XIX
(Escrito em 23.08.2020)
Sexta-feira. 19/03.
Jungkook se levantou da cama num pulo. Mal havia acordado e já ligou em uma única chamada de voz com todos os seus amigos, que conversavam enquanto se arrumavam. Taehyung, Jimin e Yoongi brincavam, dando pistas sobre o que vestiriam naquele dia. E explicavam o que os garotos deveriam vestir para que combinassem.
— Jinie, sério. Vai com aquela sua camisa cinza. — Jimin disse.
— 'Tá bom, baixinho.
— Gente que melosidade. — Taehyung reclama.
— Você fala como se não fosse igualzinho com o Jungkook. — Hoseok revida.
— Eu 'to quietinho e vocês me enfiam na briga, olha isso! — abriu a porta do guarda-roupa.
— Desculpa, 'hyung'. — Tae respondeu rindo. — Inclusive, Kook, usa aquele look que eu montei 'pra você ontem, viu?
— Perdão? A roupa dele já está montada? — Namjoon perguntou.
— Claro que sim! Eu já sei completamente o que vou vestir, e montei a dele ontem à noite, por ligação.
— Deus 'tá vendo vocês fazerem ligação e deixarem os amigos de lado, 'tá bom? — Seokjin reclamou.
— Todo mundo aqui faz isso, hyung. Não é nenhuma novidade. — revidou Yoongi.
— 'Tá bom. Mas então, Hobi, com que roupa você vai? — perguntou Seokjin.
— Uma coisinha que a Mali escolheu.
— 'To com saudades da noona. — disse Jungkook. — Onde ela anda, hyung?
— Ela 'tá estudando muito 'pras provas finais, são semana que vem.
— Eita, diz 'pra ela que desejamos boa sorte, viu? — disse Yoongi.
Os garotos brincavam e se zoavam, enquanto Jungkook não media esforços em cantar uma música do 5SOS.
— Ainda não supero o Jungkook fanboy. — disse Hoseok.
— Sou fã deles há dez anos, desde o primeiro cover! — ele disse com orgulho.
— Dá 'pra perceber que você é fã quando seu quarto é quase um templo 'pra eles, né, filhão. — Jimin zoou.
— Respeito, porque não é um templo, é só uma pequena coisinha.
— Você tem uma estante cheia de álbum, livro de fotos, coisa de show. Você até foi 'pra Austrália ver show, e foi mais de uma vez! — Namjoon ia citando.
— Os shows deles na Austrália são sempre fantásticos, tipo show de k-idol aqui na Coréia. — disse, sentando na cama e olhando para sua estante. — Fiquei com saudades deles, ai.
— Acho que o Jungkook sente mais falta deles do que nossa. — Seokjin murmurou.
— Nossa, como você sabe? — disse num tom falso.
— Ah, vai se foder, formiga! — zoou Seokjin, arrancando risadas de todos.
— Taehyung, eu 'to parecendo uma salsicha prensada nessa roupa, não tem como.
— Anjo, a culpa não é minha se você tem coxa 'pra três gerações. Você que lute, vai com essa roupa sim!
— Você me odeia?
— Como você sabe? — respondeu rindo.
— Já bati o joelho três vezes rindo de vocês, agora parou! Eu não enxergo quando 'tô rindo e preciso andar pelo meu quarto! — disse Jimin.
E Seokjin riu ainda mais com a confissão do de cabelos platinados.
Jungkook desceu as escadas quando estava pronto, após desligar a ligação com seus amigos; seus pais já estavam na mesa, tomando café com sua irmã.
— Bom dia senhoras e senhor. — deu um beijo na bochecha de cada um e se sentou num lugar vago.
— Bom dia, filho. Já vi que estava falando com os garotos, né? — Donghae disse, o fazendo tombar a cabeça para o lado, confuso.
— Sim, como o senhor sabe?
— Amor, vocês não conversam, vocês berram! — Dayang respondeu pelo marido, arrancando uma risada envergonhada do filho. — Daqui de casa aposto que até a Chungha te ouviu gritando.
— Mãe, a tia Chungha mora do outro lado da rua e é a última casa, isso é impossível! Ainda mais porque o Yoongi sempre 'tá de fone.
