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Capítulo 5 - O contrato

O outono tinha chegado e com ele todo o encanto das folhas caindo das árvores, e mudando sua coloração completamente, dando a cidade de Nova Iorque mais um momento de charme, e dias refrescantes por conta da brisa suave que começava a soprar ao amanhecer e quando a noite caía.

Sentada em sua cozinha e ouvindo o tique taque do relógio que mais parecia uma bomba prestes a explodir em sua cabeça, Anne brincava com a xícara de café sem vontade nenhuma de beber o líquido escuro que estava dentro dela. Em seus pensamentos, Gilbert Blythe fazia o maior estrago. Como desejava poder acabar com aquele sorriso cínico com o qual ele a presenteara na noite anterior. Ele a vira se afogar em seu desespero, mas não lhe oferecera nenhuma corda ou bote salva vidas que lhe apontasse uma saída daquela enrascada na qual o pai dela a tinha metido. Ela apostava até que ele tinha se divertido ao bancar Deus e determinar o destino de uma pessoa, sem se importar em como a vida dessa pessoa seria afetada por conta de seu ato egoísta.

Ele era bem o que representava. Um cara cheio da grana que adorava esfregar na cara de qualquer um seu poder. Mas para ela, ele era menos do que nada, pois uma pessoa que fizera uma caridade para se beneficiar dela mostrava a Anne o lado mais podre do ser humano, fazendo-a perder a fé de que um dia pessoas assim pudessem mudar. O que o padre pregava na igreja aos domingos de que mesmo a mais vil das criaturas merecia uma segunda chance, não se aplicava a Gilbert Blythe. Ele poderia ter todas as chances do mundo e ainda assim continuar sendo um grande calhorda.

Diana, Josie e Ruby se juntaram a ela no café da manhã e logo em seguida seu pai apareceu. Walter estava cabisbaixo naquele dia, mas pela primeira vez em meses Anne não teve pena dele, pois ele sabia exatamente o que tinha feito e ela seria obrigada a se sacrificar por ele. Embora, Walter tivesse lhe dito que acataria qualquer decisão que ela tomasse acerca daquela situação, ficara claro para ela, pela maneira com que ele a olhara, o que esperava que ela fizesse.

-Por que vocês dois parecem tão sérios?- Diana perguntou ao notar que tanto a irmã quanto seu pai não estavam se encarando naquela manhã.

-Você devia perguntar direto ao papai. Ele tem uma história e tanto para contar a vocês. - Anne disse cheia de um sarcasmo amargo que nunca usara com ninguém de sua casa.

-Então, vai nos contar papai?- Josie perguntou, com uma curiosidade mordaz. Ela ainda não tinha engolido o fato de Gilbert Blythe ter aparecido naquela casa atrás de Anne. Havia alguma coisa podre por trás daquela história, e estava louca para descobrir.

Walter se encheu de coragem e contou às outras três filhas a mesma história que contara a Anne. Quando chegou na parte que Josie queria saber, ele não conseguiu continuar, pois a vergonha era tanta que ele não podia encarar o olhar de censura que todas elas estavam lhe lançando.

-O senhor vai parar agora? Por que não conta logo o que fez para acabar com nossas vidas, ou melhor com a minha vida especificamente? Pois se teve coragem de apostar tudo o que tinha e o que não tinha, também vai ter coragem de contar como vendeu a própria filha para pagar sua dívida.- Anne disse cheia de amargura. Walter empalideceu, mas Anne endureceu seu coração. Não ia sentir pena dele naquele momento, pois sua mágoa por seu pai era imensa. Em todos aqueles anos em que os amigos e até mesmo sua família o haviam abandonado, Anne ficara do lado dele, apoiando-o nas situações mais delicadas, incentivando-o a se tratar e a voltar a ser o homem íntegro que sempre fora, e recebera por isso uma facada nas costas.

-Como é?- Diana perguntou, olhando de um para outro sem entender absolutamente nada.

