22. Respirar fundo não deu certo
Harry Styles
Evidentemente eu me sentia absurdamente estressado e queria não estar. Porém, Liam agiu pelas minhas costas e o que deveria ser um domingo tranquilo ao lado de Michelle que esteve aberta a tudo que tivemos foi algo inacabado. Não gostaria de ter saído daquela forma na casa na praia, porque estava sendo tudo tão bom e divertido.
Porque a mulher de olhos brilhantes e castanhos estava se divertindo na praia. Estávamos nos divertindo conhecendo lugares novos e agora estamos voltando para Nova Iorque e a um clima mais frio e entediante. Estamos voltando para cá e eu já estou estressado porque Liam avançou com os negócios sobre o aeroporto sem me consultar. Obviamente, ele não irá conseguir ir tão longe quanto isso sem a minha autorização. O maior problema sobre tudo isso que o homem fez, foi ter começado a avançar sobre um projeto que não irá acontecer.
A revisão de engenheiros ambientais saiu na sexta-feira e como eu esperava havia vários pontos sobre impactos negativos irreversíveis a qual eu não gostaria de me envolver. Muito porque é um aeroporto — mais um para um país que já tem vários —, e também porque eu fiquei curioso sobre o turismo verde. Existe um território indígena próximo onde eles querem fazer o aeroporto e eles tem algumas atividades importantes para a economia local. É um lugar perfeito para promover o turismo verde. É uma proposta que eu sei que pode ter pouca adesão. Afinal, nos Estados Unidos a discussão sobre os povos indígenas é quase sempre resumida a filmes de faroeste para o público internacional, mas construir um aeroporto estaria apagando ainda mais a história deles.
Não quero isso, Liam deveria ter lido o dossiê que eu mandei sobre turismo verde e a terra indígena perto do terreno ao invés de acelerar sobre um processo de construção que não vai acontecer. Agora, eu vou ter que arrumar essa bagunça ao invés de terminar meu domingo com Michelle nos meus braços.
— Você deveria largar esse celular antes que tenha um infarto — escuto a voz de Michelle.
Estamos no carro, a caminho do meu apartamento em Nova Iorque. Durante toda a viagem de avião eu não dei muita atenção para a mulher porque estava resolvendo sobre alguns documentos. Estava lendo tudo que Liam já mandou para alguns sócios e no investidor interessado na construção do aeroporto. Depois, quando pousamos eu não larguei meu telefone porque comecei a escrever um e-mail e pediria para que Agatha passasse a todos na segunda-feira, mas teria que ser um e-mail bom o suficiente para que eles não fiquem bravos pelo mal entendido. Também pedi para a minha secretária que a minha primeira reunião amanhã de manhã fosse com Liam.
Vou resolver com ele esses detalhes de uma vez por todas.
— Caramba Harry, isso realmente te agitou — Michelle diz mais alto. Suspiro e passo meus dedos na minha testa. Olho para frente e o motorista me olhava curioso. Novamente eu suspiro, mais estressado do que segundos atrás e sinto a mão da cacheada em minha coxa. — Hey, calma. Isso não pode ser o fim do mundo.
— Pode ser o início do fim do mundo — respondo e agora quem suspira é Michelle. — Desculpa.
— Tudo bem, apenas ignore esse celular por algum tempo. — Ela tira o telefone da minha mão e guarda na sua bolsa. Fico observando a mulher e ela sorri para mim. Um sorriso pequeno e doce. Não sei o que seria de mim se não tivesse encontrado Michelle. — Agora respira fundo, uh — pede e eu aceno com a cabeça.
Respiro fundo, a mão dela vai até minha nuca, os dedos de Michelle brincam com meu cabelo e eu fecho meus olhos sentindo o carinho dela. Ela é boa com isso.
— Só me prometa que não irá beber hoje — ela diz baixinho, abro meus olhos a encarando e buscando entender o porquê dela ter dito isso. — A última vez que te vi tão estressado assim, você também ficou bêbado e... — ela para de falar e acredito que seja devido ao motorista que estava prestando atenção na nossa conversa. Não vejo a hora de chegar em casa.
Contudo, eu sei muito bem a que momento Michelle está se referindo. Quando estávamos em Paris, eu soquei a parede e machuquei minha mão. Ela não disse as palavras, mas eu sei que a assustei naquele dia. Acabei bebendo mais do que deveria e tive uma crise horrível. Sinto que estou a ponto de ter outra crise de estresse, na verdade, eu me sentia assim. Porém, desde os toques de Michelle eu venho me acalmando mais. Bem, as respirações também me ajudam, quem diria que ela estivesse certa sobre respirar fundo.
— Não vou beber — garanto, praticamente prometo a ela.
