40. Refúgio
Harry Styles
Não sei que tipo de loucura se passou na cabeça de Elizabeth para falar que nós nos beijamos, a última vez que meus lábios tocaram os dela, foi porque ela se jogou para cima de mim. Não fiz isso porque queria ou porque ainda sentia alguma vontade de estar com ela, foi a loira quem fez isso e não contei nada a Michelle porque foi algo irrelevante e um assunto que já tinha resolvido — ou pensei que tinha —, entretanto, Elizabeth viu que Michelle não estava sã e ao invés de ignorar isso, ela agiu como uma adolescente.
Devo ter jogado pedra na cruz de Jesus Cristo para merecer isso.
No entanto, não sei se Michelle se lembra de alguma coisa. Ela ficou chapada por conta dos analgésicos e só acordou porque sentia dor e isso foi durante a noite. Foi horrível vê-la assim porque ela chorou um pouco e só ficou mais tranquila porque tomou mais analgésicos, a mãe dela preparou uma sopa de creme de batata e ela comeu, não quis ajuda porque é destra e é o braço esquerdo dela que está mais fraco.
Entretanto, ela acabou dormindo de novo, com a cabeça em meu ombro enquanto víamos um filme da Angelina Jolie. Nesse meio tempo ela não comentou nada sobre Elizabeth, beijos ou Barbie gigantes, ela ainda estava exausta por causa da cirurgia. Havia sido um procedimento longo e Dr.Quetz ainda fez a primeira radioterapia nela, então posso imaginar que Chelly esteja bastante dolorida e incomodada, Jenna disse que apesar de terem tirado o tecido com as células maléficas, o tecido da filha sofreu estresse e traumas e por isso ela está tão incomodada. A mãe de Michelle também disse que isso logo vai passar.
E, realmente gostaria que fosse apenas um incômodo passageiro e rápido, porque ver Michelle com dor não é fácil. Ela não gosta de admitir o que está sentindo. Apenas soube que estava doendo, porque ela acabou chorando, mas não foi um choro escandaloso, foi em silêncio e algumas lágrimas apenas escorreram pelo rosto dela porque ela não conseguiu tirar a blusa, tive que ajudá-la e ela não ficou satisfeita em precisar de ajuda.
No entanto, hoje é um novo dia. Véspera de natal e quando acordei ela não estava ao meu lado, ouvi sons no banheiro. A porta está aberta, pensei em deixá-la lá porque já ficou bem óbvio para mim que se ela não precisa de ajuda, perguntar a ela apenas a deixa mais irritada. Contudo, escutei o som de algo caindo.
— Michelle? — Chamo, mas ela não me responde. Suspiro e me levanto.
Quando chego no banheiro vejo que ela estava com a faixa em volta do seio, ela trocou o curativo sozinha, mas não parecia tão preso e eu fico atrás dela, tirando o durex e ajeitando o curativo. Vejo ela fazer careta e começo a acariciar seu ombro nu.
— O que aconteceu? — Pergunto e ela pega o pente dentro do pia.
— Queria pentear meu cabelo, ele está um horror, mas não consegui — suspira e pego o pente. — Você vai piorar tudo — resmunga.
— Você pode me ensinar, sabia que eu vou ser pai de uma menina? — Digo e ela morde os lábios.
Cedo demais para falar disso?
Michelle fica alguns segundos calada, mas acaba pegando um dos seus cremes de pentear.
— E eu não quero que Marie Anne ande descabelada por aí, porque você não soube cuidar do cabelo dela — fala e sorrio. Beijo o ombro dela e a vejo sorrindo — Mas já vou avisar que nosso cabelo vai ser diferente.
— Não me importo. Talvez um dia eu tenha uma mini Michelle.
— É, talvez — murmura e fico olhando para ela pelo espelho. Ela fica me olhando e a abraço por trás com cuidado.
— Uma menina linda, que se tivesse esses olhos eu não iria me arrepender nem por um segundo — falo perto do seu ouvido. — Seria meu fim, ainda mais se ela acordasse mal humorada também — Michelle sorri um pouco, mas me empurra com o cotovelo direito.
— Mas por enquanto, você tem a própria, então vamos logo com isso.
— Sim, vamos. Por onde eu começo?
{•••}
Depois de ter penteado o cabelo de Michelle eu ajudei ela a se trocar também e em seguida desci com ela para comer o café da manhã. Thomas, Jenna e Shamira já estavam acordados e aquele havia sido um bom momento.