-O que ouviu. O papai me vendeu para pagar sua dívida de jogo.- Anne disse com o rancor queimando em sua garganta. Nunca pensara que passaria por tal situação.

-Conta essa história direito, pois não entendi como o papai te vendeu para pagar pela dívida. - Diana insistiu, enquanto suas duas outras irmãs a olhavam com a mesma dúvida em suas expressões faciais.

-Não foi bem assim, Anne. Você sabe que não planejei nada disso, e também não tive escolha. Estou aborrecido com essa situação tanto quanto você. - Walter finalmente se manifestou, mas isso não diminuiu a raiva de Anne, na verdade a intensificou ainda mais. Desta forma, ela respondeu com toda a revolta dentro de si quase lhe saltando pelos olhos:

-É, mas não é a vida do senhor que vai ficar estagnada por cinco anos, não é o senhor que vai ter que viver com um homem que mal conhece que nem sabe se suporta, não é o senhor que vai ter que adiar seus planos para o futuro para salvar a pele de alguém que lhe mentiu descaradamente por um mês inteiro!

- Vocês dois querem parar de falar em códigos? Queremos saber o que aconteceu, mas da maneira como estão colocando as coisas, ninguém consegue alcançar o raciocínio de vocês. - Diana disse mais uma vez, completamente confusa com a raiva absurda de Anne, e a palidez quase mortal de seu pai. Ruby permanecia calada com cara de choro, pois nunca vira Anne atacar o pai verbalmente daquela maneira, e Josie se mostrava tão intrigada quanto Diana pelas palavras de Anne, mas seu lado cínico não deixava de achar interessante aquela situação constrangedora no café da manhã.

Quase nada fora do comum acontecia naquela casa, e naquele dia em particular a manhã começara completamente tumultuada. Era quase um prazer sombrio ver a cara de sua irmãzinha insuportável transtornada, como se tivesse sido picada por uma abelha africana, enquanto cuspia fogo para cima de seu pai patético, que sequer sabia responder a tantos desaforos. Deus! Aquela família era uma piada. Era uma pena que tivesse nascido entre pessoas tão insignificantes.

Os pensamentos de Josie foram afastados bruscamente pelas palavras seguintes de Anne, que em uma nova enxurrada de ofensas respondeu à Diana:

-Eu vou te contar já que nosso pai não tem coragem de confessar sua grave falta dessa vez. - ela olhou mais uma vez para Walter que manteve sua cabeça baixa, pois sabia que qualquer coisa que dissesse em sua defesa transformaria aquela situação em algo pior.- Nosso querido pai perdeu quinhentos mil dólares na mesa de jogo, que foram pagos por Gilbert Blythe.

-O filho do dono das empresas de petróleo Blythes?- Diana perguntou de boca aberta por tamanha surpresa. Não havia ninguém em Nova Iorque que não conhecesse aquela família. Eles eram bastante influentes e donos de uma das maiores fortunas do país. O que ela não conseguia entender era por que um rapaz milionário como aquele teria pago uma dívida de jogo de um completo desconhecido.

-Ele esteve aqui ontem a noite. - Josie revelou à Diana que arregalou seus imensos olhos negros diante de mais aquela novidade. - Então, foi isso que ele veio fazer aqui? Cobrar a dívida? -Josie perguntou diretamente a Anne, pois Walter não tinha mais aberto a boca para dizer nada sobre aquele assunto, deixando a cargo de Anne a responsabilidade de contar às irmãs o restante daquela história absurda.

-Na verdade, ele veio cobrar uma resposta para a proposta que fez ao nosso queridíssimo pai.- Anne disse com sarcasmo.

-Se a proposta foi feita a nosso pai, porque foi você que teve que falar com ele?- Josie a interrogou novamente, cada vez mais curiosa sobre aquela história.

-Porque ele disse ao nosso pai que perdoaria a dívida se eu me casasse com ele. - Anne respondeu, encarando as irmãs que perguntaram quase ao mesmo tempo:

-O que?

-Que história é essa?

