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Capítulo 37 - Um amor e um desejo


Quinta-feira de manhã amanheceu nublada. Uma ótima desculpa para ficar mais tempo na cama, exercitar a preguiça e deixar os compromissos para mais tarde.

O dia parecia típico de inverno, embora essa estação estivesse longe, mas, contrariando o usual, a brisa fria que circulava pela cidade de Nova Iorque lembrava muito o clima do mês de dezembro, mesmo que ainda estivessem na metade do ano.

Combinando com a sobriedade daquela manhã, o humor de Gilbert era melancólico e, ao mesmo tempo, ansioso. Naquele dia, ele acompanharia Anne até o ginecologista para sua primeira consulta como gestante. Ainda não tinha recebido nenhuma mensagem dela, e, por isso, não conseguia ficar tranquilo.

Sua esposa prometera que ele poderia participar da vida do filho deles, mas, mesmo que isso fosse um direito dele sancionado por lei, Gilbert não queria pressionar Anne a nada. Estavam em um momento delicado, e qualquer palavra ou atitude poderia arruinar o que ainda restava entre eles, e a intenção do rapaz era conseguir reconquistar Anne o mais rápido possível.

Ele tinha desmarcado todos os compromissos no escritório e mantido apenas os que podia atender de casa. Não queria que nada atrapalhasse seu momento com Anne.

Nos últimos três dias, Gilbert mal tinha dormido. Seu humor variava entre euforia e tristeza. Quando pensava no bebê que estava a caminho, ele se sentia extasiado com a ideia de ser pai. Era engraçado pensar que, quando John o obrigara a se casar e colocou como condição um filho, Gilbert tinha detestado a ideia. Entretanto, agora não conseguia deixar de sorrir com aquela surpresa incrível.

Mas, ao mesmo tempo, ele se sentia triste por não poder acompanhar o dia a dia da gravidez da Anne. Ele adoraria ver as transformações que o corpo dela sofreria enquanto abrigasse o bebê de ambos, porém perderia aqueles momentos por sua própria culpa.

Ele olhou mais uma vez para o celular e nenhuma mensagem de Anne tinha chegado. Seu temor era que ela tivesse mudado de ideia e não o quisesse em sua vida, impedindo-o de ver o filho. Mas, Anne não faria isso ou faria? O rapaz sabia de seus direitos como pai, mas jamais usaria isso contra ela. Gilbert faria o que Anne desejasse, mesmo que partisse seu coração irremediavelmente.

A cafeteira estava a pleno vapor na cozinha. Ele se serviu de sua terceira xícara de café porque estava nervoso demais para fazer qualquer outra. A cafeína parecia ser a única coisa para controlar sua ansiedade, enquanto o relógio registrava os minutos que passavam lentamente.

De repente, o som de uma mensagem chegando fez Gilbert dar um pulo na cadeira. Ele se levantou e olhou o celular, sentindo seu coração desacelerar ao ver que era a mensagem que estava esperando.

" A consulta será às duas da tarde. Se você puder vir".

Aquilo era tudo, mas já era o suficiente para deixá-lo feliz demais. Ainda eram dez da manhã e Gilbert sabia que não poderia trabalhar até chegar a hora da consulta. Assim, ele terminou o café de sua xícara em um único gole, pegou as chaves de cima da mesinha da sala e saiu de casa, indo ao único lugar que lhe traria conforto.

A casa de sua avó era seu refúgio desde criança e, observando-a apontar no fim da rua, ele sorriu ao se lembrar de que em sua infância o odor que mais prevalecia em suas lembranças era o de doce de abóbora.

Até nos dias atuais, era a sua sobremesa favorita, embora não a comesse mais com tanta frequência. Mas sempre que estava ali, seu passado de menino órfão de mãe sempre o lembrava de como Cora fora fundamental em sua vida naquela época e ainda era.

Ele desceu do carro e olhou para a construção singela. A fachada pintada de branco recentemente, com os vasos de violetas brilhando na janela, era tudo o que um lar deveria ser. As cortinas imaculadamente brancas davam certa graça aos cômodos, deixando tudo delicadamente familiar, aumentando sua saudade de uma época onde a vida era simples e aconchegante.

Quando o rapaz fez um movimento para avançar pelo jardim até a porta de entrada, sua avó apareceu na varanda, com aquele sorriso alegre que aquecia o coração dele. Entretanto, ele também se espantou com a fragilidade de Cora. Ela parecia mais magra, seus movimentos um pouco mais lentos e a vitalidade usual dela estava desaparecendo dolorosamente.