— Certo — sorri um pouco e deixa a cabeça no meu ombro. — Você vai conseguir resolver isso, mas precisa estar calmo — diz e minhas mãos vão até o couro cabelo da cacheada. Movo meus dedos lá e vejo quando ela fecha os olhos. Michelle ama isso.
— Obrigada por estar aqui — digo baixinho.
— Não vou a lugar algum, Styles. Agora relaxe.
Assim eu faço, acabo fazendo como Michelle e fecho meus olhos. Nós dois acabamos tirando um cochilo no carro. Não faço ideia como eu consegui tal ato, afinal me sentia bastante agitado, talvez sejam os toques mágicos de Michelle. Uma mulher igualmente mágica.
Quando chegamos em casa, estava tudo em silêncio, exceto por um barulho repetitivo que vinha do segundo andar. Não demorou muito para eu identificar que o som era da cama batendo contra a parede. Se havia gemidos estavam bem baixos para escutar no andar de baixo.
Quem Thomas trouxe para cá?
Olho para Michelle e ela apenas levanta as sobrancelhas.
— Alguém sabe se divertir em um domingo à tarde — A mulher diz e eu sorrio.
— É, parece que sim.
— Acha que deveríamos fazer isso também? — Michelle pergunta e começa a subir as escadas com sua mala. Nego com a cabeça e acabo sorrindo.
— Vou poder te amarrar de novo? — pergunto e vou atrás da mulher que apenas sorri para mim. Quando chegamos no andar de cima, a porta do quarto do meu irmão se abre.
Uma mulher negra com tranças rosas, enrolada com o lençol branco arregala os olhos me vendo.
— Michelle? — Ela diz surpresa e olha para trás de mim. Olho para a cacheada que sorri e acena para a garota.
— Oi Shamira.
— Você já chegou, Harry? — Escuto a voz de Thomas. Ele está com a calça apenas e seus cabelos escuros estão bagunçados. Além disso, as bochechas dele estão vermelhas. — Pensei que fosse demorar mais.
— Resolvi vir mais cedo — digo e olho para a mulher. — E você trouxe uma amiga uh. Eu sou o Harry — me apresento para a garota, mas ela ouviu Thomas me chamando pelo nome.
— Shamira — responde baixinho. Sorrio para ela e volto a olhar para meu irmão.
— Bem, não vou incomodá-los — digo e o mais novo apenas balança a cabeça em afirmação.
Sigo até meu quarto junto de Michelle e a mulher leva sua mala até o closet.
— Shamira e Thomas amigos? — A mulher pergunta vindo até mim depois de ter guardado apenas a mala.
— Namorados então? — pergunto curioso. Não conhecia a menina, mas Michelle com certeza conhece. Deve ser da vez que saiu com meu irmão sem avisar.
— Quem sabe? — da de ombros e se senta na cama. — Só sei que quando eu os vi pela primeira vez, seu irmão estava na dela. Tipo, para caramba.
— E ele aproveitou que não tinha ninguém em casa — falo bravo. Michelle me olha divertida, certo, eu não estou bravo por Thomas estar namorando, mas ter presenciado essa cena. Bem, meu irmão cresceu. Não tanto, mas cresceu.
— Como se nós não tivéssemos feito o mesmo — Michelle se deita na cama e eu fico olhando para ela. Aproximo da mulher e fico em cima dela.
Michelle desvia seus olhos do teto para meus olhos e eu sorrio e beijo seu queixo.
— A ideia de te amarrar de novo ainda está de pé? — Pergunto perto do seu ouvido. A cacheada acaricia minha nuca e seus dedos percorrem minha pele até seu indicador tocar meus lábios.
Eu não deixaria as algemas em Los Angeles mais, pelo menos, não enquanto Michelle estiver por perto. Também peguei o vibrador e encontrei um chicote. A verdade foi que eu nunca usei esses brinquedos, nem mesmo com Elizabeth, quando ela viu a algema até topou usar mas não deu tão certo como foi com a Michelle. O vibrador eu nunca usei e o chicote ainda estava na embalagem. Eu comprei esse tanto de coisas porque queria recuperar o relacionamento com minha ex-noiva, tentando algo diferente. Obviamente não deu certo porque ela não gostava de nada daquilo e muito menos de mim. Ainda não sei cem por cento do que ela gosta. Mas não estamos mais juntos e isso não é mais problema meu.
Até porque tem uma mulher linda bem a minha frente com olhos castanhos brilhantes me encarando.
— Você é linda, Chelly — falo e ela sorri para mim. Eu aproximo meu rosto do dela.
Começo a ficar animado, ligado e eletrizado. Porém, não sinto os lábios dela nos meus, como esperava. Ao invés disso, ela me empurra.
