15. Pizza & Conversa
Harry Styles
A febre da cacheada diminuiu depois que ela comeu a sopa. Michelle dormiu rapidamente depois disso e só acordou na manhã seguinte, ela estava melhor sem febre ou crises de choro, mas não estava com uma cara animada. Nós comemos biscoito e chá no café da manhã e fomos até o aeroporto particular, onde Thomas já estava nos esperando.
Foi um voo tranquilo, em que meu irmão estava tão cansado quanto a cacheada e poucas palavras foram ditas. Michelle começou a ver um filme, mas antes da metade ela adormeceu e apenas acordou quando o avião balançou durante o pouso. Thomas ficou lendo um dos HQs da Marvel que ele trouxe. Eu por outro lado adiantei boa parte do trabalho enquanto pude, mas acabei dormindo ao lado de Michelle também.
Depois da aterrissagem, o caminho até minha casa foi tranquilo. Basicamente, tudo correu bem e Michelle está a quase nove horas dormindo direto no quarto. Thomas tomou um banho e disse que iria conhecer Nova Iorque, não é a primeira vez dele aqui. Dessa forma, eu sei que 'conhecer' a cidade foi uma mentira dele e já são sete da noite. O meu irmão ainda não voltou e eu tentei ligar para ele.
Apenas espero que ele não chegue tão bêbado aqui. Não estou com cabeça para lidar com isso, eu estou preocupado com Michelle já que tudo que ela fez foi basicamente dormir e ela estava com um resfriado. Por isso, quando eu terminei de fazer minhas anotações para a reunião que vou ter amanhã pela tarde eu subo até meu quarto. A mulher não estava na cama, mas eu escutei o som do chuveiro. Dei batidas na porta fechada.
- Oi? - Michelle responde.
- Como você está?
- Descansada e você? - responde e eu me sinto aliviado.
- Bem.
- Nenhum sintoma parecido com o meu? - O som da água acaba e eu escuto o som da porta do box do banheiro.
- Não, nada. Eu estou bem. - garanto. - O que acha de pedir pizza ou irmos até uma pizzaria?
- Thomas vai com a gente?
- Ele saiu. - Michelle abre a porta do banheiro. Ela só está usando uma toalha e o cabelo está molhado.
- Por favor, vamos sair. - Ela pede como criança. Eu coloco a mão na testa dela, apenas para conferir que a garota está mesmo bem. - Febre?
- Não, você está fresquinha. Se arrume para irmos. - digo e ela sorri. Eu olho para os lábios dela, entretanto, Michelle me empurra um pouco e vai até o closet. Ele estava arrumado, porque a cacheada fez questão de arrumar suas coisas antes de cair no sono profundo.
A cacheada fecha a porta do closet e eu me sento na cama. Eu estou disposto a ir a pizzaria com o que eu estou usando agora. Uma calça moletom e uma camiseta, colocaria um moletom porque é uma noite fria de outono aqui em Nova Iorque. Eu já tomei banho e vou até uma pizzaria. Não é como se fosse um encontro em um restaurante super caro onde quem disputa está usando o terno mais caro ou em beber o melhor vinho. É apenas uma pizza em uma noite de outono, com uma mulher bonita. Eu deveria me arrumar mais por isso?
A porta do closet finalmente se abre e Michelle está usando uma calça jeans boca de sino e uma blusa de frio branca com gola alta. Ela quase não me olhou e foi direto para o banheiro fechando a porta. Apenas a escutei murmurar que iria se maquiar e eu fiquei esperando por ela.
Foram quase trinta minutos de espera até a mulher finalmente sair do banheiro. Fico olhando para ela, o gloss na boca, um lápis no contorno no olho e um pouco de blush. Isso porque ela estava com febre ontem. Talvez o sono de Bela Adormecida tenha a ajudado. Agora ela está como uma supermodelo à minha frente.
- Eu exagerei? - pergunta com receio e eu nego com a cabeça.
- Só estou surpreso, você estava mal ontem.
- Eu disse, eu estou melhor. Eu sou forte. - sorri orgulhosa e pega uma jaqueta de couro com botões dourados.
- Com certeza você é, mas se você não estiver bem eu posso pedir.
- Eu estou bem, minha garganta está doendo um pouco mas nada grave. - explica e eu concordo com a cabeça. - Por favor, vamos logo. Eu fiquei dormindo o dia todo e eu quero conhecer um pouco de Nova Iorque, sério. Em menos de um mês eu já fui para Paris e agora Nova Iorque. - fala empolgada e eu sorrio.
- Certo, vamos lá.
