Heartbreak Weather | Arthur Leclerc
Naquele pequeno porém renomado estúdio de dança em Mônaco, no horário apenas dela e de sua treinadora, Olympia estava enfrentando dificuldades que não eram normais para ela. Estava errando passos que ela fazia com perfeição e não conseguia entender o porquê. O som de Break My Heart de Dua Lipa preenchia toda a sala enquanto a morena lutava contra seu dia ruim.
Clementine Deschamps era uma bailarina aposentada, agora coreógrafa e dona de uma das mais respeitadas escolas de dança da região do principado. Ela estava de braços cruzados e com uma das mãos no queixo, observando sem entender o que acontecia com sua melhor aluna naquela manhã. Olympia Santini era seu novo projeto, ela cuidava da carreira e das coreografias da monegasca de perto.
Havia algo de errado.
Ela sabia apenas de olhar para a garota de 20 anos que conhecia desde que era apenas uma criança. O que Clementine não entendia era que não era algo que estava errado, mas sim, alguém.
Era 14 de fevereiro. Dia de São Valentim. Dia de celebrar o amor e os amantes. Olympia odiava essa data, achava brega e sem sentido. O que tornava aquele dia especial era seu melhor amigo de toda a vida, Arthur. Ele amava o dia dos namorados, sempre havia amado e ela nunca tinha entendido o motivo.
Ela tinha que ser totalmente honesta consigo mesma e admitir que um dos motivos que a faziam repudiar aquela data era ver Arthur com outra pessoa. O que acontecia em outras épocas do ano, mas era especialmente doloroso quando se tratava de fevereiro. Parecia que todos à sua volta viviam dentro de um filme da Julia Roberts e ela continuava sozinha.
Na verdade, ela vivia em um filme, "Casamento do Meu Melhor Amigo''. Enquanto Arthur, a pessoa mais romântica que conhecia, tinha tantas ideias diferentes para surpreender suas namoradas. E Oly escutava todas e o ajudava a executar, porque era isso que ela era para ele, a melhor amiga para todas as horas.
Mesmo sabendo que ela odiava aquela data melosa, Arthur nunca deixava passar em branco, sempre a surpreendia com algum presente brega que ela odiava. O que era extremamente ridículo, pois eles eram apenas amigos. Não importava o quanto Olympia quisesse que eles fossem mais que isso, Arthur a via como uma irmã e só lhe dava presentes para irritar.
No ano anterior, ele estava na Itália. Com sua carreira de piloto começando, cada vez ele passava menos tempo em Mônaco, e mesmo fora do país, ele havia garantido que ela recebesse o presente. Um urso enorme com um coração vermelho na barriga, ela havia o nomeado de Valen, como um apelido para Valentine e ele estava em cima de sua cama até hoje.
Mas nesse ano, ele estava em Monte Carlo. Tinha se planejado para isso meses atrás, pois queria passar o dia com sua namorada. Não esperava que fossem terminar poucas semanas antes. A distância tinha sido demais para que o relacionamento deles se sustentasse e por isso, era a única vez que Olympia não via seu amigo animado para o dia dos namorados e isso partia seu coração.
O que a deixava nervosa, no entanto, não era São Valentim ou seu melhor amigo, era o que ela tinha planejado para o dia. Arthur nunca a deixava de lado, mesmo se estivesse namorando, então, ela iria retribuir. Tinha planejado o dia dos namorados perfeito para ele. Ele, que sempre era o responsável pelas surpresas, agora seria surpreendido.
A dançarina sabia o quão estranho aquele dia dos namorados entre amigos poderia parecer, mas sabia que para ele seria perfeito. Estava nervosa porque para si mesma, aquele era o dia dos namorados que ela queria que fosse verdadeiro. E o que Arthur merecia. O maior fã do dia dos namorados não poderia não comemorá-lo.
Não importava o quanto tentasse, ela não conseguia deixar essa ansiedade para trás.
