REBECA POV:

  Já faziam dois dias desde que voltamos de Aspen. Eu estava quase tendo um colapso nervoso. Toda noite eu sonhava com Robert e com o nosso beijo, quer dizer... os nossos beijos. Já durante o dia, não havia um único segundo em que eu não pensasse nele.

  Eu precisava desabafar com alguém, colocar todo aquele sentimento para fora. A melhor pessoa com quem eu podia fazer aquilo era Ana. Ela também tinha o direito de saber tudo o que aconteceu entre nós dois.

  — Você tá com essa cara desde que voltamos de viagem. Quer me contar o que tá acontecendo? — Minha amiga perguntou enquanto bebia um pouco de vinho.

  Estávamos na minha casa, aproveitando que Daniel estava de plantão e não iria atrapalhar a nossa conversa.

  — Tem uma coisa que eu preciso te contar. — Me afundei no sofá e suspirei.

  — O que?

  — Robert e eu... nos beijamos. — Falei, com medo que ela ficasse com raiva de mim. — Aconteceu no dia que fomos àquela boate... e também aconteceu no avião.

  — É sério que você achou que eu ficaria surpresa com essa informação? — Ana riu, pegando um cubinho de queijo na tábua de frios.

  — Você tá chateada comigo?

  — Amiga, é claro que não. — Ela deu um sorriso que me reconfortou. — O que aconteceu entre a gente foi muito rápido e superficial. Nem deu tempo de desenvolver algum tipo de sentimento.

  — Jura por Deus que não tá chateada? — Insisti.

  — Eu não tô. E outra coisa... foi bom que isso tenha acontecido, pelo menos agora você tem a chance de sair desse seu casamento conturbado.

  — Não vou me separar do Daniel, isso é fora de cogitação. — Balancei a cabeça. — Na verdade, me sinto uma idiota por ter deixado tudo isso ir longe demais. Robert merece mais do que ter um relacionamento escondido, mais do que essa versão medrosa de mim.

Ana me olhou fixamente e segurou minha mão, seu olhar era cheio de compreensão e expectativa.

— Rebeca, vocês dois se gostam muito, isso é visível. Acho que não devia deixá-lo escapar.

Baixei o olhar, o que Ana disse era uma verdade que eu tentava evitar, mas não conseguia.

— É perigoso, Ana. Eu sou casada. Eu fiz uma promessa no altar... e mesmo que Daniel não seja um bom marido às vezes, ele ainda é meu marido.

— Viu? Você mesma acabou de admitir que ele não é um bom marido. — Ana me olhou séria. — O Robert não apareceu na sua vida em vão, amiga. Pelo o que eu percebi, você se sente feliz perto dele, mesmo que seja só por um instante.

  Ela estava certa, o pouco que Robert e eu tínhamos compartilhado já me fizera sentir mais viva do que eu me lembrava ser possível.

— Não é tão fácil assim... além disso, quando o Daniel descobrir que você e o Robert não estão mais juntos, ele vai voltar a ter aquelas crises loucas de ciúmes e vai vigiar cada passo que dou.

  — Ele não precisa saber que Robert e eu terminamos.

  — Impossível, Daniel presta atenção em tudo.

  — Ele não vai saber, Rebeca.

  Naquele momento, escutamos a porta do meu apartamento se abrir. Nós duas nos calamos e nos entreolhamos com certa tensão. Daniel entrou na sala de estar, colocando algumas pastas sobre a mesa e veio até nós.

  — Oi, amor. Oi, Ana. — Ele me deu um beijo rápido na cabeça.

  — Pensei que você estaria de plantão a noite toda. — Falei.

  — A cirurgia que eu ia fazer foi cancelada. — Daniel pegou um queijo da nossa tábua de frios e colocou na boca. — Vocês duas não vão acreditar na novidade que eu tenho.

  Troquei um olhar rápido e confuso com Ana.

  — O que é? — Perguntei.

  — Lembram daquela campanha beneficente das crianças com câncer que eu tava planejando a uns meses atrás?

  — Sim, o que que tem?

  — Um conhecido meu conseguiu o contato de uma ONG que pode nos ajudar com essa campanha.

  — Isso é ótimo, Daniel. — Eu disse animada.

  Por mais que eu soubesse que aquela campanha seria uma estratégia do meu marido de se autopromover e fazer uma capa de "homem bom". Eu estava feliz por essa campanha ter se concretizado, feliz pelas crianças que seriam beneficiadas.

