Capítulo Único
Caí tão forte no seu mistério...
É por causa da nossa história?
Você está na minha?
...
Quando Portia teve a coragem de abrir os seus olhos, seu corpo parecia pesar uma tonelada. Mas nada pesava mais do que a sua mente, principalmente depois de perceber onde estava. Os olhos vidrados olharam para o cenário em volta e em seguida, pousaram sobre as suas roupas jogadas pelo chão gélido e bem limpo. Sua cabeça doía vagamente e seu corpo desnudo sentia o impacto da noite bem passada em diversos locais. Ainda um pouco confusa, passou o dedo indicador pelo corpo, identificando as áreas marcadas e mais doloridas do que o normal, suspirando em cada ponto. Passando a mão nos cabelos ainda emaranhados, a jovem se espreguiçou lentamente procurando lembrar-se das suas aulas de Yoga, tentando voltar para a realidade. Sem sucesso, fechou os olhos mais uma vez e respirou fundo, se frustrando parcialmente por voltar para o mesmo local.
— Droga. — Murmurou para si, tentando se desvencilhar dos lençóis. — Isso não é um sonho?
Mas ela deveria ficar triste com isso? Ela realmente estava triste, ou era exatamente o contrário?
Portia se levantou da cama, procurando suas peças íntimas pelo cômodo. A luz do Sol era fraca e o vento batia com força nas persianas abaixadas, a ponto de arrepiar todo o seu corpo com cada lufada de ar. Olhou embaixo da cama, pelas cortinas, atrás da cama e nada, frustrada. Será que Sommer tinha dado fim nela?
Do jeito que conhecia bem o rapaz, não poderia descartar essa possibilidade.
Mas ao olhar em cima da cadeira exposta ao lado da janela, viu sua calcinha verde militar te chamando, dobrada como se nunca tivesse saído dali. Rindo por dentro, Portia pegou a peça e suspirou, lembrando de mais uma das inúmeras qualidades que o suíço tinha: a organização.
Mas depois de achar sua calcinha perfeitamente colocada na cadeira de couro, Portia suspirou ao ver seu sutiã de longa data destinado ao lixo, pois estava no no cabideiro de madeira, porém rasgado.
— Eu não acredito, eu amava esse sutiã. — Pegou a peça, guardando na sua bolsa que estava no chão, totalmente arrumada. Provavelmente ele tinha pegado as coisas do chão, pois ela lembra muito bem de quando teve sua bolsa arrancada da mão para diminuir os obstáculos entre os corpos. As lembranças da noite ainda pousavam como um grande avião e balançando a cabeça, ela tentava falsamente se esquecer.
Não era novidade que seu coração batia mais forte por Yann, mas ela não queria ser mais uma entre os troféus que ele carregava até a sua casa.
Porém, com tudo o que aconteceu até esse exato momento, essa chance era grande.
— Parabéns, Portia, sua idiota. Só aumentou ainda mais seus sentimentos por ele. Era só ter recusado, era só ter falado um maldito não!
Essa era Portia sentada em frente ao espelho gigante existente dentro do quarto de Yann Sommer. Tudo havia sido lindo, mas as chances de ter seu coração jogado no chão e pisoteado eram muitas. Não pela índole do goleiro, que sempre foi um homem tranquilo, mas ela sabia que o suíço não era um cara de romances longos.
Quando seria a chance do amor viver ao seu lado por mais tempo?
Derrotada pelo seu próprio subconsciente, Portia pegou suas roupas e vestiu as peças intactas, um pouco incomodada pela falta de seu sutiã favorito. O frio estava constante, então ela se enrolou em seu sobretudo preto e respirou fundo, tentando se esquentar e tirar a ideia de pedir ao goleiro que a esquentasse da mesma forma como na noite anterior. Mas em vez de sair do quarto e procurar por Yann, o medo a deixou paralisada, fazendo com que ela voltasse para a cama e sentasse nela, cruzando as pernas e apoiando os cotovelos para fazer um apoio para a sua cabeça. Soltando um suspiro sôfrego, a jovem jornalista rebobinou as lembranças da noite anterior e se queixou por ter se jogado de cabeça em cima de Yann, indo até a sua casa para desfrutar do melhor sexo que já teve na sua vida.
...
Na noite anterior...
Depois de mais um dia de trabalho de olho na Bundesliga, Portia finalmente podia jogar seus papéis para cima, bater seu ponto e contar os dias para voltar para sua terra Natal. Ela era uma das jornalistas estrangeiras dentro da comitiva esportiva alemã e depois do fim de mais um campeonato, suas férias em Roma estavam garantidas.
— Finalmente estamos no fim, com mais uma vitória de você sabe quem. — Rossi, que também era da Itália, comentou enquanto estralava os dedos. — Torcedor do Bayern é privilegiado. Queria ser assim.
