Capítulo 7
Coloquei um short jeans e uma blusa regata branca e desci as escadas para me encontrar com Thomas.
Eu evitaria o Shawn de todas as maneiras possíveis, se eu pudesse ficar invisível seria ótimo...
Abri a porta da casa e Thomas estava sentado no banco me esperando, quando me viu se levantou imediatamente e eu sorri. Ele me ofereceu o braço e eu ri.
- Que cavalheiro, parece que nasceu no século passado - segurei seu braço e andamos assim até o carro. Ufa, não era um cavalo.
- Eu sempre fui um cavalheiro, madame - ri mais ainda, e entrei no carro - percebeu que não é um cavalo?
- Foi a primeira coisa que eu vi - me ajeitei no banco e fomos até a cidade conversando coisas aleatórias.
Depois que descemos do carro, comecei a prestar atenção nas ruas, era tudo tão diferente. Ali não tinha muitas casas, o espaço era mais dedicado aos comércios mesmo.
- Aqui é tudo tão leve, não é mesmo? - olhei pra Thomas que segurava alguns papéis em suas mãos e eu franzi o cenho.
- É sim, Cristy. Vamos ao mercado - me levou até o local que na minha imaginação era um pouco maior do que realmente é, mas era aconchegante e lotado, muito lotado.
- Filaaaaas! - resmunguei com cara de choro. Eu odeio pegar fila, ficar em pé naquele local cheio, ah.
Thomas riu de mim e me entregou um dos papéis que estava na sua mão, era uma lista de compras.
- Eu tenho que passar em um local enquanto estamos na cidade, então eu preciso ir. Enquanto isso você pode comprar todos esses objetos listados, aqui está o cartão - me entregou o cartão e eu assenti.
- O que você vai resolver? - vi ele ficar tenso com a pergunta e abaixou a voz.
- Problemas do Shawn, como sempre. Não conte nada pra Anne, lá vou eu - bufou e saiu andando.
Algumas horas depois eu terminei as compras e paguei, me sentando no meio fio, esperando Thomas voltar.
Fiquei pensando em como tudo estava de uma maneira que eu jamais imaginaria, mas eu gostava de participar da vida de Anne, por mais que seus filhos não fossem tão legais, ela e Thomas são incríveis.
Alguns minutos depois ele voltou com um semblante sério e nós fomos pra casa sem falar nada de interessante. Entrei na casa e arrumei algumas coisas antes de subir pro meu quarto, estranhei o fato de não ver ninguém.
Chegando no meu quarto eu vi uma cena que eu nunca imaginaria ver, Shawn estava deitado no chão do meu quarto com seu rosto todo sangrando.
- O que é que aconteceu com você? - arregalei meus olhos e sentei ele no chão, encostando as costas dele na minha cama.
- Me ajuda.. Cristy... Por favor - ele falava com a respiração cortada. Ouvi alguns gemidos de dor e corri procurando a caixa de primeiros socorros.
- Me explica o que aconteceu enquanto eu te ajudo - me aproximei dele, molhando um algodão e limpando o sangue. Tinha sangue no nariz, na boca, nos dentes e um machucado na testa.
- Eu não posso te contar, então só faz isso sem me perguntar - ele fechou os olhos, deixando a boca entreaberta e eu passei uma pomada na testa dele.
- Pra quem sabe se virar sozinho, parece que nem sempre né - ele sorriu de lado e eu observei ele. Até com sangue, não dava pra negar o quanto seu sorriso era lindo.
- Você é muito abusada, Cristy. Só termina isso e não enche - limpei seus lábios e me levantei, sem dizer nada para ele e desci até a cozinha, pegando um copo e enchendo de água pra ele tomar e outro copo pra ele cuspir aquele sangue todo.
Voltei para o quarto rapidamente, assim que terminei de pegar tudo e suspirei, lembrando do meu plano falho de evitar ele, já que ele não estava me ajudando a evitá-lo.
- Pensei que você ia sair correndo e me deixar morrer aqui - ele disse, eu pensei que era brincadeira, mas não era. Revirei os olhos, quanto drama por um machucado.
- Bem que eu deveria, não tenho motivos pra te ajudar, não gosto de você - entreguei o copo de água limpa pra ele e o copo vazio e ele entendeu rapidamente o que era pra fazer, tomando a água e cuspindo no outro copo.
- Engraçado, eu também não gosto de você - fez careta por causa da dor que tava sentindo e eu ri, ele fechou o semblante e me olhou no fundo dos olhos - minha mãe não pode saber disso, Cristy.
- E por que ela não pode saber que você está aqui todo machucado, Shawn? - pronunciei o nome dele bem lentamente, olhando nos seus olhos e ele se aproximou do meu ouvido.
- Porque eu já dou muito trabalho e agora tenho uma ruiva intrometida, querendo cuidar da minha vida - falou rouco no meu ouvido, fazendo meus pêlos se arrepiarem e eu coloquei a mão no seu abdômen afastando ele.
- Se a ruiva intrometida não estivesse aqui, você estaria todo machucado e ia ter que se virar sozinho - sorri de forma irônica pra ele e me levantei. Ele segurou minha mão.
- Eu não sou de implorar, mas por favor, não conte pra ela - dessa vez ele falou sem ironia, e eu já não iria falar da primeira vez, de qualquer forma.
- Relaxa, eu gosto muito da Anne, não quero que ela tenha nada para se preocupar - pisquei pra ele e peguei a caixa de remédios, colocando ela em cima da cômoda.
Ele se levantou e se deitou na minha cama, eu olhei pra ele indignada. O que ele está fazendo?
- Posso saber o que é isso? - apontei pra ele e minha outra mão estava na minha cintura.
- Agora que eu percebi que você até que fica bonitinha quando está brava - corei e fiquei quase da cor do meu cabelo - eu vou dormir aqui, não posso correr o risco de alguém me ver no meu quarto.
- E onde eu vou dormir se você ocupar a minha cama? - comecei a bater o pé no chão, sentindo como se eu tivesse voltado a infância e estava brigando com meu irmão.
- Bem aqui, eu não mordo não. Não é só porque eu te vi pelada que eu vou te devorar enquanto dorme - o sarcasmo na voz dele ficou bem nítido - ou talvez eu vá - me encolhi quando ele disse isso - brincadeira, não vou não. Fecha a porta do quarto de chave - ergui a sombrancelha - pra ninguém entrar e ver a gente aqui juntos, Cristy!
Fiz o que ele pediu e desliguei a luz, me deitando ao lado dele, sentindo um pouco de cheiro de drogas.
- Parece que você estava mexendo com o que não deve - murmurei, virada pra parede e ele estava virado pro outro lado.
- Eu não consigo parar - ele sussurrou e eu comecei a sentir um pouco, mas só um pouco de pena dele.
- Vai dar certo, Shawn... - ajeitei meu travesseiro que ele tava puxando.
- Espero que você esteja certa - e essa foi a última coisa que ele disse antes de apagar. Meu plano de ficar distante deu mais errado do que eu pensei.
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