A dança era um esporte tão crítico e competitivo como todos os outros. Olympia lidava bem com a pressão e ansiedade, e para Clementine, isso a tornava uma aluna ainda mais completa. Com talento, técnica, dedicação, perfeccionismo e uma mentalidade forte, a coreógrafa tinha certeza que o nome de Olympia Santini ainda seria muito prestigiado. Mas quando se tratava de sua vida pessoal, não era tão boa em controlar suas emoções.
Oly não escutou as tímidas batidas na porta ou percebeu a movimentação de Clementine para abrir. Percebeu a presença dele no gran finale de sua coreografia: um salto seguido por um giro em que ela cairia na posição final com os dois pés no chão e um dos braços erguidos.
"Am I falling in love with the one that could break my heart?"
A voz de Dua Lipa soou pela última vez e Olympia se perdeu, caindo no chão e fazendo um barulho alto.
— Terminamos por hoje? — Clementine sugeriu e ela aceitou. Olhou para o relógio da parede e tinha apenas mais 6 minutos de aula, não faria mal encerrar um pouquinho antes.
Ela se virou para o loiro alto de olhos azuis que, desde que havia chegado, tinha prestado atenção em todos os seus movimentos. Ele segurava um buquê de flores enorme.
— Isso deve ter doído — Arthur comentou, fazendo uma careta e em seguida riu.
Olympia riu fraco.
— Só um pouco. — respondeu.
— Feliz dia de São Valentim! — Arthur sorriu e lhe entregou as flores. Ela rolou os olhos para as rosas em tons diferentes de laranja e rosa claro — A sua cor preferida e a cor que você mais odeia. Achei um equilíbrio bom — Olympia riu.
— Eu não odeio rosa claro, eu só acho básico demais e não aguento mais meus collants de apresentação serem dessa cor. Sem contar que é totalmente sem graça e morre no meu tom de pele — ela se defendeu e olhou bem para a feição provocativa de Arthur — Ok, talvez eu odeie rosa claro.
Olympia e Arthur se conheciam há tanto tempo que possivelmente conheciam o outro melhor que a si mesmos. Não era como se eles fizessem esforço para lembrar esses pequenos detalhes como a cor que ela odiava, era natural. Com apenas um olhar, ela podia decifrar o que Arthur estava sentindo. Eles brincavam dizendo que eles podiam se comunicar telepaticamente e era basicamente isso que acontecia mesmo. Por isso, mesmo ele jurando que estava tudo bem, Olympia sabia que era mentira.
O relacionamento de Chloe e Arthur tinha sido rápido, mas intenso, Olympia nunca tinha visto o amigo tão apaixonado como ele estava pela loira. Ela não sabia muitos detalhes sobre o término, além de que a distância entre a Itália e Mônaco tinha sido demais, mas desconfiava que o ciúmes extremo também tinha sua parcela de culpa.
Chloe nunca entendeu a amizade de Arthur com Olympia e ele não podia chegar muito perto de qualquer garota sem que ela tivesse uma crise de ciúmes. Não tinha sido a primeira namorada a ter ciúmes da dançarina e provavelmente não seria a última. Oly odiava isso. Ela sempre tinha todo o cuidado do mundo para que as namoradas de Arthur se sentissem confortáveis perto dela e entendessem que não havia nada além de amizade e cumplicidade entre eles.
Arthur, por sua vez, não tinha paciência para ciúmes. Principalmente se fosse direcionado à sua melhor amiga. Por isso, quando Chloe surtou e o fez escolher, ele nem sequer pensou antes de dizer Olympia. Ele nunca contaria isso para ela, porque não queria que ela se sentisse culpada por ele ter namorado uma maluca que terminou com ele por um motivo idiota.
O mais idiota dessa história, no entanto, era o quanto o fim do relacionamento estava afetando o loiro. Ele nem sequer gostava tanto assim de Chloe.
— Eu tenho uma surpresa para você. — Olympia contou animada.
— Uma surpresa? Você? — ele riu alto, desacreditado. — Você odeia surpresas, Olympia.
