então enquanto estava afundando, você na verdade estava caindo? - Ochako perguntou.
-Sim, caindo pelo chão! - Mirio respondeu. -E quando eu libero minha individualidade no meio de uma queda, uma coisa bem misteriosa acontece. Parece que dois objetos que tenham massa não podem ocupar o mesmo lugar no espaço, e por isso eu sou mandado de volta para onde estava. Ou seja, sou expelido do chão num instante! É assim que o meu tipo de teleporte funciona. Eu posso explorar ele ajustando o ângulo da trajetória dependendo da pose e posição do meu corpo!
-Isso parece um bug zoado. - Mina comentou, fazendo Togata rir.
-Ótima definição.
-Ele pode atravessar qualquer ataque e se mover pra onde quiser num instante. De qualquer forma que se avalie, é uma individualidade forte. - Tsuyu comentou.
-Não é forte. Eu a tornei forte. - Togata retrucou. -Quando está ativada, meus pulmões não conseguem puxar oxigênio já que qualquer ar que eu inalo simplesmente passa por mim. Da mesma forma meus tímpanos não vibram e minhas retinas não recebem qualquer luz. Eu atravesso tudo. Tudo o que retenho é minha massa. Sem poder sentir nada ao meu redor além da sensação de cair. Entenderam?! Por funcionar assim, mesmo que eu for atravessar uma simples parede, preciso ativar o corpo inteiro com exceção de uma perna, desativar a outra perna e plantar no chão, e então, ativar a perna restante e passar. Um simples movimento requer vários processos. Sim, é claro, eu fiquei para trás. Num piscar de olhos, eu caí no fundo do poço, minhas roupas cairam também. O único erro que não posso cometer com essa individualidade é demorar demais para recompor! Prever! Mais rápido que seus arredores! E ocasionalmente, os engane! Mas mais do que isso tudo, eu precisava ser capaz de prever. E o que torna a previsão possível é a experiência! Usem suas experiências para reunir sua previsões!
"Levou um tempo, mas esse é o verdeiro motivo do nosso treino. Ao invés de palavras, eu queria mostrar a você através de experiência! Durante o estágio, não somos convidados. Estamos lá como ajudantes, como verdadeiros profissionais. É realmente assustador e às vezes você precisa testemunhar até mortes. Mas todos esses momentos aterrorizantes e difíceis são ótimas experiências que vocês simplesmente não conseguem na escola. Eu usei toda essa experiência do estágio e a transformei em força! Assim, cheguei ao topo. E é por isso, novatos, que mesmo que seja aterrorizante, vocês tem que fazer!"
As palavras dele me atingiram bem mais do que Mirio pretendia. E no fim das contas, eu percebi que desistir não era uma opção. Pelo menos, não para mim. E eu lutaria, assim como ele lutou, até o fim pelo que eu queria.
Data: 25/03/24
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