🄲🄷🄰🄿🅃🄴🅁 🄽🄸🄽🄴🅃🄴🄴🄽
🄻🄾🅅🄴 🄼🄴 🅃🄴🄰🄲🄷🄴🅁
🄰 🄵🄾🅁🄲🄰 🄳🄾 🄻🄰🅁
──────⊱◈◈◈⊰──────
"O cheiro de terra molhada me trazia lembranças, mas a falta de um sorriso que não conseguia lembrar me deixava com um vazio na alma. A casa, acolhedora e familiar, não conseguia apagar a saudade de um olhar que eu não reconhecia."
──────⊱◈◈◈⊰──────
O SOM suave dos motores ecoava pela cabine enquanto Jungkook observava a vastidão de nuvens brancas se estendendo além da pequena janela ao seu lado. Ele não conseguia desviar o olhar da paisagem que se desenhava à medida que o avião descia em direção a Jeju. Lá embaixo, o oceano brilhava como uma lâmina de vidro sob o céu claro, e a linha costeira da ilha parecia abraçar o horizonte com uma serenidade que, por um momento, fazia com que o universitário se esquecesse de toda a inquietação que o levara até ali.
Ao desembarcar, ele sentiu uma mistura de ansiedade e nostalgia. Com passos leves, cruzou o terminal de desembarque, seus olhos procurando ansiosamente por aqueles rostos familiares. Logo, avistou-os: Jeon Sung-jin e Jeon Min-ji, seus pais, acenando para ele com sorrisos calorosos e olhares cheios de ternura. Ao vê-los, seu coração se apertou com uma familiaridade reconfortante, e ele acelerou o passo até que estivesse envolto nos braços acolhedores de sua mãe.
Min-ji, sorrindo com os olhos levemente marejados, segurou seu rosto por um instante, estudando cada detalhe como se ele fosse uma joia rara.
━━ Olha para você... Está mais bonito do que nunca, meu filho. Tem se alimentado direito?
O universitário riu, encolhendo os ombros, enquanto seu pai, Sung-jin, ria também e o puxava para um abraço firme.
━━ Ele está ótimo, querida. Virou um homem ━━ comentou, com uma nota de orgulho que não disfarçava o brilho de emoção em seu olhar.
Ainda rindo, eles o guiaram para o carro, onde o Jeon mais novo se acomodou no banco de trás, deixando-se envolver pelo calor de estar, finalmente, em casa. A viagem até a mansão da família foi acompanhada pela paisagem única de Jeju, onde as colinas verdes se misturavam ao azul profundo do oceano que se estendia ao longe. A cada curva, ele avistava flores selvagens colorindo os campos e, por vezes, o brilho do mar surgindo entre as árvores. O sol de fim de tarde banhava tudo em um tom dourado, como se a própria ilha lhe desse as boas-vindas.
O silêncio tranquilo foi interrompido pela voz descontraída de seu pai, que dirigia com um sorriso leve:
━━ Soube que abriram um café novo na nossa rua. Dizem que o bolo de chocolate deles já virou o favorito da ilha.
Sua mãe virou-se para ele, com um olhar travesso.
━━ Amanhã, você vem com a gente. Vamos aproveitar para te mimar enquanto você está aqui, sim?
Jungkook sorriu, aquecido pela ideia de ser mimado, como sempre acontecia quando voltava a Jeju.
━━ Vocês já fazem isso demais. Daqui a pouco, vão querer me impedir de voltar para Busan!
A resposta fez seus pais rirem, e o carro se encheu de uma alegria leve, quase palpável. Eles continuaram conversando, relembrando momentos de sua infância - como o dia em que ele quase caiu no mar tentando pescar, e como sempre implorava para ficar na praia até o sol desaparecer no horizonte. Cada memória era uma peça de um quebra-cabeça, um fragmento da vida que, por mais que parecesse distante, nunca deixava de pulsar dentro dele.
À medida que se aproximavam da mansão Jeon, a estrada ladeada por árvores frondosas finalmente revelava a casa imponente ao fim do caminho. As paredes de pedras claras da mansão eram cobertas por trepadeiras que se entrelaçavam, pontuadas por flores que tingiam o jardim em tons de rosa e lilás. O portão se abriu com suavidade, como se a própria casa soubesse que ele estava de volta.
