02 | sensações do paddock
A REAL ERA QUE EU DEVERIA COMEÇAR APENAS EM SILVERSTONE, mas alguma coisa deu errado com alguém da equipe e eu precisei pegar um voo para o Canadá às pressas. Não consegui organizar um terço das minhas coisas, fiz uma pequena mala do pior jeito possível e saí. Seria ótimo se eu tivesse a liberdade de dizer que não iria porque estava em cima da hora e eu tinha mais o que fazer, mas não era bem assim que a banda tocava.
Assinei um contrato com a Sky Sports F1 e não foi nada fácil conseguir isso. Eu tinha um currículo excelente, mas minha experiência fotografando eventos automobilísticos não ia muito além de campeonatos amadores de kart, uma temporada de Blancpain GT Series, algumas corridas do WEC e uma única corrida de IndyCar. Nada de Fórmula 2, 3 ou 4, que seria o ideal para mostrar minha capacidade de fazer um bom trabalho com aquelas máquinas correndo há quase trezentos quilômetros por hora.
Ainda assim eles viram algo em mim e me contrataram. E eu deveria ter uma semana para me preparar, mas o que quer que tenha acontecido tirou isso de mim e me fez desembarcar em Montreal depois de todo mundo. Ao menos eles se responsabilizaram pelos custos que viajar em cima da hora acabou proporcionando.
O momento em que passei pela catraca e aproximei o cartão de acesso do leitor digital e meu rosto apareceu no visor foi ímpar, quase não consegui acreditar, então me vi dentro do paddock e percebi tudo era real até demais. Já tinha andado por ali antes, Louisa era fissurada por Fórmula 1 e me obrigara a ver o Grande Prêmio de Silverstone uns dois anos atrás, mas agora parecia diferente. Era diferente.
No lugar da bolsa só com cacarecos femininos eu tinha uma mochila com alguns cacarecos femininos e vários equipamentos de trabalho, e as credenciais de acesso VIP ao paddock foram substituídas por credenciais de membro da equipe de comunicação.
Não precisei de muito para chegar no pessoal da Sky Sports, ser apresentada aos meus novos colegas de trabalho — que foram bastante receptivos, por sinal — e por fim enviada para onde eu tinha que ficar. Faltava pouco para o meio-dia e as equipes iam treinar o pit stop nos boxes. O negócio todo ia durar mais ou menos uns quarenta minutos e minha missão era registrar momentos de cada equipe.
Pensei que ia ser massante e demorar horrores, mas foi rápido. Em todos os sentidos.
Quando visto de perto, um pit stop consegue ser ainda mais rápido do quando visto pela televisão ou há alguns metros de distância. E isso me fascinou tanto que fiquei triste pela duração da sessão de treino ser menor que uma hora. Outros fotógrafos que também estavam nas imediações dos boxes conversaram comigo e me contaram bastante curiosidades sobre os pit stops, além de desejar boas vindas.
Fiquei radiante. Pensava que a rivalidade dos pilotos nas pistas se estendia para além delas e envolvia outros profissionais do paddock, mas aparentemente eu estava errada.
— Pierce — alguém me chamou. Os carros já estavam nas garagens e o movimento no pit lane tinha diminuído bastante. Olhei para trás e vi Matteo, um dos fotógrafos que acabei conhecendo durante o treino. — Você também pode tirar fotos enquanto estiver andando pelo paddock. A maioria de nós faz isso.
Concordei e fiz um joinha com o braço erguido, caso ele não tivesse visto meu aceno. Matteo Leone era italiano e estava fotografando pela Fórmula 1 há três temporadas, então sabia bastante coisa. Ele e Mariangel, uma colombiana extremamente bonita, foram os primeiros a falar comigo quando eu cheguei. Aparentemente, depois de um tempo aqui você acaba conhecendo todo mundo que faz parte das equipes de comunicação. Isso logo os fez perceber que eu era nova.
Olhei no relógio de pulso e respirei fundo. O terceiro e último treino livre começava em menos de quarenta minutos, o que significava que eu tinha um tempinho livre para comer e tentar descansar. Fui do aeroporto direto para o hotel e do hotel direto para o circuito, então eu estava um lixo e mal alimentada.
Fui tirando algumas fotos conforme andava por aquela grande rua desmontável, atenta a cada coisa interessante que via pelos cantos: um pneu abandonado perto de um hospitality, um piloto caminhando despretensiosamente com seus fones de ouvido, um chefe de equipe rodeado por repórteres, grupos de torcedores animados… Então a primeira gota de chuva caiu na minha testa.
O céu da cidade inteira estava fechado, mas não parecia que ia chover tão cedo.
Que engano.