— Mas ela não ouviu pelo celular do Yoongi, ouviu por você mesmo. Nunca vi alguém tão escandaloso! — ela brincou.
— Vou nem falar mais nada, o ataque é gratuito.
— Quietinho e come; mamãe fez torta. — ela cortou um pedaço da torta de limão e colocou no prato do filho. — 'To cansada de você só comendo maçã ou yakult de manhã, precisa se alimentar melhor. Olha só, cadê as bochechinhas?
— Eu falo 'pra ele comer direito, mas ele não me escuta. — Nayeon falou pela primeira vez na mesa.
— Eu como direito, mas tenho o metabolismo acelerado.
— E é exatamente por isso que você tem que comer melhor. Está mais propenso a ter uma anemia ou outra doença. — seu pai disse, colocando mais um pedaço da torta na boca. — Inclusive, já passou da hora de fazer um check-up em vocês dois. Vou ligar 'pra marcar hoje.
— Eu não quero fazer exame de sangue. — reclamou, vendo sua mãe balançar a cabeça em negação.
— Mamãe sempre dá a mão 'pra você, filho. Fica calmo. Além disso, nem vai ser hoje o exame. Provavelmente daqui umas semanas. — ela sorriu, confortando-o. — Agora come, porque você só 'tá enrolando. — colocou um pedaço na boca do filho.
Comeram enquanto conversavam sobre o dia. Dayang insistiu em fazer um penteado no cabelo do filho, então se sentou no sofá e o colocou no chão, entre suas pernas, ao tempo que trançava o cabelo rosa-cereja que já batia abaixo das maçãs do rosto. Após fazer duas tranças embutidas e prender com elásticos que Nayeon trouxe, o deixou livre para ir escovar os dentes, mas puxou Nayeon para pentear o cabelo dela também.
— Querida, pelo que eu saiba, você é dentista, e não cabeleireira. — Donghae brincou, se sentando no sofá.
— E tem problema eu querer arrumar o cabelo dos meus coelhinhos? — ela reclamou, beijando a testa da filha após fazer uma coroa de tranças nos cabelos escuros, fazendo um carinho nos ombros dela, que observava a conversa.
— Nenhum, só não esperava você saber trançar um cabelo.
— Jeon Donghae, o que você quer dizer com isso? — disse, alterando o tom da voz, brincando.
— Você teve cabelo curto a sua vida inteira, não tinha nem o que trançar.
— Pois, 'pra sua informação, eu sempre trancei o cabelo da Jieun, da Alanis, da Sora, da Yoora, da Minhae, da Nahye e da Chungha, 'tá bom? Era a Yoora maquiando e eu trançando.
— E citou a tropa inteira, agora o bicho pegou hein? — ele disse rindo.
— Ora, seu! — ela levantou num pulo, correndo para bater no marido que já corria dela, passando por Jungkook que descia as escadas, confuso.
— O que rolou? — perguntou à irmã.
— Ele zoou a mãe, falando que duvidava dela saber trançar um cabelo e ela ficou brava.
— Agora se prepara que todo dia vai ser uma trança diferente, só 'pra provar que ela sabe. — os dois riram.
— Capaz de eu sair de casa com um helicóptero na cabeça. — riram mais ainda, mas cessaram quando viram seus pais.
— Ai, Dayang. Ai, ai, ai! Chega, chega, eu entendi! — seu pai era puxado degrau por degrau pela orelha. — Você sabe trançar sim, querida! É a melhor trancista do mundo!
— Bom mesmo! — ela soltou o marido, que sentou num degrau, fazendo uma expressão exagerada de dor.
— Caralho, Dayang. Achei que minha orelha fosse cair! Olha aqui, 'tô sentindo o quente do sangue! — ele disse, fazendo os filhos segurarem uma risada.
— Larga de ser exagerado, homem! — ela deu um chute fraco na perna dele, que fez uma expressão mais exagerada ainda. — Nem parece aquele briguento do ensino médio!
— O papai brigava muito? — Nayeon perguntou, rindo.