Jungkook desceu do carro, respirando fundo enquanto o ar fresco de Jeju enchia seus pulmões. O cheiro salgado da brisa marinha misturava-se ao perfume das flores ao redor, trazendo uma sensação de paz que ele não sentia há tempos.
Por um momento, fechou os olhos, deixando-se envolver pelo som distante das ondas e pelo sussurro do vento entre as árvores. O peso que ele carregava parecia, ao menos por aquele instante, dissipar-se sob o céu límpido da ilha.
Min-ji pousou uma mão carinhosa em seu ombro e sorriu.
━━ Nada como estar em casa, não é?
O loiro apenas acenou, tentando absorver ao máximo a tranquilidade daquele momento. Sabia que estava ali para confrontar seu passado, mas por agora, estar com seus pais, rir e lembrar dos tempos em que tudo parecia tão simples... tudo aquilo era o suficiente.
Passando pelo saguão da residência, seus passos ecoaram levemente sobre o piso de madeira clara. O espaço era grandioso e acolhedor ao mesmo tempo, com paredes de um tom suave, decoradas por quadros e fotografias que registravam momentos especiais da família. Lustres delicados pendiam do teto, e o ar era preenchido pelo aroma suave de flores frescas e pelo calor da luz que entrava pelas amplas janelas. Tudo naquele lugar parecia ter sido meticulosamente planejado para trazer a paz de Jeju para o interior da casa, como um verdadeiro refúgio familiar.
Ao atravessar o corredor até seu quarto, foi invadido por um misto de ansiedade e curiosidade. Quando seus pais abriram a porta, ele ficou sem palavras. O cômodo parecia uma recriação da casa de Busan, como se ele tivesse sido transportado de volta à sua adolescência em um piscar de olhos.
Os mesmos pôsteres de jogadores de basquete que ele tanto admirava estavam colados na parede ao lado da cama. A cama, macia e convidativa, era coberta por colchas que ele reconhecia, e logo ao lado, sua estante exibia seus livros favoritos. Entre eles, um destaque especial: um boneco do Homem de Ferro, um presente de seus pais anos atrás, ainda mantinha seu lugar de honra.
Sem conter a emoção, o Jeon mais novo virou-se para seus pais e os abraçou. O gesto foi sincero, repleto de gratidão e nostalgia, e seus pais o envolveram com o mesmo carinho. Min-ji, tentando conter as lágrimas que ameaçavam cair, apertou-o com um sorriso afetuoso, enxugando os olhos com delicadeza antes de se afastar. Ela riu levemente, buscando quebrar o tom sentimental.
━━ Já chega de nostalgia, não é? Vá tomar um banho e refrescar-se, querido. Vou arrumar o almoço com seu pai.
Com um último sorriso, Jungkook os observou saírem, sentindo-se mais leve e aquecido por dentro. Logo, seguiu para o banheiro, onde a água quente ajudou a relaxar seus músculos e a lavar qualquer vestígio de cansaço da viagem. Sentiu-se renovado, como se aquela volta às origens fosse o que ele precisava para enfrentar o que vinha pela frente.
Depois de se vestir, seguiu até a cozinha, onde o aroma de uma refeição caseira já o esperava. Sentou-se à mesa com seus pais, que serviram uma variedade de pratos tradicionais, incluindo o irresistível kimchi, que ele tanto adorava.
A mesa estava repleta de sabores familiares: bulgogi, bibimbap e sopa de algas frescas. Min-ji serviu a ele com carinho, enquanto Sung-jin lhe passava um sorriso de aprovação.
Os três riam e conversavam descontraidamente, relembrando momentos do passado e compartilhando pequenas anedotas do presente. Jungkook sentia-se em paz; o conforto de estar em família, saboreando aquela comida que carregava o amor e o cuidado de seus pais, preenchia um vazio que ele nem sabia existir.
Enquanto terminavam a refeição, o jovem olhava para seus pais com uma nova admiração. Ele sabia que, com o apoio deles, enfrentaria o passado de cabeça erguida e com a certeza de que tinha um lar onde sempre seria bem-vindo.