Meu primeiro instinto foi proteger a câmera dos pingos de água, só depois proteger meu próprio rosto e correr em busca de abrigo. Achei um cantinho seguro entre o motorhome da Mercedes e da Red Bull e fiquei ali paradinha. Pensei ser uma boa ideia dar uma conferida nas fotos que tirei das equipes e fui passando uma por uma, fazendo o descarte das que tinham algum erro e deixando as melhores.
Fiquei tão absorta e concentrada no que estava fazendo que mal me dei conta de que estava sendo assistida de longe. Mas a sensação de constante observação me obrigou a tirar o foco da câmera e olhar ao redor em busca do que tanto me incomodava.
E lá estava o motivo de tudo.
No meio do que eu, de forma grotesca, gostava de chamar de rua, e protegido por uma sombrinha tamanho família de cor laranja bem laranja, estava Lando Norris e seu par de olhos atentos. E mais do que atentos: curiosos, assustados e cheios de dúvida. Eu não fazia ideia do que ele estava pensando, mas era óbvio que tinha me reconhecido e queria saber que diabos eu estava fazendo bem ali.
A mulher que estava com ele conversava com um rapaz também trajado com o uniforme da McLaren, e assim que os dois encerraram o papo, o piloto lhe disse algo, entregou a sombrinha em suas mãos e a deixou ir embora sozinha. Eu ainda mantinha o olhar nele quando ele veio caminhando com pressa na minha direção e ocupou o pequeno e apertado espaço vazio que havia do meu lado.
— Você? — ele se virou um pouco de lado, me observando de cima abaixo como se estivesse escaneando um código QR. — Tipo… Você?
Ri fraco. Não podia julgar seu choque, porque eu também ficaria chocada caso encontrasse minha nova vizinha do outro lado do mundo e, pior que isso, no meu ambiente de trabalho. Naquele instante me ocorreu que talvez, apenas talvez, eu devesse ter tocado nesse assunto durante as poucas vezes em que nos vimos desde o dia em que cheguei no prédio.
Quem sabe isso tivesse tornado nosso encontro no paddock menos esquisito.
— É, eu — abri um sorriso amarelo e desliguei a câmera. — Holly, a vizinha novata, lembra?
— Claro que lembro. Por isso que eu tô tão chocado de te ver aqui. Você não deveria estar, sei lá, em Mônaco?
Neguei com a cabeça. Puxei minha credencial usando a mão livre e deixei que Lando Norris a pegasse. Seus olhos o leram de uma ponta a outra e até mesmo da frente ao verso.
— Holly Pierce… Fotógrafa da Sky Sports — agora havia um sorrisinho na boca dele e sua expressão não parecia mais tão confusa quanto antes. — Uau. Eu não estava esperando por essa. Por que não me contou?
Franzi o cenho. Eu realmente não achava que tinha a obrigação de lhe dizer nada, especialmente se fosse levar em conta o fato de que mal nos conhecíamos. Claro que dizer que eu — agora — trabalhava no paddock evitaria todo esse show de choque, mas não era nada necessário.
— Não sabia que eu tinha que te dizer alguma coisa. — disparei. Acabei não pensando o suficiente antes de falar, então apenas saiu. E eu só notei a rispidez enrustida nas minhas palavras quando o piloto se retraiu. — Ah, cara, desculpa. Isso foi meio grosseiro.
— Relaxa — deu risada. — Você tem razão. Não era sua obrigação me falar sobre isso.
— Realmente não era — balancei os ombros e me encolhi um pouco mais. Uma rajada de vento jogou a chuva na nossa direção. —, mas eu poderia ter me expressado melhor. Enfim… Respondendo a sua pergunta, não disse nada naquele dia ou depois porque não queria te assustar.
Lando Norris pareceu refletir nas minhas palavras, como se estivesse juntando as peças de um quebra-cabeças. Olhei para a frente e me deparei com uma movimentação tão fraca que era quase inexistente. Eu e o cara do meu lado éramos os únicos ilhados e todo mundo que passava estava com uma sombrinha. Bom, preciso admitir que fui burra ao optar por não colocar a minha na mochila apenas por pensar que iria chover tão cedo.
— Então quando eu me apresentei você já sabia quem eu era — ele constatou e eu concordei. — Você é uma ótima atriz, Holly Pierce. Nem parecia que me conhecia.
— Fiz algumas aulas de teatro quando era mais nova, Lando Norris. — brinquei. Olhei ao redor mais uma vez, preocupada com aquele maldito aguaceiro. Eu estava morrendo de fome e precisava chegar no motorhome da Fórmula 1 o quanto antes. — Você não deveria estar se preparando pro treino?
— Eu vou. Só que precisei vir aqui antes. Sabe como é, checar se eu não estava vendo nenhuma miragem.
— Acho que você ainda é muito novinho pra ter delírios, Lando. — a chuva aparentava estar mais fraca, o que me deu uma brecha para sair daquele canto e ganhar meu caminho. — Preciso ir. Tenho que comer alguma coisa antes do treino.