-Vocês estão apaixonados?- o olhar encantado de Ruby diante de algo que lhe parecia um lindo conto de fadas quase fez Anne rir, se não fosse crítica a sua situação naquele momento. Sua romântica irmã com certeza estava criando uma fantasia inteira dentro de sua cabeça, e Anne, por conhecê-la, podia bem imaginar o que ela acabava de pensar, por isso tratou de acabar com a ilusão dela de uma vez, e assim ela respondeu:

-Como posso estar apaixonada por alguém que mal conheço?- Anne viu o sorriso de Ruby desaparecer com sua afirmação, enquanto a menina lhe perguntava:

-Então, por que ele te pediu em casamento ?

-Ele não pediu. Gilbert me fez uma proposta de casamento.

-Que você obviamente não aceitou, eu espero. - Diana disse, aguardando que Anne confirmasse o que ela acabara de dizer:

-Eu ainda não respondi nada. Gilbert me deu uma semana para pensar. - Anne respondeu, encarando o rosto preocupado da irmã mais velha.

-Mas vai aceitar, não vai? Quem em sã consciência recusa um casamento como o magnata do petróleo? - a cobiça nos olhos de Josie era evidente, e francamente aquilo não surpreendia Anne. Josie vivia pela aparência, por coisas materiais que o dinheiro podia comprar. Tudo podia ser negociável, pois não acreditava em amor verdadeiro, e a única coisa que lhe importava era o prestígio, o luxo e o poder que o dinheiro podia dar à alguém. Felicidade para ela era uma gorda conta no banco e um cartão de crédito ilimitado com o qual pudesse satisfazer todos os seus desejos mundanos. Era triste ver alguém assim em sua própria família, com quem passara a infância e todos os dias de sua vida sem nunca ter conseguido desenvolver um laço de afeto qualquer. Anne conhecia Josie muito bem, mas ao mesmo tempo sua irmã lhe era uma completa estranha.

-Alguém que não se deixa vender por qualquer fortuna.- Diana respondeu no lugar de Anne.

-Qualquer fortuna não, meu amor. Estamos falando de bilhões, você sabe o que é isso?- Josie quase gritou na cara de Diana.

-Tudo para você se resume a dinheiro, não é?- a morena a enfrentou enquanto Josie lhe dava um sorriso irônico.

-Dinheiro é que faz o mundo gerar, Diana. Não acredito que você pensa que você e Jerry serão felizes apenas vivendo de amor.- O desprezo na voz de Josie fez Anne perceber com tristeza que sua irmã era pior do que pensava. Apesar da ambição exagerada, Anne pensava que Josie tivesse o mínimo de respeito pelo sentimento alheio, mas naquele instante as palavras dela destruíram sua ilusão permanentemente.

- Você não sabe nada de mim e de Jerry, então não te dou o direito de falar nada sobre o nosso relacionamento. - Diana se virou para Anne novamente e perguntou:- Que motivos esse rapaz deu para querer se casar com você?

-Ele ainda não me disse. Tudo o que sei é que ele precisa de uma noiva. Gilbert disse que terei todas as respostas que desejo se eu aceitar sua proposta.- Anne respondeu, ainda intrigada pelo fato daquele rapaz fazer questão de ser ela a sua noiva.

-E o que pretende fazer?- Diana perguntou, e todos os olhares dos moradores da casa se fixaram em Anne com expectativa em sua resposta.

-Acho que não tenho escolha, não é?- ela disse tristemente, ao mesmo tempo em que Diana segurava em sua mão, procurando lhe dar conforto.

-Você não tem que aceitar, Anne. - a morena disse.

-Se eu não aceitar, papai vai ser preso, pois Gilbert disse que vai executar toda a dívida de uma só vez, e como vamos conseguir quinhentos mil dólares em pouco tempo?

-Filha, eu não quero que se sacrifique por mim. - Walter disse em um fio de voz.