Após a refeição, Jeon levantou-se e começou a ajudar sua mãe com as louças, em um gesto que, para eles, sempre fora natural. A cozinha estava tranquila, o som da água correndo suavemente enquanto trabalhavam juntos em silêncio. Min-ji observou o rosto do filho de soslaio, notando a tensão em seu olhar, um peso que ele tentava disfarçar.
Ela limpou as mãos no pano de prato, virando-se para ele com um olhar compreensivo.
━━ Filho... ━ proferiu, a voz suave, mas firme. ━━ Sei que algo está te incomodando. Quer falar sobre isso?
Jungkook hesitou, suspirando fundo enquanto fitava o chão. As palavras estavam presas na garganta, mas ele sabia que precisava ser honesto. Respirando fundo, começou a falar.
━━ Omma, recentemente eu... eu conheci uma pessoa. ━ disse ele em um sussurro, melodioso como uma criança que revela uma travessura.
Min-ji assentiu, encorajando-o a continuar com um sorriso paciente, mas ele hesitou novamente, escolhendo as palavras com cuidado.
━━ É... um homem. Eu... eu estou apaixonado por ele.
Ela não esboçou surpresa; em vez disso, seu olhar permaneceu suave, como se esperasse por esse momento havia tempos. Jungkook respirou um pouco mais aliviado, continuando.
━━ O nome dele é Jimin... Park Jimin.
De repente, a expressão de Min-ji mudou. Os olhos se arregalaram, e suas mãos pareceram perder o controle. O prato que ela segurava escapou de seus dedos, caindo e espatifando-se no chão em um estrondo que ecoou pela cozinha. Os pedaços de porcelana se espalharam, e Jungkook congelou por um instante, o coração disparado, observando a palidez tomar conta do rosto da mãe.
Em segundos, Sung-jin entrou na cozinha, alarmado pelo som.
━━ O que aconteceu? ━ perguntou, olhando para a esposa com preocupação. Min-ji ainda estava em choque, mas Jungkook rapidamente se abaixou, pegando um pano para limpar os cacos enquanto tentava manter a calma.
━━ Foi só um prato, appa. Eu já vou limpar.
Sung-jin observou os dois, mas não insistiu. Quando o chão estava limpo e a cozinha arrumada novamente, ele os conduziu até a sala, onde se sentaram no sofá. Um silêncio pesado pairava no ar, enquanto o universitário tentava organizar os pensamentos, a presença de seus pais ao seu lado parecia ao mesmo tempo um conforto e um desafio.
Por fim, ele olhou para ambos, resolvendo abrir seu coração de vez.
━━ Eu e o Jimin... estamos juntos. E, recentemente, descobri que ele foi o meu primeiro amor. Mas... ━ sua voz hesitou, a angústia evidente. ━━ Na verdade, eu não lembro de nada disso. Meus sentimentos, minhas memórias... tudo parece um vazio. Eu só sei o que ele me contou e... ━ Ele parou, os olhos tristes fixos em algo distante.
Min-ji ainda estava visivelmente abalada, mas estendeu a mão para tocar a de Jungkook, apertando-a com carinho, enquanto Sung-jin, agora mais sério, observava o filho com um olhar preocupado.
━━ Jimin, seu primeiro amor? ━ Min-ji repetiu em um sussurro quase inaudível, como se tentasse processar a informação. Ela se esforçou para sorrir, apesar do turbilhão de emoções, e com um leve tremor na voz, acrescentou, ━━ Conte-nos mais, filho. Queremos entender.
Jungkook assentiu, sentindo-se acolhido, e começou a narrar os detalhes de sua relação com Jimin. A voz dele se misturava ao silêncio tenso da sala, preenchendo o espaço com uma história que, embora fragmentada, parecia finalmente encontrar uma forma de se unir.
Após a confissão de Jungkook sobre o motivo de sua visita, o Sr. Jeon Sung-jin, que ouvira tudo em silêncio, soltou um longo suspiro. A expressão em seu rosto, ao mesmo tempo séria e resignada, mostrava que ele guardava segredos difíceis sobre o passado do filho. Olhando diretamente para Jungkook, ele começou a contar a verdade que, por tantos anos, mantivera em silêncio.