— Uma surpresa de dia dos namorados.
Arthur chegou perto dela e colocou a mão em sua testa, como se estivesse medindo sua temperatura.
— Sem febre. — ele constatou. — A outra única opção é você ter sido abduzida por um alien.
— Ha-ha. — ela fingiu achar graça. — Eu odeio tudo isso, mas você gosta, então hoje eu vou aturar toda essa baboseira para você poder comemorar essa data ridícula.
— Tantos insultos na mesma frase que até estou com medo do que você preparou.
— Espere aqui. — ela disse e saiu correndo com a graciosidade de uma dançarina para fora da sala.
Clementine a viu correndo pelos corredores e não entendeu nada, mas quando Olympia fez o caminho da volta, com balões em formas de coração, ela entendeu, em partes. Porque estava tentando decifrar a história por trás daqueles balões desde que havia chegado no estúdio pela manhã. Mas não entendia Olympia com eles, pois achava que ela era solteira.
Arthur riu ao ver sua melhor amiga com três balões em formatos de coração, todos rosas e um deles escrito "be mine". Sutil.
— Você não fez isso! — gargalhou.
Ela entregou os balões para ele.
— Obrigado por isso. Mesmo. Está salvando meu dia.
— Essa era a minha intenção. — ela sorriu.
— Você é a melhor.
— Eu sei! — brincou.
•
Ela estava tentando não parecer nervosa e julgava estar fazendo um bom trabalho, estar perto dele era sempre reconfortante e lhe passava tranquilidade. Estava agindo normalmente e aproveitou o tempo que disse para ele esperá-la enquanto ela ia se trocar para dar uma última surtada: gritar com seu moletom contra a boca para evitar o som. Depois de ficar pronta, disse para seu reflexo no espelho que estava fazendo uma tempestade em copo d'água e que tudo iria acontecer conforme os planos e não seria esquisito.
Olympia nem sabia como tinha planejado todo aquele dia, mas ele estava gostando e isso era o que ela queria. Arthur estava extremamente curioso sobre a surpresa que ela tinha planejado, não era nada do feitio dela fazer algo assim. Ficou ainda mais intrigado quando ela insistiu em dirigir seu carro. Ela odiava dirigir.
— Eu sei dirigir, Arthur. Deixa de ser idiota. Não vai acontecer nada com o seu carro.
— Eu sei que você sabe, eu que te ensinei a dirigir.
— Viu? Não confia em si mesmo como professor? — ela estendeu a mão para ele. — As chaves, por favor.
Ele bufou, derrotado, e entregou as chaves para ela. Estava inseguro em deixar a melhor amiga dirigir seu carro, ela não era a melhor motorista. Mas aparentemente, esse seria o único jeito de continuar com a surpresa e a curiosidade e expectativa eram maiores que qualquer medo envolvendo as duvidosas habilidades de Olympia no volante.
— Olympia, eu juro por Deus... Se acontecer alguma coisa com o meu carro... — ela não escutou, entrou no carro e bateu a porta. — A porta! Inferno, isso foi uma péssima ideia.
— Você não vai achar uma péssima ideia quando ver para onde estamos indo.
— Ser misteriosa não combina com você, sabia? — ele colocou o cinto de segurança. — Vai devagar. — Olympia rolou os olhos e acelerou, ignorando propositalmente a recomendação dele.
Ele era um grande dramático porque nem reclamou, ficou olhando o caminho que ela fazia tentando descobrir onde iriam, falhando totalmente na missão.
— Eu tive um sonho estranho essa noite. — contou.
— Eu amo os seus sonhos. Como foi? — Arthur se virou para olha-lá, que permaneceu olhando a rua.