Gilbert sentiu aquele aperto familiar em sua garganta, fazendo-o engolir em seco. Ele estava perdendo Cora e, por mais que dissesse a si mesmo que estava imaginando coisas, seus olhos lhe mostravam uma realidade diferente.

Criando coragem, Gilbert caminhou em direção à Cora e, quando estava a poucos passos dela, a boa senhora abriu os braços e o rapaz mergulhou neles, sentindo ali o conforto que sempre lhe deram.

― Oi, meu querido. Está tudo bem com você? ― Cora perguntou, ainda abraçada ao rapaz.

― Sim. Estou bem. ― Gilbert mentiu. Não queria preocupar Cora. Precisava resolver seus problemas sozinho.

― Você sabe que não me engana,não é? ― disse ela, afastando-se um pouco do abraço para encarar os olhos do rapaz. ― Então, me diga o que está acontecendo e onde está a Anne?

Ela sabia, Gilbert percebeu no ato das palavras da avó que não conseguira preservar seu segredo. Cora era esperta demais para ser iludida por qualquer coisa que ele pudesse dizer, e, por isso, ela exigia uma honestidade que não podia ser negociada.

― Ela me deixou ― respondeu ele, sentindo a facada em seu peito ao admitir aquela verdade.

― Ah, meu amor. Eu sinto muito. Quer me contar o que aconteceu? ― O carinho na voz da avó fez Gilbert perceber que precisa falar daquilo pelo menos um pouco. Estava cansado de carregar aquele peso sozinho.

― Podemos entrar ? Não quero falar sobre isso aqui fora ― pediu ele.

― Claro. Venha comigo. ― Cora abriu a porta e eles entraram na sala, sentando-se no sofá de couro marrom.

― Agora me conte o que aconteceu. Você e Anne parecem se amar tanto. ― A avó insistiu para que ele falasse.

― Eu menti para ela.― Gilbert falou, olhando para as próprias mãos.

― Que tipo de mentira? ― Cora insistiu em saber.

― Eu não sei se consigo te dizer. ― Gilbert continuou de cabeça baixa, pois conseguia enxergar o quanto sua mentira tinha sido terrível.

― Você pode me contar qualquer coisa. Não vou te julgar, meu amor. Quem sabe eu não possa te dar algum conselho. ― Cora argumentou, fazendo com que Gilbert decidisse falar o que estava em seu coração. Seria um peso a menos para carregar, pois não suportava mais aquela sensação de estar sendo tragado por seus próprios erros.

― Eu vou contar, vovó ― falou ele, suspirando alto.

Assim, nos próximos quinze minutos, tudo o que o rapaz fez foi despejar para fora toda a sua tristeza e mágoa, contando desde o início como ele tinha convencido Anne a se casar, como aquela história se tornara uma bola de neve sem que ele conseguisse contê-la. Ele falou sobre o bebê e a alegria de saber que se tornaria pai e como desejava dar a seu filho tudo o que não tivera em nível de apoio emocional. No final, Gilbert quase soluçou, mas segurou firme seus sentimentos, até que terminou aquela história, cabisbaixo, sentindo-se derrotado e perdido, dando-se conta da enorme burrada que tinha feito desde o início.

Ele perdera Anne, sua dignidade e respeito próprio e talvez tivesse perdido Cora, pois não conseguia imaginar sua avó apoiando-o naquele momento. Mas, para sua surpresa, a avó segurou firme em sua mão e o fez olhar para ela, enquanto dizia:

― Você errou muito, meu amor, mas pode consertar. Anne está no direito de sentir-se magoada e, provavelmente, vai demorar um tempo para que ela possa te perdoar. Contudo, ela te ama e não teria se importado de te falar sobre o bebê se você não fosse importante para ela. Não a deixe escapar, cuide dela com amor, demonstre isso em cada gesto seu, e tenho certeza de que tudo dará certo.

Gilbert olhou para a avó surpreso, pois não esperava que ela fosse entendê-lo. Viu dentro dos olhos dela uma compaixão que lhe dava conforto, ao mesmo tempo, sentia a esperança brotar devagarinho em seu coração. Como sempre fizera na infância, ele deitou a cabeça no colo dela, fechou os olhos e deixou que a calma daquele momento também fosse absorvida por sua alma.

