Capítulo 22- Despedida de solteiro
Duas semanas até o casamento haviam passado rápido, e finalmente estavam na antivéspera do grande dia.
Sentado em seu escritório, Gilbert divagava sobre os últimos dias nos quais sequer conseguira falar com sua noiva, pois apesar de seu pai ter providenciado tudo no que dizia respeito à festa, havia outros detalhes que somente ele e Anne podiam resolver individualmente.
Assim, ele se viu dividido entre seu trabalho, e prova do terno, reserva para a viagem de lua de mel, providências a serem tomadas na empresa pelo tempo em que ficaria fora, e muitos outros itens que tomaram todo o seu tempo, impedindo-o de entrar em contato com sua noiva que deveria estar tão ocupada quanto ele.
Gilbert sentia falta dela, mais do que queria admitir, e se descobriu mais apaixonado do tinha imaginado. Anne fora a única garota que o fizera se sentir assim completamente entregue a um sentimento que tinha o poder de lhe roubar toda a coerência de seus atos.
Não era para ter acontecido. Ele tinha consciência de que isso não lhe passara pela cabeça quando arquitetara todo o plano de forçá-la a se casar com ele. Mas quem resistia aquela ruivinha que tinha sempre uma resposta na ponta da língua e o desafiava todo o tempo? Essa era a essência dela e era totalmente irresistível aos olhos dele.
Agora, a dois dias do casamento, ele se sentia quase eufórico, mas temeroso também, porque Anne impusera um limite entre eles que o rapaz não sabia se conseguiria respeitar. Ele a queria demais para se manter longe, mas tinha consciência de que não podia passar por cima da vontade dela.
Não era nem um bronco ou troglodita que imporia seus desejos a uma garota, antes de saber se ela queria o mesmo. E Anne precisava ser tratada com delicadeza e carinho, pois ela era sua garota, mesmo que ela ainda não soubesse disso, e tinha cinco anos pela frente para mostrar esse fato incontestável a ela.
-Sr. Blythe. Seu amigo Moody está aqui . Posso deixá-lo entrar?- Sandy, sua secretária disse pelo interfone.
-Pode sim. Não estou ocupado no momento. - Gilbert respondeu prontamente. Ele teria uma reunião dali a meia hora, mas poderia dispor um pouco de seu tempo para falar com o amigo.
Quando Moody entrou, Gilbert o saudou com um sorriso e perguntou:
-Que bons ventos o trazem?
-Bem, hoje é a anti véspera do seu casamento. A turma me incumbiu de te convidar para sua despedida de solteiro.- Moody disse com um sorriso.
-Não deveria ser amanhã?- Gilbert falou, franzindo a testa.
-Teoricamente sim. Mas como ninguém quer te ver de ressaca no altar, decidimos que seria hoje.- Moody explicou cheio de humor.
-Eu não bebo mais assim, Moody. Meu pai proibiu, você se lembra?- Gilbert disse, suspirando.
-Sim. Foi depois daquele vídeo que saiu de você fazendo streap tease no barzinho. Eu me lembro bem.- Moody respondeu, rindo. O pai de Gilbert ficara furioso e ameaçara deixá-lo fora do testamento.
-Nem me lembra cara. Acho que nunca paguei um mico tão grande. - Gilbert disse, passando as mãos nos cabelos.
-Você realmente passou dos limites, Gil. Não pode culpar seu pai por ter ficado zangado. Nunca te falei isso, mas às vezes, eu me preocupava com o fato de você exagerar no álcool. Ainda bem que você percebeu o perigo a tempo.
-Eu sei que exagerava, mas nunca passei dos limites. Meu pai não precisava fazer o que fez.- lembrar o que seu pai fizera o deixava irritado, principalmente no que dizia respeito ao testamento. Ele realmente não se importava com o dinheiro, e sim com o que era justo. E naquele caso, o que era justo era Billy não colocar as mãos em um centavo que fosse de sua mãe.
-Está preparado para o casamento?- Moody perguntou, fazendo Gilbert responder no mesmo instante:
-Acreditaria se eu dissesse que estou louco para que aconteça?
-Você está apaixonado pela Anne, não é?- Moody disse com um sorriso.
-E tem como não se apaixonar por aquela ruivinha? Ela é maravilhosa. - Gilbert respondeu, deixando que Moody visse o sorriso bobo em seu rosto.