— Você torce para quem, mesmo?
— Para o Milan, esqueceu?
— Coitado. — Portia segurou o riso, vendo seu amigo fazer um bico.
— Olha quem está falando.
— Não torço para o Milan e sim para a Roma.
— Coitada. — Os dois riram. — Bom, pelo menos o meu teve algum momento de glória quando já era nascido.
— Ei! Quando a Roma ganhou o campeonato em 2001, eu já tinha nascido!
— Certo, mascote do time. — Ele riu, se levantando da mesa. — Estamos indo para um bar aqui perto, onde a cerveja é um pouco gelada, pelo menos. — Ele sorriu fraco. — Quer ir?
— Eu vou, mas tenho outra companhia.
— Não queria você comigo, mesmo. — Ambos riram, Rossi era como um pai para Portia. — Quem é o felizardo?
— Você sabe, o goleiro do Borussia Mönchengladbach.
— Ah sim, o Sommer. — Ele falou, depois de alguns segundos. — Desculpe, é que quando você fala o nome desse time de forma tão sutil minha cabeça entra em transe. É muita informação. Esqueço que você tem contatos muito bons por aqui.
— Yann é meu amigo de longa data, da época que eu morava na Suíça. Não perdemos contato e, quando é a minha vez de vir para a Alemanha ficar de olho no campeonato, ele pede que no final tomemos uma cerveja por aí.
— Fofos, eu diria. Mas é só amizade mesmo?
Portia e Yann se conhecem desde 2012, quando o suíço fazia parte do time FC Basel, na sua terra natal. Portia fazia um estágio de jornalismo em Basileia e dessa forma, os dois se conheceram e passaram a ser amigos, mantendo contato desde então. Por mais que a jovem duvidasse as vezes dos seus sentimentos, principalmente quando se deparava com o sorriso descontraído de Sommer, ela sempre reforçava a ideia de amizade, pois eles eram de mundos completamente diferentes.
— Sim, apenas amigos.
— Senti um peso na sua voz, Portinha.
— Isso se chama cansaço. — Disse prendendo o riso, jogando a trança para trás. — Espero que ele me leve para o hotel logo.
Os dois saíram do prédio e tomaram o mesmo rumo, ao descobrir que iam para o mesmo bar.
— Olha só, vou ficar observando vocês de longe. Qualquer coisa é só me dar um grito.
— Você leva a promessa que fez ao meu pai muito a sério, sabia? Yann é meu amigo e me respeita muito.
— Você me leva a sério demais, querida. — Ele fala, sacudindo a cabeça em negação. — Aproveite sua noite.
— Você também, Rossi.
— Prometo só te olhar de vez em quando. — Ele riu, levando um soco no braço.
Ao chegar no bar, ambos perceberam que existiam alguns bávaros em festa por mais um título do Bayern na Bundesliga. Era uma loucura imaginar Yann no meio deles, principalmente dele ser alguém famoso e importante durante todo o campeonato, já que foi uma peça chave para a boa campanha do seu time. Ao pensar nisso, o celular vibrou automaticamente, mostrando uma ligação de Yann no visor. Portia pediu licença para Rossi e se encostou na parede do lado de fora do estacionamento, procurando por um momento menos barulhento. Estava tão frio que a fumaça que saía do seu nariz era extremamente perceptível.
— Você já está no bar? — Yann perguntou calmo, onde ele estava era bem tranquilo, pois até sua respiração dava para ouvir.
— Acabei de chegar. Está atrasado?
— Sabe que eu nunca me atraso. Estou te vendo encostada da parede, o carro preto do outro lado da rua é o meu.— Ele ri, fazendo Portia sentir suas bochechas esquentarem. — Não quero apanhar, tem muitos bávaros por aí.
— Tem algum outro lugar em mente?
— Acho que você poderia me ajudar com isso. — Respondeu calmamente, quase soletrando. — Vem para cá.
— Vou me despedir do Rossi, espera aí.
Quando Portia desligou o telefone, sentiu suas mãos tremerem e não eram de frio.
Seguindo o roteiro, a jovem avisou ao amigo sobre as mudanças de planos e ele concordou, solícito. Saindo do bar, olhou mais uma vez para o enorme carro preto parado do outro lado da rua e antes de dar uma batida na porta, ela se abriu automaticamente.
— Seu reflexo está ótimo. — Portia sorriu de lado, adentrando no carro.
— Não estou na minha posição por sorte, eu acho.
— No Basel não era tão rápido assim não, hein. — A jornalista retribuiu o sorriso cínico, fazendo Yann abrir uma careta.
— Droga, você realmente me conhece.
O carro tinha um cheiro tão bom que dava para ficar ali mesmo. Ao contrário de muitos europeus, Yann era fora da curva, sendo extremamente organizado, cuidadoso e limpo. Seu perfume amadeirado correspondia as expectativas de qualquer pessoa.