— Muito é eufemismo! Seu pai 'tava sempre cheio de esparadrapo. A Sora e o Joohyun só faltavam matar ele, porque sempre sobrava 'pra eles cuidar dos machucados. Tudo que o Jungkook tem de pacífico, ele tinha de brigão. — ela disse, colocando o marido de pé. — E sobrava ainda mais 'pro Joline, que ia puxar o saco do diretor 'pra ele não ficar de suspensão.
— Mas eu brigava por motivos nobres! — tentou se defender.
— Você já brigou porque cantaram mal no karaokê e ganharam mais pontos do que você, Donghae. Se eu listasse todas às vezes que você brigou, eu falaria por 3 anos seguidos. Você já brigou na enfermaria depois que saiu de uma briga!
— Okay, eu já entendi! Mas agora sou um homem direito, inclusive, sou advogado. Nunca mais briguei.
— Você só parou quando eu terminei com você, por não aguentar mais meus pais reclamando.
— Vocês já terminaram? — Jungkook perguntou, surpreso pela informação.
— Por duas semanas. Seus avós odiavam o seu pai. — ela disse, vendo o marido coçar a nuca. — Ele me pedia desculpas todos os dias, me dava mil chocolates, flores e ursinhos. Mas eu não voltava. Só voltei quando num dia ele se ajoelhou na minha frente no meio do pátio, chorando, e me pediu perdão. Falou que fazia tudo por mim e que só me queria feliz. Eu disse que voltaria só se ele parasse de brigar. Então ele parou totalmente, mas aí os idiotas dos amigos dele brigavam por ele.
— Os tios? — Nayeon perguntou rindo.
— Sim, principalmente o Jisung e o Minhyuk. No final, eu e as garotas apenas entendemos que éramos apaixonadas por idiotas com cabeças-quentes. — disse, arrancando mais risadas dos filhos.
— Eu preciso contar isso 'pro Taehyung e 'pro Seokjin. — Jungkook disse, apoiado no sofá.
— O Yeonjun e a Dahyun vão rir tanto disso. — Nayeon completou.
— 'Tá, 'tá. Já entendi que a minha adolescência é uma piada 'pra vocês. Mas vocês também são adolescentes, e têm aula hoje. — Donghae pegou as mochilas dos filhos e segurou na mão, enquanto os empurrava para a porta e pegava a própria maleta, além da bolsa da esposa. — Vou levar vocês, porque já estão ficando atrasados. Vamos, trancista.
Em meio a uma "discussão" dos pais — que mais era uma brincadeira —, foram para a escola, sendo entregues no portão. Desceram correndo para não perderem o horário, mesmo Jungkook sabendo que caso o portão fechasse, poderia ligar para o tio, que ele liberaria sua entrada — e esses eram os benefícios de se ter um tio diretor.
Seus amigos conversavam animados no pátio de entrada, paralisando ao ver Jungkook, que paralisou ao olhar para todos. Yoongi usava uma calça preta com a meia saia presa, com um moletom ciano por cima, igual ao que Namjoon usava, com uma bermuda preta. Hoseok vestia uma regata preta com uma jaqueta jeans cheia de patches coloridos e uma bermuda também jeans. Jimin usava uma saia preta de cintura alta com um cinto fino, uma camisa cinza escuro esverdeado¹ por dentro, com dois botões desabotoados e um tênis branco com uma meia rastão ¾ preta. Seokjin, combinando com o ficante, usava uma camisa da mesma cor, com uma calça jeans preta. Já Taehyung, usava um shorts jeans claro bem acima do meio de suas coxas, com suspensórios da mesma cor do shorts, e uma camisa de manga curta amarela, assim como seu All Star; por fim, Jungkook tinha os mesmo calçados, mas usava uma camiseta branca por dentro da bermuda clara, com uma camisa amarela por cima, com as mangas dobradas.
— Meu Deus, quanta gente bonita! — disse se aproximando, segurando quando Taehyung pulou em seu colo, o abraçando.
— Ficou perfeito! — o de cabelos azuis o apertou, enquanto ria, fazendo Jungkook rir.
— Taehyung já 'tava a ponto de surtar com sua demora, Jungkook. 'Tava te xingando todinho. — Jimin expos o amigo. — Por que demorou tanto hoje?
— Zoando com meus pais. Inclusive, descobri umas histórias da adolescência deles...
— Conta!
