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Capítulo 5

Depois da janta de ontem, eu fui para meu quarto e dormi, um sono profundo e necessário.
Acordo e me espreguiço ainda na cama, rolo algumas vezes de um lado para o outro e acabo caindo no chão, causando um estrondo.
A porta do meu quarto é aberta e vejo Thomas, me olhando confuso, já que eu estava caída no chão com a coberta que Anne me deu ontem.

- Nossa, Cristy! Eu pensei que você tinha se machucado - ele me estendeu a mão e eu levantei, dobrando o lençol.

- Obrigada. É só que eu sou um pouco desastrada, aí acabei caindo.

- Eu percebi isso ontem. Sem problemas, porque eu também sou um pouco. Acho que é normal ser desastrado na juventude - coloquei o lençol em cima da cama e acompanhei ele para fora do quarto, rindo.

- Você falou como meu avô! Ele diria a mesma coisa - descemos as escadas juntos, me apoiei no braço dele pra descer mais rápido.

- Ele não está mais entre nós? - assenti com a cabeça - meus pêsames.

- Tudo bem, faz tempo já. Claro que eu ainda sinto falta, era o único legal da família, mas a vida é assim, não é mesmo? - ele murmurou um "sim" e chegamos na cozinha para tomar café da manhã.

- Bom dia, Cristy! Vamos tomar café pra começar as tarefas? - meus olhos se perderam na mesa, tinha tanta comida ali! Tinha Nutella, geleia, biscoitos e bolos...

- A senhora caprichou nesse café da manhã, tô até confusa entre o que eu deveria comer - me sento e Thomas se senta do meu lado.

- Isso é porque você tá aqui, se não estivesse nós estaríamos comendo apenas pão e café, se tivesse café... - ele debochou e Anne olhou feio pra ele.

- Não seja tão insolente, Thomas. Só estou feliz hoje e acordei inspirada - sorri pra ela e optei por comer alguns pães com Nutella. Ótimo!

Depois de fartos, Anne saiu da sala para arrumar a cozinha, Thomas saiu para ir à cidade e eu fui ajudar Anne.
Anne estava lavando as louças enquanto eu secava, então de repente ouvimos a campainha.

- Pode abrir pra mim, Cristy? - Anne olhou para a porta e eu assenti me dirigindo rapidamente até a porta e a abri, dando de caras com um garota loira platinada. Ela era alta e magérrima, como se tivesse saído da capa de uma revista.

- Olá, você é a nova empregada? Se for, leve essas malas lá pra cima, estão muito pesadas - nem me deu tempo de falar nada, apenas jogou sua bolsa em cima de mim e eu puxei pra dentro e fechei a porta.

Ouvi um gemido de dor e me apavorei, o que foi que eu fiz? A porta foi aberta por um garoto com o nariz sangrando, ele me encarou por alguns segundos, parecia estar bem estressado.

- O que foi isso? Não olha antes de bater a porta na cara das pessoas? - olhei horrorizada pra ele e me aproximei.

- Me desculpe, não sabia que tinha alguém fora, não tinha visto você - toquei em seu rosto e ele tirou minha mão.

- O que você pensa que está fazendo? - franziu o cenho, me olhando como se eu fosse uma alienígena.

- Tentando te ajudar, não percebeu? - até em dar patadas eu era ruim, eu tinha que aprender isso.

- Não preciso da sua ajuda - ele saiu de perto de mim e vi Anne se aproximando.

- Cristy, esses são Shawn e Melanie, meus filhos. Mas o que vocês estão fazendo aqui hoje? - vi que ela realmente queria saber o motivo, e não estava feliz por eles terem ido.

- Só passar um tempo com a senhora, mamãe! Poxa, a senhora sempre pensa tão mal da gente - Melanie disse com uma voz enjoada e deixando claro que essa não era a intenção.

- Tudo bem, mas já que não preciso pensar mal de vocês... Shawn você vai agora com a Cristy limpar esse machucado, sem nenhuma reclamação - olhou brava pra ele e depois virou pra Melanie - e você vai guardar essas malas no quarto, Cristy não é empregada de vocês, é minha jardineira.

E ela ficou encarando Shawn até que ele decidisse subir as escadas e me chamar pra ir com ele, só segui sem dizer nada. Atravessei o quarto, indo até a mesinha que eu tinha deixado a caixa de curativos e me aproximei de Shawn que tinha sentado na cama.
Peguei um lenço pra limpar o sangue e ele tirou da minha mão, passando o lenço no rosto e retirando o sangue.

- O que você está tentando fazer de novo? - ele usou um tom debochado, e sua voz era rouca, eu ousaria dizer que muito bonita.

- Eu estou tentando limpar isso! Não queria ter te machucado, foi sem querer - peguei um medicamento pra passar no machucado e ele puxou novamente da minha mão.

- Eu sei me cuidar muito bem, não preciso de ninguém pra isso - levantou da cama e saiu do quarto, fazendo meu sangue ferver.

- DE NADA! - gritei para que ele pudesse ouvir e ele voltou, deixando a porta entreaberta.

- Eu deveria agradecer por você ter batido a porta no meu nariz? - piscou pra mim e saiu, me deixando ali com um ódio desconhecido.

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