𖤍𖡼↷ 𝐎𝐍𝐄
KIRISHIMA EIJIROU
A verdade é que, apesar de não ter vivido tanto quanto pessoas mais experientes do que eu, já tinha presenciado histórias demais para chegar a conclusão que amor verdadeiro não existia, e muito menos amor a primeira vista. Essa história é apenas ridícula, pois amor a primeira vista é apenas amor pela aparência e pela imagem que você criou sobre a pessoa dentro de sua própria mente, e não necessariamente sobre quem ela é de verdade. Além disso, também é fácil perceber que amor verdadeiro não existe quando qualquer mínima coisa já parece ser o suficiente para fazer as pessoas desistirem completamente uma da outra. Você não tem tanto dinheiro assim? Que pena, acho melhor seguirmos caminhos diferentes.
A verdade é essa: eu não acreditava no amor. Não por eu nunca ter me apaixonado e porque nunca tive experiências amorosas, mas sim porquê eu sabia melhor do que ninguém que isso não existia. Eu conseguia ver claramente nos meus próprios pais, que sequer pareciam se amar, mas sim estavam juntos por interesses que tinham em algo que o outro possuía. Não existia amor, não existia amizade, apenas segundas intenções, e todo aquele conto de fadas e ideia de família perfeita se torna um grande monte de merda nenhuma.
Então, não, eu não me considero uma pessoa ruim por não acreditar nessa porcaria toda que a sociedade impõem em relação a amar e se apaixonar por alguém. Para mim, é uma visão totalmente deturpada, pois amor deveria ser algo grandioso, mas é tratado como algo tão ralo que apenas não me dá a menor vontade de saber ou experimentar dessa droga. E eu não me considero uma pessoa ruim por tão ter a menor vontade de dar uma chance para descobrir. Eu era tão feliz longe do final daquele maldito fio vermelho ligado ao meu dedo mindinho, e milhares de vezes eu tentei o quebrar. Mas, no final das contas, a lenda era verdadeira: não importa o quanto ele fique frágil, o quanto fique longe, o quanto fique embolado, você não pode partir o fio vermelho do destino.
O que, dando minha sincera e humilde opinião, era um grande pedaço de bosta.
Então, sim, eu realmente não tenho vergonha nenhuma de admitir que comecei a passar mal no momento em que me dei conta que aquele garoto com dentes de tubarão era o dono da outra ponta do meu fio. Comecei a passar tão mal que cogitei seriamente ir embora e nunca mais voltar.
Quando entrei para U.A, sabia que viveria grandes emoções e também muitas dificuldades. Fazia parte do pré requisito para ser um super herói, e ninguém nunca fez questão de esconder o quanto era uma vida difícil. Eu tinha plena consciência disso, e já entrei preparada para enfrentar os maiores e mais dificeis desafios. Mas eu não pensei que enfrentaria logo tudo aquilo que menos desejava.
7,7 bilhões de pessoas na Terra!
7,7 bilhões e, ainda assim, a minha pessoa estava bem ali, na minha frente, tentando socializar com o resto da sala e totalmente alheio ao fato de que nossos destinos eram entrelaçados um ao outro. Estava ali, e era quase como uma piada cruel do universo, principalmente quando eu tinha passado tanto tempo me vangloriando por saber que as chances de achar minha metade eram basicamente nulas. Eu era feliz por isso, inclusive! Eu nunca quis e nunca tive o menor interesse em saber quem era a pessoa que era dona do final do meu fio!
Era quase como uma piadinha de muito, muito mal gosto mesmo. E agora, tudo o que eu mais desejava, era apenas poder desaparecer. E o primeiro dia de aula sequer tinha começado ainda.
Meu coração estava batendo forte dentro do peito, e não era exatamente aquela ansiedade boa que sentimos, a adrenalina correndo por nossas veias. Era mais um sentimento de puro desespero, sabendo que eu não tinha como fugir da verdade e do óbvio.
Pessoas lutavam todos os dias para encontrar suas almas gêmeas. E elas choravam quando achavam que encontravam e eu acabava com suas esperanças ao dizer que não estavam conectadas uma a outra. Por isso, eu nunca nem mesmo quis saber quem era a minha pessoa ou me aproximar dela. Ver os outros sofrendo tanto por causa do amor me fez o renegar completamente. Mas agora, aqui estava eu. E porque logo comigo que não tinha o menor interesse nisso, porque não com as pessoas que realmente desejavam saber, afinal?
-Ei, você tá bem? - a voz dele era gentil e parecia preocupada de verdade, o que me pegou totalmente de surpresa. Talvez o que mais tenha me pego de surpresa, tenha sido o fato de que o garoto de cabelos vermelhos tinha se aproximado de mim sem eu sequer me dar conta disso, parando bem na minha frente e fixando os olhos vermelhos em mim, a preocupação nítida em seu rosto.
Se eu tivesse percebido ele se aproximar, teria dado um jeito de fugir, mas agora era apenas impossível.
-Você parece que está passando mal, tá tudo bem? - ele insistiu, dando mais um passo na minha direção, o que fez eu fazer uma careta e desejar imensamente esquecer que esse dia um dia existiu. Uma merda; minha vida era uma grande de uma merda.
-Eu tô simplesmente ótima, porque? Eu pareço ruim pra você? - falei, soando mais ríspida do que desejava. Tudo bem, eu não queria saber que ele era minha alma gêmea, mas talvez eu não devesse ter sido tão grossa assim com ele.
Ele me olhou de uma forma meio sem graça, dando um sorrisinho amarelo que me fez ter uma visão mais nítida de seus dentes afiados. Ele coçou a nuca, meio seu jeito.
