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❝ O primeiro movimento é arriscado. Se você não estiver atento, pode ser capturado sem chance. O jogo começou, e ninguém sabe quem ganhará.❞
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A atmosfera no escritório estava carregada, como se o próprio ar tivesse sido tingido pela tensão crescente. O espaço, tão moderno e impessoal, parecia incapaz de conter a tempestade que se desenrolava entre as quatro paredes.
Jimin permanecia imóvel no centro da sala, seu olhar fixo e inabalável, mas o coração batia forte dentro do peito. Suas palavras ainda reverberavam no ambiente, um desafio ousado lançado sem hesitação, uma afronta inesperada à autoridade que sempre governou com mãos de ferro. O impacto fora imediato. Nenhum funcionário ousava respirar mais alto, presos na incerteza daquele instante suspenso no tempo.
A figura imponente do patriarca da Parks Corporation parecia congelada no lugar. Seus punhos cerrados, os nós dos dedos esbranquiçados pela pressão, denunciavam a fúria contida. Os olhos escuros, estreitos, duros como lâminas afiadas, analisavam cada detalhe do filho diante dele, buscando qualquer vestígio de hesitação. Mas Jimin não piscava, não recuava.
Era um duelo sem palavras, mas o campo de batalha estava claramente traçado.
O silêncio era avassalador, tão denso que parecia engolir cada um dos presentes. O único som audível era o sutil zumbido do ar-condicionado, ineficaz diante do frio gélido que se espalhava pelo ambiente. Os funcionários trocavam olhares nervosos, a tensão pairando sobre eles como um espectro invisível.
Seong-Min respirou fundo. O ar que soltou parecia tão frio quanto a fina neve que caía em Busan no mês de dezembro. Então, com um gesto lento e metódico, dispensou os subordinados.
━━ Deixem o jovem mestre se ambientar em seu novo escritório.
A sala, que momentos antes estivera lotada, esvaziou-se em questão de segundos. Passos apressados ecoavam no chão de mármore, e cada olhar furtivo lançado para trás carregava a incerteza de quem acabara de testemunhar o impossível.
Restavam apenas os dois.
Seong-Min o encarou por um momento que pareceu se alongar além do tempo, avaliando-o como se tentasse decifrar algo que lhe escapava. Então, esboçou um sorriso enviesado, uma expressão que não carregava alegria ━ apenas uma ameaça velada.
━━ Aproveite seu novo reinado, meu filho.
O mais jovem sustentou o olhar, inclinando levemente a cabeça em um gesto polido. A máscara de respeito e obediência, meticulosamente esculpida ao longo dos dias, permanecia intacta.
Quando Han enfim cruzou a porta e desapareceu pelo corredor, Jimin soltou o ar que nem percebera estar prendendo. A tensão em seus ombros se desfez lentamente, mas sua mente continuava em estado de alerta.
Seus olhos percorreram o escritório com precisão cirúrgica. As estantes de vidro repletas de livros organizados milimetricamente, a mesa impecável, o jogo de cores sóbrias que transmitia uma elegância discreta. Cada detalhe ali fora cuidadosamente planejado para refletir sua personalidade, como se Seong-Min tentasse, de alguma forma, conquistá-lo através da estética.
Era impossível negar ━ o espaço era sofisticado, harmonioso. Mas essa beleza era ilusória.
A Parks Corporation era um império construído sobre segredos e sombras, e Jimin não se deixaria cegar pelo brilho da superfície. Ele estava ali por um motivo muito maior do que assumir um título.
Aproximou-se da mesa e pousou os dedos sobre a placa com seu nome gravado. O toque frio do metal enviou um arrepio pelo seu braço, um lembrete tangível da posição que agora ocupava.
Ele não era mais apenas o professor cujos alunos o adoravam. Não era mais o filho que vivera à sombra do pai.
Era o CEO da Parks Corporation.
E estava disposto a jogar esse jogo até o fim.
O cheiro de papel e café flutuava no ar, misturando-se ao peso da nova realidade que se impunha diante dele. A primeira peça fora movida. O tabuleiro estava posto.
Jimin ergueu o olhar para a janela de vidro que revelava a paisagem urbana lá fora. A cidade brilhava sob as luzes da manhã indiferente às batalhas travadas por aqueles que caminhavam sobre suas ruas.
Mas para ele, cada detalhe importava.
Ele não estava ali apenas para assumir um cargo.
Estava ali para recuperar o que fora perdido. Para reescrever sua história.
