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Capítulo 36 - O mesmo amor

― Anne, trouxe o seu café da manhã. ― Lindy disse, entrando no quarto em que a ruivinha estava dormindo.

Ela chegara há dois dias e, desde então, aquele era o lugar onde vinha passando as noites. Lindy quase não pudera acreditar quando viu Anne em sua porta chorando desesperada. Após se acalmar, a amiga fizera Anne lhe contar o que estava acontecendo e descobriu duas coisas nessa longa conversa: Anne estava grávida e Gilbert era um mentiroso eficiente.

Era óbvio que ele amava Anne. Ninguém fingia um sentimento como aquele. Desde o início, quando aquela história começou, Lindy pudera perceber que havia mais naquele casamento do que um contrato firmado entre os dois. Mas o agravante era que Gilbert mentira e, quando a confiança era quebrada, confiar de novo se tornava complexo e quase impossível.

Agora havia um bebê a caminho, o que complicava um pouco as coisas. Lindy não conseguia ter raiva de Gilbert, apesar do que ele fizera a Anne. Ele era um bom rapaz, ela podia sentir. Só não entendia por que alguém que parecia tão apaixonado pela esposa poderia mentir para ela de maneira tão descarada.

Lindy adoraria saber o lado dele da história e, se tivesse tal oportunidade, com certeza, conversaria com ele. Mas tinha sua lealdade com Anne e não podia passar por cima da amizade de ambas para dar ouvidos ao homem que estava fazendo sua amiga sofrer.

― Não quero comer nada. ― Anne respondeu, afundando a cabeça no travesseiro. Estava se sentindo tão mal, que pensar em comida era o último item em sua mente no momento.

A ruivinha não queria abrir os olhos porque teria que lidar com sua realidade, que no momento era estar longe de Gilbert e tal pensamento a enchia de dor. Ela cobriu a cabeça com a manta, sem coragem de encarar sua amiga. Três dias inteiros naquele quarto era o que parecia restar de sua vida; seus sonhos tinham se esfacelado e o amor que ela achou ser perfeito tinha se tornado o seu pior pesadelo.

― Você não pode se esconder do mundo, muito menos parar de se alimentar. Lembre-se de que carrega em seu ventre uma criança que depende de você. Não comer significa privar seu filho da nutrição necessária para se desenvolver normalmente. Por isso, não se castigue e nem a esse bebê que foi concebido com tanto amor.

Amor! Quanto amor Gilbert lhe dera de verdade?, Anne pensou. Ele a seduzira com suas carícias e promessas vazias. Anne mal conseguia acreditar que tudo o que vivera com ele fora uma ilusão infeliz. Como pudera acreditar que um homem como Gilbert Blythe pudesse amá-la de verdade? Justo ela, a ruiva encrenqueira que enfrentava o mundo todo por justiça? Certamente, não era quem ele queria. Ela não tinha classe, não vinha de família rica, não pertencia ao mundo dele.

Seus olhos se encheram de lágrimas e Anne fungou sem perceber, quando deu por si, já estava chorando, enquanto Lindy a abraçava pelo ombro, sentada ao lado dela na cama. Malditos hormônios! Anne pensou. Nunca fora de chorar daquele Henrique, mas depois que descobrira que estava grávida, suas lágrimas pareciam não ter fim.

― Não precisa chorar assim, Anne, vai ficar tudo bem. ― Lindy a consolou, enquanto a ruivinha balançava a cabeça em negativa.

Nada ficaria bem e Anne não sabia o que fazer. Estava carregando o filho de Gilbert em seu ventre e isso deveria ser motivo de felicidade, afinal, eles tinham planejado aquele bebê juntos. Mas tudo o que conseguia sentir naquele momento era uma tristeza profunda pelo que fora tirado dela porque nunca lhe pertencera.

― Não consigo ver solução para isso. Meu coração dói tanto. ― Anne respondeu, tentando conter as lágrimas inutilmente.