-Não há nada que possamos fazer, papai. Ao contrário do Senhor que não pensou em nós um só minuto enquanto estava naquela mesa de apostas, eu não quero que ninguém mais dessa família seja prejuficada. Por mais que eu esteja magoada com o senhor, não vou deixar que vá parar atrás das grades. Meu amor filial não permitiria.- a garganta dela se apertou ao pensar no futuro que a esperava, mas se sentiria pior se não fizesse algo para livrar seu pai daquela armadilha, que Gilbert preparara para ele, se aproveitando levianamente de uma de suas piores fraquezas.

-Você disse que ele precisa de uma noiva. - Josie disse, como se estivesse maquinando algo dentro de sua cabeça.

-Foi o que ele me contou.- Anne afirmou, tentando descobrir onde a irmã queria chegar, mas não demorou para que Josie esclarecesse no que estava pensando exatamente.

-Será que ele não aceitaria uma troca? Tenho certeza de que eu estaria melhor preparada para ser esposa de Gilbert Blythe do que você, pois para uma situação assim, precisa-se de muito sangue frio para negociar vantagens, e se te conheço bem com seu sangue esquentadinho, iria meter os pés pelas mãos.

-Você estaria me fazendo um grande favor se Gilbert aceitasse esse acordo.- Anne respondeu, mas já sabia a resposta, pois seu pai lhe contara. Ele a queria e nenhuma de suas irmãs poderia substituí-la. Porém, antes que explicasse a Josie essa condição de Gilbert, seu pai se adiantou e respondeu por ela:

-Ele deixou claro que quer a Anne. Eu até tinha lhe sugerido a possibilidade de ser você, Josie, mas Gilbert não quis, e o rapaz não parece ser alguém que muda de ideia com facilidade.- a decepção surgiu no rosto da loira de forma indisfarçável, e Anne quase sentiu pena da irmã que fora arrancada de sua nuvem de animação em questão de segundos. Devia ser duro não aceitar sua condição social e viver da inveja que lhe corroía as entranhas. Naquele caso, Anne até cederia à Josie sua posição de futura esposa de Gilbert Blythe, mas da parte do rapaz, essa escolha já havia sido feita.

-Por que o melhor de tudo sempre acontece para você, Anne?- Josie perguntou, e a ruivinha percebeu a raiva contida em suas palavras.

-O que você considera melhor? Eu ter que me casar com um desconhecido para salvar a pele de nosso pai?- Anne respondeu no mesmo tom.

-Você está ignorando o fato de que será uma milionária. O que pode ter de ruim nisso?- Josie perguntou com os olhos faiscando, e pensando no quanto a vida era injusta dando a sua irmã algo que ela não merecia, enquanto ela, Josie, tinha que se contentar com as migalhas naquela família.

-Para começo de conversa, quem é milionário é Gilbert e não eu, e mesmo me casando com ele não faço questão nenhuma de utilizar o dinheiro dele em benefício próprio. E o que tem de ruim é que vou perder a liberdade que tenho para ser obrigada a me dedicar a um casamento que não desejo.

-Bobagem. Com o dinheiro do seu marido vai poder comprar o que quiser, já pensou nesse tipo de liberdade?- Josie disse, e Anne percebeu que a mania da irmã por grandeza e luxo era maior que sua percepção pelo que era realmente importante na vida, e nada do que Anne dissesse acabaria com a cegueira dela em relação a isso.

-Isso não me importa. - Anne disse por fim.

-Está vendo, papai, por que sou a noiva certa para Gilbert Blythe?- Josie disse, encarando Walter, e depois se voltou para Anne com uma expressão de desdém no rosto e afirmou. - Você é uma idiota, minha irmã.

-Não fale assim da Anne. Idiota é você que acha que o dinheiro compra tudo. - Diana disse, ignorando a carranca de Josie.- Quando vai falar com Gilbert?- ela perguntou a Anne que fitou sua xícara de café ainda cheia e respondeu:

-No fim de semana. Vou usar o tempo que ele me deu para refletir um pouco mais sobre o assunto.

-Obrigado, filha. Eu sei que tudo isso está sendo muito duro para você, mas prometo que esse seu sacrifício não vai ser em vão. - Aquela não era a primeira vez que o pai fazia uma promessa que nunca era mantida, por isso, Anne não conseguia acreditar que ele o faria dessa vez.