Assim como todo o resto.
— Já que não está a fim de entrar em um ringue, o que deseja fazer hoje?
— Eu queria te levar em um local diferente, hoje. Mas claro, é uma surpresa.
— Nada de lugares muito altos, por favor. — Pediu Portia, criando um bico engraçado no goleiro.
— Você sempre me quebra, Portí. Incrível.
— A gente tem que barrar os doidos, se não eles acabam com a gente!
— Esta dizendo que... Entendi, agora eu entendi. Tudo bem então, o doido aqui vai superar suas expectativas hoje.
Yann falou com tanta determinação que Portia sentiu seu corpo se petrificar diante da voz grossa e com uma ponta de audácia. Sem armas no momento, a jovem apenas cruzou os braços e esperou a partida do carro, ficando em alerta quando viu que reconheceu o trajeto que estavam fazendo.
— Você está me levando para a sua casa?
A verdade é que não seria a primeira vez de Portia na casa de Yann, pelo menos não sozinha. Em meados de 2016, o goleiro e uma colega conhecida de Portia namoraram durante um tempo e uma reunião foi feita na casa de Sommer no verão. Portia também namorava um estagiário e o clima parecia bem agradável entre os dois, apesar do pequeno incômodo que a jornalista sentia quando sua amiga se jogava no colo dele, mostrando sua sorte.
O namoro só durou três meses e Portia se condenou por ter ficado feliz por isso.
E foi a partir daí que seu incômodo passou a ser mais constante. Seu namoro terminou, os dois ficaram solteiros, tiveram pequenos envolvimentos com outras pessoas, voltaram a estaca zero quase que na mesma hora e até então, nada. Apenas encontros para uns copos de cervejas e conversas aleatórias. Ela se sentia tenda a perguntar sobre a vida amorosa do jogador, mas sempre achava que estava se precipitando. Isso até a deixava nervosa, pois Portia era uma garota que não se deixava abater por homens.
Até o momento em que Yann abria a boca.
— Vai me dizer que não sente falta do aconchego? — Falou com diversão, enquanto abaixa o volume do rádio. — Está tão frio, a lareira vai te fazer ficar lá.
— Só não recuso pois você é um ótimo cozinheiro.
— Não vai se arrepender. O dia de hoje pede uma programação mais familiar, está muito frio. Nada melhor do que uma janta feita no conforto de casa.
Ainda dá tempo de fugir? pensou Portia. Apenas pensou. Quis gritar no momento mas deixou passar.
Depois de alguns minutos passeando pelas ruas calmas de Mönchengladbach, os dois chegaram no condomínio onde Yann e muitos jogadores viviam. A casa do goleiro era uma das últimas e ficava escondida em um emaranhado de árvores altas. Meses de trabalho não pagariam o aluguel desse local, pensou Portia, mas era um local que ela gostaria de morar.
— Essas árvores estão maiores, faz tempo que não venho por aqui.
— A última vez foi quando nos juntamos para um almoço, não é? Eu ainda namorava a Emily. E você aquele jornalista esquisito.
— Ei! Nunca falei mal das suas namoradas, respeite os meus também.
Se ele soubesse o que eu pensava de Emily, pensou.
— Vou pensar no seu caso. Mas ele era esquisito, sim.
— Baseado no parâmetro de quem? Do seu?
Yann sorriu de forma cínica. E Portia sentia que poderia se jogar do abismo que ele abria quando fazia isso .
— Você é um idiota. — Bufou, tentando disfarçar seu nervosismo.
— Você não é a primeira pessoa a falar isso, estou começando a suspeitar que seja verdade.
Yann estacionou o carro na garagem e fez um sinal de espera para Portia, que aguardou a porta ser aberta por ele do outro lado. A jovem agradeceu e deixou os sapatos na garagem, pois sabia do TOC de limpeza do suíço. Pegou um chinelo felpudo que ele deixava e colocou nos pés, sentindo seu corpo esquentar com o toque do mais velho no seu ombro.
— Já sabe até o ritual, gostei disso.
— Não quero apanhar, sabe.
Sommer fez a mesma coisa e entrou após Portia, deixando a mochila no chão. A jornalista passou os olhos pela casa e viu que ela parecia a mesma, apenas com poucos detalhes diferentes da última vez. Uns quadros novos, troféus colocados em outro lugar e um tapete vermelho felpudo que pegava quase toda a enorme sala.
— Como aqui é quentinho. — Portia pensou alto demais.
— A lareira é minha melhor amiga, vai por mim. — Yann comentou de leve, indo para a cozinha. — Fique a vontade, eu vou para a cozinha.
— Posso te ajudar? Não quero ficar aqui sozinha.
— Eu geralmente faço tudo sozinho mas você é uma bela companhia. Venha!