Michelle pareceu mais alegre e disposta do que ontem, apesar de ainda não conseguir movimentar muito bem o braço esquerdo pela dor. Ela ainda precisava de ajuda para algumas coisas, mas para outras ela estava conseguindo ir bem sozinha. Jenna, também estava lá para ajudar a filha e aproveitei o momento que a cacheada estava distraída e rodeada de pessoas para lhe darem atenção para ir até Elizabeth, avisei isso para Chelly e ela apenas acenou com a cabeça.
Dessa forma, acabei concluindo que Michelle realmente não se lembra do que disse a loira e nem do que Elizabeth disse a ela. No entanto, sinto que ainda deveria explicar algumas coisas para cacheada, afinal, vi a insegurança nos olhos dela e sei que toda essa história de gravidez e uma filha com outra mulher a abala. Isso seria algo que me abalaria também.
Assim que entro no apartamento da minha ex-noiva sinto o cheiro de biscoitos amanteigados que por um instante me fazem recordar daqueles que minha avó fazia, isso também me faz lembrar que eu convidei a mais velha para a ceia de natal de hoje. Gostaria muito que ela conhecesse Michelle e Vó Thea é mãe de minha mãe. Infelizmente, não sei como dizer a ela que vou ter uma filha com Elizabeth com o nome da minha mãe, da filha dela. Tudo isso com uma mulher com quem eu não estou mais. Bem, será uma ceia emocionante. Além disso, chamei Tyler e Stacey para virem também, fazer uma surpresa para Michelle. A cacheada acha que não vai vir ninguém, mas será o oposto e acho que ela pode gostar disso. Também pedi para Rosane preparar o buffet da ceia, ela e Michelle são amigas e quando soube da situação e cacheada, ficou tão chateada como Stacey.
Para mais, Rosane mandou flores para Michelle. Rosas bem vermelhas e a minha namorada adorou, agora ela nem sabe que verá a amiga e também sócia mais tarde e chegando com o buffet de natal com suas comidas favoritas. No entanto, agora eu estou na casa da Elizabeth apenas para verificar se as coisas estão bem e encontro a loira na varanda, sentada observando a neve cair na janela.
Alina, a enfermeira que vem cuidando da minha ex-noiva que me disse que a mulher estava na varanda. Agora, ela está na cozinha olhando os biscoitos amanteigados que preparou junto de Elizabeth. Devo ressaltar que em todos esses anos de relacionamento a loira sequer fez algo parecido como cozinhar.
— Biscoitos amanteigados? — Fico ao lado dela. Seus olhos azuis me encaram e ela sorri. Elizabeth está usando um vestido branco de tecido grosso devido ao frio e sua barriga está aparecendo mais.
Minha filha está crescendo e eu estou tão ansioso para conhecê-la.
— Olá, aconteceu algo? — Pergunta, ela não se levanta e me sento em uma poltrona ao lado dela.
— Não, só queria ver como você estava — dou de ombros e a mulher sorri um pouco mais.
— Bem — fala e aceno com a cabeça. — E a sua namoradinha? — Olho para a loira com curiosidade. — Digo, Michelle está menos chapada?
— Uhun, ela está bem — dou de ombros, a loira não precisa fingir que gosta da minha namorada. — E sua pressão?
— Controlada — fala e acaricia a barriga. — Tudo bem com você, mesmo? Digo, Michelle teve um tumor e sua mãe...
— Estou bem, Elizabeth. Só quis ver como você estava — falo a interrompendo e a loira me olha confusa. Não vou ter essa conversa com ela, já conversei com Michelle, já contei a cacheada sobre os monstros debaixo da minha cama que vieram pela morte da minha mãe. Não vou começar esse tipo de conversa com a loira.
— Já estou indo — aviso.
— Espera — ela segura minha mão. — Não precisa me tratar como uma cobra que está prestes a dar o bote em uma presa vulnerável, Harry. Só quis dizer que sua mãe morreu de câncer e ver sua namoradinha assim deve ser horrível.
Solto um suspiro. Ela não vai desistir, porém, ela está certa.
— Não é bom, mas as coisas vão ficar bem — dou de ombros e solto minha mão da mulher. — Assim como você e Marie Anne — ela respira fundo e seus olhos azuis continuam me encarando.
— Que horas ela fez a cirurgia ontem? Foi quando você passou aqui em casa para verificar se eu estava bem, como hoje? — Levanta as sobrancelhas.