― Por que não conversa com o Gilbert, Anne? Sei que ele errou, mas vocês vão ter um filho. Não pode fingir que isso não está acontecendo. ― Lindy tentou convencê-la. Odiava ver Anne sofrendo. Havia tanta naqueles olhos azuis que seu coração se apertava no peito.

Anne sempre fora frágil emocionalmente. Carente de amor e muitas vezes de autoestima. Ela não enxergava beleza em si, mesmo quando as pessoas lhe diziam o contrário. Abrir-se para o amor foi algo tão difícil para ela quanto escalar o Monte Everest e, quando aconteceu, Anne brilhou mais do que nunca, porém seu coração fora quebrado e agora estava sofrendo as consequências desse amor.

― Não posso. Eu o amo tanto que vê-lo só me magoaria mais. Não consigo perdoá-lo pelo que fez. Ele usou a fraqueza do meu pai para seus propósitos egoístas. Nunca pensei que Gilbert pudesse ser tão baixo. ― Anne disse, chorando ainda mais.

Detestava aquela sensação de impotência. Seu mundo tinha desmoronado e ela não sabia o que fazer para reconstruí-lo de novo. Queria odiar Gilbert, mas, no fundo, sabia que não poderia, especialmente agora que tinha um bebê a caminho.

― Esse sentimento não está te fazendo bem. Posso ver em seus olhos. Pelo menos, tenta comer um pouco. Você não tem se alimentado quase nada. E seria bom tomar um pouco de sol. Três dias trancada nesse quarto te deixaram pálida demais. ― Lindy disse, olhando-a com preocupação.

Anne assentiu e fez um esforço para engolir as torradas com geleia e o café com leite que a amiga lhe trouxera, além de uma fatia de bolo caseiro. Seu estômago protestou quando o líquido adocicado passou por sua garganta, mas, felizmente, não correu para o banheiro como acontecera nos dias anteriores.

Por insistência de Lindy, ela tinha marcado médico para a próxima semana. Com tanta coisa acontecendo, Anne não tivera cabeça para pensar na gravidez e nos cuidados que teria que tomar para que seu bebê nascesse saudável.

A culpa que a atingiu quando esse pensamento passou por sua cabeça a fez instintivamente levar a mão até sua barriga e a acariciar devagar. Aquela criança dependia dela para se desenvolver normalmente; por isso, naquele momento, precisava colocá-la em primeiro lugar e deixar que seus sentimentos, por mais confusos que estivessem naquele momento, ficassem guardados até quando pudesse de fato lidar com eles.

Assim, quando Lindy levou a bandeja de volta para a cozinha, Anne se levantou, tomou uma ducha rápida, se vestiu e foi para o jardim da casa tomar um pouco de sol, como Lindy sugerira antes.

A manhã estava perfeita, com o sol brilhando acima de sua cabeça, enquanto a temperatura agradável fazia Anne se sentir bem. A vida vibrava ao seu redor, com o zumbido das abelhas, o canto dos pássaros, a brisa que vinha por hora, fazer um carinho em seus cabelos e em seu rosto.

Anne estava triste por dentro. O homem da sua vida se tornara um sapo, assim como ela virara abóbora nas doze badaladas daquele casamento que não passava de uma mentira. Ela confiara seu corpo e seu coração a Gilbert Blythe, e ele os pisotera com gosto. Quase não conseguia relacionar o homem por quem se apaixonara com o rapaz egoísta que agira por suas costas.

Deus! Como queria odiá-lo, mas seu coração traiçoeiro não parava de suspirar por ele. Era doloroso demais ter se afastado de Gilbert, mas fizera o que era certo, mesmo se sentindo estraçalhada por dentro.