E vencer era a única opção.
Jimin segurou o telefone com firmeza, discando o número que conhecia tão bem que poderia fazê-lo de olhos fechados. O momento que tanto aguardava finalmente havia chegado. Ele precisava informá-los: o plano estava em ação.
Quando as imagens de Seokjin, Hoseok e Namjoon apareceram na tela, um calor familiar tomou conta de seu peito. E então, no canto do visor, Jungkook surgiu o rosto parcialmente sombreado, mas com aquele sorriso discreto e o olhar atento, brilhando de orgulho.
━━ A batalha começou, meninos ━ anunciou, sua voz carregada de determinação. ━━ E a primeira jogada foi minha.
Jimin relatou o acontecido daquela manhã, os minutos de silêncio que se seguiram foram breves, mas densos. Então, Hoseok, sempre o primeiro a quebrar a tensão, riu baixo.
━━ Você não perde tempo, Jiminie.
━━ Nunca perco ━ ele respondeu, um sorriso de canto nos lábios, jogando as madeixas mescladas de forma despretensiosa.
Namjoon inclinou-se ligeiramente para frente, seus olhos amarelos avaliando o novo ambiente de Jimin através da tela.
━━ Então é oficial. Você está no tabuleiro agora.
━━ No centro dele ━ corrigiu Seokjin, a expressão séria. ━━ E seu pai não vai ignorar sua primeira insubordinação.
Jimin sabia. Desde o momento em que Seong-Min deixara a sala com aquele sorriso gélido e calculado, ele sabia que a verdadeira disputa começaria ali. Mas não se deixaria intimidar.
━━ Ele já fez o primeiro movimento ao me dar esse escritório ━ comentou, percorrendo o ambiente com o olhar. ━━ Agora cabe a mim decidir como usá-lo.
Com um gesto, virou a câmera, permitindo que os amigos vissem os detalhes do espaço. Não era apenas um escritório ━ era um troféu, um território concedido com segundas intenções. Mas Jimin não o via como uma concessão. Via como um campo de batalha.
Enquanto falava sobre os próximos passos, suas estratégias e a necessidade de vigilância, notou um movimento discreto na tela. Jungkook ergueu a mão, um gesto simples, mas cheio de significado.
"Estou com você."
O coração de Jimin apertou, mas ele não deixou transparecer. Apenas retribuiu com um aceno quase imperceptível.
━━ Precisamos ser cuidadosos ━ alertou Namjoon, ajustando os óculos. ━━ Seong-Min não é um homem que aceita ser desafiado.
━━ Nem mesmo pelo próprio filho ━ completou Seokjin, com um olhar carregado de apreensão.
Jimin inspirou fundo.
━━ Eu sei.
Hoseok sorriu, cruzando os braços.
━━ Então, CEO Park... que comecem os jogos.
Jimin riu baixo. A tensão ainda estava lá, assim como o peso do que estava por vir. Mas ele não estava sozinho.
E para o Park isso fazia toda a diferença.
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O som firme dos sapatos de couro ecoava pelos corredores da Parks Corporation, carregando consigo a fúria contida de Han Seong-Min. Seus passos eram rápidos, impacientes, marcando cada centímetro do chão com a sombra de sua irritação. Ao passar pelo setor de assessoria, sua voz cortou o ambiente como uma lâmina afiada.
━━ Baek Seo-Jun.
O chamado foi seco, imperativo. O jovem assessor, recém-contratado, ergueu-se de imediato, a tensão evidente em seus olhos ao perceber que não havia espaço para hesitação. Com passos apressados, seguiu atrás do presidente, sem ousar questionar sua convocação repentina.
Seong-Min atravessou as portas duplas de seu escritório com um movimento brusco, fechando-as com força atrás de si. Sem perder tempo, afrouxou o nó da gravata, sentindo a irritação pulsar em suas têmporas. O controle que tanto prezava ameaçava escapar por entre os dedos, e ele precisava de algo para acalmar a tempestade dentro de si.
Dirigiu-se à adega no canto da sala, deslizando a mão firme pela coleção de garrafas luxuosas. Escolheu um uísque de aroma amadeirado, servindo-se de uma dose generosa. O líquido dourado deslizou pelo copo de cristal, mas Seong-Min não saboreou o sabor sofisticado ━ engoliu a bebida como se fosse veneno, como se pudesse apagar o nome que queimava em sua mente.
Park Jimin.