— Eu vou indo — digo e ela ri.
— Você está fugindo — olho para ela. — Está com medo de perder ela e então vem fugir aqui, por quê?
Mordo meus lábios. Eu não tive um atraso por acaso na cirurgia de Michelle. Fiquei com medo e me atrasei de propósito indo ver como Elizabeth estava, a mesma desculpa de agora. Simplesmente não acredito que Michelle esteja bem, tenho medo dela piorar, minha mãe piorou, tenho medo de perdê-la então eu vim até a minha ex-noiva e não foi especificamente por ela. Foi por Marie Anne, ficar perto da minha filha me deixa calmo, ela é a vida se preparando para nascer e não a morte e me sinto bem vendo que minha filha está bem. É apenas por isso que estou aqui, não é pelo consolo de Elizabeth. É porque minha filha me dá esperança.
— Harry, Michelle não é a sua mãe — Elizabeth diz séria, seus olhos azuis me encaram. — Aquela mulher que você está namorando não é a mesma que te deu a luz. São pessoas diferentes e ela não vai morrer. Não é a mesma história.
Fico em silêncio, por um instante me sinto exposto por Elizabeth saber o motivo de eu estar aqui. Também me sinto apavorado por ter ficado assustado e por não conseguir controlar meu medo. Disse para Michelle que tinha medo de ser como meu pai, de não vê-la, eu estou vendo ela e de certo modo me machuca, sei que ela está bem. Michelle está com aquele sorriso encantador nos lábios, iluminando todo mundo à sua volta com a sua magia espiritual. No entanto, continuo com medo de simplesmente perdê-la, dela morrer e isso o meu coração não vai aguentar.
— Você escolheu ela — Elizabeth diz, olho para loira. — Ela jogou isso na minha cara ontem e não mentiu. Você escolheu ela, Harry. Aquela é a garota que você ama e a forma como você olha para ela, se você olhou para mim da mesma forma em todos os anos que ficamos juntos eu simplesmente não consigo me lembrar.
— Elizabeth.
— Você está com medo de perdê-la e isso é compreensível, querido — a loira se levanta com um pouco de dificuldade, ela toca meu rosto e penso em me afastar. Não faço isso. — Apenas saiba que você não está vivendo em um déjà vu. A sua namoradinha é surpreendente, ela vai ficar bem. Então aproveite seu natal.
Sorrio um pouco e Elizabeth deixa a minha em sua barriga. Sinto minha filha se mover e sorrio mais. Meu pequeno grande refúgio e Marie Anne nem tem ideia de como eu me sinto em relação a ela, pelo menos não ainda. Volto a encarar a mulher dos olhos azuis à minha frente. Consigo me lembrar da época que nós nos dávamos bem antes de tudo se tornar gelo e se quebrar. Ela já foi uma boa amiga para mim, mas apenas o tempo dirá se ela vai ser algo próximo disso mais uma vez.
— Obrigada Beth — abraço ela e a loira retribui. Inspiro fundo e sinto seu cheiro de baunilha misturado ao cheiro de biscoitos amanteigados.
É um clima de natal. Eu não comprei nenhum presente para ela agora me pergunto se deveria. Pois, ela comprou para mim.
— Harry? — Thomas me chama e olho para meu irmão. Seus olhos me encaram sérios e ele está bravo. O mais novo não gosta de Elizabeth e não tem problema nenhum em deixar isso evidente.
— O que houve?
— Vó Thea chegou — diz e aceno com a cabeça. Olho para a loira e ela segura minha mão.
— Vou ficar bem, meus pais logo chegam — sorri um pouco, concordo balançando a cabeça.
Murmuro um 'tchau' para a loira e saio de lá com Thomas. Nós vamos pela escada, mas meu irmão me para no meio do caminho.
— O que aconteceu ali?
— Uma conversa de adultos, maninho — respondo sem interesse e volto a subir. Contudo, Thomas segura meu braço.
— É sério, Harry. Se você fez algo que possa ter magoado Michelle ali embaixo, eu... — diz bravo e parece que meu irmão mais novo está prestes a me socar. Caramba, até parece que ele é irmão da Michelle.
— Não fiz, Tom. Relaxe — garanto e escuto ele bufar. O mais novo nega com a cabeça e passa na minha frente trombando em meu ombro. Suspiro.
Porém, não digo nada a ele. O que eu teria de falar, contaria a Michelle e não para ele.