Ouch!
— Talvez depois eu deixe você me amarrar. Mas agora eu estou faminta e quero dormir. Amanhã meu curso com o Joshua continua. — Viro meu rosto para olhar para ela e a mulher se levanta.
Michelle sai do quarto rebolando de propósito. Ah, mas quando eu pegar ela, não vou soltá-la.
{•••}
Na noite de domingo, Michelle fez omeletes para todo mundo, acho que ninguém estava com tanta fome assim na noite de ontem para algo mais robusto. E todo mundo adorou as omeletes que a cacheada fez. Além disso, Shamira e Michelle ficaram conversando bastante, deixando eu e meu irmão de lado. É bom que a cacheada faça alguma amizade aqui, porque com certeza vamos demorar bem mais do que foi com Paris e ela não poderia ficar dependendo apenas da minha companhia, digo, é bom que ela faça outras amizades também, porque eu perco bastante tempo no trabalho e agora tendo que consertar a bagunça de Liam. Dessa forma, se Michelle fizer mais amizades e perder um pouco de tempo conhecendo pessoas é algo que me deixa tranquilo ao invés de ficar pensando que ela está sozinha em uma cidade imensa sem fazer nada. Isso não é certo.
Apesar de saber que Thomas e ela também se aproximaram, não poderia contar apenas com isso. Até porque o menino está aqui para tomar jeito — ou tentar —, e quando meu pai cismar pode chamá-lo para voltar, Michelle pode ficar sem amigos. Porém, meu irmão mais novo parece gostar mais de Nova Iorque do que Londres. Com certeza ele gosta mais, até arranjou alguém.
De toda forma, na segunda-feira eu saí bem cedo, mas Michelle já estava acordada para ir até Joshua fazer o curso. Ela disse para eu ficar calmo quando me encontrasse com Liam e eu tentaria fazer isso, mas a cada novo metro mais perto do prédio, eu me lembrava do que ele havia feito e a raiva estava sendo difícil de ser controlada.
— Senhor Styles — Agatha me chama. Olho em direção a mulher. Ela é morena e baixinha. Os seus olhos são verdes e ela tem bochechas bastante robustas. Quando cheguei em Nova Iorque ela já estava aqui para trabalhar para mim e já tinha tudo organizado.
No momento que eu sair daqui, vou sentir saudades de trabalhar com ela.
— Bom dia, Agatha — digo e a mulher sorri tímida. — O que manda?
— Eu não mando nada, é o senhor quem manda — ela diz envergonhada e eu sorrio divertido. É verdade. — Mas eu queria avisar que Liam já está esperando pelo senhor.
— Oh certo, obrigada.
— E o seu café com creme chega em cinco minutos, senhor — fala e aceno com a cabeça. Eu venho tentando fazer com que ela pare de me chamar de 'senhor', mas vem sendo difícil e alguns momentos ela está tão nervosa, como agora, que se esquece.
— Obrigada Agatha — sorrio e respiro fundo.
Respirar fundo. Lembro de Michelle falar isso. A mais nova me olha com atenção e curiosidade. Acho que ela tem dezenove anos e eu sou dez anos mais velho que ela. Agatha às vezes me lembra Michelle, mas com certeza mais ansiosa.
— O senhor deseja mais algo? — pergunta.
— Não — viro-me de costas para ir até a minha sala, mas paro de andar. Volto a encarar Agatha e ela move um pouco as sobrancelhas. — Na verdade sim, na próxima vez que me chamar de 'senhor' vou demiti-la — brinco mas a menina arregala os olhos assustada. — Brincadeira! — digo imediatamente, mas não parece menos aliviada por isso. Eu quase solto uma risada, mas isso seria demais para ela.
— Des-des-... — Ela respira fundo. — Desculpe Harry.
— Sem o menor problema, agora deixe-me enfrentar um problema — sorrio e a mulher acena com a cabeça.
Abro a porta da minha sala e vejo Liam de imediato. O moreno está olhando para a rua pela janela. Fecho a porta e suspiro.
— Bom dia Harry! — diz animado.
Respiro fundo.
— Olá Liam — digo indiferente e deixo minha maleta em cima da mesa. Eu trouxe meu notebook de trabalho, havia levado comigo para Los Angeles. — Você recebeu o dossiê que te mandei?
— Recebi sim. — O homem anda para ficar mais perto de mim. — Mas não achei importante.
Respiro fundo.
— É importante, eu tenho uma proposta melhor.
— Essa não é uma decisão unilateral. — A resposta de Liam é rápida. — Turismo verde? Sério? Desde quando somos ambientalistas, Dude?
Respiro fundo mais uma vez, Liam percebe meu estresse e suspira.
