08. Cruel
Harry Styles
É sexta-feira e eu penso no beijo de Michelle desde quando eu acordei, talvez eu tenha até sonhado um pouco com isso. Penso que os lábios dela são tão deliciosos quanto eu pensei que fossem, que o toque dela é eletrizante e que estávamos indo para algo que com certeza seria mais gostoso ainda. Entretanto, ela se afastou de mim. Michelle foi embora e eu gostaria de mais. Foi bom, eu senti algo. Algo que me fez esquecer sobre Elizabeth e todas as peças quebradas que eu carrego.
Entretanto, já são duas da tarde e eu não tenho nenhuma notícia de Michelle, nenhuma mensagem no celular ou sinal de fumaça. Nada, ela gostou do beijo? Eu exagerei?
Eu não sou nenhuma prostituta. Ela disse isso, será que tê-la beijado nesse contexto a fez pensar que eu estou pagando ela para mais? Céus, não!
Quando eu ofereci o dinheiro para ela foi pensando apenas que ela fingisse, nada mais que isso. Entretanto, o beijo simplesmente aconteceu e eu não procurei evitá-lo porque queria sentí-lo.
Além disso, não era apenas sobre o beijo que pensava, ou sobre a frase dita por ela, Michelle foi embora colocando em minha cabeça muito mais questionamentos do que eu poderia imaginar. O que eu vi nela para fazer a proposta? É uma boa questão, mas quando eu a perguntei sobre o que ela faria se fosse rica, a resposta dela foi instantânea e sincera. O tipo de pessoa justa, o tipo de pessoa que talvez aceitasse a proposta louca de um homem perdido. Eu não errei afinal. Ela aceitou, só que extrapolamos na noite passada. Agora sinto medo de que ela não queria mais fazer esse acordo.
Será que ela ainda quer?
Acabo sendo interrompido dos meus pensamentos sobre Michelle, quando Margaret deixa uma xícara de café na minha frente e eu a olho. A mulher dos cabelos escuros e longos sorri para mim e volta a falar algo que demoro a absorver, até entender que ela está falando sobre a reunião que terei daqui cinco minutos com os investidores alemães, eles sempre rendem lucros e vai ser uma reunião sobre eles, sobre números e novos projetos. Isso é cansativo e por um instante eu penso em pedir para Margaret adiar essa reunião, porque eu gostaria de ir até Michelle e continuar a conversar com ela e nem precisa ser necessariamente sobre o beijo que tivemos ontem. Ela poderia me dizer mais sobre a receita que fez para uma ONG, ou sobre o aquecedor novo, quem sabe mais. Falar de onde ela veio, aprofundar no assunto do motivo de querer um restaurante e coisas desse tipo. Qualquer coisa que não seja uma reunião que eu sei exatamente como será e torço para seu final.
— Senhor Styles? -A morena me chama, olho-a. Margaret tem uma idade próxima à de Michelle, contudo, eu sinto que ela irá mudar de emprego logo, pois entrará para seu estágio em direito. Ser secretária não é o seu sonho de carreira. Uma juíza, bem, talvez.
— Desculpe.
— Certo, eu dizia que a reunião com os investidores alemães é daqui alguns minutos.
— Oh certo. Devo ir agora. -Digo e a morena sorri.
— Isso senhor.
Levanto-me e pego minha xícara de café enquanto escuto Margaret falar — lembrar-me —, algumas informações importantes para a reunião. Não me sinto tão preocupado assim, afinal já tive a mesma reunião milhares de vezes, apenas preciso me concentrar nas pessoas na sala e não na Michelle.
{•••}
Como esperado, foi uma boa reunião e rápida também e mesmo não sabendo muito sobre o idioma eu consegui dizer "Foi um prazer companheiros" em alemão. Isso apenas pareceu fortalecer as alianças que já existiam com aqueles homens. Então, sem pensar muito sobre eles, continuei o meu trabalho. Lendo a papelada até acabar sendo desviando um pouco da minha atenção, quando meu telefone tocou, Margaret disse que era a gerente do banco. Era do banco que eu dei o cartão para Michelle, eu estava anos sem usar então eles devem ter se assustado quando Michelle o usou ontem.
Ao atender o telefone a gerente perguntou se fui que fiz as compras em lojas femininas e havia sacado quase mil libras. Disse que foi minha namorada, a gerente alertou sobre golpes, mas eu garanti que era alguém da minha confiança. O ponto é, eu mal conheço Michelle então eu menti, porém, fiquei esperando o contato da mulher pelo resto do dia porque havíamos nos beijado na quinta-feira.