A verdade era que estava perdida entre dois extremos. Na maior parte do tempo era puxada de uma direção à outra sem descanso. Seu peito doía de saudades, queria estar com ele, sonhava acordada com todos os momentos que tiveram, mergulhava em seus sonhos onde poderia encontrá-lo e ser feliz outra vez. Mas, havia o outro lado, aquele que a fazia lembrar que ele a enganara e escondera dela o que fizera para tê-la em suas mãos. Gilbert fora manipulador, mentiroso, tirara proveito de sua fragilidade para usá-la a seu próprio favor, sem considerar os sentimentos dela e como ela se sentiria quando descobrisse a verdade. Assim, encarando de fato tudo o que acontecera desde que o conhecera, Anne não tinha esperanças de recuperar o que ele roubara dela, além de seu pobre coração.

― Sabia que ia te encontrar aqui. ― Diana disse, fazendo com que a ruivinha a olhasse surpresa.

― Diana? Como soube que eu estava na casa de Lindy? ― Anne perguntou, encarando a irmã que lhe sorria abertamente.

― Ela me ligou e contou sobre sua briga com Gilbert e que você estava precisando de mim. Ela também disse que você tinha algo importante para me falar. Então, vim até aqui te oferecer meu colo. ― Diana respondeu, fazendo seus olhos lacrimejarem.

Diana era mais que sua irmã. Era sua amiga e protetora, assim como Lindy, estava sempre do seu lado. Anne não se lembrava de um só dia em que ela não lhe oferecesse carinho e apoio. Estava grata por Diana estar em sua vida, porque sem ela, ficaria completamente perdida.

― Ele mentiu para mim, Diana. Não ia conseguir ficar do lado dele. ― Anne disse com a voz trêmula. Ela ia começar a chorar de novo e detestava esse lado fragilizado que estava surgindo a cada cinco minutos.

― Você fez bem em sair de perto dele por um tempo. Mas ele continua sendo seu marido. Uma hora vai ter que falar com ele. ― Diana a lembrou.

― Eu sei, especialmente agora. ― Anne disse, baixando o olhar.

― O que quer dizer? ― Diana perguntou, franzindo a testa.

― Eu estou grávida. ― Anne disse, um pouco envergonhada, não pelo bebê, mas por ter sido enganada pelo pai dele quando decidira que queria um filho com seu marido.

― Meu Deus! Que alegria! ― Diana disse, abraçando Anne com força. ― E como Gilbert está se sentindo?

― Eu não contei a ele. ― Anne revelou.

― Mas você precisa. ― Diana lhe disse com firmeza.

― Eu não estou preparada para falar com ele. Preciso me fortalecer emocionalmente para enfrentá-lo de novo. ― Anne confessou. Sabia que não conseguiria ficar neutra naquela situação. Havia amor demais em seu coração por ele e, assim que descobrira que estava grávida, seu primeiro pensamento foi ver o rosto do marido feliz, pois Gilbert sempre quis ter uma família, mas agora não sabia mais o que fazer. Sentia-se traída e machucada, pois Gilbert tinha mexido com seu bem maior, que era a família, e não achava que conseguiria perdoá-lo por isso.

― Anne, o Gilbert é o pai. Esconder isso não fará bem nem a você, nem à criança. Sei que está magoada, mas pense com a razão e não com o coração. Nosso pai não teria se metido nessa confusão se não tivesse ido àquele cassino para jogar. A responsabilidade não é só do Gilbert. ― Diana tentou argumentar.

― Você o está defendendo? ― Anne disse, arqueando uma sobrancelha.

― Não, eu estou apenas te mostrando o outro lado da questão. Nosso pai não é inocente, justamente por ter um vício, ele não precisava ir a um lugar como aquele para ser tentado. Gilbert errou, mas nosso pai foi responsável por tudo o que veio desse erro. Não sou cega para não saber disso e espero que você também não. ― Diana disse e Anne sabia que ela tinha razão, mas não queria admitir, porque teria que enfrentar a possibilidade de amenizar as ações do marido, e não faria isso, por mais que seu coração lhe pedisse.