Assim que entro no meu apartamento escuto as vozes da minha vó e de Jenna. No entanto, gostaria de ver Michelle primeiro, por isso subo as escadas e quando paro de frente ao meu quarto, vejo ela e Shamira.
A namorada do meu irmão está ajudando a minha namorada a colocar um vestido enquanto conversavam sobre o mundo pop.
— A Ariana Grande vai fazer um show especial de natal — Shamira diz e sorrio um pouco. — Você quer vê comigo?
— Posso pensar, às vezes não tenho paciência com toda a gritaria dela — Michelle responde sincera e sinto vontade de rir pela cara que Shamira fez. A cacheada notou o que disse então abre a boca. — Não quer dizer que eu não curta o que ela faz, mas meus ouvidos têm uma certa tolerância para escutar tantos high notes de uma vez — explica e Shamira continua olhando para minha namorada desconfiada.
Dou algumas batidas na porta antes que isso se torne uma briga pop. Michelle sorri para mim e Shamira diz que vai até Thomas.
— Como foi com Elizabeth? — Pergunta e dou de ombros.
— Ela está bem — respondo e entro mais para dentro do quarto. Deixo a porta quase totalmente fechada e fico perto de Michelle. — E você?
— Bem — fica me olhando. Ela ia abrir a boca para falar alguma coisa e eu simplesmente a beijo.
Beijo Michelle porque sinto saudades dela e porque eu a amo também. A beijo porque queria sentir o gosto dela na minha boca, o corpo dela em meus braços e meu coração acelerado como um adolescente envolvido com seu primeiro amor. Beijo Michelle porque ela é tudo que eu estava esperando e sinto um tolo por ter fugido dela, mas ainda estou aprendendo a lidar com isso.
Ela vai ficar bem, melhor, ela está bem. No entanto, a cacheada me empurra devagar porque já perdeu o fôlego e me olha um pouco ofegante, a ponta do seu nariz está vermelha e ela fica me olhando com curiosidade, tentando entender o porquê de eu ter a beijado assim.
— Eu te amo, Chelly — deixo meus dedos em sua bochecha.
— O que houve com você e Elizabeth? — Pergunta com receio. Sorrio e seguro a cintura dela e a deixo mais perto de mim.
— Absolutamente nada, confia em mim? — Ela acena com a cabeça como resposta. — Michelle me desculpa por não ter ido até você antes da cirurgia — peço novamente e agora a cacheada se afasta de mim.
— O que aconteceu entre você e Elizabeth? — Pergunta de novo. Ela é uma mulher esperta.
— Nada, confia em mim — peço e ela fica calada. — Quer dizer, eu acabei ficando apavorado, não tem o menor sentido porque você está bem — suspiro. — Mas eu fui até ela ontem.
— E ela te consolou?
— Não foi por causa dela que eu fui — respondo imediatamente, não hesitei e por isso Michelle me olha com atenção. — Foi por Marie Anne, é complicado explicar... Só que eu lembrei de minha mãe e nem conseguia respirar com medo de algo acontecer com você. Quando fui até ela foi para ficar perto da minha filha, não de Elizabeth.
Silêncio.
Me aproximo de Michelle e ela dá passos para trás.
— Chelly...
— Vocês se beijaram?
— Não — digo e Michelle fica me olhando nos olhos.
— Ela disse que vocês se beijaram ontem não foi? — Pergunta, ela se lembrou.
— Michelle, não foi nada.
A cacheada nega com a cabeça, paro de falar e vejo seus olhos se encherem de lágrimas.
— Me deixa sozinha.
— Não aconteceu nada— repito e me aproximo dela, mas Michelle nega mais com a cabeça. — Não foi nada, Chelly.
— Sai.
— Michelle.
— Sai! — Grita.
Olho para trás e vejo Thomas na porta, suspiro e eu saio do quarto escutando Michelle chorar. Apenas tinha a certeza que tinha que resolver isso o mais rápido possível, porque não havia feito nada de errado.
Continua...
Notas: Oioi meus amores como vocês estão?
Então... Assim.... Pois é....
Primeiramente, eu gostaria de saber uma coisa de vocês, o próximo capitulo eu fiz como um especial de natal, mas estamos no final de novembro ainda o que acho bem precoce kkkkkk mas queria saber, se tudo dê certo, vcs se importariam de ler ele antes da semana de natal?
Espero que estejam gostado. Beijos. Anna. Xx
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