Capítulo 9
Ficar perto de Shawn era um perigo, eu não conhecia as verdadeiras intenções dele, mas boas não podiam ser. Aquele tinha sido meu primeiro beijo, por isso fugi como uma garotinha de 10 anos, porque não tenho coragem suficiente para nada.
Fui em direção jardim, passando rapidamente por Thomas, que me olhou desentendido, mas não olhei para trás. Eu precisava ficar sozinha em algum lugar, então fui até a porta que tinha visto e entrei, mas Thomas me seguiu e entrou também.
- O que você faz aqui? Eu preciso ficar sozinha - resmunguei e só então notei que eu estava sonhando, só podia ser.
Thomas falava, mas eu não prestava atenção, simplesmente encantada, não era o que eu esperava. Era um jardim lindo, brilhante.
- Você tá me ouvindo, Cristy? - ele esbravejou e eu me belisquei. Só então ele se deu conta do que estava acontecendo.
- Eu nunca vi esse lugar na minha vida, sequer tinha visto essa porta aqui! E eu venho aqui há muitos anos, o que é isso?
- Não faço ideia, mas não fará mal se a gente for curiar um pouco né? - ele assentiu e fomos entrando mais no jardim. Tinha um balanço enorme, feito de madeira com dois banquinhos e eu me sentei, chamando Thomas.
- Eu não curto muito balanços, mas vou te empurrar, okay? - sorri pra ele e comecei a balançar lentamente, ele estava logo atrás de mim, me empurrando para frente.
Aquilo não parecia real, era exatamente como meu livro, um jardim secreto! Será que só eu sabia da existência daquele jardim? Eu e Thomas, no caso.
Depois de um certo tempo, nós paramos de brincar no balanço e nos aproximamos de uma mesinha de madeira que tinha ali e eu encontrei um diário com o nome Georgia Fontenelle.
Chamei Thomas com a mão e nos sentamos no chão cheio de terra mesmo, nós já estávamos imundos. Começamos a folhear as páginas do livro e eu comecei a sorrir, então esse lugar tinha uma história, a história da Georgia se passou aqui, e era linda.
"Meu primeiro beijo foi aqui, eu estava tão apaixonada por ele".
"Esse local precisa ser preservado, se soubessem da riqueza dele o destruiriam"
"O motivo desse jardim ser secreto é a ganância das pessoas"
Fechei o livro e fiquei olhando para Thomas, o que significava aquilo? Por que nós conseguimos entrar ali?
- Que estranho isso, não é? - assenti com a cabeça e fiquei divagando enquanto ouvia o som da cachoeira, que me fazia relaxar.
- Eu não consigo entender, como isso foi virar um local escondido? Será que nem sempre foi assim? - o encarei e ele balançou a cabeça.
- Acho que não, mas não tem como a gente descobrir isso sem que achem que somos malucos - ele se levantou e limpou a roupa com a mão, me estendendo a mesma.
Me limpei e saímos lentamente dali, eu iria descobrir o segredo daquele jardim, tinha que ter um segredo.
- Amanhã nos encontramos aqui de novo para verificar isso, ok? Agora preciso resolver umas coisas e acho que você tem trabalho a fazer também - sorri pra ele, que me deu um beijo na bochecha e saiu correndo.
Comecei a cuidar do jardim, que era meu verdadeiro trabalho naquela casa e estava cantarolando "Somewhere over the rainbow", enquanto cuidava das plantas. Minha cabeça estava naquele jardim, aquele lugar lindo e incrível, um refúgio.
Então eu escutei passos vindo em minha direção e olhei para Shawn, que parecia meio transtornado, como se tivesse arrependido de algo.
- Me desculpa pelo beijo, Cristy. Eu não quis fazer aquilo, só aconteceu - meus olhos marejaram imediatamente. Ele foi meu primeiro beijo e tinha dito que não queria me beijar - ah, eu só tô piorando as coisas...
Eu paralisei completamente quando olhei os braços dele, tinham cortes profundos e alguns que pareciam atuais. Acho que ele notou minha reação e bateu a mão na cabeça.
- Merda, merda. Eu esqueci a jaqueta! Tem como você esquecer que viu isso? - neguei com a cabeça, não conseguia falar nada.
- Me deixa te ajudar a cuidar desses machucados - me aproximei dele e toquei em um que ainda sangrava. Ele fez uma careta e vi uma lágrima caindo dos seus olhos. Ele suspirou e concordou, deixando que eu guiasse ele até meu quarto.
Demorei pouco tempo para conseguir limpar os machucados, ele mordia os lábios com tanta força que estavam ficando roxos.
Depois que terminei, fiquei esperando ele pedir obrigado, e ele percebeu isso, mas fez o contrário.
- Não vou te agradecer, você fez porque quis - olhei para ele furiosa. É isso que ganhamos por tentar ajudar os outros.
- Quer saber de uma coisa? Você é um ba-ba-ca, sai do meu quarto - joguei as coisas nele e apontei para a porta.
Ele não saiu, então eu fiz isso, saí do quarto correndo em direção ao jardim. Esse garoto sempre me fazendo fugir dos meus problemas, sendo que ele era o meu problema.
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