━━ Há seis anos, Jimin foi indicado a mim como seu tutor, eu conhecia seu pai ━ padrasto ━ da época de faculdade. ━ começou Sung-jin, com a voz baixa. ━━ Ele veio recomendado por um "amigo", e eu achei que um jovem como ele poderia ser uma boa influência para você. Jimin estava passando por uma fase difícil com o pai dele, que o obrigou a trabalhar como uma espécie de castigo. Ele começou a te ensinar Matemática, mas... no início foi complicado.
Jungkook ouvia com atenção, cada palavra de seu pai ressoando como algo ao mesmo tempo familiar e completamente novo.
━━ Jimin era arisco, fechado. Mas, com o tempo, ele e você começaram a se entender ━ continuou Sung-jin, um leve sorriso nostálgico surgindo em seus lábios. ━━ Não demorou para que vocês se tornassem amigos de verdade. Jimin te levava para passear, e nessas saídas você foi se apegando a ele de um jeito que nunca tinha se apegado a ninguém.
Min-ji, ao lado de Sung-jin, apertou a mão de Jungkook, como se quisesse oferecer força ao filho para suportar o que viria a seguir. O pai respirou fundo e prosseguiu.
━━ Um dia, depois de um desses passeios, você voltou para casa e contou à sua mãe que você e Jimin haviam se beijado. Foi um choque, mas nós não nos opusemos. Gostávamos de Jimin e de como ele cuidava de você. Eu via que ele era responsável, dedicado, e que havia se tornado importante para você de uma maneira que ninguém mais tinha sido.
Jungkook mal podia acreditar no que ouvia. Uma onda de emoções conflitantes o dominava enquanto seu pai revelava os detalhes daquele amor juvenil que ele agora mal conseguia recordar.
━━ Quando os três meses de tutoria se completaram, Jimin veio até mim e pediu para namorar você ━ continuou Sung-jin, com um leve tremor na voz, como se revivesse a cena em sua mente. ━━ Ele estava determinado e... genuíno. Queria que você soubesse dos sentimentos dele. Eu pensei em aceitar, mas antes que pudesse te contar, ele... desapareceu.
A lembrança parecia pesar nas palavras de Sung-jin, que fez uma pausa. Min-ji mordeu os lábios, relembrando a tristeza e a confusão que cercaram aqueles dias.
━━ No dia seguinte, soube que Jimin fora mandado para Harvard pelo pai, às pressas, para "corrigir a rebeldia dele", como o Sr. Han costumava dizer. Quando contei isso a você, foi como se o mundo desabasse. Você ficou inconsolável, chorou a noite inteira... até que saiu de casa, sem avisar ninguém, e foi até a mansão dos Park, debaixo de uma chuva forte.
Jungkook fechou os olhos, sentindo um aperto no peito ao ouvir as palavras do pai. Aquele garoto de quem ele havia esquecido, mas que agora fazia seu coração bater mais forte, tinha sido uma parte fundamental de sua vida. Sung-jin respirou fundo e continuou, a voz tremendo ao recordar a noite fatídica.
━━ Ao chegar lá, você foi recebido com desprezo pelo pai de Jimin. Han Seong-min te ameaçou, dizendo que o Jimin nunca voltaria para você, e então mandou seus capangas te seguirem quando você saiu. Eles... tentaram te assustar. Um deles jogou o carro na sua direção, e você caiu. Machucado, debaixo da chuva, você acabou desmaiando.
Min-ji levou a mão à boca, abafando o soluço e segurando as lágrimas, enquanto o olhar de Jungkook era de pura incredulidade. Ele mal conseguia acreditar que vivera algo tão doloroso, tão intenso.
━━ Você foi encontrado por transeuntes e levado ao hospital. Ficou quinze dias desacordado, lutando para sobreviver. Quando acordou... não lembrava mais de Jimin, nem de nada do que havia acontecido nos últimos três meses. ━ Sung-jin olhou para o filho, uma mistura de tristeza e alívio no olhar. ━━ Os médicos disseram que seu cérebro apagou essas memórias como uma forma de te proteger da dor. Nós decidimos não te forçar a lembrar, achamos que seria o melhor para você.
A sala ficou em silêncio, o peso das palavras do pai de Jungkook sobrestando como uma sombra sobre eles. Min-ji se inclinou para abraçar o filho, envolvendo-o em um abraço caloroso, enquanto ele permanecia quieto, processando tudo que acabara de ouvir.