Enquanto o sinal não batia, Jungkook detalhou o ocorrido de casa, deixando os amigos chocados. Entraram no colégio em meio a risadas.
— Eu vou encher muito o saco do meu pai com isso, mano. — disse Seokjin, se segurando em Hoseok 'pra rir.
— Eu amo o fato dos nossos pais serem todos amigos de infância e nós termos muitas histórias 'pra zoar. — confessou Yoongi.
— Vocês sabem a história de como todo mundo ficou amigo? — perguntou Namjoon, vendo os amigos negarem. — Pois é isso que vamos falar nessas 4 aulas livres.
Eles se sentaram, já dentro da escola, foram para trás do ginásio. Da própria mochila, Seokjin tirou uma toalha xadrez grande e diversos lanches e utensílios. Os amigos se acomodaram e começaram a comer, olhando atentamente para Namjoon.
— 'Tá bem. Tudo começou no primeiro ano do fundamental. Ninguém se conhecia, mas caíram todos na mesma sala. Como estavam sempre juntos, começaram a firmar uma amizade. E sério, a sala sempre foi só eles até o terceiro ano do médio.
— Essa parte eu sei, mamãe sempre falou que eles eram a sala B. — Jimin disse.
— Exato, e como eram 16 alunos, dava uma sala completa.
— Parando 'pra pensar, o grupinho deles era enorme. — Taehyung disse. — Tipo, nós somos sete e já somos muita gente. Imagina eles sendo 16.
— Sim, mas mesmo que eles fossem amigos, se dividiram em dois subgrupos: as meninas e os meninos. Meus pais sempre me disseram que passavam os intervalos separados 'pra poder fofocar. — Namjoon continuou. — Enfim, no sétimo ano, o tio Sunghae confessou que gostava da tia Yoora, e eles começaram a namorar.
— Meus pais sendo os pioneiros dos casais, né? — Jimin riu.
— Todos os tios já tinham sentimentos uns pelos outros, mas só começaram a contar depois que os pais do Ji começaram a namorar, porque aí eles juntaram os grupinhos porque ninguém queria deixar os dois sozinhos. Acho que o último casal que ficou junto foram a minha mãe com o lixo.
— Ainda não acredito que ele era amigo de todo mundo. — Yoongi disse.
— Ele era legalzinho, até a minha mãe morrer. Depois disso virou o próprio demônio na Terra.
— Inclusive, a audiência 'tá marcada, viu? Meu pai comentou hoje de manhã. — Taehyung disse.
— Jura? Vou falar com meu pai mais tarde. — Namjoon respondeu. — Continuando, no nono ano, já 'tava todo mundo de casalzinho, viviam dando rolê junto. Inclusive, Hobi, seu pai que movimentava.
— Ele me contou que sempre levava um rádio 'pra escola, e eles ouviam na hora da saída, principalmente rock. Inclusive, sabiam que eles participaram de vários protestos dos anos 90 daqui? — Hoseok disse.
— Sim, caralho. Tenho um puta orgulho deles por isso. — Jungkook disse, animado.
— Continuando, depois de anos namorando, todo mundo casou no cartório no mesmo dia, no meio da faculdade, quando vieram aqui 'pra Seoul. E quando eles já trabalhavam e tinham comprado as oito casas que tinham na mesma rua, resolveram ter filhinhos. E foi então que nós sete nascemos. Minha mama só não teve também por causa do problema do útero dela, mas isso não vale totalmente por causa dos pais do Hobi, que tiveram a Jiwoo um anos antes dele nascer.
— E quatro anos depois de nós nascermos, vieram os pirralhinhos. — completou Jimin.
— Agradeço até hoje por ser filho único. — Yoongi brincou.
— Sortudo. — disse Jungkook. — Pelo menos eles vieram quando éramos pequenos e tinham um grupinho 'pra brincar. Hoje em dia a diferença de idade é menor, por isso acabamos nos dando melhor.
— Realmente, eu e o Yeonjun nos damos super bem. — disse Taehyung, sentado entre as pernas do caçula.
— Aí, podem falar o que quiserem, mas eu amo minha irmã. — confessou Jimin.
— Acho que todos temos um apego forte com nossos irmãos. Tipo, cara, a gente tomava banho de banheira juntos, saca? — Hoseok disse.