Com um movimento brusco, atirou o copo contra a porta. O impacto ressoou pelo ambiente, os cacos de vidro se espalhando pelo chão em um reflexo exato de sua paciência destruída.
━━ Aquele desgraçado... ━ rosnou entre dentes, cada sílaba impregnada de desprezo.
Antes que pudesse continuar seus impropérios, três toques suaves soaram na porta, interrompendo sua ira. Inspirou fundo, recompondo-se. Não permitiria que ninguém testemunhasse seu descontrole.
━━ Entre.
A porta se abriu, revelando Baek Seo-Jun, que entrou hesitante e curvou-se em reverência. Seus olhos inquietos denunciavam o temor que sentia diante do homem que agora o avaliava como um predador observa sua presa.
Seong-Min relaxou os ombros, assumindo a postura calculista que lhe era tão natural. Aproximou-se lentamente, cada passo medido, cada olhar afiado como um bisturi. Então, com um sorriso frio, começou a tecer suas palavras como uma serpente enredando sua vítima.
━━ Seo-Jun... Você é um jovem talentoso. Promissor. Alguém que pode ir longe, desde que esteja ao lado certo da história.
O rapaz engoliu em seco, sentindo o peso daquelas palavras.
━━ S-Sim, senhor...
━━ Jimin acha que pode se envolver neste jogo ━ continuou Seong-Min, sua voz envolta em um tom quase amigável, mas carregado de veneno. ━━ Mas nós dois sabemos que ele não está pronto para isso.
O silêncio do assessor foi resposta suficiente.
━━ Quero que me mantenha informado sobre cada movimento dele dentro da Parks Corporation. Cada decisão, cada conversa.
Seo-Jun hesitou, os olhos vacilando por um instante.
━━ Senhor... isso não seria...?
Seong-Min riu baixo, inclinando-se levemente para frente, com as mãos nos bolsos.
━━ Você quer crescer aqui, não quer? Quer estabilidade, reconhecimento... quer ter um futuro brilhante. Eu posso lhe proporcionar isso. Mas preciso de sua lealdade.
O jovem prendeu a respiração. Não era uma escolha. Nunca fora.
━━ Sim, senhor.
Seong-Min sorriu, satisfeito.
━━ Ótimo. Não me decepcione, Seo-Jun. Eu não sou um homem que tolera traições.
O rapaz assentiu, sentindo um arrepio percorrer sua espinha. Quando deixou a sala, sua respiração estava acelerada.
Seong-Min virou-se para a adega novamente, servindo-se de outra dose de uísque. Seu olhar, refletido no vidro escuro da garrafa, era de alguém que não perderia. Não para Park Jimin.
O escritório de Han Seong-Min era um reflexo perfeito de sua personalidade ━ frio, meticulosamente calculado e opulento em cada detalhe. As paredes eram revestidas com um elegante mármore negro, cujas veias prateadas refletiam a luz indireta dos lustres modernos embutidos no teto. Não havia excessos sentimentais ou toques acolhedores; tudo ali exalava autoridade e sofisticação impiedosa.
As janelas panorâmicas ofereciam uma visão privilegiada da metrópole, como se ele dominasse aquele cenário com um mero olhar. O mobiliário seguia a mesma linha ━ esbanjava requinte, mas sem calor. A ampla mesa presidencial de madeira de ébano, polida, ostentava apenas o necessário: um telefone de última geração, uma pasta de documentos disposta cuidadosamente e um porta-canetas de ouro, que reluzia como um troféu de sua ascensão. Atrás da mesa, uma estante imponente exibia poucas obras literárias, todas escolhidas não pelo conteúdo, mas pelo prestígio que conferiam ao ambiente.
Seong-Min caminhou com passos lentos e medidos até sua mesa, sentando-se em sua cadeira de couro italiano. O gesto foi carregado de desdém, como se aquele trono pertencesse a ele por direito ━ e, de certo modo, ele o havia conquistado.
Encostou-se no estofado luxuoso, entrelaçando os dedos diante do rosto enquanto contemplava o império que comandava. Um império que não era seu.
Mas que ele tomara.
Um sorriso enviesado curvou-lhe os lábios ao lembrar-se de como tudo acontecera. Seu olhar percorreu lentamente a grandiosidade do escritório, não apenas absorvendo a imponência do espaço, mas relembrando cada movimento calculado que o levou até ali.