-Não era isso que eu ouvia você dizer no início. O que me recordo é que você falava que ela te irritava muito.
-E continua irritando. E é isso que é incrível nela. Essa capacidade que ela tem de me tirar do sério, pois me faz pensar em coisas que nunca me passaram pela cabeça. Eu quero ser melhor por ela e por causa dela.- Gilbert disse, encarando o amigo com uma seriedade que o rapaz nunca tinha visto antes.
-Então é sério mesmo.- Moody constatou.
-Sim. Nunca me apaixonei dessa maneira. E eu quero que dê certo e farei de tudo para que isso aconteça. - Gilbert estava disposto a qualquer coisa para que aqueles cinco anos com Anne se multiplicassem para muitos mais. O problema seria convencê-la de que era o cara para ela, já que ela deixara claro que queria sua vida de volta quando aquele período do casamento terminasse.
-Você sabe que para dar certo, vai ter que ser sincero com ela, não é - Moddy o alertou.
-O que quer dizer?- Gilbert perguntou, se sentindo confuso.
-Vai ter que contar como você fez para o pai dela ficar te devendo tanto dinheiro, a fim de que ela fosse forçada a casar com você. - o amigo o lembrou.
-Se eu contar, ela nunca vai me perdoar.- Gilbert respondeu, sabendo que no fundo o rapaz, tinha razão. Ele se aproveitara da fraqueza de Walter naquela noite para que ele fosse persuadido a jogar além da conta, e depois pagara a divida do homem, exigindo o casamento com Anne, e se ela soubesse de tudo aquilo, o desprezaria até seu último dia de vida.
-Bom,você não tem escolha. Construir um relacionamento em cima de uma mentira é como construir um castelo de areia. Ambos vão ao chão na primeira tempestade.- Moody o aconselhou.
-Eu não sei como fazer isso. Anne é realmente difícil em algumas questões. Ela não abre brecha nenhuma, quando se sente ameaçada, e nos últimos meses, me aproximar dela tem sido um verdadeiro campo de batalha. Às vezes acho que ela me quer por perto, e outras vezes parece que não me suporta. Se eu perder a confiança dela, vou perdê-la também, e não posso deixar que aconteça.
-Se quer ganhar a confiança dela de vez ou conquistá-la, devia confessar seus sentimentos e rasgar esse contrato de vez. Assim, ela entenderá que você está sendo sincero ao dizer que a ama e quer ficar com ela.
-Você sabe que não posso fazer isso. Esse contrato é a única garantia que tenho de que ela vai cumprir sua promessa de se casar comigo.- Gilbert disse protestando. Ele não podia arriscar tudo sem garantias, mesmo que o desejo de se casar com Anne não fosse apenas pelo contrato como antes. Ele a queria para ele, como sua esposa, amante e mãe de seus filhos, mas ele precisava dela para ajudá-lo a conseguir a parte da herança de sua mãe que lhe cabia, antes que Billy o fizesse. Talvez fosse um pensamento egoísta deixar que seu lado prático prevalecesse sobre seu lado emocional, mas não havia outra forma de conseguir o que precisava, pois fora seu pai que estabelecera as regras para que fosse assim, e não ele.
-Precisa se arriscar, Gil, ou toda essa situação pode acabar de uma maneira que lhe custará a mulher que ama.- Moody insistiu, mas Gilbert sabia que pelo menos naquele momento não tinha como fugir da armadilha que ele mesmo preparara para seu coração.
-Não posso.- Gilbert disse, quase se lamentando pelo que acabara de dizer . Ele estava apavorado com a ideia de perder Anne, e se a perdesse, em seu íntimo ele sentia que realmente não teria mais nada, além de seu coração partido.
-A escolha é sua, e as consequências também. Lembre-se disso. - Moody disse se encaminhando para a porta.
Alguns minutos depois, Gilbert estava na mesa de reunião com todos os associados, seu pai e seu primo Billy e ainda pensava no que Moody havia lhe dito.
O amigo estava certo ao dizer que ele estava seguindo um caminho perigoso. Quando começara tudo aquilo, não tinha considerado os efeitos colaterais de tal ato. Ele pensara que ao findar os cinco anos do seu contrato de casamento, sua vida seria a mesma e se despediria de Anne com um aperto de mão e um desejo de boa sorte.