Na casa de Lindy, Anne se arrumava para a consulta. Combinara com Gilbert por mensagem a se encontrarem no consultório da médica, porque não queria mais contato do que estavam tendo. Era difícil impor aquela distância que a afastava dele, quando seu coração clamava por outra coisa.

Ela tinha que aprender a neutralizar aquele amor que parecia não ter fim. Quando começara aquele casamento, seu único desejo era sair dele, mas agora sentia como se tivesse fracassado em seus votos matrimoniais, mesmo sabendo que não tinha culpa nenhuma.

Anne analisou por alguns segundos sua aparência no espelho de corpo inteiro. Ainda parecia aquela garota que se casara com Gilbert, temerosa do futuro e de sua capacidade de levar aquela união adiante.

Era cedo para notar alguma diferença em sua aparência, mas, em poucos meses, isso seria difícil de esconder. Diana pedira para ela voltar para casa, mas Anne não estava pronta para encarar Josie, que com certeza, tripudiaria sobre sua separação. Às vezes, se perguntava se eram realmente irmãs, pois não sentia por ela nenhum tipo de afeição ou vice-versa.

― O Gilbert vem te buscar? ― perguntou Lindy, assim que entrou no quarto.

― Não. Eu pedi para ele me encontrar no consultório da médica. Mandei o endereço por mensagem ― respondeu Anne, enquanto penteava o cabelo.

― Sei que ainda é cedo, mas tente trabalhar seus sentimentos para tentar perdoá-lo. ― Lindy a aconselhou.

― Não sei se consigo ― disse Anne, guardando o pente na gaveta.

Ela amava Gilbert demais, mas perdoá-lo pelo que ele fizera ainda era algo que não conseguia assimilar. Anne odiava a mentira, especialmente uma que a obrigara a tomar uma decisão que não queria. Seu marido a seduzira, a fizera se apaixonar por ele, passando por cima de um dos principais princípios de um relacionamento: a honestidade.

― Vai negar que o ama? Que não sente a falta dele? Ouvi você chorar duas noites atrás e não consigo pensar em uma só razão para você pelo menos não tentar dar uma segunda chance para ele. Vocês vão ter um filho juntos. Esse é um bom motivo para você repensar toda essa situação. ― Lindy a aconselhou mais uma vez.

― Eu o amo e sim, sinto falta de cada maldito minuto que fico longe dele. Mas não consigo esquecer o que ele fez comigo e com o meu pai. Gilbert teve inúmeras chances de me contar o que estava acontecendo e não o fez. Ele me enganou e não posso perdoá-lo por isso. ― A ruivinha passou as mãos pelos olhos, pois apenas pensar naquele assunto a fazia ter vontade de chorar.

― Anne, não desperdice um amor assim. Ele também te ama, você sabe, pois me contou sobre isso. O bebê de vocês merece ter os pais dele juntos. Pense nisso, amiga ― disse Lindy.

― O que eu preciso agora é encontrar um lugar para morar. Não quero voltar para a casa de meu pai. Estava pensando em morar em um apartamento pequeno por enquanto.― Anne avisou, pegando a bolsa para sair.

― Por quê? Não está bem instalada aqui? ― perguntou Lindy, arqueando a sobrancelha.

― Estou sim. Mas não quero atrapalhar. Aqui é sua casa ― explicou Anne.

― Agora é sua também. Quero muito que fique aqui. Meu pai ainda vai ficar fora por meses e, até o casamento, Bryan também está bem ocupado, viajando a trabalho. Ter você aqui tem sido muito bom. Você sabe que odeio ficar sozinha. ― Lindy sorriu, tocando o ombro da amiga com afeição.

― Está bem. Se acha que não vou atrapalhar, eu fico. Mas, sinta-se à vontade para me pedir para sair quando quiser.

― Nunca, minha querida. Você é bem-vinda aqui até quando quiser. Somos como irmãs e te amo como se fosse da família ― declarou a amiga.

― Obrigada, Lindy. Eu também te amo. Seu apoio tem sido muito importante para mim. Agora preciso ir ou vou chegar atrasada na consulta ― disse Anne, sentindo-se emotiva com as palavras da amiga.

― Quer que eu te leve? ― Lindy ofereceu.

― Não, eu pedi um táxi. Já está lá embaixo me esperando.

― Depois vou querer saber de tudo dessa consulta ― afirmou Lindy, com um sorriso malicioso que fez Anne rir.