Desde que eram crianças, Arthur tinha sonhos bizarros e sem explicação. Poderiam envolver submarinos, aliens ou até super-heróis. Ele adorava contar para Olympia, porque ela sempre se empolgava, tentando achar um significado para eles. Quando ele contava para seus irmãos mais velhos, eles diziam que ele tinha comido muito doce durante o dia anterior, mas sua melhor amiga dizia que se ele sonhava com uma montanha-russa, era porque ele estava confuso com alguma coisa. Com o tempo, ela até tinha ganhado o hábito de pesquisar sobre possíveis significados e interpretações para sonhos.
— Eu estava na praia sozinho e você apareceu, me chamando para fazer uma trilha para ver golfinhos, o que eu não entendi nada.
— Praia? — perguntou, levemente chocada por ser parte da surpresa dela ser no mesmo cenário.
— Isso. Você me levou nessa trilha que era longa e meio estreita, até que a gente chegou no lugar, no meio do nada, e ficou olhando o mar e o céu. Tinham uns golfinhos brincando na água, sabe? — ela fez que sim com a cabeça. — E o pôr do Sol começou, quando ficou escuro tinham duas luas no céu! — ele riu. — Duas luas cheias meio sobrepostas e quando eu perguntei para você se você conseguia ver, você disse que não.
Olympia riu.
— Você está preocupado com alguma coisa? Dizem que quem sonha com golfinhos pulando está preocupado com alguma coisa. E luas cheias geralmente significam sorte no amor. — Olympia analisou.
— Sorte no amor? Logo eu, que acabei de terminar? — eles riram.
— Não sei, cara. Talvez, você tenha conhecido alguma garota nova e não me contou? Por isso que está preocupado, porque não consegue esconder nada de mim e por isso que eu não conseguia ver as duas luas, você não me contou nada.
— Não conheci ninguém. — ele concluiu. — Mas, talvez, eu conheça em breve e meu subconsciente está me preparando.
— Deve ser isso. — a dançarina concordou.
Ele continuou tentando analisar o próprio sonho, mas Olympia parou de prestar atenção, pois tinha que fazer uma baliza para estacionar onde queria. De repente, a ideia de dirigir o carro do amigo não era mais tão genial quanto ela tinha pensado.
Suspirou derrotada.
— Eu não sei fazer isso. — afirmou. — Estaciona o carro enquanto eu pego nossa comida.
— Não vamos comer aqui? — ele perguntou confuso, olhando a fachada da sua doceria preferida um pouco à frente. Oly negou com a cabeça e pulou para fora do carro.
— Espera aqui.
Arthur odiava esperar e quando Olympia saiu praticamente correndo sem dar tempo para ele argumentar, ficou ainda mais frustrado. Não conseguia sequer pensar em alguma possibilidade para a tal surpresa que ela tinha preparado.
Tentou matar o tempo olhando as redes sociais e se arrependeu, odiando ver todos os casais felizes em sua timeline. Olympia estava demorando e ele estava impaciente. Voltou a pensar no sonho, tinha algo incomodando ele que dizia respeito à Olympia desde que Chloe tinha terminado com ele, mas ele não conseguia decifrar. Seguindo a interpretação da própria, duas luas cheias significavam amor e os golfinhos preocupação. Poderia ser ele sentindo algo que ele não deveria sentir por ela e ela não o correspondendo?
Não. Isso definitivamente não poderia acontecer.
Para a sorte dele, Olympia voltou o tirando dos devaneios. Ela estava carregando uma sacola de papel cheia e uma caixa grande. A sacola de um restaurante famoso e a caixa da doceria que ele gostava. Ela o obrigou a voltar para o lugar do passageiro e segurar a comida enquanto ela dirigia até o píer de Monte Carlo, no caminho conhecido pela orla.
Arthur não aguenta de curiosidade e espia a caixa de doces.
— Ei! Arthur! — Olympia brigou.
— Desculpa!
Haviam 12 cupcakes de chocolate, cada um com uma letra formando a frase "my friendtine", junção de friend com valentine.
— Boa sacada. — brincou.
"E é por isso que você não pode gostar dela", pensou, se condenando.
Ela estacionou bruscamente e o assustou o quão perto ela parou em frente as bicicletas paradas ali.