— Eu não quero a porra de um aeroporto.
— Mas os lucros são melhores — rebate.
— Cara, eu não ligo.
— Pensei que ligasse já que a sede aqui está para falir pela falta de atenção e você quer melhorar isso plantando árvores? — Não respondo e Liam solta o ar pela boca. — Jesus Cristo! Você é mesmo louco.— exclamou incrédulo.
Respiro fundo novamente.
— Tem outras saídas, fui para Los Angeles esse final de semana e me encontrei com pessoas que podem ser potenciais negócios para Empire. Os números são otimistas e acrescidos com o meu projeto do turismo verde. Os lucros vão superar a construção do aeroporto. Somados dão o lucro de três aeroportos.
— Mas o acordo está quase finalizado.
Respiro fundo.
— Eu cancelei, pedi para Agatha arrumar a bagunça que você fez sem me consultar. Vou tentar impressioná-los de outro jeito com alguns descontos especiais nos próximos acordos — explico e escuto a risada de Liam.
— Dude, você é inacreditável — diz debochado.
— Você agiu pelas minhas costas, esperava o que? — Liam nega com a cabeça.
— Que você visse a razão ao invés de querer contrair tudo que eu quero fazer — diz bravo e fico olhando com atenção para o homem. — Nos últimas vezes você vem sabotando tudo que eu proponho.
— Você queria fazer negócios com uma mulher que faliu duas vezes, deveria te apoiar cegamente nessa? — digo igualmente bravo. — Você está perseguindo os lucros sem observar as consequências Liam, eu não trabalho assim. Esse não é objetivo da Empire e você está confundindo as coisas.
— Agora você é o certinho? Devo lembrar que seus negócios com Emílio quase faliram no primeiro ano se não fosse por mim? — Respiro fundo. Infelizmente, ele está certo. — Você é um hipócrita!
Não o respondo e mais vez respiro fundo.
— Não adianta respirar fundo, você sabe que é. Está puto comigo só porque eu faço Elizabeth gozar e você não.
Naquela vez, respirar fundo não deu certo e eu soquei Liam. Vejo o sangue escorrendo pelo seu nariz.
O homem não revidou porque a porta se abriu e ele pareceu surpreso pela pessoa que entrou. Olhei para trás e vi Elizabeth.
— Liam?! — diz surpresa.
— O que você está fazendo aqui? Minha sala não é essa — O homem resmunga.
Ela morde os lábios, a loira está nervosa. Uma parte de mim ainda conhece ela.
— Caramba — Ela corre até o moreno e ajuda a pressionar o lado do nariz que sangrava. — Por que vocês estão brigando?
Nós dois ficamos em silêncio e eu me sento na cadeira. Observo quando Agatha chega como gelo para ajudar Liam e Elizabeth manda a garota ir embora em seguida. Quando os ânimos parecem ter se acalmando, eu finalmente criei coragem para falar algo.
— Que raios você está fazendo aqui?
— Eu não estou grávida de seis semanas e sim de doze.
— E daí? — Liam pergunta. Meu corpo congela. Doze semanas? Isso dá mais ou menos quatro meses, a última vez que eu estive com Elizabeth.
A loira percebeu que eu entendi e me olha decepcionada. Não quero ouvir o que ela tem a dizer, porque isso pode estragar com tudo, principalmente com o que eu estou começando a ter com Michelle. Isso também vai desastrar o que ela está tendo com Liam.
Isso porque, Liam e Elizabeth estão juntos há quase um ano. Eu transei com ela quatro meses atrás, o que eu posso fazer? Ainda a amava e era difícil esquecê-la. Parece que foi difícil para ela esquecer sobre mim também. Estávamos na mesma festa de caridade e nós fizemos sexo no banheiro. Eu sei que isso foi errado de tantas formas e agora ela pode estar esperando um filho meu e não do homem que eu soquei.
Liam ainda não parece ter entendido o que está acontecendo e olha para mim e para Elizabeth confuso.
— Qual o problema de você estar grávida de doze semanas, Elizabeth? — Ele pergunta impaciente.
— Pode não ser seu, Liam. Esse bebê pode ser do Harry.
Se Liam não quis revidar o soco que eu dei nele, com certeza, agora ele irá fazer isso.
Como vou chegar em casa essa noite e dizer a Michelle que respirar fundo não deu certo?
Continua...
Notas: CHAMA O BOMBEIRO QUE DEU FOGO NO PARQUINHO
Acho que agora fez um pouco mais de sentido porque o Harry estava mais do que bolado no primeiro capitulo não é?
O que acharam dessa att tripla??? Espero que tenha gostado
Vejo vocês logo. Anna. Xx
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