Ela tinha um tipo de lealdade com sua família que nunca seria rompida. Seu pai a colocara naquela situação, mas, aos seus olhos, Gilbert tinha errado muito mais, pois se aproveitara de um momento de fraqueza de seu pai e o chantageara. Anne não sabia se acreditava no amor que ele dizia sentir por ela, ou se também a manipulara para ter o que queria.

― Eu sei que tenho que contar para ele sobre o bebê. Mas ainda não decidi quando. ― Anne explicou.

― Então, não demore. Seu filho precisa do pai por perto, mesmo que vocês decidam continuar suas vidas separados. ― Dana a aconselhou mais uma vez. ― Vamos falar desse bebê. Nem acredito que vou ser tia. Meu primeiro sobrinho ou sobrinha vai ser um sonho realizado para mim. Quero que me conte todos os seus planos.

Anne assentiu, sorrindo e sentindo-se aliviada por Diana ter mudado o tópico da conversa. Não queria ficar falando de Gilbert, muito menos se lembrar da vida que tivera com ele. Estava difícil demais esquecê-lo e falar dele só aumentava sua saudade. Deste modo, passaram boa parte da manhã conversando, e quando Lindy veio chamá-las para almoçar, a ruivinha se sentia mais animada e disposta. Assim que Diana partiu, prometendo não contar para ninguém sobre a gravidez, Anne foi tirar um cochilo, com Joy deitado ao seu lado.

No apartamento de Gilbert, o rapaz tomava uma xícara de café, sentado na sacada. Ali era um de seus lugares favoritos, pois era onde tinha lindas lembranças de Anne. Seu coração se apertou em uma dor involuntária ao invocar a imagem do rosto de sua esposa e ele arfou ao lembrar da última vez que a vira.

Ele sabia que aquilo poderia acontecer, mas tivera esperanças de que ainda houvesse mais tempo para desfazer o que fizera ao pai dela. Não desejava que Anne tivesse descoberto daquela maneira, o que dificultava o seu perdão. Fora covarde e entendia que tinha total responsabilidade por tê-la perdido, mesmo que seu coração custasse a acreditar nisso.

Gilbert terminou o café, colocou a xícara sobre o pires que estava na mesinha que tinha ali. Depois, passou as mãos pelos cabelos que já estavam bem bagunçados, tentando ajeitá-los. Não dormia direito há três dias e também não fora ao escritório, preferindo trabalhar em casa. Era insuportável pensar que Anne não estaria lá e também não queria sair dali, pois pensara que talvez ela voltasse para casa. Não importava em quais circunstâncias. Ele aceitaria qualquer acordo, desde que ela não saísse de sua vida por completo.

Cora ligara várias vezes perguntando pela ruivinha e Gilbert tivera que dar uma desculpa qualquer. Não podia contar à avó que Anne o tinha deixado. Seria um baque terrível para Cora, principalmente se contasse o real motivo de ela ter ido embora. A verdade era que estava envergonhado, com nojo de si mesmo pelo que tinha feito.

Desde o início, Gilbert sabia que errara, mas só percebera a extensão do erro quando se apaixonara por Anne. Pensar que agora ela o odiava depois de ter lhe confessado o seu amor arrasava com ele de um jeito que o rapaz se sentia no chão. Poderia suportar a raiva dela, as acusações e os xingamentos, porque ele merecia tudo aquilo e muito mais. Contudo, com o ódio dela, não saberia lidar e não aceitava perder a parte dela que lhe pertencia, porque demorara para conquistá-la e, sem ela, sua vida não valeria mais nada.

Nesse ponto exato, seus pensamentos o sufocavam tanto que ele teve que se levantar e caminhar até a cozinha, onde deixou a xícara suja. Tinha uma reunião on-line naquela manhã e precisava se arrumar. Assim, Gilbert subiu as escadas para ir em direção ao quarto e, quando passou pelo corredor, seus olhos se prenderam na imagem dele no espelho que se localizava em uma das paredes.