-Eu não quero que me agradeça ou que me prometa nada, mas espero que esse incidente o faça refletir sobre como tem levado sua vida até agora, e que só depende do senhor controlar esse seu vício terrível. - Anne disse, e todos ficaram em silêncio enquanto a ruivinha saía da mesa e ia para seu quarto.

Naquela mesma manhã, Gilbert estava em seu escritório, tentando controlar sua ansiedade em relação a resposta de Anne. Ele tinha quase certeza que ela aceitaria, porque assim como ele sabia, a ruivinha deveria compreender que não tinha saída, mas sendo ela uma pessoa imprevisível, tudo podia acontecer em espaço de uma semana.

Ela era difícil como o pai dela lhe dissera, mas não era isso que o preocupava. Gilbert contava que saberia com o tempo lidar com aquela garota rebelde, e moldá-la conforme a necessidade da situação exigisse. Contudo, ele tinha plena certeza de que não teria uma esposa dócil , e pensando com clareza, ele realmente não estava interessado em uma garota que seria uma marionete em suas mãos para que ele a manipulasse conforme desejasse. Se iam conviver juntos por um tempo consideravelmente longo, ele esperava que ela ao menos tivesse um cérebro, e que fosse capaz de ter uma conversa decente, e pelas informações que tinha sobre Anne, ele não teria nenhum problema desse tipo com ela, pois sua fama de cdf mostrava uma inteligência fora do comum, o que também poderia ser um problema, se ele não soubesse como controlá-la com sabedoria.

Seu pai iria ficar satisfeito . Anne tinha as qualidades que ele desejava em uma nora, além de vir de uma ótima família. Gilbert lera com atenção as informações que Moody lhe passara, e pudera constatar que os Shirley eram bastante respeitados em seu meio social, e embora o vício do pai de Anne pudesse arranhar um pouco essa imagem sem defeitos, ele também aprendera com John que nem sempre um homem deveria ser avaliado pelos seus atos, porque nunca se sabia o que o levara a agir de determinada maneira. O que deveria ser levado em conta era o que ele construíra ao longo do caminho de sua vida, e nisso ninguém poderia dizer que o pai de Anne não tivera sucesso, pois sua base familiar era impecável.

Agora só tinha que esperar pelo telefonema dela, e resolver de vez aquela questão. Estava louco para que tudo aquilo acabasse logo. Não que estivesse ansioso para se casar, mas quanto antes tirasse Billy de seu caminho, melhor seria, e poderia enfim voltar a respirar em paz.

Ele voltou sua atenção para o trabalho que estava fazendo no computador, quando seu pai entrou acompanhado do seu malfadado primo. Gilbert não sabia que Billy estaria naquele dia no escritório, senão teria arrumado uma desculpa para não estar ali. Olhar para o rapaz o deixava terrivelmente irritado, principalmente porque Billy parecia ter sempre uma ironia na ponta da língua para usar contra ele.

-Gilbert, você está muito ocupado?- John perguntou.

-Um pouco, por que?

-Não vou tomar muito do seu tempo. Quero apenas te perguntar se posso marcar um jantar lá em casa no sábado para conhecer sua noiva?- Gilbert sentiu um aperto no estômago que não era um bom sinal. Ele pensou em pedir ao pai que deixasse o jantar para o próximo fim de semana, mas o olhar debochado do primo o fez responder quase sem pensar:

-Pode sim, sem problemas.

-Então, está combinado. Vamos marcar o jantar para às sete. Está bem para você?- John perguntou, enquanto Billy não parava de sorrir, deixando Gilbert cada vez mais bravo.

-Está ótimo.- ele respondeu, tendo ganas de expulsar seu primo insuportável de sua sala.

-Muito bem. Você poderia, por favor, passar a Billy a tabela com as novas taxas de imposto sobre o petróleo? Ele acabou de me dizer que a dele está desatualizada. -John pediu e Gilbert respondeu com uma falsa boa vontade que passou despercebida a seu pai:

-Claro.