-Desculpa, só parecia que você estava precisando de ajuda, só isso! Você não parece ruim não, foi só impressão minha. - ele disse e não me deu tempo para o dar um corte antes de se apresentar. -Sou Kirishima Eijirou.
-Kobayashi Aoi. - murmurei, querendo apenas sumir daquele lugar.
Eu não conhecia ele, e também não existia aquele papo de amor a primeira vista. Ele ser a outra ponta do meu fio, para mim, não significava absolutamente nada. A lenda dizia que nossos caminhos se encontrariam, e isso claramente tinha acabado de acontecer. Mas não significava que eu precisava gostar dele. O que eu certamente sabia que não ia acontecer.
-Você tem um nome bonito. - ele disse de forma simpática. Ia ser difícil dar um jeito de o manter longe de mim, mas era o melhor tanto para mim quanto para ele, e minha especialidade era ser ácida demais com as pessoas. Ele sairia correndo, eu tinha certeza disso.
Mas algo em seu sorriso me dizia que aquele seria um longo, longo dia de aula.
O primeiro dia na U.A não foi absolutamente nada como eu tinha imaginado que seria. Apesar de não ter ficado em último na pontuação após as atividades físicas que Aizawa sensei passou e ter tido uma colocação até que aceitável, era nítido o como a classe 1-A estava cheia de pessoas com individualidades fortes e incríveis. Tudo estava realmente me intrigando, até mesmo o porque diabos aquele garoto de cabelos verdes não sabe como usar a própria individualidade.
Todos estavam agitados enquanto arrumavam suas coisas para irmos embora. Eu me sentia verdadeiramente cansada, ainda mais por não ter conseguido nem comer direito por conta de todo o caos que conhecer aquele garoto de cabelo vermelho trouxe a minha vida. Eu estava bem ciente que ele estava morrendo de vontade de vir me perguntar de novo se eu estava bem, mas presumo que algo na minha imensa cara de cú tenha feito ele apenas deixar pra lá.
Agora, o que estava me deixando muito curiosa mesmo era aquela garota ruivinha e a bombinha de cabelo loiro. Porque ficou claro, pelo menos pra mim pela forma como as coisas tinham desenrolado entre eles, que se conheciam de fora da U.A, assim como o garoto de cabelos verdes conhecia a biribinha ambulante. O que me deixava com muita curiosidade mesmo era o fato que o fio vermelho dos dois, da ruivinha e do loironho, era o mesmo.
Fazendo, novamente, o destino zombar da minha cara, porque como isso poderia acontecer mais uma vez e na mesma sala? Era como se o destino tivesse zombando de mim e querendo me provar que não importava bosta nenhuma tentar fugir dele, pois ele aconteceria, demorando décadas ou às vezes nem tanto assim.
Kirishima fez menção de vir na minha direção quando estávamos saindo para ir embora, mas eu fui bem mais rápida em me enfiar no meio das pessoas para dar o fora daquele lugar o mais rápido possível. Eu sabia que ia ser impossível fugir dele para sempre já que éramos da mesma turma e assim ficaria muito provavelmente até terminarmos a escola, mas eu ia aproveitar até o fim enquanto podia evitar ele. Foda se o destino! Sou eu quem tomo minhas próprias escolhas, e eu escolhi dizer não para aquela droga de fio vermelho que não significa porcaria nenhuma!
Eu estava tentando sair o mais despercebida possível já que todo mundo estava pedindo números de celular de todo mundo para socializar, algo que, por mais que eu quisesse, ia ter que evitar já que não queria que meu número fosse parar nas mãos de Kirishima. Era isso, já estava decidido e nada ia fazer eu mudar de opinião!
Foi ai que notei que a garota ruiva estava tentando fazer a mesma coisa que eu: fugir de todo mundo. Automaticamente, já senti compaixão por ela. Mesmo que eu gostasse de conversar com outras pessoas, eu estava muito mais empenhada em mandar o meu destino ir se fuder, então se Kirishima estivesse em um canto, eu estaria no outro.
Mas ela estava sozinha e claramente indo para a mesma direção que eu, então...
Não pensei muito ou o como talvez fosse ser inconveniente antes de me aproximar ela, fazendo a garota arregalar um pouco os olhos no processo. Ela era bonita; bonita pra caramba, na realidade. Eu poderia ter ficado apenas admirando os olhos bonitos dela, e quase soltei uma risada ao me dar conta que ela estava com vergonha.
-Você é da minha sala, né? Sou a Aoi. - falei abrindo um sorriso sincero para ela, e, então, torci o nariz. -Você e aquele loirinho irritante lá se conhecem? Porque vocês dois...
Parei de falar na hora que me dei conta para onde estava indo. Eu estava quase quebrando minha promessa de não falar nada ao quase dizer para ela sobre o fio vermelho! Puta que pariu, é impressionante.
-Enfim, deixa pra lá. Você tá indo pra estação? Posso ir com você? Eu só quero fugir daqui e daquele garoto de cabelo vermelho. - falei, sem me importar com o quanto minha frase pudesse ter soado de forma ruim.
Mas ela riu baixinho, se do meu desespero ou da minha loucura, não sei dizer.
-Pode me chamar de Poppy.
Eu não sabia na época, mas, naquele momento, algo muito maior que uma simples amizade se iniciou entre mim e ela. E Poppy se tornaria muito mais que uma amiga de classe para mim.
Boa noite povo bonito! Tudo bem com vocês? Espero que sim!
Capítulo pra mostrar um pouco mais do surto da Aoi. Ela ainda vai mudar muuuito seus pensamentos, assim como as amizades dela vão ajudar ela a mudar
Inclusive,
Poppy e Aoi = tudo pra mim <3
Votem e comentem, isso ajuda demais e me deixa mais inspirada a continuar!
Espero que gostem <3
~Ana
Data: 07/08/22
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