— Todo mundo aqui já tomou banho junto, Hoseok. — Yoongi disse rindo. — Óbvio que tínhamos cinco anos, mas já tomamos.
— E é por isso que somos amigos! — disse, arrancando risadas dos garotos.
— O pau do Seokjin continua do mesmo tamanho. — Jungkook zoou.
— Olha, eu já vi e mudou bastante, viu? — Jimin respondeu.
— Caralho, já tão de casamento marcado, é? — Namjoon brincou.
— Shiu! — Seokjin disse, fechando os olhos e puxando Jimin 'pra mais perto.
— Ui, ui, ui. Olha os pombinhos. — Taehyung brincou.
— Vai dar chupão no Jungkook e me deixa quieto, Taehyung! — Jimin "brigou", rindo para o melhor amigo.
— Epa! Meu pescoço não!
— Só você pode, é? — perguntou o de cabelos azuis.
— Sim, é meu direito de bebê.
— Ah, Jungkook! Conta outra! — Taehyung virou e se sentou no colo de Jungkook, que o olhou em pânico, segurando a risada. — Deixa?
— Não. — respondeu, mas sentiu cosquinhas em sua barriga. — Não vou deixar, não! — disse rindo. — Ai, tá bom! Você pode, só para. — ele ria ainda mais.
Taehyung parou, sorrindo satisfeito.
— Vão ali 'pro cantinho pelo menos! — Seokjin apontou para a parede de trás do ginásio, a uns 10m de onde estavam.
Saltitando, Taehyung puxava Jungkook pela mão, que ainda ria. O sentou no chão e ficou novamente em seu colo, agora começando a rir pela situação que se encontrava. Apoiou a cabeça no ombro do mais novo, enquanto sentia ele tocar sua cintura.
— Não era você o doido 'pra me dar chupão? Cadê a coragem agora?
— Eu 'to com vergonha, não sou que nem você!
— Larga disso, homem. Um chupão não mata.
— Na verdade, pode matar.
— Eu sei, então não faz forte. Meu Deus, já 'to sentindo minha mãe me zoando.
— Eu já passei por isso, agora é a sua vez. — disse dando um beijinho no pescoço do outro, que segurava fortemente o riso.
— Mas eu fui tranquilo.
— Parecia que eu tinha me agarrado com um aspirador de pó, Jeon!
— Então, você 'tava se agarrando comigo, é?
— Cala a boca! — disse rindo, e deixando o primeiro chupão enquanto ouvia a risada do mais novo.
— Ficou nervosinho? — zoou, sentindo Taehyung lhe morder. — Ei! São chupões, não mordidas!
— Pois vou fazer o que eu quiser. — disse, mordendo de novo, mas sentindo um tapa na coxa.
— Não morde não, Tae! — pediu, rindo baixo.
O mais velho atendeu ao seu pedido, passando a só deixar os chupões em meio a cosquinhas e risadas. Eles não entendiam porque faziam aquilo, ou o que tornava tudo tão divertido, mas aproveitavam a companhia um do outro. Depois de longos minutos, marcando e sendo marcados, voltaram para os amigos, que os olharam enquanto seguravam a risada.
— Mano, vocês são dois vampiros. — Yoongi disse, tirando o moletom e entregando para Taehyung, então tirou o moletom do namorado e entregou para Jungkook, ambos mostrando as camisetas pretas que vestiam. — Vistam e coloquem a touca, porque se vocês entrarem na aula de redação assim, nem o tio Joline salva vocês.
— 'Tá muito forte? — perguntou Taehyung, sentando e puxando Jungkook para o próprio colo.
— Vocês não olharam não? — Jimin perguntou de volta.
— A gente 'tava rindo. — Jungkook respondeu, e recebeu um espelho de Jimin. Tirou o capuz, arregalando os olhos ao ver a situação. Entregou para Taehyung, que teve a exata mesma reação. — Você é um aspirador de pó, meu filho?
— Vou nem te falar nada porque o seu 'tá realmente mais marcado do que o meu, mas você não passa longe.
— Se vocês querem tanto se pagar de Conde Drácula, façam isso em casa e passem base antes de vir. Certeza que as tias vão fofocar de vocês no trabalho. — disse Namjoon.