Ela pegou o táxi na frente da casa da amiga e foi levada até o centro da cidade, onde o consultório da ginecologista se localizava. Assim que desceu do carro, Gilbert se materializou ao seu lado, sem que ela tivesse percebido que ele já estava ali antes e a tinha esperado por mais de trinta minutos.

A visão de seu marido, quase de supetão, à sua frente, a deixou sem fôlego por alguns minutos, pois a beleza masculina dele era sempre surpreendente.

― Tudo bem? ― Gilbert perguntou, acariciando-a com o olhar.

― Sim, e você? ― respondeu Anne, devolvendo-lhe a pergunta.

― Estou bem ― disse Gilbert, detestando que estivessem tão longe um do outro e conversando como se fossem estranhos. Ela era sua mulher, não importava que estivessem morando em casas separadas, que ela estivesse com raiva dele naquele momento. Anne era sua e não desistiria dela, nem que tivesse que provar seu amor por ela a cada dia.

― Acho melhor entrarmos. ― Anne sugeriu. Ela não queria ficar muito tempo embaixo da influência daqueles olhos. Seu interior estava um rebuliço; ela podia sentir seu coração chamando por ele e sua pele gritando por um simples toque. Estar perto dele seria uma tortura, mas era o certo a se fazer. Lindy tinha razão. Gilbert era o pai do seu filho e não podia deixá-lo fora de situações nas quais o bebê dele estivesse envolvido.

― Está bem. ― Gilbert concordou.

Conduzindo-a para dentro do consultório da médica, o rapaz se sentia ansioso. Ele queria saber se estava tudo bem com Anne e sua gestação, e cuidaria para que ela tivesse tudo o que precisava. Não apenas materialmente, mas emocionalmente também.

Anne caminhou com Gilbert ao seu lado, sentindo a mão suave de seu marido em suas costas. Ele era delicado e demonstrava, dessa forma, seu cuidado com ela. Mesmo não desejando, seu coração se enterneceu, cedendo, pelo menos um pouquinho, ao encanto daquele rapaz carinhoso.

Logo que passaram pela recepção, Anne foi conduzida à sala da médica. Gilbert fez questão de entrar com ela, pois queria apoiar sua ruivinha em cada segundo daquela nova fase.

― Boa tarde. No que posso ajudá-la, Anne? ― perguntou a médica educadamente.

― Bem, eu preciso de um acompanhamento gestacional. Fiz um exame há poucos dias e o resultado foi positivo ― explicou Anne, trocando um olhar com Gilbert, que lhe sorriu e segurou em sua mão.

― É sua primeira gravidez? ― perguntou a médica, fazendo algumas anotações em uma ficha em cima da mesa.

― É sim. Creio que estou grávida de poucas semanas. ― Anne mais uma vez olhou para Gilbert, que apertou sua mão de leve. Ela não sabia por que estava tão nervosa, mas tinha que considerar que era uma situação totalmente nova, por isso, estava ansiosa.

― Algum problema de saúde que queira relatar? ― perguntou a médica novamente.

― Não que eu saiba.

― Ótimo. Vou pedir para que se troque na sala ao lado e vamos fazer os primeiros exames. Hoje ainda não dará para fazer o ultrassom, pois o feto é muito pequeno para ser visto, mas daqui a três meses poderemos ouvir o coraçãozinho ― explicou a médica, fazendo Gilbert responder, emocionado:

― Estamos ansiosos por isso.

Anne o olhou, sentindo-se também emocionada, mas tentou esconder. Estar ali com Gilbert mexia perigosamente com seus sentimentos. Ela não queria sentir nada, mas como impedir seu coração de disparar daquela forma quando o rapaz a olhava como se ela fosse preciosa demais? Não podia sequer culpar seus hormônios de grávida, porque sempre se sentira daquela forma com ele. Mesmo quando jurava que o odiava no início, Anne não quisera admitir que já era louca por ele.

Com tais pensamentos em mente, ela se vestiu e voltou para a sala onde seria examinada pela médica, enquanto Gilbert a esperava. O exame foi mais rápido do que Anne esperava. Não sentiu nenhum desconforto, e também não ficou constrangida. Obviamente, já tinha passado pelo ginecologista antes, mas Anne era o tipo de pessoa que demorava para criar uma certa intimidade e confiança e aquela médica ainda era uma desconhecida para ela. Mas esperava que, com a passagem dos meses, ela acabasse por criar uma certa conexão com sua nova ginecologista, que tinha por especialidade a obstetrícia.