Portia se sentiu idiota por praticamente sair correndo atrás de Yann, batendo os chinelos no piso gelado. Ao chegar na cozinha, era notório saber que era o local favorito do seu amigo. Tudo perfeitamente alinhado conforme seu gosto padronizado, como se tivesse sido feito especialmente para ele, somente ele.
— É verdade que você não deixa a empregada tocar na cozinha?
— Eu cuido da cozinha, é a única regra. — Ele disse enquanto se abaixava para pegar as panelas. — Mas ela deve amar isso, pois saboreia todos os pratos que eu invento.
— Eu imagino que sim. — Portia sorriu, sentando em um dos bancos do balcão. — O que vai preparar para nós?
— Pensei em fazer Zürcher geschnetzeltes*. — Yann respondeu e riu da cara de ponto de interrogação de Portia. — Falei pois não ia saber do que se trata mesmo. Então é uma surpresa.
*prato típico da Suíça composto por filé mignon assado ou frito, queijo e cogumelos temperado com vinho branco e outros temperos regionais. Geralmente é servido com batatas assadas ou arroz branco.
— Eu poderia jurar que tinha me xingado. — Portia murmurou, fazendo os dois rirem.
— Mas, além disso, vou fazer algo que você ama e conhece. — Yann foi até a geladeira e pegou um enorme pedaço de queijo. — Fondue de queijo.
— Você é tão maravilhoso! — Portia sorriu, mas olhando para o queijo.
— Olha só, quanto interesse. Só está ligando para o meu queijo!
— Prioridades, não é? — Ela se fez de desentendida, rindo em seguida.
Yann cuidou de todo o procedimento da cozinha deixando Portia se deliciar com uma taça de vinho suave que ele abriu para degustação. A habilidade do goleiro não era apenas nos jogos e, durante várias vezes, Portia se viu paralisada ao ver a rapidez e a organização que o suíço tinha na cozinha. Ela não chegava aos seus pés.
— Você realmente é muito bom. — Portia murmurou enquanto bebericava o vinho. — Se não fosse jogador, você seria...
— Chefe de cozinha? Senza dubbio**!
**sem dúvidas!
Bom, qualidade ele tinha e muito.
Enquanto a comida ficava pronta, Portia pediu para ir ao banheiro e Yann disse que o de baixo estava com um problema na encanação. Dessa forma, só haveria os de cima.
Sem querer dar uma de perdida, Portia foi sem perguntar onde era e ao se deparar com várias portas, ficou sem saber o que fazer a não ser abrir uma por uma. Na primeira que abriu já deu de cara com o quarto de Yann, sendo empurrada para dentro por conta da sua curiosidade. Passou os olhos rapidamente pelo imenso cômodo foi entrando, achando um máximo ter um quarto tão elegante e grande como o dele. Colocou sua bolsa na cama do suíço e passou a olhar suas fotos na parede, cada uma mais fofa que a outra. Ao escutar um barulho, saiu em disparada até a porta, onde agradeceu por ser o que procurava.
Depois de usar o banheiro, Portia ficou uns minutos parada em frente ao espelho, dando uma olhada na sua fisionomia cansada e sem brilho. A raiz castanha já era muito evidente em suas madeixas vermelhas e mesmo assim, adiava o processo de pintura, pois gostava do visual mais largado. A única coisa que a incomodava era a sua feição cansada, deixando suas olheiras e algumas manchas evidentes demais. Antes de sair, Portia passou o dedo úmido nos lábios carnudos e soltou seus cabelos que estavam presos em uma trança, ficando com um ar mais apresentável para um jantar com Yann.
Quando desceu as escadas, seu olfato foi atingindo em cheio com um cheiro espetacular, fazendo seu estômago querer ajoelhar e rezar pela comida maravilhosa que ia provar. Portia era fã dos pratos que Yann fazia e sempre que possível, ele trazia um pote com alguma invenção sua durante os encontros. Feito uma criança levada, saiu em passos rápidos até encontrar o goleiro ajeitando a mesa, colocando o vinho nas taças reservadas para ambos. Portia sorriu involuntariamente ao ver Yann cantarolando algo em sintonia, pois além de um ótimo jogador e cozinheiro, ele era um bom cantor. Quando o mais velho viu sua silhueta se aproximando, comprimiu os lábios e sorriu satisfeito com a organização.
— Superei suas expectativas? — Ele levantou a garrafa de vinho, colocando-a em uma estante ao lado da mesa.
— Ainda não provei, te dou essa resposta no final. — Portia deu de ombros, tentando disfarçar seu encanto. — Mas pela decoração, há chances.
— Chances do que, exatamente?
Portia não tinha entendido o real sentido da pergunta durante alguns segundos, até ver o sorriso de canto surgindo nos lábios de Sommer. Sua bochecha esquentou e nada era capaz de disfarçar o golpe que havia levado em cheio. Sem saber o que dizer, a jovem levantou os ombros, se sentando delicadamente no lugar reservado a ela.