Além do cabelo despenteado, estava com olheiras profundas, o rosto cansado e uma expressão fechada, onde nenhum sorriso havia surgido nos últimos dias. Ele mesmo não se reconheceu, mas não se importou muito, pois naqueles dias nada era importante de verdade, a não ser a partida de Anne.

A campainha tocou quando ele estava escolhendo uma camisa para vestir. Contrariado, ele desceu as escadas rapidamente, disposto a mandar quem estivesse ali embora, a não ser que fosse Anne, mas Gilbert sabia que não era.
Para piorar o seu humor, ele encarou o pai do lado de fora, olhando-o como se fosse uma alma de outro mundo.

―O que aconteceu com você? ― John disse, olhando para as roupas amassadas do rapaz, seus pés descalços e os cabelos desgrenhados.

― O que faz aqui, pai? ― Gilbert disse com a voz cansada. Não estava com disposição para discutir com John Blythe àquela hora da manhã.

― Eu fiquei preocupado. Faz três dias que não aparece no trabalho. Nunca fez isso antes.

― Estou bem, pai. Agora vá embora. Tenho uma reunião daqui a pouco e preciso me preparar. ― Gilbert disse, impaciente e rispidamente.

― Onde está a Anne? ― John perguntou, tentando olhar para dentro do apartamento. ― Ela também não foi ao trabalho nesses três dias.

Gilbert fez uma careta, sentindo uma fisgada no coração. Ouvir o nome dela era capaz de fazê-lo urrar de dor. Não queria pensar ou lembrar, mas Anne estava em sua cabeça e, sem misericórdia, o assombrava dormindo também.

― Desabafa comigo, Gil. O que aconteceu entre você e a Anne? Por que ela não está aqui? ― John insistiu, mas Gilbert ficou em silêncio. Seu pai seria a última pessoa com quem desabafaria. De repente, Gilbert entendeu o quanto estava sozinho.

― Está bem. Se não quer falar, eu te respeito. Mas saiba que pode contar comigo sempre. ― John disse, com tristeza, virando-se e indo embora sem se despedir, pois percebeu que Gilbert realmente não queria sua presença ali.

Gilbert voltou para dentro e se vestiu, pois tinha exatamente trinta minutos antes da reunião começar. Duas horas depois, a reunião foi encerrada e ele respirou aliviado, arrancando a gravata e a atirando sobre a mesa.

Quando estava pensando em tirar o resto do dia de folga, sua secretária ligou, pedindo sua presença na empresa, pois estavam tendo problemas com um fornecedor e somente Gilbert poderia resolver aquela pendência.

Resignado, ele tornou a colocar sua gravata, pegou a maleta de trabalho e saiu do apartamento, descendo até o estacionamento privado e, em seguida, tomou o caminho da empresa da família.

Ele passou pela recepção, sentindo seu coração doer. Foi pior quando entrou em sua sala, onde podia sentir a presença de Anne. Ela costumava esperá-lo ali todos os dias antes de irem para casa com um sorriso maravilhoso nos lábios e o olhar cheio de amor por ele. Sentia falta daquilo e sentia falta de tudo.

Anne era sua felicidade e estupidamente a perdera. Como seguiria em frente? Essa era uma pergunta para a qual não tinha resposta.

Engolindo em seco, Gilbert sentou-se em sua mesa, ligou para o fornecedor e passou quase uma hora conversando com ele e resolvendo todos os problemas possíveis. Quando terminou, estava com dor de cabeça e desejando ardentemente voltar para o apartamento e se atirar na cama.

Mas sua paz não durou muito, pois quando estava para sair, Billy entrou em sua sala. O olhar debochado pegou-o de jeito, assim como o sorriso cínico, fazendo Gilbert perceber que não sairia dali tão cedo.

― Primo, pensei que não o veria tão cedo. ― Billy disse, cruzando os braços na frente do corpo, enquanto encarava Gilbert.

― E por quê? ― Gilbert perguntou com desinteresse.

―Pensei que estaria de luto pelo seu casamento fracassado. ― Billy disse, sorrindo com maldade.