― Por esses primeiros exames, parece que tudo está bem e posso garantir que você está grávida de quatro semanas. Vou pedir exame de sangue e te passar algumas vitaminas que são importantes nesse início de gestação. Evite se cansar demais, situações estressantes e procure manter uma rotina saudável. Quando os exames ficarem prontos, voltaremos a conversar ― disse a médica, encerrando a consulta.

― Muito obrigado. ― Gilbert estendeu o braço e apertou a mão da médica.

― Por nada. Por favor, cuide bem dela ― pediu a médica.

― Pode deixar. ― Gilbert garantiu.

Eles saíram do consultório logo depois. Quando chegaram do lado de fora, o rapaz olhou para Anne e disse:

― Que tal pararmos em algum lugar para comermos alguma coisa? Depois, eu te levo para casa.

― Não estou com fome ― declarou Anne.

Ela se sentia muito enjoada em alguns períodos, por essa razão, não vinha tendo muito apetite nos últimos dias. Um dos motivos que também atrapalhava seu apetite era sua situação com Gilbert. Não esperava estar passando por algo tão complicado como aquela separação, principalmente agora que estava grávida. Lidar com tantos sentimentos complexos acabava por deixá-la inquieta e ansiosa, afetando seu apetite irremediavelmente.

― Então, podemos tomar um sorvete. Por favor, Anne. Vamos passar mais um tempo juntos. Acho que não sou tão má companhia assim. ― O rapaz disse, tentando usar o humor para aliviar a tensão entre eles, mas por dentro, ele implorava que Anne aceitasse.

A ruivinha não queria aceitar. Sua razão gritava para que não fosse estúpida, mas seu coração já estava suspirando por mais algum tempo com seu marido. Antes que mudasse de ideia, Anne respondeu:

― Tudo bem, mas depois quero ir para casa.

Sorrindo, o rapaz abriu a porta do carro para Anne e, em poucos minutos, estavam em frente a uma sorveteira bastante popular do centro. Após comprar o sorvete favorito de ambos, Gilbert a levou até uma praça mais próxima, onde se sentaram em um banco próximo a um lago.

― Você se lembrou do meu sabor favorito ― afirmou Anne, saboreando o sorvete de flocos, com cobertura de Caramelo.

― Eu nunca esqueço nada que vem de você ― respondeu Gilbert, olhando-a intensamente.

― Obrigada ― agradeceu Anne, sentindo-se incapaz de lidar com aquele olhar sobre ela.

― Por nada. Sabe do que eu acabei de lembrar? ― perguntou Gilbert.

― Do quê? ― Anne quis saber.

― Disso ― respondeu o rapaz, sujando a pontinha do nariz de Anne com o sorvete.

Enquanto Gilbert fazia isso, seu olhar se prendeu ao de Anne e a ruivinha não conseguiu afastar-se a tempo. Sua garganta secou sob os olhos dele, porque conseguia enxergar neles exatamente o que estava em seu interior.

Anne o queria, de um jeito que a deixava envergonhada. Tinha medo de deixar que ele percebesse e visse ali uma brecha para levá-la de volta para o apartamento dele. Não seria tão fácil resistir e ela precisava manter sua dignidade. Levantando-se do banco repentinamente, Anne falou:

― Estou cansada, você pode me levar para casa?

― Claro. Você vai para a casa de seu pai? ― perguntou Gilbert calmamente, embora se sentisse desapontado com a interrupção do passeio, mas iria respeitar a vontade de Anne.

― Estou ficando na casa de Lindy por enquanto ― disse Anne, sem dar maiores explicações sobre sua estadia na casa da amiga.

― Eu te levo até lá. ― Gilbert a guiou até o carro e abriu a porta. Quando ela se acomodou no banco do carona e fechou o cinto de segurança, o rapaz se sentou ao lado dela e começou a dirigir.

Eles não conversaram durante o trajeto, mas Anne não parou de observar Gilbert enquanto ele guiava o carro para fora do centro da cidade.

Ela admirava a forma como ele posicionava as mãos sobre o volante, com uma segurança impressionante; seu ar concentrado, enquanto avançava pelas ruas movimentadas sem perder o foco, era algo que a deixava completamente atraída por Gilbert. Seu marido era um belo homem, um executivo competente e seria um pai maravilhoso.