Yann desfez o sorriso e se sentou em seguida.
— Espero que goste, Portí. — disse ao levantar a taça em direção a garota. — Santé!
— Impossível não gostar do que você faz, Summer. — Disse em resposta, fazendo o brinde. Summer era o apelido que ela tinha dado ao goleiro por, segundo ela, ele ser tão quente quanto o verão. Mas era claro que ele não sabia o real sentido desse apelido.
E realmente, era impossível não soltar um suspiro de agrado ao provar a comida do suíço.
Tudo era perfeito. O ponto de derretimento do queijo, as batatas parcialmente crocantes, o arroz soltinho e bem temperado. A carne macia derretia na boca de Portia e por mais que tentasse ser mais implícita, ela sentia as caras e bocas que fazia com cada garfada. Com os olhos fechados, a jornalista se deliciava imaginando-se no céu provando a comida divina dos anjos.
E com isso, nem percebia o anjo te observando sem piscar.
Yann tinha um carinho enorme por Portia, era um contato de longa data. Os dois se acompanharam dentro da carreira esportiva e muitas conversas entre ambos forma fundamentais para os caminhos que seguiam até então. Vê-la se deliciando com sua comida, algo que lhe causava um frenesi de tão satisfeito era sem dúvida, uma visão do céu.
Sem hesitar, ele sorriu de orelha a orelha. Bem no momento em que Portia abriu os olhos.
A jovem acompanhou o sorriso se desfazendo, enquanto as bochechas do goleiro ficavam mais rosadas. Tomara que seja o vinho, pensou, antes dar um belo gole na bebida, se engasgando em seguida. Yann se levantou e foi até ela, mas Portia impediu seu toque nas suas costas com a mão, segurando delicadamente seu braço.
— Estou bem. — Bufou, rindo em seguida. — Achou que ia morrer engasgada? Quase leva a mesa junto.
— Estou preparado para tudo, inclusive para te salvar de algum imprevisto. — Ele sorriu, estava nervoso igual ela. Aquilo era um encontro inusitado?
Se era ou não, os dois permaneceram em silêncio até o fim da comida, onde saborearam o fondue com pequenos pedaços de pães. O tom desconfortável era presente pois os dois mal conseguiam se olhar depois do susto de Portia, onde sentiu sua mão esquentar em contato com o braço de Yann.
— Bom... — A jovem se pronunciou, levando o guardanapo na sua boca. — Parece que terminamos, não é?
— Acho que sim. — Yann se levantou, deixando a mesa da mesma forma com estava, o que era estranho. — Espera, preciso te mostrar uma coisa antes de ir embora. — Ele suspirou pesado, estendendo a mão de forma cavaleira. — Vem comigo?
— Está bem. — Portia se levantou, pegando a mão de Sommer. Evitando o contato, os dois subiram as escadas e quando Yann foi em direção a porta do seu quarto, a jornalista sentiu seu corpo gelar.
A minha bolsa, pensou. — Ela ficou lá dentro!
— O que você disse? — Yann se pronunciou e Portia sentiu o pânico roubar sua voz. Balançando a cabeça em derrota, esperou o goleiro abrir a porta do quarto e ver com os seus próprios olhos.
— Oh, você já conhece o meu quarto, pelo visto. Ainda bem que eu o deixei arrumado— Ele disse com um tom engraçado na voz, enquanto passava pela cama e ia até o seu closet.
— Eu deveria pegar minha bolsa e sair correndo? — Pensou a jovem, enquanto alternava o olhar na sua bolsa e na porta do closet no fim do quarto.
Mas não daria tempo. Então Portia apenas ficou perto da porta, com a bolsa na mão.
Yann voltou e estranhou sua amiga parada no quarto, segurando a bolsa com certa força. Nas suas mãos, uma caixa preta jazia entre elas. Portia apertou os olhos e ajeitou o óculos de grau para tentar lembrar se já tinha visto uma caixa daquela forma e quando percebeu, sua boca se entreabriu.
— Amigo secreto de 2012, lembra? — Yann disse, sentando-se na cama. — Quando os estagiários e o time de Basel se juntaram no CT, naquele frio tenebroso que fazia para comemorar o fim do ano em meio à nevasca que tinha pegado todo mundo de surpresa.
— Eu chorei com saudades dos meus pais, não tinha sinal e eu fiquei preocupada. — Portia lembrou, folgando a bolsa nos dedos. — E você veio me abraçar solidário.
— Eu fiquei preocupado, sabe. Todo mundo bebendo, se divertindo e você quietinha no canto, passando os dedos finos no rosto. Eu não poderia deixar você sozinha.
Por favor Yann, me diz que eu posso avançar.