― O que sabe sobre meu casamento?
― Gilbert perguntou, desconfiado.

― Acho que sua esposa descobriu finalmente quem você é. ― Billy disse, rindo ainda mais, como se tivesse recebido a melhor notícia do mundo. Então, Gilbert soube quem tinha sido o responsável pela sua atual situação. Sem pensar muito, ele foi para cima de Billy, dando-lhe um soco de direita no queixo.
Billy caiu ao chão, olhando com raiva para Gilbert , enquanto acariciava o local dolorido e dizia quase rosnando:

―Vai pagar por isso, Blythe. Vou fazer da sua vida um inferno.

― Chegou tarde. Eu já estou nele. ― Gilbert falou, passando pela secretária que o olhava atônito pela cena que tinha presenciado.

Quando chegou em seu apartamento, Gilbert se atirou no sofá e cobriu a cabeça com a almofada, enquanto duas lágrimas escorriam de seus olhos.

Cinco dias haviam se passado, e Anne ainda não se sentia segura do que devia fazer a respeito de seu casamento. Ela ia para a faculdade e voltava para a casa de Lindy, mesmo Diana insistindo para que fosse para a casa dela.

Anne recusava, pois não queria ainda falar do bebê com seu pai e conviver com Josie naquelas circunstâncias seria insuportável. Sua irmã não gostava dela e Anne não fazia questão nenhuma de sua afeição

.
Por isso, sua rotina naqueles dias foi bem tediosa. Não havia muito a fazer depois da Faculdade, a não ser estudar ou ver algum filme na televisão.

Porém, naquele dia, apesar de nada extraordinário ter acontecido, Anne se sentia inquieta. A conversa que tivera com Diana não saía de sua cabeça, por isso decidiu que estava na hora de resolver o seu problema.

Lindy não voltaria para casa até à noite, assim, Anne não sentiu necessidade de dizer para onde estava indo. Ela se vestiu com suas roupas casuais, pegou um táxi e deu o endereço do prédio onde o apartamento de Gilbert se localizava. Iria falar com seu marido e não parava de apertar as mãos, sentindo o nervosismo comandar suas ações.

Subir no elevador após ter pago o taxista e cumprimentar o porteiro do prédio foi a coisa mais difícil que já tinha feito. Queria desistir e voltar para a casa de Lindy, onde se sentia protegida, mas não era nenhuma covarde para fugir de seus desafios.

Por esta razão, Anne desceu no andar de Gilbert, caminhou pelo corredor apressadamente e caminhou direto para a porta do apartamento onde fora seu lar nos últimos meses. A ansiedade a fazia tremer por dentro, mas precisava ir até o fim do que viera fazer ali.

Reunindo coragem, Anne bateu na porta, olhando para os próprios pés no chão, enquanto esperava que Gilbert viesse abri-la.

Então, ele surgiu na sua frente, olhando-a como se não pudesse acreditar que Anne estivesse ali, causando sensações na ruivinha que ela não queria sentir. Aqueles olhos eram sua perdição e aquele rosto perfeito em todos os ângulos a deixava sem ar. Desesperada para acabar com aquela situação, Anne perguntou:

― Podemos conversar?
― Claro, entre, a casa é sua. ― Gilbert respondeu, louco para abraçá-la, mas se conteve. Anne não permitiria que isso acontecesse.

Ela passou por Gilbert, sentindo a fragrância dele que conhecia tão bem. Era forte e masculina, deliciosa demais para ser esquecida. Ela tentou tirar aquilo de sua mente, enquanto se virava para o marido e dizia:

―Eu pensei muito antes de vir, mas não podia evitar mais esse encontro. Tenho algo importante para falar. ― Anne começou, pesando bem as palavras.

― Sou todo ouvidos. ― Gilbert respondeu, sem conseguir tirar os olhos dela. Anne era linda demais e a falta que ela estava lhe fazendo estava deixando-o louco.