Ao mesmo tempo em que Anne se perdia naquela contemplação, o rapaz não parava de pensar no quanto queria levar a ruivinha para o apartamento e nunca mais deixá-la sair de lá. Ele fora um idiota em perder aquela mulher maravilhosa, mas moveria céus e terra para tê-la de volta.

O percurso até a casa de Lindy pareceu terrivelmente pequeno para Gilbert, mas o rapaz sabia que teria que se conformar, pelo menos por hora. Ele esperava que sua separação de Anne não durasse muito tempo e, quando se virou para ela, o rapaz estava pronto para se despedir.

Anne se atrapalhou com o cinto de segurança e o rapaz prontamente a ajudou. Assim que a ruivinha levantou a cabeça para agradecer, ela percebeu que estavam próximos demais, contudo não fez nada para se afastar, mas disse:

― Preciso entrar.

― Eu sei ― disse o rapaz, tocando uma mecha do cabelo dela e depois acariciando o rosto dela com carinho.

― Acho que você precisa voltar ao trabalho. Obrigada por me acompanhar ― Anne disse quase ofegante, pois a respiração de Gilbert tocava seu pescoço, causando-lhe mil arrepios involuntários.

― Eu cancelei todos os compromissos para ficar livre para você ― declarou Gilbert, desenhando os lábios dela com o polegar.

― Não devia ter feito isso. ― A voz dela saiu trêmula, pois mal conseguia respirar. Anne sentia sua pele arrepiar, mesmo que Gilbert não a tocasse, ela sabia que estava completamente nas mãos dele.

― Eu faço qualquer coisa por você ― sussurrou Gilbert, aproximando o rosto do dela.

Anne queria responder, mas a proximidade dele a estava deixando tonta. Sua carência era vergonhosa, assim como aquele latejar em seu baixo ventre. Ela mordeu o lábio inferior, sem saber que o gesto provocante deixou Gilbert ainda mais desejoso de capturar os lábios rosados com os seus. Quando o rapaz se aproximou mais, Anne se achou na obrigação de dizer:

― Gil, é melhor eu entrar.

― Eu sei ― murmurou ele, incapaz de se manter tão perto, sem tocá-la, capturando aqueles lábios que estava cobiçando desde que se viram no consultório.

Anne sentiu sua pele inteira se arrepiar, permitindo que a boca de Gilbert explorasse a sua em um beijo intenso que a deixava louca. Suas mãos se enterraram nos cabelos dele, enquanto as dele deslizavam por seus braços nus. Foi impossível não se lembrar de suas noites com ele e de como se amaram em todos os cantos do apartamento do rapaz, ou no escritório, quando conseguiam ter um momento a sós. Ela sentia falta de tudo, do cheiro dele, do toque, dos sussurros em seus ouvidos.

Gilbert a fazia se sentir especial demais e Anne nunca tinha se sentido assim com ninguém. Era tão difícil dizer não para algo que queria tanto. Naqueles dias, longe de Gilbert, ela tinha percebido o quanto precisava dele, mas seu orgulho não a deixava perdoá-lo.

Gilbert se sentia no paraíso, perdido naquela boca, enlouqueceria. Ele estava no limite de sua razão e, mais um pouco, a arrastaria para um lugar onde pudesse dar vazão a tudo o que sentia por ela.

O ar faltou e ele teve que se afastar, mas não antes de dizer:

― Sinto sua falta. Volta para mim, por favor.

― Eu não posso ― respondeu Anne, colocando as mãos no peito dele, como se colocasse um limite entre eles.

― Então, volta para o trabalho. Seu estágio está lá à sua espera. Deixe-me apenas saber que vai estar na outra sala perto de mim. Prometo que não vou te incomodar ― pediu Gilbert, e Anne sabia bem tudo o que aquele pedido implicava.

― Vou pensar ― ela disse, deixando um beijo na bochecha dele e saindo do carro. Quando entrou na casa, que naquele momento estava vazia, abraçou Joy e deixou que lágrimas represadas em seu peito escorressem pelo seu rosto.

Lá fora, Gilbert também estava triste, mas não sem esperanças. Ele sabia que seria difícil, mas iria reconquistar Anne com todo o amor de seu coração. Ele deu meia volta com o carro e foi para casa, sentindo que deixava para trás todo o sentido de sua vida.


Olá, sei que estou muito atrasada com a atualização dessa fic, mas espero que gostem desse capítulo e me deixem seus votos e comentários para que eu saiba o que estão achando da fic. Obrigada.

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