— E então, ficamos conversando quase a noite toda. Como se já nos conhecêssemos há muito tempo. — Portia fez um esforço para falar, vendo que sua garganta mal abria por conta da tensão.
— Foi o dia que nos conhecemos de verdade, onde batemos um bom papo. E foi o dia que eu recebi o melhor presente que eu poderia receber. Uma carta sua parabenizando pelo jogo que nos levou para outro patamar. E um abraço cheio de gratidão.
Portia tinha tirado Yann no amigo secreto e, sem saber o que dar, preparou uma carta, encheu a caixa de chocolates e parabenizou o goleiro pelo jogo espetacular que tinha feito recentemente. Como ele ainda lembrava daquilo? E além disso, a carta?
— Você mal sentiu meu abraço, olha só o meu tamanho!
Yann sorriu, aquele sorriso que trazia Portia a um abismo convidativo. E em seguida se levantou, caminhando até onde a jovem estava. Ela por sua vez, recuou e pelo susto, suas costas bateram na porta gelada e um gemido de dor saiu da sua boca.
Yann também recuou, surpreso.
— Está com medo de mim? Me desculpe, eu... não queria te assustar.
— Não é isso, eu...
Portia suspirou, não sabia o que dizer. Aquela palpitação louca, o desejo de sair correndo, de pular no colo de Yann, a sensação de estar criando expectativas impossíveis... tudo fazia um nó na sua cabeça e ela mal conseguia respirar.
— Por que você está me mostrando isso agora? Depois de tanto tempo?
Yann se retraiu e colocou a caixa em cima da cadeira perto da entrada do closet. Sem saber o que falar, apenas passou as mãos nos cabelos e sorriu fraco.
— Eu só queria que você soubesse o quanto é importante para mim. E tentei da pior maneira demonstrar isso. Me desculpe, Portí, eu realmente não sei o que dizer para você nesse momento mas por favor, não olhe para mim como se eu fosse um predador sem coração. Eu quero apenas provar que não sou assim.
Maldita sinceridade, pensou a jornalista. Ele estava querendo uma chance, apenas uma chance.
— Summer, eu... por favor, venha aqui. — A jovem pediu, manhosa, ainda com a cabeça baixa. Yann apenas descruzou os braços, segurando sua respiração. — Agora, venha. Me beije.
Foi o que Portia disse quando olhou novamente para Yann. Uma onda elétrica ativou seu corpo de uma forma tão forte que quando percebeu, tinha deixado o goleiro tirar sua bolsa das suas mãos e afundar seus lábios ferozmente no seus.
...
Atualmente...
O que aconteceu depois foi algo que ambos desejavam há certo tempo, era impossível negar. Portia deixou com o que seu pequeno corpo se aninhasse ao goleiro e os dois desfrutaram de um momento íntimo intensamente quente. As lembranças de Portia só a deixavam cada vez mais embaraçada, pois não imaginava que se renderia tão fácil e pedisse para que Yann fosse até ela e a tomasse daquela forma, passeando seus lábios em todo o seu corpo.
O choque dos corpos, a respiração ofegante, o suor banhando a pele mesmo em pleno início de inverno alemão, onde as temperaturas chegam perto do zero. A lista de Yann na mente da jornalista só aumentava: ótimo jogador, cozinheiro espetacular, bom cantor e.. um amante perfeito.
E tudo foi pincelado como uma obra de arte. Apesar do desespero que ambos tinham de se saciar lascivamente, os dois se aproveitaram muito bem. Quando tudo acabou, aliás, quando todos os rounds acabaram, Portia sentia seu corpo afundar nos lençóis e ao mesmo tempo, sentia um calor tão intenso que parecia estar em cima de uma brasa. Os olhos fechados em êxtase se lembrando do espasmo final dado e o olhar intenso que Yann lhe dava enquanto segurava seus pulsos acima da sua cabeça era o seu fim. A jornalista afundou o rosto nas mãos quando relembrou o barulho do sorriso do jogador, que deitou sobre ela e acariciou seus cabelos, afundando seu nariz entre eles.
— Como você é linda, Portí. A mulher mais linda que eu já vi na minha vida.
Ela delírio?
Ela não sabia compreender, tinha tido um orgasmo tão intenso que havia ficado sem reação. Mesmo dormindo juntos, com Yann abraçando seu tronco, passeando seus dedos gelados em seus seios, ainda era dificil acreditar no que tinha acontecido.
Ela não queria ser uma Emily da vida. Não poderia ser.
E nessa confusão, ela só passou a dormir muito tempo depois, ainda sentindo a quentura de Yann se completar com a sua.
E agora, todas as lembranças vinham como uma tempestade destruidora. Ela nunca tinha tido uma noite tão boa, nenhum homem havia sido tão bom com ela, se preocupando com o seu prazer, deixando a criatividade fluir, tomar seus corpos, suas emoções. Os gemidos roucos do suíço faiscavam na sua mente e quase faziam sua cabeça explodir de tesão. A força dos movimentos, os corpos grudando um ao outro, os olhos abertos e focados a entender o que se passava na mente um do outro...