{•••}
A pizzaria que levei Michelle fica perto do Madison Square Garden. Sempre vinha para cá quando viajava com minha mãe, é um estabelecimento de dois andares com a melhor pizza de Nova Iorque, aposto que a cacheada também irá gostar da comida daqui. Nós sentamos em uma mesa ao lado da janela. É o melhor lugar para turistas e tenho certeza disso porque Michelle olhava fixamente para janela, observando as luzes que refletiam nos seus olhos fazendo ela ter um daqueles olhares infantis de empolgação. Acredito que ela nem notou quando eu fiz o pedido, pois a mulher olhava e ainda está olhando com atenção a rua, as pessoas e o estádio logo a frente. Não tinha nada lá hoje, mas tinha um anúncio de um jogo de basquete e de um show do The Weeknd e eu sei que ela gosta dele também, porque quando abri sua mala para pegar o absorvente eu vi uma blusa com a estampa de algum dos álbuns dele.
O show será no próximo final de semana e os ingressos estão quase esgotados. Será que ela quer ir?
- Você quer ir? - pergunto e a mulher me olha confusa. - No show, você quer?
- Sério? - sorri abertamente e eu concordo com a cabeça. - Você vai comigo?
- Pode ser. - dou de ombros. - Mas não conheço as músicas.
- Não tem problema! - diz sorridente. - Posso te mostrar. - aceno com a cabeça.
- Combinado. - sorrio um pouco e a mulher fica sorrindo para mim. Michelle é absurdamente encantadora e como eu sei, ela é diferente.
Não sei, mas nada parece abalar essa mulher e mesmo na noite de ontem que ela estava mal, conseguiu brincar comigo e me dar conselhos que eu devo dizer que foram valiosos. Agora, ela está com esse sorriso para mim, como um raio de sol depois de dias chuvosos, e merda, não se envolver demais é algo que deveria ser uma prioridade, mas eu já tive ela nos meus braços e mesmo ela agindo como se nada tivesse acontecido, eu não consigo esquecer de cada toque nós demos, nem da forma de como nós dois ficamos suados e cansados porque gastamos nossas energias buscando o prazer. Não consigo esquecer isso e caramba! Ela continua sorrindo como se nada demais tivesse acontecido, enquanto eu me sinto atingido por ela todas as vezes que ela me olha e age de forma iluminada.
Não deveria ser assim, deveríamos apenas fingir um envolvimento e não tenho mais tanta certeza assim se estou conseguindo fingir alguma coisa, enquanto ela, bem Michelle é uma atriz bem melhor do que eu e consegue deixar qualquer pessoa no chão. Qualquer pessoa que ela quer pode se arrastar no chão por ela. Tudo que Michelle Evans precisa fazer é pedir. Em alguns momentos, eu tenho certeza de que ela sabe sobre esse poder que ela tem.
Uma mulher simplesmente incrível.
Enquanto esperamos a pizza, Michelle contou que já foi em um show, mas apenas uma vez na vida. Era de um rapper chamado Bryson Tyler. Eu também não conhecia nenhuma música dele, então Michelle pegou o celular dela na bolsa. Ela estava com fones de ouvido. Ela saiu do lugar que estava para se sentar ao meu lado. Colocou o fone de ouvido no meu ouvido e o outro no dela compartilhou comigo sua playlist.
- Não é ruim. - ela fica me olhando com atenção.
- Só isso? - pergunta desconfiada.
- Digo, esse não é o meu tipo de música.
- Rap? Pop? R&B? O que mais não é do seu tipo, Styles? A Paz mundial? - cruza os braços e eu sorrio.
- Michelle, digo, eu aprecio como as pessoas negras fazem com a música. - Ela franze a testa. - Mas o Rap não é o meu tipo.
- Esse é um jeito menos racista de você dizer que não gosta de músicas de pessoas negras?
- O que? Não, não, não. É só um jeito de dizer que eu não curto rap como você, mas eu gosto de Marvin Gaye e todo o retrato que ele passou com a vivência Afro-Americans, é incrível. Ou a Nina Simone com críticas árduas sobre o sistema opressor estadunidense, aplicando todo o aspecto racial e sua dor como mulher negra com notas impecáveis de piano. Até mesmo a Aretha Franklin e toda sua força não apenas vocal, mas com músicas independentes. Além disso, o Kayne West e o Jay-Z tem músicas que brincam com as melodias clássicas enquanto retratam a realidade e suas opressões. O meu ponto é, eu não escuto tanto Rap assim.
Silêncio. Eu falei algo errado?
Michelle fica me olhando de forma indescritível e eu não sei se ela vai me dar um tapa ou sorrir.
- E To Pimb a Butterfly do Kendrick Lamar? - pergunta baixinho, eu sorrio um pouco.