A procura depois de um momento desse normalmente acontece, entretanto, não para Michelle, foi ela que parou o que estávamos tendo. Foi ela que me empurrou e foi embora. Ela não iria me procurar, mas eu queria ir até ela.
Tentei ligar para a mulher na sexta-feira à noite quando estava livre do trabalho, mas ela não atendeu. Então decidi procurá-la no sábado, mas não a encontrei assim que a procurei. Comecei a ficar com medo de ter caído em um golpe, mas seria idiota da parte de Michelle, afinal, no cartão tem menos do que eu propus, mas um por cento de alguma coisa é melhor que nada. Aquilo me deixou desesperado e pensar que eu fui roubado dessa forma, me deixava envergonhado da minha própria estupidez.
Entretanto, ela me respondeu no sábado, me chamando de idiota e eu acabei sendo um idiota. Só que eu queria notícias dela, ainda quero. Por isso, disse a ela que estaria na casa dela às oito da noite. Ela concordou, então aqui eu estou nessa noite de sábado chuvosa. Ela abriu a porta assim que cheguei e eu não me molhei muito. A cacheada me encara séria.
— Eu fui um idiota, será que podemos conversar?
— Bem, você me achou. -Diz brava e cruza os braços.
— Michelle me desculpe. Eu fiquei preocupado e você sumiu na sexta depois de ter gastado tanto.
— Eu estava resolvendo minhas coisas, como pedir demissão do meu emprego para continuar com o nosso acordo.
— E hoje? -Pergunto, a mulher respira fundo.
— Visitei minha mãe, ela tem câncer. Foi por isso que eu saquei o dinheiro para ela conseguir terminar o tratamento. Satisfeito? -Diz rude e suspiro.
— Michelle não precisa ser tão dura comigo.
— Você me chamou de ladra.
— Eu mal conheço você. -Rebato.
— Que ótimo, porque eu também! -Diz alto.
— Desculpe. -Murmuro, escuto-a suspirar.
— Me desculpe por ter sido rude também. Não gosto que me chamem de coisas que eu não sou. E eu não sou uma ladra. -Diz firme e levanto meu olhar e fico encarando a mulher. Mais baixa do que eu, me olhando parecia menos brava, mas ainda mantinha a postura dura.
— Isso tudo é novo e teve quinta-feira. -Coço meu cabelo, ela me olha atenta, mas sua postura não parece ser mais tão séria quanto antes. Dou um passo à frente. — Eu não consigo parar de pensar no seu beijo.
— Harry...
— Você está certa, eu realmente quero sentir algo que não seja um coração quebrado. -Ela morde os lábios. — Michelle você é linda.
— Você não está me pagando para ser sua válvula de escape. -Diz séria e eu suspiro. — Isso só vai deixar tudo mais confuso ainda e vai nos machucar. -Diz me olhando nos olhos, sua voz não saiu tão firme. A mulher fica me encarando e seus olhos negros brilham. Eu não quero machucá-la.
— Michelle.
— Já resolvemos as coisas, você sabe que eu não te roubei e nem vou fazer isso. E na segunda-feira estarei na sua casa para irmos para França, só me informe o horário. -Diz e eu dou um passo para trás. Não era assim que eu queria que as coisas terminassem essa noite. — Que horas?
— Pode ser às oito da manhã. -Digo baixinho e ela acena com a cabeça.
— Estarei lá, vou ser a sua noiva de mentira. -Ela fala e abre a porta. — Até segunda-feira.
Eu não queria ir, mas eu tive. Isso foi tão estúpido. Ela não gostou do nosso beijo? Para piorar eu ainda acusei ela de roubo e sei muito bem que isso foi ofender a honra dela, nada pior do que uma honra ferida e um beijo mal dado. Terei de arrumar isso de alguma maneira, mas agora, eu dirijo até o Evelyn 's Hotel, eu preciso beber um pouco. Eu realmente preciso e naquele hotel eles tem um pub incrível.
É a amargura da solidão, Thomas não estará na minha casa mais porque a mãe dele chegou e ninguém está me esperando chegar. Dessa forma, eu tenho que fazer alguma coisa, ver algo, distrair minha cabeça com uma dose de álcool. É sábado e a última coisa que eu quero é pensar no meu trabalho.