Assim que se pai saiu, Gilbert encontrou a tabela no computador e a preparou para ser impressa, quando Billy perguntou:

-Essa noiva existe mesmo, ou você só está tentando passar a perna no tio John?

-Você acha que eu iria inventar algo assim?- Gilbert disse, sentindo o asco antigo que sentira por seu primo no passado voltar com toda força.

-Eu acho. Não confio em você, Gil.

-Eu também não confio em você, e se acha que vai conseguir ficar na presidência depois que meu pai se aposentar, você está totalmente iludido.

-Isso é o que veremos, primo. Essa história pode virar a meu favor quanto você menos esperar.- Billy respondeu com aquela autoconfiança que ele exibia desde a infância e que Gilbert detestava de todas as maneiras. - Obrigado pela tabela. A gente se vê em breve.

Quando se viu sozinho, Gilbert socou a mesa com tanta força que o barulho ecoou pelo escritório inteiro, assim como uma dor aguda subia pelo seu braço, mas ele não se importou. Agora era uma questão de honra levar Anne naquele jantar, pois queria esfregar na cara de Billy sua teoria de que Gilbert tinha arrumado uma noiva fictícia.

Uma semana inteira se passou, até que o rapaz tivesse notícias de Anne. Ele já estava a ponto de ligar para ela, quando a ruivinha lhe enviou uma mensagem perguntando se podiam se ver ainda naquele dia. Ansioso como estava, Gilbert desmarcou todos os seus compromissos daquela tarde e disse a Anne que a esperaria a partir das quatro horas da tarde. Assim como combinado, ela apareceu no horário combinado sem atrasar ou adiantar um segundo, fato que deixou Gilbert impressionado.

Ela foi recebida no escritório do rapaz, e ao entrar, Anne sentiu-se um pouco intimidada pelo tamanho e pelo luxo, pois nunca havia estado em um lugar tão imponente. A decoração era bastante moderna, todo o estofado era de couro puro e havia quadros originais nas paredes de pintores famosos, que ela nem ousava calcular o valor. Pelo jeito Gilbert Blythe era amante de obras genuínas e decoração de bom gosto, pois nada ali parecia em excesso ou fora do lugar. Também era discreto e não ostensivo, o que deixou Anne surpresa, pois em sua cabeça, um rapaz como ele deveria desejar exibir sua fortuna de maneira exagerada, para que ninguém tivesse dúvidas de quanto dinheiro havia por trás das portas da mansão dos Blythe, e de repente, encontrava alguém que sabia apreciar coisas caras, mas que tinham valores históricos e emocionais por trás de sua construção.

-Por favor, sente-se.- Gilbert apontou uma poltrona de encosto alto e bastante confortável para que Anne se sentasse, e enquanto ela fazia o que ele lhe pedira, o rapaz aproveitou para observá-la melhor e como no outro dia, Anne vestia jeans desbotado, camiseta justa azul marinho e tênis, enquanto os cabelos estavam presos em um rabo de cavalo que a fazia parecer muito mais jovem do que era na realidade.

Acostumado a garotas que se vestiam com marcas famosas, Gilbert se pegou apreciando aquele estilo casual de Anne. Não havia nada forçado ali, e até sua maquiagem era tão discreta, que ela parecia não estar usando nada sobre sua tez perfeita, e o mais impressionante era que ela parecia se sentir tão confortável em sua própria pele, que Gilbert até invejou tanta naturalidade.

-Acho que sabe por que estou aqui.- ela começou, tentando se manter calma. Tinha tomado sua decisão, mas de certa forma ainda temia o que a esperava naquele casamento.

