Capítulo 05: Doação de sangue
ROBERT POV:
"Eu não devia estar fazendo isso.", pensei quando parei meu Tesla no estacionamento do hospital. Eu sabia que ficar inventando desculpas para ver Rebeca parecia arriscado, talvez até tolo, mas ali estava eu de novo.
— Doar sangue... isso é nobre, certo? — Murmurei para mim mesmo, tentando, de alguma forma, aliviar a consciência enquanto eu descia do carro.
Assim que entrei pelas portas do hospital, o cheiro de antisséptico invadiu minhas narinas, aquele cheiro já estava começando a ficar familiar.
O balcão de doação de sangue estava logo à frente. Então, me aproximei, mantendo a postura relaxada.
— Bom dia, posso ajudá-lo? — A atendente me perguntou com um sorriso eufórico. Ela devia saber quem eu era.
— Eu queria... doar sangue. — Disse um pouco hesitante. — Achei que fosse uma boa maneira de... fazer a diferença.
A mulher me olhou por um segundo a mais que o necessário, me deixando nervoso.
— Claro, senhor Pattinson. — Ela falou antes que eu revelasse meu nome. — Por aqui, por favor.
Enquanto eu a seguia pelo corredor, meus olhos procuravam por Rebeca. Eu sabia que seria pura sorte encontrá-la em meio a toda aquela movimentação, mas não consegui evitar a expectativa.
Depois de alguns minutos, eu estava na sala de doação. A mulher me deu um formulário extenso para preencher, com perguntas a respeito da minha saúde e etc.
Enquanto eu estava respondendo o formulário, ouvi uma voz atrás de mim que parecia familiar.
— Robert? — A voz era suave, mas carregava uma certa surpresa.
Eu levantei o olhar e, por uma fração de segundo, meu coração disparou, esperando ver Rebeca. Mas, ao invés disso, era Ana, a amiga que Rebeca havia me apresentado no outro dia.
Ela estava com um pijama cirúrgico verde, com os cabelos black power amarrados em um coque desajeitado.
— Oi. — Respondi, disfarçando a minha leve decepção. — Ana, certo?
— Isso. — A amiga sorriu, seus olhos se iluminando. — Vai doar sangue?
Assenti com a cabeça e me ajeitei na cadeira de plástico que era um tanto quanto pequena para o meu tamanho.
— É, achei que seria legal fazer uma boa ação uma vez na vida. — Dei de ombros.
— Pode ter certeza que você não vai se arrepender. Muita gente doente necessita de sangue, mas o banco sempre está quase escasso. Acho que a maioria das pessoas não doa por medo da agulha.
Ok, aquela informação havia me assustado um pouco. Eu não era um grande fã de agulhas.
— Aposto que não deve ser tão ruim. — Tentei soar destemido.
— Sabe... você parece melhor desde a última vez que eu te vi. — Ela cruzou os braços e me olhou dos pés a cabeça. — Sua recuperação tá indo bem?
— Sim, tá indo bem sim.
— Que bom. Enfim... eu vou te deixar em paz, tenho que ir até a UTI infantil agora.
— Foi um prazer rever você.
— Digo o mesmo. — Ana deu um sorrisinho sem mostrar os dentes. — Ah... você vai estar ocupado hoje à noite?
Sua pergunta me pegou completamente desprevenido. Ana me lançava um olhar carregado de interesse, o qual eu não havia dado muita atenção da última vez.
— Na verdade, eu... — Não soube ao certo o que responder. — Eu ainda não tenho planos.
— Talvez a gente possa beber algo depois do meu plantão, o que acha? Só pra se divertir um pouco.
— Eu... bem... — Pigarreei. — Claro, por que não? Também podíamos chamar a Rebeca pra ir junto.
— Meio difícil, — Ela comprimiu os lábios. — Ouvi ela falando mais cedo que tinha um compromisso com o marido essa noite.
Aquela menção me fez engolir em seco. Marido? Que marido? Por que Rebeca nunca tinha mencionado isso? Ela me deixou flertar com ela esse tempo todo sem falar que era comprometida?
— Tá bem... — Respondi, não querendo recusar seu convite e ser mal educado. — A gente pode ir se falando.
— Esse aqui é meu número. — Ela me deu um papelzinho. — Vou te deixar por aqui então... até mais tarde.
Sorri para Ana enquanto ela se afastava, embora minha mente estivesse completamente em Rebeca.
Fiquei aguardando por um tempo para ser chamado para a doação. Pouco tempo depois, uma enfermeira bem idosa apareceu e me chamou tirar meu sangue.
Eu a segui até uma sala e me acomodei numa poltrona de couro reclinável, com a cabeça cheia de questões não resolvidas. Não conseguia tirar Rebeca da cabeça, e agora que Ana havia mencionado que ela era casada, eu me sentia culpado.