Park Ji-Ae fora uma mulher brilhante. Forte, destemida, admirável ━ e vulnerável. Uma presa fácil quando a tragédia a atingiu de forma cruel e implacável. A morte repentina de Jasper Miller não apenas a deixou viúva, mas a tornou uma mãe solitária, mergulhada em uma tempestade de luto e incerteza. E foi ali que ele entrou em cena, como um amigo fiel, um ombro confiável, um aliado insubstituível.
Seong-Min sabia exatamente como se aproximar. Como sussurrar as palavras certas, oferecer apoio incondicional, ser a presença constante quando todos os outros recuaram. Ele foi paciente, meticuloso, irretocável em sua atuação.
Ele a conquistou.
Não da forma romântica ou passional que os ingênuos poderiam supor ━ não, ele nunca tivera interesse na mulher em si. Seu verdadeiro alvo sempre fora o que ela possuía: o poder, a influência, o império.
Quando Ji-Ae finalmente confiou nele o suficiente, foi apenas uma questão de tempo até que ele manobrasse os acordos, manipulasse as ações, plantasse dúvidas sutis e a conduzisse para a única saída que ele mesmo arquitetou: a entrega gradual da Parks Corporation em suas mãos.
E Jimin?
Seong-Min riu baixo, quase divertido. O garoto era um obstáculo insignificante naquela época. Pequeno demais, jovem demais para compreender o que estava acontecendo debaixo de seu nariz.
Mas agora...
Seu olhar se estreitou, e o sorriso desapareceu.
Agora, Park Jimin voltava como um adversário.
E Seong-Min não pretendia perder para alguém que, um dia, não passara de um menino segurando a barra do vestido da mãe.
O som vibrante do aparelho, escondido na gaveta abaixo da mesa de Seong-Min, interrompeu o fluxo de seus pensamentos. Com um gesto rápido, ele girou a chave e retirou o dispositivo, um modelo antigo que exalava uma aura de segredo e desconfiança. O nome "Sr. D." piscava no display, a tipografia serifada destacando-se na escuridão da tela. Um sorriso frio, que não refletia emoção alguma, curvou os lábios de Han enquanto ele atendia.
Do outro lado, a voz grave e aveludada, carregada de uma sombra que parecia se estender até os ouvidos do empresário, ecoou com precisão.
━━ A encomenda chegou ao porto, Han. Quem irá recebê-la?
A tensão na voz de Seong-Min era palpável, mas ele manteve o controle, respondendo com uma calma forçada.
━━ Aguarde mais uma noite, Sr August. Já entrei em contato com o reverendo. Os rapazes estarão lá em breve.
Havia um leve tremor em suas palavras, mas ele fez o possível para escondê-lo. O silêncio do interlocutor do outro lado da linha, uma pausa, fez o ar na sala pesar ainda mais.
━━ Temos pendências a acertar, Seong-Min. Não aceito atrasos.
A inquietação cresceu dentro de Han, mas ele não permitiu que isso transparecesse. Seus dedos apertaram o telefone com força.
━━ Tudo está sendo preparado, eu garanto. Houveram alguns imprevistos, mas logo tudo estará em suas mãos.
A voz de August soou novamente, mais ameaçadora.
━━ Assim espero. E não gostaria de receber uma visita minha, Seong. Pode ter certeza.
A ligação foi abruptamente encerrada, o som do clique ressoando na mente de Seong-Min como um alerta. Com um gesto impetuoso, ele jogou o telefone de volta na gaveta, o aparelho fazendo um barulho surdo ao bater contra a madeira. Seus dedos apertaram as têmporas, o peso da preocupação tornando-se cada vez mais difícil de ignorar. O que mais poderia dar errado? Onde ele havia falhado? O que ele poderia ter feito de diferente para manter as peças em movimento conforme planejado?
Ter August em sua cola agora era a última coisa que ele precisava.
O silêncio voltou a reinar no escritório, mas o peso da conversa ainda pairava sobre Seong-Min como um espectro incômodo. A ameaça velada na voz de August ressoava em sua mente como um sino lúgubre, lembrando-o do perigo que agora se insinuava entre suas jogadas cuidadosamente orquestradas.
Ele fechou os olhos por um breve instante, respirando fundo, tentando recuperar o controle sobre a inquietação que começava a se instalar. Com movimentos bruscos, puxou a gaveta novamente e retirou um maço de cigarros, acendendo um deles com um isqueiro prateado. Tragou demoradamente, o olhar fixo no brilho distante das luzes da cidade através da parede de vidro à sua frente.
Ele não podia errar. Não naquele momento.