— Toda delicadeza que você tem, você deixa na pista de dança. — o piloto comentou emburrado e ela mostrou a língua em resposta. — Essas bicicletas são as nossas? — ele reconheceu.
— Aham. As deixei aqui ontem com a ajuda do seu irmão.
— Charles? — perguntou, confuso.
— Até parece. Lorenzo.
— Faz mais sentido agora.
Ela tirou do bolso as chaves dos cadeados e soltou as bicicletas. Arrumou com cuidado a sacola e a caixa de comida na cesta que possuía.
— Não vai me dizer nunca onde vamos?
— Você vai ver.
— Eu não gosto desse seu lado misterioso. — Arthur reclamou, enquanto subia em sua bicicleta e seguia o caminho que ela fazia, indo em direção às praias mais vazias e longe do centro.
— Você é tão rabugento quanto um velho de 90 anos. — Oly retrucou.
•
Chegaram em uma pequena praia vazia, de certa forma, escondida no meio da paisagem urbana. Não haviam os barcos que faziam parte da paisagem de Mônaco, mas era possível vê-los navegando por perto. Era como um pequeno Oásis.
Olympia tirou uma toalha da mochila e Arthur entendeu do que tudo aquilo se tratava: um piquenique. Era simples e era tudo o que ele precisava, uma calmaria que apenas o mar, sua cidade natal e sua melhor amiga poderiam passar. Eles comeram e conversaram, contando todas as novidades. A última corrida dele, a próxima apresentação dela, fofocaram sobre a vida de outros amigos que tinham e sobre o novo namorado da mãe dela.
Tardes assim eram o que ele mais sentia falta quando estava viajando.
Ele respirou fundo, olhando para o horizonte.
— Você já pensou como seria se nós namorássemos? — Arthur perguntou. Olympia limpou a garganta, tentando não se engasgar com o cupcake depois do susto que tomou com a pergunta repentina. Ele riu. — Não precisa quase morrer só de pensar em me beijar, Oly, não sou tão nojento assim.
— Idiota, você só me pegou de surpresa. — ela respondeu. — Nunca pensei como seria. — mentiu. — Por quê?
— Porque seria tão mais fácil. Nós nos conhecemos melhor que ninguém, nunca brigamos, gostamos das mesmas coisas e não iríamos quebrar o coração um do outro.
— Talvez. Mas e se a gente terminasse? Quem iria te aguentar senão eu?
— A gente não terminaria. — respondeu, sem hesitar.
Olympia odiava o fato de que as borboletas idiotas em seu estômago estivessem fazendo uma festa só pela convicção com que Arthur estava falando e por ter pensado em estar com ela dessa forma. Ela se sentia estúpida.
— Não tem como prever isso. — ela retrucou.
— Nós somos nós, Olympia. A melhor dupla do mundo. Não terminaríamos.
— Por que você está dizendo isso?
Ele deu de ombros.
— Só estava pensando. — ele pegou outro cupcake para comer.
Eles não se atreveram a desviar o olhar. Continuaram encarando as ondas do mar, em um silêncio constrangedor e nada comum para eles, que nunca ficavam sem assunto ou sem saber como reagir ao outro.
— Não acha que seria esquisito? — ela arriscou.
— Não sei. Não tem como saber algo que nós nunca tentamos.
Olympia não entendia nem um pouco aquela conversa. Nunca tinham falado sobre esse assunto dessa forma. Quando alguém dizia que eles ainda iam namorar ou os confundiam com um casal, eles riam e brincavam. Arthur nunca tinha trazido o assunto daquela forma e Olympia estava despreparada. Não sabia o que responder, não queria pensar que ele estava insinuando algo.
No final do dia, ela só queria não se machucar.
— Nós temos que ir. — ela encerrou a conversa. — A próxima parte da surpresa nos espera no píer!
— Ainda não acabou? — Arthur perguntou confuso e ela fez que não com a cabeça. Oly saiu correndo da areia e pegou sua bicicleta.
— Corrida até lá?