Sem dúvidas, era algo real demais para ser ignorado.
Com medo da porta se abrir, Portia decidiu-se levantar da cadeira, arrumando os cabelos atrás da orelha. Pegou o óculos em cima da pequena mesa perto da janela e ajeitou o objeto no rosto, enquanto saía daquele quarto que ainda tinha cheiro de sexo. Saindo pela porta, precisou se reequilibrar no chinelo felpudo e desceu as escadas em silêncio, colocando a bolsa em cima do sofá. Ao sentir um cheiro muito bom vindo da cozinha, a jornalista suspirou, tendo a coragem de olhar para o relógio. Não era nem 9 horas da manhã.
— Estou a mais de 12 horas aqui. — Murmurou para si, procurando entender se isso já era um tempo considerável para pensar que não era uma intrusa.
Entrando na cozinha, Portia deu de cara com uma cena que ela gostaria de desfrutar todos os dias: Yann cozinhando. O mais velho usava uma touca cinza na cabeça, pois o frio ainda era intenso, um conjunto de moletom e chinelos felpudos. Uma frigideira dançava tranquilamente na sua mão enquanto uma massa redonda pulava sobre ela. Por não notar sua presença de imediato, Portia apenas sentou na bancada em completo silêncio e observou sua habilidade mais uma vez. Mais um espirro tirou sua quase capa de invisibilidade e o olhar atento de Yann se encontrou com o seu.
— Bom dia, Portí. — Disse calmo, desligando o fogo. — O café da manhã já está quase pronto, não te acordei pois queria deixar tudo arrumado mas...
— Sommer. — Portia pediu e Yann largou a frigideira, se virando em sua direção e cruzando os braços sobre o avental. Trocar o Summer pelo seu sobrenome era algo digno de alerta. — Eu não sei o que dizer depois disso que aconteceu.
— Não precisa dizer nada, mon ange***. — O goleiro sorriu de leve, apertando os lábios. Portia sentiu seu corpo ficar aquoso, mas permaneceu firme. — Eu sei que você está confusa e... é, não posso mentir para você. Estava preparado para essa reação.
Meu anjo***
— Seja sincero comigo, por favor. — Portia resmungou, estava sentindo o peso em seu peito quase te sufocando. — Isso aconteceu apenas por carência?
— O quê? Não, claro que não! — Yann suspirou, colocando as mãos na testa. — Eu compreendo que esteja preocupada pois você realmente me conhece.
— Talvez eu não te conheça pois eu não consigo decifrar o que está passando na sua mente neste momento.
— E nem eu consigo decifrar a sua. Acho que estamos quites.
O clima não era um dos melhores. Mas a comida cheirava muito bem, fazendo o estômago de Portia rosnar para receber atenção. A jovem se contraiu no banco, colocando as mãos gélidas como apoio dos seus seios, tentando tirar da mente a imagem de Sommer entre eles, provocando cócegas com beijos e leves mordidas capazes de levar o maior pecado ao céu.
— Tome um café reforçado comigo, depois conversamos. — Ele disse, se virando novamente para o fogão. A jornalista volta a realidade e encara o goleiro durante um segundo, antes de virar o rosto.
Portia assentiu em silêncio e esperou o moreno preparar tudo para ajudá-lo a levar para o balcão. Yann sentou do seu lado e, cheio de dedos, passou o braço pelo ombro de Portia, apertando-o gentilmente. A jovem bebericou o chá e comeu um pedaço do omelete feito por ele e sem ter coragem de voltar o olhar para o goleiro, apenas abaixou a cabeça.
— Do que você tem medo, Portí?
— De perder você. — Portia finalmente falou a verdade, colocando a caneca de chá no balcão. O jogador a olhou surpreso e ao mesmo tempo, feliz pela sua sinceridade. — Yann, nós tínhamos algo tão bonito, tão legal... o que aconteceu ontem pode colocar tudo a perder.
— Ou exatamente o contrário. — Sommer retrucou, agora passando os dedos no rosto frio da jovem. Portia apenas evitava olhar em sua direção. — Acha que isso foi de momento? Eu sempre tive sentimentos por você.
— Como disse? — Portia arregalou os olhos, finalmente o encarando. — Você está falando sério?
Portia finalmente olhou para Yann, que sorriu fraco. O olhar sincero, as bochechas elevadas pelo sorriso verdadeiro, o brilho diante dos olhos. Ele estava falando a verdade.
Maldita e bendita sinceridade.
— Por que acha que eu chamava teu namorado de esquisito? Droga, eu queria estar no lugar dele!