- Uma crítica sobre o consumismo, sobre como o sistema capitalista afeta pessoas negras negativamente. É um álbum complexo que não usa só o rap, mas o funk também. É um bom álbum, um dos melhores. - Ela sorri e eu me sinto aliviado.
- E você não gosta tanto assim de Rap? - levanta as sobrancelhas. Eu sorrio e chego meu rosto perto do da mulher.
- To Pimb a Butterfly é uma mistura gostosa de Rap e Funk, com letras complexas e críticas construtivas. Então sim, eu gosto de rap, desse rap.
- O que te incomodou no Bryson Tyler e no The Weeknd? Eles falarem demais sobre festas, amor e sexo. E de menos sobre a sociedade? - A cacheada é direta na pergunta e eu solto uma risada.
- Pode ser, não são músicas ruins, mas veja. Se eu escutar algo que fala sobre como foi bom deixar uma mulher molhada, eu vou querer deixar uma mulher bem molhada. Dessa forma, escutar esse tipo de música não é algo que eu faço direto.
- Por que te deixa excitado? - novamente a mulher é rápida em fazer essa pergunta. Fico olhando para ela. Os seus olhos me encaram com atenção e caem até meus lábios. Olho para os lábios dela também.
O gloss nos lábios carnudos, a respiração quente dela, o perfume. Ela é irresistível. Deveríamos estar falando sobre críticas, talvez sobre a pizza, mas sinceramente já me esqueci sobre tudo isso e apenas quero tirar essas roupas.
Acabei não respondendo nada à cacheada pois a pizza chegou. Como eu estava dirigindo não pedi nenhuma bebida alcoólica, apenas um suco de uva enquanto Michelle tinha pedido um suco de maracujá. Agora estamos comendo pizza de marguerita.
- Uau! Essa é uma das melhores pizzas que eu já comi! - exclama com a boca cheia. Olho para ela e vejo como ela sorri envergonhada. Depois de mastigar e engolir ela sorri mais e eu nego um pouco com a cabeça. - Eu sei sobre bons modos. Só que é uma pizza excelente. Sério, como soube desse lugar? É seu também?
- Não, minha mãe me trouxe aqui quando era criança uma vez.
- Entendi. Ela também gosta de pizza?
- Ela amava. - suspiro. Logo, eu vejo a compaixão no olhar de Michelle e ela entendeu que minha mãe não está mais viva. Não gosto muito de falar disso, porque nem sei como me sentir em relação a isso. Eu era uma criança.
Crianças sabem lidar melhor com isso. Só que eu sinto saudades dela às vezes.
- Você tinha quantos anos quando ela morreu? - pergunta com cautela.
- Sete anos. - murmuro. Eu bebo suco de uva e por um instante eu sinto falta do álcool. - Leucemia.
- Eu sinto muito. - Ela segura minha mão. Seus olhos me olham brilhantes e eu consigo captar a compaixão neles.
- Tudo bem, digo, eu era apenas uma criança. Cresci lidando com isso.
- Eu sei, eu entendo. Só que não é fácil. Digo, faz falta e você só era uma criança. A pior coisa é ver nossos pais morrendo sem fazer nada. - fala e seus olhos se enchem de lágrimas. A mãe dela tem câncer e isso pode ter feito ela lembrar da mãe.
A vida real não é fácil.
- O meu pai fazia ela viajar o mundo inteiro em busca do melhor tratamento. Só que ele nunca ficou com ela quando ela precisou. Nenhum dia.- suspiro. Não gosto de falar disso e Michelle acena com a cabeça.
- Talvez tenha sido o modo dele lidar com isso. Quando meu pai morreu, minha mãe ficou um ano sem falar comigo. Ela vivia no hospital, pois era enfermeira e eu não via ela. Até o dia que eu quebrei minha perna de propósito. - suspira e com o garfo ela brinca com a pizza.
- Seu pai morreu como? - pergunto curioso e Michelle solta minha mão. Ela olha para o prato. - Não precisa falar, apenas...
- Assalto. Eu tinha treze anos e um homem quis dinheiro, não tínhamos nada e ele deu um tiro no peito do meu pai. A bala entrou e saiu. Pegou de raspão no meu braço. - O seu tom de voz foi trêmulo e não demora muito para uma lágrima cair no seu rosto. Essa lágrima é imediatamente limpada do seu rosto.
- Eu sinto muito. - seguro a mão da mulher. Passo meus dedos no dorso da sua mão. Ela respira fundo.
- Eu também sinto muito, perder a mãe durante a infância. - Michelle morde os lábios. - É uma merda.
- É sim, mas temos pizza.
- E conversa. - sorri um pouco. Aceno com a cabeça.