Mas sua arrogância e cinismo foram para o espaço quando ele se permitira se envolver com Anne fora do que tinha sido estabelecido por eles. Ele deixara que ela o conhecesse melhor, que descobrisse sobre seus fantasmas interiores, enxergasse sua vulnerabilidade e foi assim que seu coração o traíra, levando-o a se apaixonar pela única garota com a qual não deveria ter esse luxo.
Gilbert pensara erroneamente que Anne seria como todas as mulheres que passaram por sua vida, mas bastou beijá-la para descobrir o quanto estava enganado. Ela era especial e diferente de qualquer pessoa que já tivesse conhecido, e depois de entender que a ruivinha era o que vinha procurando sem nem mesmo saber que precisava dela, o rapaz também compreendeu que não queria deixá-la sair de sua vida depois de cinco anos. Ele a queria exatamente ali, ao lado dele para sempre, só ainda não sabia como conseguiria isso.
-Gilbert?- ele ouviu seu pai o chamar, e percebeu envergonhado que a sala inteira o fitava com certa curiosidade, por conta do seu alheamento durante a reunião, e perguntou:
-Pois não?
-Pode nos mostrar o gráfico dos lucros da empresa sob sua administração?- o pai perguntou com certa severidade.
-Claro.- o rapaz respondeu, caminhando até o centro da sala onde havia um computador e onde todas as informações para aquela reunião estavam salvas.
Assim, ele falou cerca de trinta minutos sobre o aumento do faturamento da empresa no período de dois meses,nos quais seu pai o deixara a cargo dos clientes mais importantes, mostrando como tais números tinham crescido expressivamente em comparação ao mesmo período do ano anterior .
Quando terminou de falar, ele voltou ao mesmo lugar onde estivera sentado antes, sentindo orgulho de si mesmo por ter conseguido provar a John Blythe que era capaz de administrar aquela empresa com a mesma eficiência que ele, ao mesmo tempo em que era cumprimentado com entusiasmo pelos outros acionistas.
O único que não o cumprimentou foi John Blythe, o que não o surpreendeu, pois imaginava que seu pai pensava que o que ele tinha feito pela empresa naqueles dois meses não era mais do que sua obrigação, já que ele era o filho do dono e futuro presidente daquele império.
O que não passava por sua cabeça era que John estava bastante orgulhoso dele, e que nunca duvidara que Gilbert conseguisse ser um excelente administrador muito mais do que ele fora um dia. Apenas não o cumprimentara, porque sabia que qualquer coisa de positivo que disse ao filho, ele distorceria por conta da raiva que sentia dele, e não acreditaria que estava sendo sincero. Por isso, preferia se calar e guardar suas opiniões para si, esperando que um dia o abismo que havia entre eles pudesse por fim ser superado.
-Bem, creio que essa reunião superou a expectativa de todos em relação aos lucros da empresa no último trimestre, e também gostaria de destacar o bom trabalho do meu sobrinho Billy em nossa filial na Inglaterra. Ele trabalhou duro por lá no último mês, e recuperou alguns de nossos antigos clientes que havíamos perdido para a concorrência, e creio que ele me será muito útil por aqui enquanto meu filho Gilbert estiver em lua de mel na próxima semana- John disse com um sorriso de satisfação no rosto que para Gilbert foi como se ele tivesse levado um soco no estômago.
Não só seu pai tinha elogiado seu primo na frente de todos, como também o colocara, mesmo que temporariamente o rapaz no seu lugar na Vice Presidência. A gota d'água aconteceu quando ele olhou para Billy, e viu com desgosto o olhar de vitória que ele lhe lançou, fazendo Gilbert se levantar da cadeira e dizer:
-Com licença.- deixando a reunião logo em seguida.
Quando estava no corredor, ele ouviu o pai lhe chamar e dizer :
-Gilbert, espere. Aonde está indo?
-Para casa.- ele respondeu, caminhando em direção ao seu escritório.
-Como assim? Ainda estamos no meio da tarde, e temos outra reunião depois dessa.- John disse, continuando a segui-lo.
-O senhor pode conduzi-la sozinho, ou melhor, peça para o primo Billy ajudá-lo, já que ele vai ficar no meu lugar mesmo na próxima semana. - Gilbert respondeu com certa amargura na voz, enquanto entrava no seu escritório.