A verdade que ele tanto buscava estava ali, revelada de uma vez, e as emoções conflitantes que o consumiam eram quase impossíveis de decifrar.
Nos braços de sua mãe, Jungkook começou a chorar copiosamente, deixando que toda a dor, a confusão e o peso das revelações desaguassem de seu peito. Min-Ji o segurava com ternura, passando a mão em seus cabelos e murmurando palavras de conforto, enquanto o Sr. Jeon os envolveu em um abraço, formando um círculo de amor e proteção ao redor do filho. Minutos se passaram em um silêncio quebrado apenas pelos soluços de Jungkook, até que, aos poucos, ele foi se acalmando, sentindo o consolo oferecido por seus pais.
Quando ele se afastou levemente, Min-Ji o encarou com uma expressão suave, mas com uma certa preocupação ainda presente em seus olhos.
━━ Jungkook, meu filho... agora que você sabe tudo isso, me diga, como você está se sentindo em relação a Jimin? ━ ela indagou, a voz cheia de carinho. ━━ O que aconteceu entre vocês?
Jungkook enxugou algumas lágrimas do rosto, respirou fundo e, hesitante, começou a falar.
━━ Eu... terminei com ele. Quando descobri quem ele era, o que representava no meu passado... eu fiquei tão confuso, tão magoado. ━ desviou o olhar, ainda visivelmente abalado. ━━ Jimin já sabia de tudo, mãe. Ele... ele não me contou, não teve coragem. Eu me senti traído, como se ele tivesse me privado de algo importante.
Min-Ji trocou um olhar significativo com o marido. Ela compreendia a dor do filho, mas também enxergava o amor profundo que ele ainda carregava. Em um gesto maternal, segurou as mãos de Jungkook e as apertou.
━━ Jun... eu entendo a sua mágoa, mas quero que pense em uma coisa ━ começou com voz suave, mas firme. ━━ O que você sente por Jimin é mais forte do que qualquer dor, não é? Me diga, você ainda o ama? Mesmo agora, depois de tudo que descobriu, ele ainda está no seu coração?
O loiro fitou a mãe, como se suas palavras fossem um eflúvio para suas dúvidas. Ele não hesitou muito antes de responder, sua voz entrecortada pela emoção.
━━ Sim, Omoni... Jimin é o amor da minha vida. Não há um segundo sequer em que ele não esteja nos meus pensamentos. Eu tento afastar, tento esquecer, mas não consigo. Eu... eu amo ele. Sempre amei, mesmo sem saber.
Min-Ji sorriu com ternura, enxugando uma última lágrima que caía pelo rosto do filho.
━━ Então, meu querido, talvez seja hora de perdoar ━ disse ela, acariciando seu rosto. ━━ O amor verdadeiro suporta as dificuldades e cresce com elas. Se ele é realmente a pessoa que faz seu coração bater mais forte, você deve lutar por isso, por vocês dois.
O Sr. Jeon assentiu em apoio às palavras da esposa, observando o filho com admiração. Ele sabia que Jungkook teria um caminho difícil pela frente, mas também sabia que a felicidade de seu filho valia cada esforço.
Na tarde após as revelações, os pais de Jungkook o cercaram com cuidado e carinho, como se quisessem aproveitar cada segundo juntos. Decidiram levá-lo à nova cafeteria do bairro, um lugar acolhedor com mesas de madeira rústica e uma vista deslumbrante para o mar. Sentados junto à janela, saborearam bebidas quentes enquanto trocavam sorrisos e relembravam momentos do passado.
━━ Essa cafeteria me lembra os dias que passávamos juntos quando você era pequeno ━ comentou sua mãe, o olhando com ternura.
━━ Parece que foi ontem. Ainda lembro daquelas tardes, eu insistindo para vocês me contarem histórias ━ Jungkook riu suavemente, observando as fotos antigas nas paredes que ilustravam a cidade em décadas passadas.
━━ E você nunca deixava a gente sair do roteiro ━ disse Sung-jin, brincando. ━━ Sempre que mudavamos algo, você reclamava.
A conversa fluiu de maneira leve, enquanto os três criavam novas memórias e reviviam as antigas. Jungkook observava os rostos de seus pais, marcados pelo tempo, mas sempre tão acolhedores. A sensação era de estar em casa, protegido.