A encomenda no porto... O envolvimento do reverendo... O interesse crescente de Jimin na Parks Corporation... Cada peça estava se movendo, mas não da maneira que ele previra. Pequenos desvios no tabuleiro poderiam ser corrigidos, mas a presença de August tornava tudo infinitamente mais arriscado.
Seong-Min jamais subestimara aquele homem. August era mais do que um parceiro de negócios duvidosos ━ ele era uma sombra, um predador que circulava silencioso, esperando o momento exato para dilacerar qualquer um que ousasse desonrá-lo. E ele não fazia ameaças vazias.
O celular pessoal vibrou sobre a mesa, trazendo-o de volta à realidade. Pegou-o com impaciência, os olhos estreitando-se ao ver o nome na tela.
Reverendo Strand.
Soltou a fumaça lentamente, um sorriso seco surgindo em seus lábios.
━━ Como esperado... ━ murmurou antes de atender.
A voz do reverendo era serena, mas carregada de algo que Seong-Min já conhecia bem: ganância disfarçada de retidão.
━━ Sr. Han, suponho que tenha novidades para mim.
━━ Tudo está em movimento, Maximus. Seu nome será mantido longe de qualquer ligação direta, como combinado. ━ Seong-Min cruzou as pernas, apoiando um braço no encosto da cadeira. ━━ Mas preciso que seus homens estejam prontos para agir assim que receberem minha ordem.
━━ Estamos sempre prontos para a obra do Senhor. ━ A falsa devoção era quase cômica.
Seong-Min reprimiu uma risada.
━━ Ótimo. Então providencie o que for necessário. August não é um homem paciente, e não quero que a sua... fé... seja testada por alguém como ele.
O silêncio do outro lado da linha foi suficiente para que Seong-Min soubesse que a mensagem fora compreendida.
━━ Fique tranquilo, Sr. Han. Não haverá contratempos.
A chamada foi encerrada, e Seong-Min largou o telefone sobre a mesa, tragando mais uma vez.
A sensação de que as coisas escapavam por entre seus dedos começava a incomodá-lo.
Mas ele ainda tinha tempo.
Park Jimin poderia ter feito sua jogada...
Mas o jogo ainda não havia terminado.
O fim do expediente chegou tão rápido quanto o início daquele dia, o céu de Busan já se tingia com as cores do fim da tarde, e o ambiente dentro do carro era pesado, como se o ar estivesse saturado de emoções não ditas. O trajeto de volta da Parks Corporation até a mansão parecia interminável, esticando o tempo entre os dois como um fio tenso prestes a romper.
Jimin olhava pela janela, seus olhos fixos na paisagem que se desfazia rapidamente. Por dentro, uma tempestade de pensamentos e emoções agitava sua mente. O peso de finalmente ter assumido o comando da empresa, com seus complexos jogos de poder e os segredos pesados que pareciam carregá-lo para um abismo, o deixava inquieto. No entanto, a incerteza sobre o futuro era ainda mais esmagadora do que a emoção da conquista.
Han Seong-Min, que estava ao volante após dispensar o motorista, mantinha os olhos fixos na estrada, como se a imensidão da noite o absorvesse por completo. A cada quilômetro, o silêncio entre eles se aprofundava, e o próprio Seong-Min parecia imerso em pensamentos sombrios.
A ideia de August, com sua presença ameaçadora, parecia preencher seus pensamentos, enquanto a ameaça iminente da encomenda que havia chegado ao porto pesava sobre seus ombros. Cada segundo de silêncio era um peso, e ele tentava a todo custo disfarçar a ansiedade que se formava em seu peito. Não podia deixar o mais novo perceber sua inquietação, e a máscara de autoridade se tornava mais pesada a cada quilômetro percorrido.
Jimin, com a voz suave e ligeiramente tremida, rompeu o silêncio, tentando sondar o pensamento do pai.
━━ Appa, o que você acha que vai acontecer com a empresa agora que eu assumi?
Seong-Min se engasgou com a pergunta e a forma doce como foi chamado ━ lembrou-se do Park de oito anos ━ , a resposta quase escapando de seus lábios sem querer. Ele forçou um sorriso tenso, virando-se para o filho com uma leve mudança na postura, tentando parecer o mais firme possível.
━━ A Parks Corporation é um império sólido. Você tem tudo o que precisa para levar a empresa a novos patamares.
A tentativa de tranquilizar o filho, no entanto, não foi convincente. A voz de Seong-Min traía uma inquietação que Jimin, com sua sensibilidade aguçada, percebeu logo. Ele não sabia o que exatamente estava acontecendo, mas sabia que havia algo escondido atrás daquela falsa confiança, principalmente após o dia desconfortável.