— Dose dupla de vodca por favor. -Peço a atendente e me sento na cadeira de frente a bancada do bar. Uma mulher loira olha para mim e sorri um pouco. Eu respiro fundo e entrelaço minhas mãos.
— Sábado depressivo? -Ela inicia a conversa.
— Apenas um sábado. -Murmuro, a loira vira seu corpo, ela fica de frente a mim e eu viro um pouco minha cabeça para olhá-la. Um vestido preto e um copo de martini na mão. Os olhos cor âmbar me olham com atenção. Ela sorri e os lábios finos estão pintados de rosa. É uma mulher bonita.
— Apenas um sábado em um mundo cruel. -Diz. Meu corpo paralisa por um instante, porque eu me lembro de Michelle. Dela falando isso, duas noites atrás, ela estava lá, bem a minha frente, ela esteve bem à minha frente minutos atrás.
Lábios carnudos em gloss, mesmo assim linda. O cabelo cacheado preso e ela estava usando uma blusa e uma calça moletom, o rosto bravo e do mesmo jeito eu não conseguia parar de me lembrar do seu beijo ou de queré-lo.
Não deveria pensar tanto nela se eu não irei ter nada além de um acordo milionário. Apesar do gosto do beijo dela ainda estar bem firme em minha memória, talvez eu devesse mudar isso, afinal serão três meses com ela e quanto mais rápido eu esquecer, melhor vai ser.
O barman entrega meu copo com dose dupla de vodca e eu antes de beber eu estendo minha mão para a mulher, ela sorri para mim.
— Sou o Harry.
— Sabrina. -Sorri e eu bebo. — O que te trouxe aqui?
— Não tinha nada melhor. -Dou de ombros. — E você?
— Eu vim tirar umas semanas de férias aqui. Sou do Canadá, uma cidade chamada Victoria. -Diz e eu aceno com a cabeça. Então, como a reparar no sotaque sutil que ela tem. — Bem, eu estou lá, mas fiquei aqui até meus dezesseis anos o meu pai é inglês e minha mãe é canadense. -Sorri e suas bochechas se avermelham um pouco. — Não é sobre isso que quer falar, desculpa.
— Oh não, estou achando bastante interessante sua linhagem é que eu não tive um bom dia. -Murmuro e ela me olha curiosa. A mão dela vai para minha coxa.
— Então é sobre de onde eu vim não é o que vai te animar.
É realmente não. Então para que enrolar? Afinal, é um mundo cruel. Onde as coisas não acontecem como queremos porque apesar dessa linda mulher estar a minha frente, facilitando o caminho assim como eu, não é ela quem eu venho procurando, com certeza não. Ironicamente, mesmo sendo parecida com Elizabeth, o mesmo tom de cabelo loiro, o mesmo cheiro doce não é ela que minha cabeça insiste em se lembrar. É Michelle, totalmente diferente, mas eu pisei na bola e ela está certa, se formos longe demais vamos nos machucar. Não quero mais corações quebrados.
Portanto, eu subo para o quarto de Sabrina e minha noite de sábado não é totalmente vazia, apenas parcialmente, porque não era assim que eu gostaria de estar. Uma fodida fraca em um quarto de hotel para finalizar a semana.
Deprimente e cruel, mas ainda sim o prazer no final é alcançado em um desastre inevitável. Talvez a cacheada esteja certa sobre eu estar buscando sentir algo, mas sinceramente, transado com Sabrina, eu entendo que eu não estou buscando por qualquer coisa.
Afastá-la.
Eu tenho que afastar a Michelle da minha cabeça imediatamente.
Afastá-la mais e mais, porque não podemos ter nada. Não temos que ter nada. Eu sei que ajudaria se eu dissesse a ela que não quero mais o contrato. Um milhão de dólares prometidos para o vazio, mas eu não quero isso. Quero estar perto dela e nem entendo ao certo o porquê. Talvez seja para deixar o meu mundo menos cruel e mesmo que seja apenas por três meses, pode ser suficiente.
Continua...
Notas: Oioi meus amores como estão?
Quem morreu com o gif do capítulo de hoje, além de mim?
Aqui nasce oficialmente um Harry cadela pela Michelle.O que acharam do capítulo e o que acham que pode rolar agora? A viagem para Paris...
Espero que estejam gostando. Vejo vocês logo logo. Anna. Xx
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