Na aurora seguinte, o jovem acordou com o aroma de café fresco e o som suave das ondas quebrando na costa, uma melodia que o remetia à infância. Ao descer para a cozinha, encontrou seus pais preparando o café da manhã, sorridentes, com o cuidado de quem sabia que aquele era um dia especial.
Após uma refeição caseira, decidiram fazer uma caminhada pela costa. A brisa do mar os envolvia, e Jungkook sentia que todas as preocupações do mundo desapareciam diante da paz daquele momento. Enquanto caminhavam entre as falésias e o mar, compartilhavam conversas sobre o futuro.
━━ O que você pensa em fazer depois da faculdade? ━ perguntou o pai, olhando-o com interesse.
━━ Tenho alguns planos, talvez abrir um negócio próprio um dia. Quero fazer algo significativo ━ respondeu o mais novo, com um brilho nos olhos.
━━ Tenho certeza de que, seja o que for, você será excelente. Sempre foi tão determinado ━ a mãe sorriu orgulhosa.
O jovem também falou sobre a faculdade, o quanto se dedicava ao time de basquete e os desafios de ser capitão. Entre um passo e outro, ele percebeu que, mesmo com a distância, o amor e o vínculo com seus pais eram inabaláveis, um porto seguro.
Ao retornarem para casa, sentiu que era o momento de uma mudança. Com um sorriso, pediu a ajuda de sua omma para retornar à sua cor de cabelo natural. Depois de tantos anos com o loiro, ele queria resgatar o preto reluzente de suas madeixas.
━━ Omma o que acha de voltar para o preto? Já faz tanto tempo ━ comentou, com um ar decidido.
━━ É uma ótima ideia, A-gi! Vamos fazer isso juntos ━ concordou a Min-ji, animada.
Passaram a tarde transformando o visual dele, e, ao se ver no espelho, o universitário sentiu que estava voltando às raízes, em sintonia com o momento de renovação que estava vivendo.
Mais tarde, ao cair da noite, decidiram fazer um piquenique em uma parte isolada da praia, onde o céu estrelado era espetacular. Com um cobertor e um cesto repleto de comida caseira, além de bebidas quentes para espantar o frio, partiram em meio a risadas e conversas tranquilas. Sob o céu repleto de estrelas e com a brisa suave, ele encontrou um momento para compartilhar seus sentimentos profundos.
━━ Omma, appa... tem algo que está me preocupando ━ começou, hesitante. ━━ É sobre o Jimin.
Ele não entrou em detalhes, mas deixou transparecer a angústia que sentia. Os pais o ouviram em silêncio, respeitando seu tempo.
━━ A-gi, o importante é você ser fiel ao que sente. O amor verdadeiro sempre encontra um caminho ━ disse sua mãe, tocando-lhe o ombro com carinho.
━━ Estamos aqui, sempre ao seu lado. Seja qual for a sua decisão, nunca estará sozinho ━ acrescentou o pai.
Naquela noite, sob as estrelas, Jungkook sentiu o peso do amor e do apoio de seus pais. As palavras deles o acalmaram, fazendo-o perceber que, por mais incerto que fosse o futuro, ele sempre teria uma base sólida.
Na manhã seguinte, chegou o momento da despedida. Após o café da manhã, os três se reuniram na sala. Jungkook os abraçou, sentindo o calor e a familiaridade que só a presença dos pais trazia. A viagem a Jeju havia sido um verdadeiro refúgio para ele.
Enquanto preparavam alguns pratos tradicionais para ele levar, seus pais perguntaram novamente sobre seus sonhos e planos para o futuro, ouvindo com orgulho e admiração. Ao final, caminharam até o santuário familiar, onde o appa entregou a ele um pequeno amuleto, símbolo de proteção que passava de geração em geração.
━━ Aonde quer que vá, leve isso com você ━ disse o pai, emocionado. ━━ Assim, estará sempre conectado a nós.
Com um sorriso nostálgico, Jungkook prometeu voltar em breve. Ao deixar Jeju, levava consigo o calor da família e a certeza de que, não importava o que o futuro reservasse, sempre teria um lugar seguro e amoroso para retornar.
Bạn đang đọc truyện trên: Truyen247.Pro