-Gilbert, filho, espere, eu não estou entendendo seu comportamento. -John disse, parando na porta ainda aberta do escritório do rapaz.
-É claro que não entende. Isso nunca foi novidade para mim.- Gilbert respondeu, fechando a porta na cara do pai, sem se importar se fora desrespeitoso ou não.
Assim, ele esperou alguns minutos enquanto sua cabeça dava voltas diante de inúmeros pensamentos que faziam sua irritação crescer ainda mais. Depois pegou as chaves do carro e caminhou para fora da empresa, pensando que se fosse mesmo ter uma festa de despedida de solteiro naquela noite, que fosse a melhor de todas.
Enquanto isso, Anne deixava a sala de aula da faculdade depois de fazer uma prova bastante difícil, e caminhava em direção ao refeitório onde Lindy ficara de esperá-la.
A ruivinha tinha conseguido com a reitoria da faculdade que as provas que seriam aplicadas na próxima semana fossem feitas por ela anteriormente, por conta de sua viagem de lua de mel que aconteceria nesse mesmo período.
Ela tivera que pagar uma taxa extra por isso, mas esse não foi o único inconveniente. O professor de estatística nunca fora seu fã, apesar de Anne ser uma das alunas mais esforçadas do seu curso, e justamente por esse detalhe não gostara nada da novidade , e apesar de não ter dito nada diretamente a Anne sobre sua insatisfação por ter que lhe aplicar uma prova fora do seu cronograma, lhe dera uma prova mais difícil do que ela esperava, e por isso, quando saíra da sala, estava emocionalmente esgotada.
Ao chegar ao refeitório, seu olhar vasculhou cada canto do lugar apinhado de gente até que encontrou a amiga sentada em uma mesa sozinha, em frente a um copo pela metade de milk shake enquanto ouvia uma de suas músicas favoritas em seu fone de ouvido.
Assim que viu a ruivinha se aproximar de sua mesa, ela tirou o fone e perguntou:
-E aí, como foi?
-Não sei dizer. Gostaria de ter certeza de alguma coisa sobre isso, mas a verdade é que não tenho, e só vou saber o resultado da prova quando voltar da viagem. - Anne respondeu, se sentando na mesa ao lado da amiga, e deixando a bolsa sobre a outra cadeira disponível.
-Não fique assim, Anne. Vai dar tudo certo.- Lindy disse, tentando animá-la.
-Não tenho tanta certeza. Esse professor me odeia, você sabe. E principalmente dessa vez, não vai facilitar as coisas para mim.- a ruivinha disse desanimada.
-Você já foi mais otimista que isso, Anne. O que está acontecendo?- Lindy perguntou, encarando a amiga com preocupação.
-Acho que estou nervosa com o casamento. - Anne confessou. Ela vinha evitando pensar naquilo com frequência nos últimos dias, porque tais pensamentos a levavam até Gilbert, e não queria ter que lidar com as próprias emoções que andavam tirando o seu humor completamente.
-É normal que esteja nervosa. Toda noiva se sente assim antes do casamento. - Lindy a tranquilizou.
-Acho que apavorada seria o termo mais correto. - Anne disse, cruzando as mãos sobre a mesa em forma de oração.
-Por que? Achei que a essa altura você já tinha superado seus receios a respeito do seu casamento. - Lindy disse, olhando-a surpresa com aquela confissão, pois no último mês, Anne parecera quase uma noiva de verdade e não mais uma garota revoltada que estava sendo obrigada a se casar.
-Descobrir até que ponto Gilbert é importante para mim piorou tudo. Eu não devia amá-lo, Lindy.
-Ninguém escolhe quando o com quem isso vai acontecer, apenas aceite que ele é o cara que seu coração deseja e viva isso intensamente.- Lindy afirmou. Anne sempre pensava demais em tudo, racionalizando cada pequeno detalhe que pudesse perceber ao seu redor. Se pensasse menos e sentisse mais, talvez não sofresse tanto por coisas que não podia mudar.
-Não posso esquecer que temos um contrato entre nós. Amar Gilbert não muda nada, na verdade piora tudo.- Anne disse, desabafando mais uma vez. Ainda lutava contra o que sentia, pois aquilo não tinha futuro. Estava a caminho de um casamento arranjado, cujas bases se edificavam precariamente sob alicerces de manipulação e poder. Como podia ter esperanças que algo assim desse certo, quando aquele compromisso representava a ruína de seu pai, e sua submissão a uma situação da qual não podia fugir?