-Eu imagino que veio dar uma resposta para minha proposta.- ela assentiu, e Gilbert perguntou, querendo acabar logo com a ansiedade que o atormentara a semana toda.- Qual é sua resposta, Anne?- ela o encarou com seus lindos olhos azuis violeta e respondeu:

-Eu aceito, mas quero saber exatamente onde estou me metendo. Quero respostas Blythe. - A maneira como ela disse o nome dele lhe causou um certo frisson. Ela parecia desafiá-lo ao mesmo tempo em que mantinha uma certa distância entre os dois. Anne era boa em intimidar alguém, pois mesmo com toda sua figura delicada havia uma força em seu olhar que o desconcertava. Mas quem a tinha nas mãos ali era ele, e não ia perder esse controle de jeito nenhum.

-Está bem. Eu vou te contar. - Gilbert respondeu, se sentando diante dela. - Eu preciso de uma noiva porque meu pai o exige. Essa é a condição para que eu mantenha minha posição como futuro presidente das empresas Blythes, e que também não perca o lugar no testamento do meu pai para o meu primo Billy Andrews.

-Então, isso tudo o que está fazendo é mesmo por dinheiro. - Anne constatou, olhando-o com desprezo. Ela tinha esperanças de que o motivo fosse outro, para pelo menos conseguir olhar para Gilbert sem sentir aquele sentimento ruim no peito, mas pelo que podia perceber a chantagem a qual usara para fazê-la ceder, tinha mesmo como motivo a fortuna dos Blythes.

-Não é pelo dinheiro, Anne, é por justiça . Billy é o cara mais ganancioso que existe, e não deixar que ele tenha plenos poderes dentro da empresa, pois ele vai acabar com tudo o que meu pai construiu em três tempos, e não posso permitir que isso aconteça. - Gilbert explicou, se sentindo minúsculo pelo olhar de censura que Anne lhe lançou. De repente, ele se deu conta de que estava dando importância demais ao que ela pensava dele, e isso era o que menos deveria pesar naquela situação.

-O que foi que você aprontou para seu pai te dar esse ultimato? Pois tenho certeza de que ele nao o faria se você andasse na linha.- ela debochou e o rapaz respondeu:

-Isso não vem ao caso, Anne. Vou pegar o contrato para que dê uma olhada e assine. - Anne se sentiu um tanto estranha com o que ele disse. Casamento por contrato era algo que lhe parecia como um negócio apenas, e não conseguia ficar bem com isso, mas sabia que não poderia voltar atrás.

Gilbert colocou o contrato sobre a mesa, e Anne o observou com cuidado ao pegá-lo nas mãos. Ali continha a quantidade de tempo de duração daquele contrato que não poderia ser quebrado por nenhuma das partes e também algumas exigências que ela deveria seguir, e que não lhe pareciam tão difíceis quanto pensara. Porém quando leu os itens abaixo, ela olhou para Gilbert perplexa e perguntou:

-Aqui diz que terei um cartão de crédito ilimitado. O que exatamente quer dizer isso?

-Exatamente o que diz aí. Você poderá comprar o que quiser ou fazer uso do dinheiro como desejar. O dinheiro será seu para usá-lo à sua vontade. - qualquer garota ficaria deslumbrada com aquilo, menos Anne que sentiu como se Gilbert a estivesse comprando.

-Eu não quero esse dinheiro, Gilbert. Não é por isso que vou casar com você.

-Você ficará a meu lado por cinco anos, e acho mais do que justo que tenha uma compensação para isso.- ele explicou e Anne teimosamente disse:

-Eu não quero.

-Mas ele é seu e não admito discussão.- seus olhos se encontraram, se enfrentaram, e ficaram se analisando por alguns minutos. Sem querer Anne, sentiu um arrepio passar pelo seu corpo ao admitir que os olhos de Gilbert eram hipnotizantes, por isso ela recuou, e voltou sua atenção para o próximo item do contrato.

-Aqui diz que não posso me apaixonar por você ou será considerado quebra de contrato. Isso é ridículo, Blythe. Nem que você fosse o último homem na terra eu me apaixonaria por você. Primeiro , eu não gosto de gente arrogante, e você tem isso de sobra. Segundo, você não faz nem um pouco o meu tipo, por isso, zero chance de isso acontecer comigo.