― Eu não esperava descobrir algo tão baixo da sua parte. Você me destruiu por dentro, Gilbert, e não sei se consigo te perdoar. ― Anne disse, sentindo a garganta se apertar, lutando para não chorar na frente dele.

― Eu sei. Eu fui leviano. Queria ter feito as coisas de forma diferente. ― Gilbert se desculpou. As palavras dela lhe doíam, e não havia como acabar com aquela dor, principalmente ao ver a mágoa naquele rosto delicado. A culpa mais uma vez o atingiu, fazendo-o pensar na gravidade de suas ações.

― Você não pode voltar atrás e nem desfazer tudo o que fez. É tarde demais para isso. ― Anne afirmou.

― Deixe-me tentar, por favor, Anne. Eu te amo. ― Gilbert disse, desesperado. Ele não podia perdê-la totalmente. Tinha que manter com ele uma pequena parte dela, por menor que fosse.

― Não sei se acredito nisso. Todas as ilusões que tive sobre nós morreram. Você era meu príncipe encantado. ― Anne falou, sem conter as lágrimas agora. Era impossível não chorar ao ver seus sonhos naufragarem de forma tão dura.

―Eu ainda posso ser. ― Gilbert falou, aproximando-se mais um pouco dela. Deus! Como amava aquela garota. Vê-la chorar por sua causa era mais do que podia aguentar.

―Não, não pode. Você teve a chance de me contar sobre o que fez, mas foi covarde. ― Ela disse, afastando-se dele outra vez. Estar perto de Gilbert era doloroso, mas também tentador. Todo o seu ser gritava por ele, mas a decepção que tivera não permitia que fizesse o que seu coração desejava.

― Se eu tivesse te contado, você teria me perdoado? ― Ele quis saber.

― Não sei, mas teria sido mais honesto de sua parte. ― Anne revelou. ― De qualquer forma, preciso te contar algo e foi por isso que vim. ― Ela afirmou, tentando criar coragem para dizer o que precisava.

― O que é? ― Gilbert perguntou, observando-a com atenção.

―Eu estou grávida. ― Anne contou, vendo os olhos de Gilbert se arregalarem de espanto para, em seguida, seus lábios se transformarem em um sorriso largo e feliz.

― Vamos ter um bebê? ― Ele perguntou com a voz emocionada.

― Vamos sim. ― Anne disse, tão emocionada quanto ele, mas também triste pela situação na qual estavam.

― Vai voltar para casa? ― Gilbert perguntou, esperançoso.

― Não. Esse bebê não muda nada a minha opinião sobre tudo o que aconteceu. Entretanto, não quero que meu filho não tenha o pai na vida dele. Estou fazendo isso por ele e não por você. ― Anne afirmou, vendo o sorriso de Gilbert morrer.

― Pelo menos vai me deixar participar da vida dele? ― Gilbert perguntou, sentindo-se abatido.

― É claro. É por isso que estou aqui. Pensei muito na nossa situação e cheguei à conclusão de que esse bebê não tem que pagar pelos nossos erros.― Anne disse, fazendo Gilbert reagir e se aproximar dela, antes de perguntar:

― Eu fui um erro para você? Não me ama mais, é isso? Tudo o que vivemos e sentimos não significa mais nada para você?

Ele precisava ouvir dela a verdade, por mais que doesse. Gilbert queria saber se tinha alguma chance de tê-la de volta. Se Anne lhe disse que um por cento dela ainda acreditava nos dois, ele faria o impossível para manter esse um por cento vivo.

Anne o encarou, engolindo em seco. Os olhos de Gilbert lhe diziam tanta coisa que ela não queria entender, porque a dor seria maior e pior. Assim, baixando o olhar, ela respondeu:

― Eu não disse isso. Apenas acho que esse casamento e todo o resto saiu do meu controle. Talvez se eu tivesse mantido as coisas como eram no início , não estaríamos tendo essa conversa agora.