- Isso, sobre o que quer falar agora? Por que a Terra não é plana e as pessoas que acreditam nisso acreditam em fundamentos vazios? - pergunto e Michelle ri.
- Você está sendo engraçado de um modo inteligente? Porque, Uau! Podemos falar sobre isso.
Sorrio e é bom ver o sorriso de volta no rosto dela.
{•••}
Foi uma noite boa, entretanto, Michelle espirrou um pouco quando fomos embora. Ela garantiu que estava bem, mas eu fiquei colocando minha mão na testa dela sempre que podia porque queria garantir que realmente não estava com mais nada de febre. Felizmente, não estava.
Eu realmente torço para que ela continue melhorando, apesar dela já parecer bem melhor do que estava. Vê-la naquela situação realmente me assustou.
- O que você vai fazer agora? - pergunto de frente a porta do meu apertamento. A mulher me olha confusa.
- Dormir, eu acho. - fala e eu solto uma risada baixa.
- O fuso horário é uma merda não acha?
- Talvez eu durma fácil. Nunca duvide da minha capacidade de dormir. - fala divertida e eu sorrio. Aproximo-me dela e Michelle coloca a mão no meu ombro.
- Vai dormir comigo? - peço e um sorrisinho forma-se nos seus lábios carnudos e brilhantes.
- Não, Styles. Eu disse, o que aconteceu no carro, fica no carro. Foi divertido sair com você hoje...
Interrompo-a colando nossos lábios. Imediatamente, ela agarra meu cabelo e eu me sinto cansado de papo furado. Poxa, ela também sentiu o que eu senti e eu tenho que lembrá-la do quanto foi bom quando estávamos juntos. Quero ver ela gostando para ter certeza de que cada frase negando que quer mais é uma mentira.
Afasto-me dela quando Michelle me empurra devagar.
- Você quer pegar um resfriado?! - Ela estava brava e olho confuso para ela.
- Eu acho que não ligo. - Ela nega com a cabeça. Eu suspiro. - Por que não mais?
- Harry, se estamos aqui para fingir temos que fazer isso direito. Não dificulta as coisas. - pede baixinho.
- E se eu não quiser fingir mais? - digo impaciente, dessa vez, não espero sua resposta. Abro a porta da minha casa.
Eu entro apressado e acabo parando quando vejo meu irmão dormindo no sofá. A coberta dele estava no chão e o prato da janta japonesa dele estava no chão junto com uma garrafa de energético. A televisão estava ligada passando os créditos de algum filme que ele estava vendo.
Michelle pega a coberta no chão e cobre o garoto que continua dormindo como pedra. Eu desligo a televisão. Olho de relance para a mulher e ela leva o prato para a cozinha.
Não espero por ela, por isso eu subo até meu quarto.
Foi uma noite boa, com pizza e conversa. Agora, tenho que me contentar com isso, pois será o máximo que vou arrancar da mulher incrível que está nessa casa comigo. Uma das mulheres mais incríveis que venho conhecendo.
- O que você quis dizer sobre não querer fingir mais?
- Michelle eu quero dormir. - Sou rude e tiro minha camisa. Não quero mais conversar, ela suspira e eu caminho até o banheiro.
A cacheada vem atrás de mim. Fica me encarando séria enquanto eu pego minha escova e pasta de dente.
- Não vou repetir a pergunta. - cruza os braços.
- O que eu quero dizer sobre não querer mais fingir. É que eu quero te conhecer de verdade, sua história, não quero fingir uma. O que eu quero dizer sobre não querer fingir mais é que eu quero te foder nessa cama ou em qualquer outro lugar. Que eu quero te levar para conhecer lugares novos sem ter medo de ver você desaparecendo daqui três meses porque nossa relação tem prazo de validade. - coloco a escova de volta na minha boca. Não quero falar mais nada.
Ela não me responde. Fica apenas me olhando, ela descruza os braços e eu estou prestes a fechar a porta se o silêncio continuar.
- Não vou dormir com você essa noite. Eu estou menstruada e ainda estou resfriada. - diz e eu cuspo a pasta.
- Eu já disse que não ligo.
- Mas eu sim! Não quero você se resfrie e nós já ficamos perto demais. E nem quero que a cama se torne uma zona de guerra , se você realmente não quer fingir mais, eu vou te dar a chance de me mostrar que é verdade. Apenas não me decepcione, porque eu estou gostando de você.
Continua...
Notas: Oioi amores como voces estão?
As atualizações demoraram um pouco mas saíram. O que acharam do capitulo ein?
Espero que tenham gostado. Não deixem de comentar o que acharam e o que acham que pode acontecer com o casal.
Vejo vocês em breve. Anna. Xx
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