— Saco vazio não para em pé, né? — brincou. Lando Norris continuou parado exatamente onde estava, me observando ganhar distância dele.
— Não. Ainda mais se for um saco que não come comida de verdade há mais de cinco horas. — eu lamentei em tom de piada e ele fez uma cara de assustado. — Longa história. A gente se vê mais tarde, Lando!
— Até o treino, Holly.
Dei as costas e apertei o passo, mas antes que estivesse distante demais, uma lâmpada acendeu bem acima da minha cabeça. Virei para a direção por onde tinha vindo e gritei o piloto, que agora estava subindo a escadaria do motorhome da McLaren. Ajustei a câmera nas mãos e gritei “Sorria!” à medida que aumentava o zoom.
Após alguns segundos procurando o ângulo certo, consegui tirar uma boa foto de Lando Norris. Agradeci com um aceno e lhe dei as costas outra vez. Não importava que acontecesse, eu não ia mais parar até alcançar o motorhome da Fórmula 1. Tudo o que eu precisava no momento era sair de baixo daquela garoa e comer alguma coisa.
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Não pensei que ficaria tão cansada ao final do dia, mas a verdade era que eu estava tremendamente exausta. Houve um intervalo de duas horas entre o terceiro treino livre e a qualificação, mas se eu parei por meia hora foi muito. Então os carros voltaram para a pista e o autódromo inteiro foi à loucura mesmo debaixo de chuva.
Ver a disputa de pontos estratégicos — e permitidos — da área do pit lane foi surreal. Mesmo ocupada com as fotos e a proteção da câmera, consegui aproveitar bastante do que rolava do outro lado do muro de proteção. Quando aquelas máquinas velozes foram guardadas nos boxes mais uma vez e eu enfim abaixei a câmera, pensei em como aquela experiência havia sido bem mais legal que a de dois anos atrás em Silverstone.
Agora eu estava sentada um pouco depois do box da Haas e gratíssima aos céus e ao pessoal da equipe por terem oferecido chocolate quente para beber. Matteo estava lá também — e Lina, outra fotógrafa da equipe, tinha levantado há poucos minutos. Ao que parecia, os pilotos tinham que passar por uma conferência de imprensa, mas uma parte de nós já estava liberada. Então após um dia inteiro e muito agitado, finalmente podíamos voltar para o hotel.
— Eles são sempre assim? — perguntei a Matteo, referindo-me aos funcionários da Haas. Seguíamos sentados no chão e escorados numa parede metálica. Tudo estava tão calmo que nem parecia o mesmo circuito de meia hora atrás.
— Gentis e tudo mais? — sorriu. Ele tinha um sorriso bastante bonito. — Não sei dizer, porque não ando muito por essa área. Mas a partir de hoje acho que vou.
Dei risada com sua sinceridade desmedida. Apesar disso, também podia dizer que começaria a passar sorrateiramente pela garagem da Haas sempre que estivesse com cara de acabada. Não achava que o raio cairia duas vezes no mesmo lugar, mas vai que eles sentiam pena de mim mais uma vez.
— Mas no geral — Matteo continuou. — As equipes são muito legais com os repórteres e fotógrafos. Muitas delas oferecem coisas pra gente comer e beber.
Concordei, sem saber mais o que dizer. Nos conhecemos naquela manhã e não tivemos muitas oportunidades de conversar de verdade, além do mais, eu estava cansada demais para pensar em algum assunto ou fazer perguntas. Na verdade, eu tinha perguntas a fazer — e não só a ele, mas a todos. Porque todo mundo parecia tão feliz e realizado ali que me fez querer saber se não havia ninguém como eu naquele meio: uma pessoa cuja paixão não era Fórmula 1, que não estava ali porque amava aqueles carros e aquelas equipes e sim porque precisava.
— Como você veio parar aqui? — Matteo questionou, parecendo curioso. "Onde, exatamente?", devolvi. — Aqui no paddock. Com a Sky Sports na Fórmula 1.
— Ah — ri nasalado. — Uma amiga conhece uma pessoa que trabalha no escritório e falou de mim. Ela leu meu currículo, eu passei por algumas entrevistas e… — ergui os ombros, apontando para a área do pit lane com o queixo. — Bom, agora eu tô aqui.
— Nada de paixão?
— Não, nada de paixão. — eu gostaria que houvesse ao menos uma gotinha da paixão que muitos ali pareciam ter, mas não havia nada. Nadinha. — Só necessidade. Saí de casa e não tinha como continuar no antigo emprego.
O que era uma pena, sendo sincera. Eu amava trabalhar na agência e estava acostumada com aquela rotina. Ter que me despedir foi extremamente difícil e eu só fiz isso porque não tinha outro jeito. A Faerwell só tinha filiais dentro da Inglaterra e da Itália, nada de Mônaco ou França.