― Eu não me arrependo do que tivemos.― Gilbert disse, dessa vez mais perto.― Talvez quando tudo começou existisse o meu egoísmo no caminho. Você sabe por que te pedi para assinar aquele maldito contrato. Mas o que veio depois, nossas noites juntos, nossas risadas e até mesmo os momentos mais confusos e tristes foram o maior acerto da minha vida. Você me ensinou a amar, Anne, e dentro do meu coração não cabe nada mais além de você e esse bebê a quem quero cuidar com todo zelo do mundo. Por isso eu te peço: Fica comigo, amor. Vamos fazer dessa família nosso único mundo. Vamos fazê-la crescer, florescer e ser a fortaleza para o nosso amor.

Gilbert estava jogando seu orgulho no chão. Nunca fizera isso por ninguém, mas por Anne, ele não se importava. Faria qualquer coisa para que ela entendesse que seu amor por ela era real e verdadeiro.

― Não posso. O que você quebrou minha confiança e o meu coração. Por mais que eu te ame, não consigo fazer o que me pede.― Anne disse, sentindo o peso das próprias palavras. Estava sentindo seu peito sangrando, mas não havia como fazê-lo parar agora.

Gilbert a fitou por um segundo. Sentindo-se completamente perdido. Como pudera estragar tudo o que construíra com Anne? Ela era maravilhosa, inteligente e linda. Nunca amara alguém tanto assim e saber que a perdera era mais do que podia suportar.

― Eu posso tocar? ― Ele apontou para a barriga coberta pela camiseta. Gilbert precisava daquilo como precisava do ar para respirar.

Anne hesitou por um momento, depois concordou. Não podia negar nada àquele pedido, principalmente porque envolvia o bebê dos dois.

Gilbert se ajoelhou na frente de Anne e subiu a camiseta dela devagar, deixando a barriga alva exposta. A ruivinha prendeu a respiração ao sentir os dedos do marido deslizando por aquela área carinhosamente, enquanto o calor da mão dele espalhava-se por sua pele.

Ele parecia hipnotizado e, ao mesmo tempo, emocionado por saber que seu filho estava sendo gerado no útero da mulher de sua vida. Sem pensar, ele deixou um beijo úmido ali, fazendo Anne morder o lábio inferior com força. Estava faminta pelo toque dele e mais ainda pelos beijos e abraços que não recebia há três dias. Com medo de fraquejar, ela disse:

― Preciso ir.

Com muito pesar, Gilbert concordou e se levantou de onde estava para encarar o rosto delicado e dizer:
― Seu estágio ainda está de pé. Pode voltar quando quiser.

― Obrigada. Ainda não decidi o que vou fazer sobre isso. ― Anne falou, encaminhando-se para a porta.

― Eu te levo. ― Gilbert falou, desejando prolongar o tempo entre os dois.
― Prefiro ir de táxi. ― Anne respondeu, recusando sua oferta e deixando Gilbert frustrado.

Então, eu te acompanho até lá embaixo. ― Ele afirmou e Anne percebeu que não adiantava recusar.

Uma vez do lado de fora do prédio, Anne chamou um táxi que chegou mais rápido do que Gilbert gostaria. Ansioso por mais algumas palavras com ela, o rapaz perguntou:

― Já foi ao médico?

― Vou na próxima quinta-feira, depois do almoço. ― Anne lhe contou.
― Eu vou com você. ― Gilbert afirmou e, ao ver a expressão contrariada de Anne, ele completou: - Você disse que ia me deixar participar da vida do nosso filho. E quero fazer isso desde agora.

― Está bem. ― Anne concordou e entrou no táxi, mas antes que ela fechasse a porta, Gilbert segurou na mão dela, deixou um beijo no dorso dela e disse:

― Obrigado.

Anne apenas sorriu de leve, e quando o carro se pôs em movimento, ela ainda sentia o calor dos lábios dele contra sua pele.


Olá. Desculpem a demora. Espero que gostem. Beijos.

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