Quando a enfermeira estava se preparando para iniciar o procedimento, eu finalmente a vi através da janela da sala de doação. Rebeca estava parada no corredor, conversando com um paciente.
Ela era linda trabalhando. Rebeca movia as mãos com delicadeza enquanto falava. A gentileza em seus gestos me prendiam.
Senti um incômodo quando a agulha foi inserida em minha veia, mas a minha atenção continuou voltada para ela. Eu torcia para que aquela coleta de sangue fosse rápida. Eu precisava ir falar logo com Rebeca antes que ela escapasse da minha vista.
— Prontinho, senhor Pattinson. — A enfermeira tirou a agulha depois de drenar meu sangue por 15 minutos. — Você pode ir até a cafeteria do hospital para comer alguma coisa agora e sair do jejum.
— Tá, obrigado. — Respondi com pressa, quase ignorando-a.
Caminhei rápido até o encontro de Rebeca, rápido até demais. A fraqueza depois de tirar uma quantidade generosa de sangue tinha começado a tomar conta de mim.
— Re... — Tentei chamá-la, mas não consegui de primeira. Eu não devia ter andado tão rápido. — Rebeca.
— Robert? Você aqui de novo? — Ela arqueou a sobrancelha.
— Vim... doar sangue. — Levantei o braço, mostrando o curativo.
— Jura? — Rebeca me olhava com cautela. — Isso é ótimo.
— É... mas acho que não tô me sentindo bem. — Esfreguei a testa ao sentir uma forte náusea e minha visão ficando turva.
— Faz quanto tempo que você doou?
— Eu... acabei de doar.
— Meu Deus, Robert, você não devia estar de pé ainda. — Senti seus braços tentando me sustentar.
— É, acho que me empolguei um pouco.
— Você tá pálido... — Ela tocou em meu rosto, sua mão irradiou calor por todo o meu corpo. — E também tá gelado.
— Eu vou ficar legal. — Falei me sentindo ridículo.
— Consegue andar?
— Acho que sim...
— Vem... você precisa comer algo.
Eu concordei e logo estávamos na lanchonete do hospital. Ela pediu um sanduíche de frango para mim e nos sentamos em uma mesa no canto.
— Come devagar. — Ela aconselhou enquanto eu dava a primeira mordida. — A não ser que queira ficar enjoado de novo.
— Obrigado. — Falei entre uma mordida e outra. — É incrível como você sempre tá por perto pra me amparar.
— É o que os médicos fazem, não é?
— Você tá sendo mais que uma médica pra mim, tá sendo uma amiga.
— Não há de que.
Durante a minha refeição, um homem se aproximou de nós, ela também estava de jaleco, como Rebeca. Sua feição não era de alegria.
— Querida? — Ele chamou e Rebeca deu um pulo na cadeira.
— Daniel? — Ela o olhou com nervosismo. Será que aquele era o seu marido?
— O que faz aqui? Te procurei pelo hospital inteiro.
— Robert veio doar sangue... — Rebeca apontou para mim. — Ele se sentiu mal depois da coleta e eu o trouxe aqui para comer.
— Até astros de Hollywood tem suas fraquezas, não é? — Daniel me olhou, com um sorriso falso. — Sou Daniel, esposo da doutora Rebeca e diretor do hospital.
— É um prazer. — Estendi minha mão e nos cumprimentamos. A tensão ali era perceptível.
— O prazer é todo meu. Como vai sua recuperação? Minha esposa me contou sobre seu acidente no set.
Daniel dizia a palavra "esposa" todo pomposo. Como se Rebeca fosse algum tipo de troféu.
— Vai bem, obrigado por perguntar.
— Se precisar de alguma coisa, estaremos sempre à disposição, não é, amor? — Ele dizia com a voz carregada de amabilidade superficial.
— Sim. — Rebeca respondeu com a cabeça baixa.
— Minha esposa tem sido uma médica tão incrível para os nossos pacientes... inclusive pra você, pelo visto.
— É, ela é excelente.
— E espero que continue assim. — Daniel a encarou, eu não conseguia decifrar o olhar dele. — Vamos, querida? Você ainda precisa fazer a visita pros pacientes que estão na enfermaria.
— Vamos. — Sua voz continuava calma, mas ela estava visivelmente desconfortável. — Tchau, Robert.
— Tchau...
Rebeca me olhou uma última vez por cima do ombro, enquanto andava ao lado do marido. Fiquei ali, assistindo os dois se afastando e tentando entender o que realmente estava acontecendo entre deles. Mas de uma coisa eu tinha certeza, havia algo errado naquele relacionamento.
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