— É óbvio que sim. — ele respondeu e ela acelerou. — Isso não vale! — ele gritou, mas foi ignorado.
•
Eles tinham tempo para matar antes da surpresa começar. Olympia, por mais incrível que parecesse, havia feito de sua boca um túmulo e Arthur estava completamente no escuro.
Arthur guardou as bicicletas no carro e eles caminharam pelo píer. Uma brisa fria incomodava um pouco mas não atrapalhava, era o sentimento de estar em casa. Todo aquele dia estava sendo como uma viagem de volta à infância, desde explorar a orla com ela até vê-la ensaiar.
Havia algo diferente que ele não conseguia decifrar. Olympia estava diferente. Ele estava diferente. Talvez fosse a energia de 14 de fevereiro mexendo com sua cabeça.
— É aqui. — ela disse e apontou para um músico que estava sozinho, apenas com um violão e chapéu no chão, esperando por moedas.
— Tem certeza? — perguntou baixinho, apenas para ela.
— Oi, Oly! — o músico disse, acenando.
— Oi, Chris! Está na hora?
— Você quem manda! — ela sorriu em resposta e no mesmo instante, Chris começou a tocar os primeiros acordes de uma música famosa e clichê.
Arthur riu.
— Não acredito que você fez isso!
— E eu já perdi as contas de quantas vezes você disse isso hoje! — ela riu.
— Obrigado por hoje. É o melhor Valentine's Day da minha vida.
Ela começou a se movimentar no ritmo de Just the way you are do Bruno Mars e puxou Arthur para dançar com ela. Ele era a pessoa com menos talento para a dança que existia em todo o principado, mas Olympia foi insistente. Quando ela conduzia, ele nem era tão ruim. Charles dizia que quando o talento de Olympia era capaz de disfarçar a falta de talento de Arthur era quando podia comprovar o quão boa ela era.
A música, uma espécie de hino para os apaixonados, cantada e tocada por Chris e somada a dança de Oly e Arthur, atraiu um pequeno público. Todos que passavam pelo píer naquele momento pararam para ver o pequeno show.
Arthur ficou tímido quando percebeu que era observado, assim que a música acabou. Chris emendou com outra do Bruno Mars e agradeceu pelo dinheiro deixado no seu chapéu. O piloto puxou Olympia para longe da pequena multidão enquanto ela terminava de pagar e de se despedir de Chris por tê-la ajudado com a surpresa.
— Vocês são um casal muito bonito! — um senhor diz quando eles passam por ele.
— Ah, obrigada. — Olympia respondeu sem jeito. — Não ri. — disse para Arthur.
— Você é uma idiota. — ele respondeu rindo. — Me fez dançar! Em público!
— Fala sério, você adorou.
— Como você fez tudo isso?
•
— Sua mãe não está em casa? — Arthur perguntou, notando o silêncio no apartamento da melhor amiga.
— Ainda é dia dos namorados. Ela saiu com aquele idiota. — ele riu.
— Deixe de ser chata, ele não é um idiota só por namorar sua mãe e não ser seu pai.
— Não acho ele idiota por isso. Se esse fosse o motivo, eu também acharia minha madastra uma idiota e eu a amo.
— É, se você acredita nisso.
Arthur se acomodou no conhecido sofá em que havia passado grande parte da infância. Ele não tinha se dado conta do quão cansado estava.
— Achei engraçado aquele senhor dizer que éramos um casal bonito. — Olympia riu e se sentou ao lado dele no sofá.
— Nossa, mas você tirou o dia para pensar como seria se fôssemos um casal? — ela zoou. Ele rolou os olhos, não achando graça.
— Você não me leva a sério. — reclamou. Se levantou emburrado e se dirigiu para a porta. — Obrigado por hoje, foi incrível. Amanhã eu te ligo.
— Ei! Já vai? Achei que íamos assistir um filme. — ela chamou. — O que aconteceu? Por que ficou todo estranho de repente?