-Achei melhor deixar esse ponto bem claro. - o rapaz explicou mais uma vez.

-E se você se apaixonar por mim? - Anne perguntou, encarando o rosto bonito do rapaz. Aquilo era um sacrilégio. Tão lindo, mas tão vazio. A natureza tinha beneficiado o cara errado dessa vez .A gargalhada que Gilbert deu, chamou a atenção de Anne que achou o som uma delícia, mas não podia se focar nisso, pois sua opinião sobre o caráter daquele rapaz não era de forma nenhuma positiva. E não era uma gargalhada sexy que a faria mudar de ideia

-Anne, não nego que você seja uma linda garota, mas você também não faz meu tipo. Eu prefiro garotas doces e que não me cansam com seu cérebro inteligente demais. E além de tudo, esse seu gênio irritante não é nenhum atrativo para mim. Portanto, seria impossível eu me apaixonar por você também.

-Entendi. Confesso que ouvir isso é um alívio, pois me dá base para te perguntar algo.- Anne disse, cruzando as mãos sobre os joelhos.

-Você pode me perguntar o que quiser.

-É necessário que tenhamos algum tipo de intimidade?- aquilo a estava preocupado, pois se casar sem amor já era complicado, e não conseguia se ver trocando carícias com Gilbert, mesmo sabendo que ele seria seu marido em pouco tempo.

-Não. A não ser que você queira. - ele sorriu de forma maliciosa, fazendo Anne ter pressa em responder.

-Tenha certeza de que não vou querer, Blythe.

-Nenhuma de minhas namoradas nunca reclamou. - Gilbert disse, sabendo que não estava sendo totalmente sincero, pois não discutira com ela a questão de filhos, mas decidiu que falaria com Anne depois sobre isso. Ainda tinham tempo para decidirem o que fazer depois.

-Mas essa garota aqui não está interessada.- ela afirmou . - Eu estudo e pretendo continuar estudando .

-Não vejo nenhum problema com isso. - Gilbert respondeu, relaxando as costas no encosto da poltrona.

-Eu também participo de campanhas a favor dos direitos da mulher. Esse é realmente um compromisso que tenho , e que me dá um propósito de vida importante. Não quero ter que abandonar isso também.

-Por mim tudo bem. Desde que você seja discreta e não se meta em confusão
- logo ela entendeu que participar de passeatas estava fora de questão. Ela assentiu com a cabeça, mas isso não queria dizer que iria obedecer. Aquele casamento poderia limitá-la em certas coisas, mas não ia impedi-la de lutar pelo que achava certo.

Anne analisou mais um pouco o contrato e por fim o assinou, pois não fazia sentido prolongar aquele momento. Ela entregou o documento para Gilbert que o guardou na gaveta junto com a caneta de prata que ele emprestara a Anne para que ela assinasse o contrário.

-Bem, acho que está tudo certo. Sábado nós teremos nosso primeiro compromisso juntos. Meu pai quer conhecê-la.

-O que devo vestir?- ela perguntou, sentindo a pressão daquele encontro no mesmo instante.

-O que quiser. Meu pai não entende nada de moda feminina, então não se preocupe.- ele disse com um sorriso que fez o coração de Anne bater diferente por um instante, mas ela ignorou a sensação, e disse:

-Tudo bem. Que horas devo estar pronta?

-Um pouco antes da sete.- ele respondeu, vendo-a se levantar e por esse motivo, acompanhando-a até a porta.

-Estarei à sua espera. - ela respondeu, antes de se despedir com um menear de cabeça.

E enquanto pegava o elevador que a levava para o andar debaixo, Anne sentiu um enorme peso em seus ombros e uma vontade imensa de chorar, mas não permitiu que aquela emoção negativa a dominasse, e quando caminhou para fora do edifício, observando o fim de tarde que se desenhava no céu, ela sentiu que sua sorte tinha sido lançada.

Olá, espero que gostem desse capítulo, e por favor me deixem suas opiniões e votos sobre a história. Obrigada por lerem. Beijos.















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