— Puta que pariu, eu esqueci que a tia Jieun trabalha junto com a minha mãe. — Jungkook disse desesperado.
— Eu não lembrava que a tia Dayang também era dentista. — Taehyung completou. — Porra, nos fodemos.
— Vocês falam como se elas não tivessem fofocado da última vez, é óbvio. — Yoongi disse, vendo os dois se desesperarem mais. Taehyung se deitou no chão, rindo de nervoso, sentindo Jungkook deitar por cima.
— Que drama. Gente, as tias não vão matar vocês. Taehyung, até o Yeonjun já chegou cheio de chupão em casa. — Jimin tentou acalmá-los.
— É, e a Nayeon também já chegou cheia de chupão lá em casa com a Dahyun e a Jisoo, 'tá tudo bem. — Jungkook afirmou.
— Perdão, com a Dahyun? — Seokjin perguntou.
— E a Jisoo? — Jimin completou.
— Vai me dizer que não sabiam que elas se pegam de vez em quando? — ele perguntou, vendo os dois ficarem ainda mais confusos. — Vocês não conversam com as próprias irmãs?
— Eu converso, mas parece que você e a Nayeon são melhores amigos. — afirmou Seokjin.
— Pois bem, não sei 'pra quantos lados as irmãs de vocês cortam, mas a minha corta 'pra um. — Jungkook disse, se sentando novamente.
— Gente, isso de quem irmão pega é super básico num relacionamento. Eu fui o primeiro 'pra que o Yeonjun contou quando percebeu que gostava do Soobin. — confessou Taehyung, se sentando e abraçando Jungkook.
— Exato.
— Na verdade, vocês não têm brigas com seus irmãos, e isso gera uma confiança absurda, aparentemente. — disse Jimin.
— Eu vivo discutindo com a Dahyun, meus pais já 'tão cansados.
— E eu sou assim com a Jisoo também.
— Gente, eu e a Jiwoo nos damos super bem, acho que isso aí é o santo de vocês que não batem com os das suas irmãs mesmo.
— A Nayeon e eu somos do mesmo signo, será que influencia? — perguntou Jungkook.
— Sei lá, eu sou de Sagitário e a Dahyun é de Gêmeos.
— A Jisoo acho que é de Capricórnio, e eu sou de Libra.
— O Yeonjun é de Virgem, e eu sou de Capricórnio.
— Gente, algum de vocês entende de signos? — perguntou Yoongi, vendo todos negarem. — Então por que tão falando de signos, caralho?
Os garotos trocaram de assunto, e conversaram até o sinal bater e precisarem ir 'pra aula de redação. O tempo passou rápido, e quando saíram da escola, mal pisaram fora e receberam buzinadas de um carro estacionado em frente. Quando o vidro abaixou, viram a mama de Namjoon.
— Amores, entrem todos aqui! — ela falava sorrindo. Namjoon correu para dar um beijo na bochecha e logo deu a volta no carro, se sentando no banco da frente após ser empurrado por Yoongi. Todos se sentaram em lugares aleatórios. — Meninas, eles já estão no carro. Nahye, já pegou os pequenos? — ela estava numa chamada de vídeo com as outras mães.
— Os quatro aqui comigo. — a mãe de Seokjin respondeu.
— Então, venham logo! Já separamos tudo — dessa vez, Yoora quem disse.
— Tia, podemos saber o motivo do sequestro? — perguntou Taehyung.
— Logo é a formatura de vocês, oras. Precisamos que a primeira e a segunda geração do pequeno zoo esteja impecável. — ela entregou o celular para Namjoon e deu partida no carro, sendo seguida por Nahye.
— Tia, eu nem tenho par, como vou escolher a gravata? — Hoseok perguntou.
— Usa a cor favorita da sua namorada, pronto. — ela sorriu pelo espelho. — Querendo ou não, todos vocês vão 'pra formatura e 'pra festa. Qualquer coisa, compramos as gravatas depois.
— Ainda bem que eu e o Joon já podemos escolher. — Yoongi disse, olhando pela janela.
— O problema é entrarmos em acordo, né meu lindo? — Namjoon riu após dizer.