— Nada, Oly. — ela estreitou os olhos para olhá-lo, como se estivesse o analisando.
— Eu sei que você está mentindo. Desembucha, garoto.
Ele respirou fundo.
Olympia se levantou do sofá e parou na frente dele com as mãos na cintura, séria e com medo, esperando ele dizer o que estava o incomodando.
— Estive pensando nos últimos tempos, talvez não seja à toa que todo mundo pense que somos um casal ou que Chloe termine comigo porque acha que existe algo a mais entre nós.
— Ela terminou com você por isso?
— Não é o ponto agora, Olympia. — ele riu fraco. — Talvez nem a gente conseguisse ver, sabe? Mas fiquei pensando sobre meu sonho. As luas significam o amor, uma lua para nossa amizade e a outra para amor de namorados. Você só conseguia ver uma. E o golfinho significa preocupação, eu acho que isso é meu subconsciente dizendo que sim, existe algo a mais entre nós e agora eu consigo ver.
Olympia ficou sem reação.
— Você tem certeza do que está dizendo?
Por um segundo, ela pôde jurar que os olhos azuis de Arthur estavam iluminando toda a sala de sua casa. Ele estava sorrindo quando se inclinou na direção dela e apoiando uma de suas mãos na parede atrás dela. Ela não tinha reparado que estava encostada na parede. Ela estava sem fôlego e não entendia o porquê.
Arthur estava perto. Perto demais.
Ela tinha sonhado com aquele momento, nunca achou que realmente fosse acontecer.
— Eu tenho certeza. — ele disse, por fim. Não deu tempo para ela responder ou sequer dar uma chance para ela tentar formular uma frase coerente em sua mente. Ele já havia colado seus lábios, com uma mão em sua cintura e a outra em seu pescoço.
Olympia, então, teve a certeza que beijar Arthur era a melhor sensação que já tinha tido em toda sua vida. Era como se fosse certo. Como se os lábios dela fossem feitos para os lábios dele. Não era estranho beijar seu melhor amigo. Era melhor do que ela havia imaginado.
Arthur era melhor do que ela havia imaginado.
Acima de tudo, não queria que ele se arrependesse, não queria acordar e perceber que fora apenas um sonho.
— Arthur. — ela disse em meio a um beijo e tirou a mão dele de sua cintura. Ela não conseguia se concentrar com a mão dele posicionada ali.
— Ah, não. — ele riu. — Você vai estragar tudo.
— Eu só quero ter certeza que você sabe exatamente o que a gente está fazendo. Porque não tem mais volta, beleza? Eu menti hoje cedo, eu já pensei como seria se nós namorássemos. Eu pensei sobre isso provavelmente todos os dias da minha vida. E eu cansei desse clima de coração partido quando você vai embora ou quando aparece com uma nova namorada.
— Eu não quero que tenha volta. — ele segurou a mão de Oly. — Você é o que estava faltando em mim, e é irônico porque você sempre esteve aqui, foi enrolado e complicado perceber isso. Mas eu sei agora. Meu coração sempre esteve vazio, mas não está mais.
Olympia corou e ele riu, eles se beijaram novamente.
— Aposto que você não odeia mais o dia dos namorados. — ele brincou.
— Idiota.
•••
Oioi!
Para a surpresa de total de zero pessoas apareci por aqui com mais uma dose de Niall Horan, felizmente, nunca é demais dele (e de qualquer One D boy). Espero que vocês tenham gostado da nossa cota de Arthur Leclerc nesse livro e espero que essa cota aumente cada vez mais. Atenção mundinetes, quero ver todas vocês escrevendo com ele.
É, hoje foi o meu dia de fazer vocês sofrerem com a solteirisse! E tudo o que eu tenho para dizer é: estou junto nessa. Não sei qual foi a mundinete que deu a ideia de fazer esse projeto mas sei que ela vai me pagar porque eu estou sofrendo por não ter um namorado.
Um beijão,
Laura
Bạn đang đọc truyện trên: Truyen247.Pro