  — E sabem quem trabalha nessa ONG? — Ele levantou as sobrancelhas, esperando que adivinhássemos.

  — Quem?

  — O Robert. — Daniel disse com satisfação. — E eles disseram que ele também irá participar do evento!

  Fiquei paralisada, tentando processar o que meu marido acabara de dizer. A ideia de ver Robert e Daniel juntos novamente era insuportável. Isso só aumentava o risco de tudo vir à tona.

  Ana me deu um toque discreto no braço, tentando me lembrar de disfarçar. Coloquei o sorriso mais natural que pude.

  — Isso... isso é incrível. — Respondi com a voz fraca.

  — Seu namorado vai trazer uma boa visibilidade pro nosso evento. — Ele olhou para Ana.

  — Sim... com certeza. — Minha amiga pigarreou.

  — Enfim... vou deixar vocês duas terem seu papo de garotas. — Daniel sorriu e se afastou.

  Assim que ele saiu da sala, meu sorriso falso desabou.

  — Isso vai ser um problema, Ana. — Esfreguei a testa. — Ele e o Robert trabalhando juntos era a última coisa que eu precisava agora.

  — Ei, relaxa. — Ela disse apertando minha mão novamente. — Por que não tenta ligar pro Robert pra esclarecer tudo isso?

  — Tem razão, é isso que eu vou fazer.

  Fui até a sacada do apartamento com o coração acelerado. Digitei o número de Robert e levei o telefone ao ouvido.

  Apertei o celular, ansiosa enquanto o esperava atender. O toque pareceu uma eternidade até que ouvi sua voz do outro lado da linha. Calma e firma, como sempre.

  — Rebeca? — Ele perguntou preocupado. — Aconteceu alguma coisa?

  — Claro que aconteceu. — Falei baixo. — Que história é essa que você vai trabalhar em uma campanha beneficente com o Daniel?

  — Eu sabia que ele ia mencionar isso pra você... Achei que era uma oportunidade de estarmos próximos, sem precisar inventar desculpas. — Ele pausou. — A menos que você não queira isso.

  — Você enlouqueceu? E se ele descobre sobre a gente? Você quer brincar com o fogo?

  —Rebeca, eu não tomei nenhuma decisão impulsiva. Aceitei fazer parte dessa campanha porque, além de querer ajudar essas crianças, quero estar perto de você.

  — Eu não quero que você se machuque, Robert, e que a gente acabe se complicando ainda mais. Se... se nos afastarmos agora, ainda dá tempo de manter o que aconteceu como uma lembrança bonita.

  — Uma "lembrança bonita"? — Ele riu baixinho. — Eu não quero que isso seja só uma lembrança, e sei que você também não quer. Eu entendo o que quer fazer, Rebeca, mas não consigo aceitar.

  — Só me promete uma coisa Robert... — Quase sussurrei, mas eu sabia que ele escutava. — Se ele desconfiar de algo, você vai sumir da nossa vida.

  Robert permaneceu em silêncio do outro lado da linha, e senti meu coração se afundar com o peso daquela promessa. Talvez eu estivesse pedindo demais. Mas, no fundo, ele também sabia que aquilo não era seguro.

  — Olha... — Ele começou. — Não posso prometer que vou conseguir me afastar tão facilmente. Mas se é isso que quer...

  — Não é o que eu quero, Robert. Você sabe que... que eu quero ficar perto de você também. — Apertei o celular com força. — Mas a gente não tem escolha. Só... tente manter as aparências, ok? É tudo o que eu te peço.

Eu sabia que Robert era um homem de palavra, mas sabia que o que eu estava pedindo era quase impossível. O nosso sentimento era grande demais para ser evitado. Ao mesmo tempo, era arriscado demais para ser vivenciado livremente.

  — Pra isso, sempre. Mas você precisa saber que... não vou desistir você.

  E ele realmente não iria. Não adiantava insistir nem implorar para que ele se afastasse. Robert já estava envolvido demais. Eu já estava envolvida demais.
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Th3Black_Cats
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lara2007santos
annajuliaarj

BOM DIA, MINHAS GATONAS! Me perdoem por não estar sendo tão assídua quanto as postagens dos capítulos, todas nós sabemos que esse mês de dezembro é super complicado kkkkkk Mas estou fazendo o possível para fornecer entretenimento sobre o nosso querido Rob pra vocês 🫶🏻