— Inclusive, Yoongi, nunca mais apareceu lá em casa, né? Eu quero minha companhia de crochê, 'tô com saudade. — Sora disse, vendo o genro sorrir.
— Quando o Namjoon me chamar, eu vou, tia.
— Ya! Você não chama seu namorado 'pra ir em casa não, garoto? — ela zoou com Namjoon. — Pois trate de chamar, eu quero o Yoongi!
— Vocês dois me trocam por crochê!
— Você não quer aprender 'pra fazer com a gente!
— Mama! — ele reclamou, vendo ela sorrir. — Quando eu casar com o Yoon, ele me ensina.
— Vai aprender logo então. — ela brincou.
— Mama!
— Não mentiu, tia. — Yoongi sorriu para o namorado, se inclinando para dar um beijo na bochecha dele.
— Ui! Joon já 'tá prometido. — Jungkook zoou o amigo.
— E você não 'tá longe disso! — ele revidou.
— Ei! Shiu!
— O coelhinho 'tá apaixonado? Como assim? — Sora disse, surpresa.
— Em casa te conto, mama. A senhora vai chorar de rir.
— Me sinto pelado.
Ela estacionou em frente à loja, esperando todos descerem para trancar as portas. Entrou junto à Nahye, segurando a porta para que os sobrinhos passassem. As mães estavam em cantos da loja, observando ternos e vestidos.
— Finalmente! Vocês duas dirigem como tartarugas! — Chungha reclamou, beijando primeiro o topo da cabeça do filho para então seguir e dar um beijo em cada um dos sobrinhos, assim como as outras fizeram.
— Estamos no 'Velozes e Furiosos' e eu não sabia? — ironizou Nahye, recebendo um tapa no ombro pela amiga.
— Se vocês continuarem assim, vamos sair daqui amanhã. Temos 11 adolescentes 'pra vestir. — Minhae, a mãe de Hoseok, disse. — E vocês sabem como adolescente é chato.
— Ei! — os onze reclamaram em conjunto.
— 'Tá vendo?
— Meu Deus, vocês nunca vão deixar de ser enroladas? Quase 40 anos e eu ainda não sei como aguento vocês. — Jieun disse. — Crianças, trenzinho. — esperou que eles fizessem, mas todos a olharam confusos. — Caralho, esqueci que vocês não fazem mais isso. Só me sigam. — e saiu andando pela loja.
— 'Tá, nós pré-selecionamos algumas roupas para vocês, garotos. Mas vocês precisam decidir modelos e provarem. A gravata não precisa ser hoje, até porque vocês podem pegar dos pais de vocês, qualquer coisa. Já vocês três, meninas, precisam decidir tudo porque não fazemos a mínima ideia do que vocês querem. — Dayang disse, sorrindo.
— Nós estávamos pensando nisso esses dias, e tivemos algumas ideias de cores e modelos. — Jisoo disse. — Mas eu quero usar terno.
— Meu Deus, você vai ficar linda! — Yoora beijou a testa da filha. — Vocês três vão juntas? — perguntou, vendo as garotas concordarem e corarem.
— Pera, as três? — Jimin perguntou, chocado.
— Eu falei 'pra você que elas chegaram juntas lá em casa. — Jungkook disse, atraindo o olhar de todos.
— Mas eu não pensei que fosse verdade, vai que você tivesse meio surtado depois de virar a noite jogando The Sims. — Seokjin se defendeu
— Você não conversa com a sua irmã 'pra saber disso, ué. — Taehyung respondeu. — Se o Jungkook conversa com a Nayeon sobre isso, é coisa deles.
— Tu conversa com teu irmão disso? — Jisoo perguntou à amiga, chocada.
— E você não? — Nayeon rebateu.
— Eu sempre falo com o Taehyung, sobre tudo. — Yeonjun entrou na conversa.
— Gente, eu só falo com o Seokjin 'pra pedir comida, que isso? — Dahyun olhou os amigos, confusa.
— Jieun e Dayang, vocês realmente conseguem fazer seus filhos terem uma amizade e não se matarem? — Nahye perguntou.
— Tem vezes que eu chego na sala e vejo a Nayeon e o Jungkook abraçados dormindo. — Dayang disse, vendo a amiga arregalar os olhos, chocada. — O seus não fazem isso?