— Posso ser sincero? — ele se virou e olhou para mim, a lente da câmera girando nos seus dedos. — Você não parece ser o tipo de pessoa que trabalha por necessidade.
Dei risada, mas não conseguia entender exatamente o que Matteo estava dizendo.
— Como assim não pareço?
— Sei lá, só não parece — deu de ombros. Ficamos em silêncio por um tempo. — Você saiu da sua casa em Liverpool, mas agora mora em Mônaco.
— Não acho que morar em Mônaco seja um atestado de riqueza — encarei-o de soslaio. Como já tinha terminado o chocolate, levantei. Matteo me acompanhou e fomos andando pela frente dos boxes das equipes, a maioria deles ainda abertos. — Apesar de que… É. Talvez eu não tivesse tanta necessidade assim.
— Viu? — ele me olhou como se estivesse esfregando na minha cara que estava certo o tempo inteiro.
— Mas eu escolhi ter a necessidade de trabalhar. Precisava me desvincular de algumas coisas.
Matteo aquiesceu, silencioso. Conforme chegávamos mais perto do paddock, o barulho aumentava. Como ainda era cedo e os pilotos teriam conferência de imprensa em alguns minutos, ainda tinha uma galera por lá. Eu não ficaria por muito mais tempo, já que tinha sido liberada para voltar ao hotel. Estava completamente louca para repor o sono perdido — fiquei tão ansiosa durante o voo que mal dormi — e tentar me adaptar ao fuso horário.
O meu ciclo circadiano estava uma merda, porque eu mal tinha me acostumado com a diferença de uma hora entre Liverpool e Mônaco e agora estava sendo obrigada a aceitar as mais de três horas que separavam Montreal dos dois lugares.
— Problemas na família? — Matteo quis saber e eu concordei. — Sei bem como é. Sinto muito, Pierce. Se você precisou se distanciar por isso deve ter sido osso.
Agradeci com um sorriso. Tinha sido osso, mesmo. Vovô passou quase cinco anos doente e durante esse período todos conseguiram se manter na linha, então ele morreu e a família inteira entrou em combustão. Acho que vendíamos muito bem a imagem de família rica perfeita de comercial de margarina, porque até eu me acostumei com isso ao ponto de ficar surpresa quando todos começaram a perder a linha por conta da merda da herança.
Se bem que, no fim das contas, não era apenas uma herança. Era todo o império centenário da família, era uma rede de hotéis cinco estrelas que tinha tomado conta do globo, era a posse do sobrenome Pierce; era o que todos ali sempre quiseram lá no fundo, mas nunca tiveram coragem de admitir diante dos olhos do vovô.
Suspirei. Não queria pensar demais nisso. Se tudo tinha sido um teatro e a peça tinha acabado, eu não precisava mais continuar no palco.
— Obrigada, Matteo — sorri para ele ao pararmos no acesso dos boxes ao paddock. Ele ia encontrar outros colegas para resolver umas pendências e eu ia seguir caminho para pegar minhas coisas no motorhome. — Cheguei tão apressada que nem descansei. Espero conseguir fazer isso agora. Até amanhã.
— Você tá hospedada no mesmo hotel que a gente?
— No Hilton, na verdade — respondi e o rosto de Matteo se contorceu de choque. — Não acharam vaga pra mim lá. Nem tudo que é feito em cima da hora dá certo, né?
Fui me distanciando à medida que ria e acenava para ele. O paddock estava extremamente energizado e eu acabei esbarrando com alguns pilotos que estavam atrasados para a conferência, então finalmente consegui chegar ao motorhome, mostrar algumas fotos para a galera da edição e pegar minha mochila. Ainda consegui alcançar alguns colegas que estavam saindo e ir no carro deles até a metade do caminho.
O resto do percurso até o hotel foi de táxi, mas não liguei. Estava tão feliz por concluir o primeiro dia de trabalho que sorri até chegar lá. Subi apressada e me senti a pessoa mais grata do universo quando entrei debaixo do chuveiro, troquei de roupa e me joguei na cama. Sem comer nem nada, peguei no sono.
Pelo menos por algumas horas, uma vez que algum tempo depois acordei agoniada e sem um resquício de sono.
Porque, bom, é claro que o jet lag precisava dar as caras tão cedo, não é mesmo?
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espero que tenham gostado do segundo capítulo!
como será que vão ser as interações do lando e da holly agora que ele sabe que ela trabalha no paddock?
e essa família da holly, hein? será que ainda vai dar o que falar?
não esqueçam de comentar e dizer o que acharam do capítulo e estão achando de love lives next door no geral!
obrigada por lerem até aqui!
beijinhos, beijinhos, beijinhos e até mais! <3
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