Estar apaixonada por Gilbert era estupidez de sua parte,e naquele momento odiava a si mesma por sucumbir a tal sentimento. Não sabia em qual momento tinha se deixado encantar por aqueles olhos, mas resistir aquele amor que crescera sem que desejasse dentro dela seria seu principal objetivo nos próximos cinco anos.
-Não acha que ele sente o mesmo que você?- Lindy perguntou de forma direta, que fez Anne responder no mesmo tom:
-Não. A única coisa que ele quer é me levar para cama, e isso Gilbert deixou bem claro em várias situações. No entanto, até mesmo esse súbito desejo que ele diz sentir por mim me faz pensar se não é para atingir um objetivo, já que seu pai exigiu que ele tenha um filho desse casamento.- Anne disse com certa amargura.
-Acha mesmo que Gilbert seria tão baixo a esse ponto? Usar a atração sexual entre vocês para conseguir o que quer?- Lindy perguntou, mostrando-se um pouco surpresa com a afirmação da amiga.
-Eu confesso que não sei o que pensar sobre tudo isso às vezes. Gilbert é cheio de contradições, por isso não consigo confiar nele totalmente. - Anne respondeu, encarando a amiga cheia de dúvidas. Seu noivo com certeza a confundia de um jeito que a deixava sem reação ou palavras, mas esperava com o tempo conhecê-lo melhor e desvendar todos os mistérios daquela alma confusa, mesmo que ao findar de cinco anos cada um tivesse que seguir em direções opostas.
-O que pensa fazer para sua festa de despedida de solteira?- Lindy perguntou de repente, fazendo Anne responder:
-Não pensei nisso, mas não acho que me interesse em fazer qualquer coisa. Não me sinto com disposição para comemorar nada.- Anne respondeu. Como aquele não era um casamento que ocorreria por sua vontade, ela não via sentido nenhum naquilo.
-Então, que tal se eu fosse para sua casa com você e fizéssemos algo especial juntas? Podemos assistir um filme, fazer pipoca, bolinhos de chuva ou brigadeiro.-Lindy sugeriu.
-Como nos velhos tempos. - Anne disse, aprovando a ideia. Ela e Lindy não faziam algo assim a tanto tempo. Seria legal poder relembrar quando a vida era simples e sem as complicações dos adultos.
Animadas em passarem a tarde juntas , elas foram abraçadas até o carro de Lindy, e depois se dirigiram à casa de Anne com um enorme sorriso no rosto de ambas.
A despedida de solteiro de Gilbert começou cedo naquele dia. Às sete horas, estavam todos os amigos do noivo em sua companhia em uma boate famosa no centro da cidade onde uma rodada de uísque foi servida logo no início da comemoração.
Moody que não era muito fã de bebida alcoólica, ficou apenas em uma dose, enquanto Gilbert já estava na terceira e parecia não ter intenção de parar.
-Acho melhor ir devagar, Gil ou vai acabar em um coma alcoólico antes do casamento. - Moody o alertou.
-Deixa o Gilbert fazer o que quiser, Moody. Para de ser tão careta .- Sean disse, se intrometendo na conversa dos dois amigos, fazendo Moody responder:
-Você conhece o Gilbert. Quando ele começa, não tem hora para parar.
-É a festa de despedida de solteiro do cara. Deixa ele aproveitar.- Sean insistiu.
-Que ótimo vocês discutirem minha vida por mim, como se eu fosse um moleque que não soubesse o que faz. Para isso já tenho o meu pai. - Gilbert disse de mau humor, se levantando e indo até o bar, seguido de Moody que ao vê-lo pedir uma dose de tequila, falou:
-Gilbert, acha prudente misturar bebida desse jeito?
-Para de me fiscalizar. Eu sei tomar conta de mim.- Gilbert respondeu com rudeza que não intimidou o amigo, pois o conhecia bem demais para saber que havia algo que não estava bem com o ele.
-O que é que está pegando? Você não bebia assim a bastante tempo. Então, tem algo errado acontecendo.- Moody afirmou, olhando para Gilbert atentamente.