— Se eu deixar o Seokjin e a Dahyun juntos, eles se batem. Parecem dois cachorros com raiva, nunca vi isso.
— Meu Deus, é nessa hora que eu agradeço por ser mãe de um só? — Chungha pergunta, e Sora dá um high-five com a amiga.
— Será que podemos provar as roupas? — Minhae interrompe todos, fazendo-os lembrar do que vieram fazer ali.
— Bem lembrado! — afirmou Jieun. — Enfim, garotos, podem entrar naquele corredor e entrar no vestiário, ele é bem grande, cabem os oito. Garotas, olhem e vejam se tem algum vestido ou terno que gostem.
Os meninos seguiram ao vestiário após pegarem as capas com os ternos que as suas mães já haviam pensado. Assim que entraram e trancaram a porta da sala de 3m², Taehyung tirou o moletom e sentiu Yeonjun lhe dar um tapa no pescoço.
— Endoidou, porra? — perguntou, se irritando com o irmão.
— Eu que te pergunto. Que porra é essa no seu pescoço, Taehyung? — sussurrou, vendo o irmão arregalar os olhos e se olhar no espelho. Os amigos paralisaram.
Sem dizer nada, Jungkook tirou o moletom e a calça, indo se vestir. Mas nada passou despercebido por Yeonjun.
— Hyung? Você também? — cochichou, vendo Jungkook virar lentamente, sorrindo sem graça. — Mano, não quero nem ver a cara das nossas mães. Se vocês queriam esconder alguma coisa, já era.
— Elas não vão brigar, Yeonjun. Larga de ser emocionado. — Taehyung cochichou de volta. — Eu já cheguei assim em casa e ela não disse nada, só me zoou.
— Mas e o Jungkook?
— Minha irmã já chegou assim, e minha mãe também só zoou ela. — respondeu, cochichando.
— Eu vou ficar é bem quietinho. — Namjoon sussurrou, vestindo o terno.
— Vou rezar por vocês, sério.
Depois que todos se vestiram e se analisaram, Jieun bateu na porta dos dois vestiários, indicando que poderiam sair se já estivessem prontos. Jungkook foi quem abriu a porta, dando de cara com Nayeon, que arregalou os olhos ao ver o irmão, mas não disse nada e foi na frente com as amigas.
Tanto sua mãe como a de Taehyung olharam os filhos mais novos primeiro, mas foram para os mais velhos ao mesmo tempo, e se chocaram da mesma forma.
— Taehyung?
— Jungkook?
Elas se olharam, ao verem que haviam se assustado, vendo que os pescoços dos dois estavam da mesma forma. Se afastaram lentamente, indo de encontro uma a outra. Se encararam por cinco segundos, antes de gargalharem alto, fazendo os filhos mais velhos se curvarem de vergonha.
— Jungkook, de novo você deixando o Tae parecendo que 'tava se atracando com um aspirador de pó? — Jieun brincou, vendo o filho e o sobrinho corarem ainda mais.
— E Taehyung, que obra de arte, hein? — zoou Dayang, se apoiando na amiga para rir mais.
— Sem broncas, mãe? — perguntou Jungkook, vendo a mulher quase perder o ar, mas se recuperar.
— Se eu não briguei com a sua irmã, porque eu brigaria com você? Só se protejam, não quero ser vó agora.
— MÃE! — ele berrou, hiper envergonhado, vendo todos rirem. Não aguentou muito mais, e quando encontrou os olhos de Taehyung, começaram a rir em juntos.
Após horas de provas, conseguiram chegar às escolhas com os ternos e vestidos. Passaram numa lanchonete e comeram, se dividindo em três mesas, de acordo com os grupos de amizades. Voltaram 'pra casa em carros separados, mas ficaram na rua até o anoitecer, aproveitando morarem em uma rua sem saída onde todas as casas eram ocupadas por seus pais, jogando vôlei.
E a formatura estava ainda mais próxima.
¹Pesquisem na internet "sw 7067". Essa foi a única referência que consegui encontrar para descrever a cor.
🐯🤞🐰
Obrigado, dejunmars, pela betagem
Fato interessante: todos os relacionamentos entre os irmãos foram baseados no meu próprio relacionamento com meu único irmão
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