Ao chegarem à mansão, o clima se tornava ainda mais denso. Han estacionou o carro e, sem hesitar, virou-se para Jimin, sua expressão endurecendo enquanto lhe falava.
━━ Vou resolver alguns assuntos pessoais. Não estarei presente no jantar.
Park franziu a testa, um sinal claro de que a dúvida tomava conta de sua mente. Algo não estava certo.
━━ Algo aconteceu com a empresa? ━ perguntou ele, desconcertado pela súbita mudança no comportamento do pai.
Seong-Min hesitou, quase imperceptível, mas suficiente para que Jimin notasse. Sua expressão se fechou, a resposta saindo forçada.
━━ É algo pessoal. Não se preocupe.
Antes que Jimin pudesse insistir, Seong-Min saiu rapidamente do carro, sem olhar para trás, e se afastou apressadamente. Jimin ficou ali, observando o pai desaparecer na escuridão da noite, uma sensação de desconforto tomando conta de seu peito. Algo estava errado, e ele sabia disso.
Ao entrar na casa anexa, Jimin foi recebido por Sora com um abraço caloroso. Sua ex-babá, sempre tão atenciosa e cheia de carinho, olhou-o com os olhos cheios de orgulho.
━━ Jimin, meu querido! Chegou cedo. ━ exclamou ela, com a voz suave, ainda carregando o calor da familiaridade.
Jimin forçou um sorriso, tentando esconder a tensão. Sentia-se profundamente exausto, como se as responsabilidades que carregava em seus ombros fossem mais pesadas do que qualquer coisa que ele tivesse enfrentado até então.
━━ Obrigado, Sora. ━ ele respondeu, sua voz suave, quase inaudível.
Ela o olhou com uma expressão de carinho, como se enxergasse além de sua fachada e notasse a angústia interna que ele não podia esconder.
━━ Você está radiante! Fico tão feliz por você ter assumido a empresa! ━ ela disse, com um brilho nos olhos.
Ele tentou sorrir mais uma vez. Não sentia que estava radiante, como ela sugeria, o desconforto não o deixava. Antes que pudesse responder, Sora interrompeu com uma proposta gentil.
━━ Já preparei o jantar, está tudo pronto.
Jimin, embora desejasse fazer algo simples e rápido, balançou a cabeça de forma suave.
━━ Não, não precisa. Eu... estou bem, Sora. ━ ele disse, tentando aliviar a preocupação da senhora, mas a verdade é que ele não queria estar sozinho.
Sora sorriu com a tranquilidade que só ela sabia oferecer e, como se já previsse tudo, continuou:
━━ Já está tudo pronto. Vá tomar um banho, relaxe. As roupas estão no closet. Ah, e a Kawasaki Ninja vermelha já está no estacionamento dos fundos, só esperando você.
Jimin sentiu seu coração acelerar com a menção da moto. A liberdade que ela representava era exatamente o que ele precisava naquele momento. Ele agradeceu, beijando a face enrugada de Sora, sentindo um calor no peito, algo próximo de gratidão profunda.
━━ Obrigado, Sora. Você é a melhor.
Ele subiu para o quarto, onde o calor da água o envolveu em um alívio temporário. Ao sair do banho, Jimin pegou o celular e, com um sorriso tímido, enviou uma mensagem para Jungkook, avisando que estava a caminho.
Enquanto vestia as roupas que Sora havia preparado com tanto carinho, uma sensação de liberdade o envolveu. Ele sabia que a noite não seria apenas mais uma. E o pensamento de encontrar Jungkook, de finalmente estar com ele, o enchia de uma alegria simples e intensa.
Quando desceu as escadas, comeu um pouco da refeição preparada para si com tanto esmero. Ao atravessar os jardins e chegar ao subsolo, a Kawasaki Ninja vermelha brilhava sob a luz suave dos refletores que iluminavam a mansão. Cruzando os portões do fundo, o vento que dançava nas ruas de Busan parecia lhe dar o ímpeto que tanto buscava. Ele sorriu, se sentindo mais vivo do que jamais sentira.
Partiu rumo à noite, com a cidade ao fundo, sabendo que a verdadeira liberdade estava no caminho que ele escolhera. E, naquele momento, esse caminho o levaria até Jeon Jungkook, o único que poderia, ao menos por um instante, afastar as sombras que o cercavam.
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