-Tem muitas coisas acontecendo. Primeiro, meu pai me acha um fracasso, e faz questão que eu saiba disso, elogiando meu primo babaca na minha frente. Segundo, minha avó está com uma doença grave no coração, e não sei por quanto tempo ela permanecerá nesse mundo, e por último, a minha noiva, a garota por quem estou completamente apaixonado, não me ama e se descobrir o que fiz com o pai dela, nunca mais vai querer olhar na minha cara. É, Moody. Acho que tenho muitos motivos para beber todas essa noite.- Gilbert respondeu, tomando a dose de tequila de uma só vez, e pedindo outra dose logo em seguida.
-E acha que bebendo desse jeito vai resolver alguma coisa? Tudo o que vai ganhar é uma bela ressaca. Por que não desabafa comigo? Eu sou um bom ouvinte.- Moody insistiu. Não gostava de ver Gilbert naquela situação, ou com pensamentos tão sombrios que precisasse destruir seu fígado com álcool para fugir do que o incomodava. Mas ele sempre fora difícil nessa parte. Não deixava que ninguém se aprofundasse demais dentro do seu psicológico, e evitava qualquer conversa que o fizesse desabafar suas mágoas, embora fosse um excelente conselheiro quando alguém estava na mesma situação que ele, porém era uma pena que não usasse seus próprios conselhos para si mesmo.
-Muito obrigado, amigo, mas eu e o copo de tequila nos entendemos muito bem. - Gilbert respondeu tomando mais uma dose da bebida, sem se importar com o olhar de reprovação que Moody lhe lançou, o que durou quase a noite toda.
Era quase meia noite quando o celular de Anne tocou. Ela e Lindy estavam sentadas na frente da televisão, vendo um filme romântico que a amiga escolherera enquanto se empanturravam de pipoca e refrigerante, e foram subitamente interrompidas pelo aparelho que não parou de tocar, mesmo quando a ruivinha decidira ignorá-lo completamente.
-Atende, Anne. Pode ser importante. - Lindy a aconselhou .
-Eu juro que se for trote, a pessoa do outro lado vai ouvir poucas e boas.- Anne respondeu de mau humor. Estava tendo um excelente momento com a amiga de diversão e relaxamento, e não aceitaria que alguém pudesse arrancá-la de sua noite de lazer por algo totalmente insignificante.
-Alô. - ela disse secamente.
-Boa noite, Anne. É o Moody. Desculpe-me incomodá-la a essa hora da noite, mas não te ligaria se não fosse importante.
-Oi, Moody. O que aconteceu?- Anne perguntou, se sentando ereta no sofá, sentindo a ansiedade consumi-la no mesmo instante, enquanto sua mente já começava a causar-lhe preocupação extrema ao imaginar por que o amigo de Gilbert estaria ligando para ela tarde da noite. Aquilo a fazia lembrar às vezes em que ficara sentada ao lado do telefone esperando notícias de seu pai, enquanto ele gastava todo o dinheiro da família nos inúmeros casinos distribuídos pela cidade.
Ela se pegava imaginando que ele estaria ferido em um acidente, ou mesmo que poderia ter sofrido um espancamento de alguém por não ter dinheiro para pagar uma dívida contraída nos jogos de azar nos quais costumava apostar suas economias no passado. Felizmente nada de grave tinha acontecido com ele em suas noitadas fora de casa, e Anne só tinha que agradecer aos céus por isso.
-É o Gilbert.- Moody respondeu, e todo o sistema de Anne ficou em alerta, enquanto seu coração batia tão rápido lhe causando uma incrível falta de ar. Ela foi pega na armadilha de sua mente enquanto perguntava quase ofegante:
-Ele está ferido?
-Não. Na verdade não é nada tão grave assim. O problema é que resolvemos fazer a despedida de solteiro dele hoje, e ele exagerou na bebida. Agora estou tentando levá-lo para casa, mas ele fica repetindo que só sai daqui se você vier buscá-lo.
-Você só pode estar brincando.- Anne disse entre aliviada e indignada.- Acha mesmo que vou sair de casa a essa hora da noite para cuidar de um cara que não sabe se controlar quando vê bebida pela frente? Sinto muito, mas não vou fazer isso.