— Eu não acredito. — Portia riu de nervoso, quebrando um pouco a atenção. As mãos de Yann ainda permaneciam em seu rosto e seu dedo a tocava gentilmente, como forma de conforto.
— Como você nunca falou nada sobre os meus relacionamentos, eu achava que só era eu o apaixonado da história. O bobão apaixonado pela garota mais linda que já tenha visto na sua vida.
— Por Deus, Summer! Você é o galã da Suíça. O que diabos viu em mim?
— Tudo, Portí. Absolutamente tudo. Olhe só, — Yann pegou a mão pequena da jovem e colocou sobre o seu peito. — Estou quase tendo um infarto ao te falar isso, estou com medo também, eu nunca senti isso em meus 30 anos de vida.
O peito de Yann parecia querer saltar para fora, de tão rápido que seu coração batia. Portia ainda estava atordoada, alternando o olhar entre o peitoral do goleiro e seus olhos. Sem saber o que fazer, suspirou alto e pôs a mão no banco, puxando-o para mais perto do suíço. E delicadamente, selou seus lábios nos dele.
Ela só queria ter certeza de que aquilo não era um sonho. Era o último passo até poder relaxar e aproveitar esse momento que tanto esperou.
E foi o que aconteceu quando sentiu sua boca sendo invadida pela língua quente de Sommer. Seus dedos encontraram o maxilar marcado do moreno, que chegou mais perto para passar a mão por detrás da cabeça da jornalista, puxando-a mais para si. Um beijo calmo, adormecido, uma dança sincronizada entre duas bocas apaixonadas. Os cabelos vermelhos eram puxados delicadamente, conduzindo Portia a ficar mais a vontade diante dos toques do goleiro, que apreciava o toque gélido dela em seu pescoço, arrepiando todo o seu corpo.
O desespero de ontem sendo trocado pela calmaria de hoje. A personificação da calmaria chegando após a tempestade.
Ou melhor dizendo, Yann Sommer e Portia Darrison mostrando onde o amor deles moravam, dentro de seus corações inquietos e impacientes por esperarem tanto tempo para gritar tal sentimento.
Quando voltaram ao seus postos, as bochechas de ambos queimavam, como dois adolescentes descobrindo o prazer de tocar alguém por quem é interessado. Sommer deu um sorriso aberto em direção a sua amada e ela precisou reprimir os lábios para não beijá-lo de novo.
— Toda vez que você sorri desse jeito para mim, eu sinto que vou morrer.
— Isso é bom? — Ele disse levantando o cenho, sorrindo mais uma vez em seguida.
— Morrer de amor, digo. — A jovem terminou, sorrindo de volta e dando uma piscadela. — Você não tem noção da vontade que eu tenho de sair correndo lá fora de tanta felicidade.
— Desse jeito? Vai morrer de frio! — Os dois riram. — A gente pode correr depois para dar uma queimada na adrenalina. O que acha?
— Ideia de doido essa sua, hein!
— Acho que eu entendi. — Yann se levantou, tirando o avental. — Eu sou doido, você é doida, afinal a ideia inicial foi sua. Por isso somos feitos um para o outro. Como eu não percebi isso antes?
— Ai meu Deus, como você é um bobo!
— Eu era realmente. Até ontem, quando finalmente eu pude demonstrar meu amor por você e me dar a chance de viver ao seu lado para valer.
Portia sorriu, estendendo os braços para chamar o goleiro de volta, que veio correndo até a sua direção em um abraço gostoso e sutil. A jovem se aninhou no peitoral do mais velho mais uma vez enquanto ele afundou seu rosto nos cabelos vermelhos, amando sentir aquele cheiro tão bom e familiar. Depois de tantos desencontros, momentos e sensações, finalmente era hora de mostrar para todos onde o amor morava.
Dentro de um relacionamento que seria forte durante muito e muito tempo.
FIM
É oficial: ESTOU BOIOLA CADELA AU AU PELO YANN SOMMER
Gente que homem, pelo amor de Deus. BONITO PARA UM CARALHO, ótimo goleiro, canta bem, cozinha bem, armaria Deus é pedir muito?
(DEUS: sim minha filha, acorda sua trouxa kkkkkkkk)
Ai gente, um nenê, sério (olha esse gif, que infernoooo). Estou apaixonada. Espero que vocês também <3
Eu não vou nem falar que esse é a minha última onde de futebol porque a última seria do Volpi ne KKKKKKKKKKKKKKKKKK enfim. Mas fico feliz por ter feito mais uma e aumentado minha coleção de boiolice futebolística.
E claro brigada mais uma vez pelo carinho! Vejo vocês em um futuro talvez próximo, talvez não. Surtos rolam sempre né, e a doida aqui... só ladeira abaixo
UM BEIJO, se cuidem, máscara sempre e "alquingel" na mão!
Bạn đang đọc truyện trên: Truyen247.Pro