-Anne, por favor. Gilbert não se embebedou por diversão. Quando ele chegou aqui hoje, não estava bem. Ele me confessou que teve um problema com o pai dele hoje na empresa, e que está sendo difícil lidar com o estado de saúde de sua avó materna. Assim, ele encontrou na bebida um meio de escapar de suas mágoas interiores. Eu tentei impedi-lo, mas ele praticamente me mandou cuidar da minha própria vida. Então se puder vir até aqui me ajudar, eu agradeceria. Posso mandar um táxi te buscar se preferir.
-Não precisa. Eu dou um jeito. Onde vocês estão?- ela perguntou preocupada com o que Moody havia lhe contado. Gilbert andava sensível demais com a situação de Cora, e agravado com suas constantes desavenças com John, o tornava quase uma bomba relógio prestes a explodir. Ela não podia ignorá-lo naquela situação. Prometera a si mesma manter distância dele, mas jamais se negaria a ajudá-lo em seu pior momento.
-Estamos no Mosaicos Bar.- Moody respondeu
-Isso fica do outro lado da cidade.- Anne disse sem de fato se surpreender. Aquele era um do s lugares mais sofisticados e caros da cidade, frequentado apenas pela classe alta de Nova Iorque. Era óbvio que Gilbert não se embebedar com bebida barata comprada em qualquer esquina. Até isso, ele fazia em grande estilo. O duro seria ela se acostumar com tanta sofisticação desnecessárias sua vida.- Estou indo, Moody. Chego em mais ou menos trinta minutos. - Anne disse consultando seu relógio de pulso.
-Obrigada, Anne. - Moody disse, e em seguida desligou.
-O que aconteceu?- Lindy perguntou, percebendo a perturbação da amiga.
-Foi meu noivo que decidiu afogar as mágoas em um copo de bebida. Será que você poderia me levar até o Mosaicos Bar?Meu pai já está dormindo, Diana não está em casa, e Josie também não, embora eu duvide que ela me faria qualquer favor, e Ruby é jovem demais para me ajudar nessa situação. - Anne disse cada vez mais preocupada com Gilbert.
-É claro. Nem precisava pedir. - Lindy disse, pegando as chaves do carro e saindo com Anne logo em seguida.
Em trinta minutos bem calculados por Anne, elas chegaram no barzinho, onde Moody as esperava na portaria.
-Onde ele está? - ela perguntou assim que se aproximaram do rapaz.
-Lá dentro com o Sean. Vou buscá-lo. Esperem aqui. - Moody disse, visivelmente aliviado por Anne ter chegado.
Alguns minutos depois, o rapaz voltou apoiando Gilbert de um lado enquanto Sean o apoiava do outro. Quando a viu, Gilbert disse alegremente com a voz um tanto pastosa:
-Noivinha, você veio.- depois olhou feio para Moody e disse:- Eu vou embora com ela , e não com você.
-Pode colocá-lo no banco do passageiro. Eu ajudo Anne a levá-lo para casa.- Lindy disse, abrindo a porta do carro, enquanto Sean e Moody acomodavam Gilbert lá dentro.
-Acha que dá conta dele sozinha?- Sean perguntou, olhando tão intensamente para Anne que ela se sentiu sem graça e respondeu:
-Sim. Lindy vai me ajudar.
-Gilbert tem muita sorte de ter você.- Sean afirmou sem deixar de olhá-la.- E ele realmente é apaixonado por você, pois não parou de mencionar seu nome a noite inteira.
Diante daquelas palavras, Anne não disse nada. Ela duvidava que os sentimentos de Gilbert por ela fossem tão profundos , mas preferiu não expressar sua opinião sobre aquilo, pois deixaria Sean saber qual era a real natureza do seu relacionamento com Gilbert.
-Preciso ir, Sean. Obrigada por ficar com ele até eu chegar.-Anne disse, desejando sair logo dali.
-O Gilbert é meu amigo e sempre vai poder contar comigo, embora eu esteja morrendo de inveja dele agora.- o rapaz falou, olhando significativamente para Anne, que tratou de interromper aquela conversa, antes que seguisse por um caminho totalmente indevido.
-Boa noite, Sean. - Anne se despediu, entrando no carro e se sentando no banco do passageiro ao lado de Gilbert.
-Se precisar de alguma coisa, me liga, Anne.
-Pode deixar.- ela respondeu, olhando para Gilbert que tinha seus cachos bagunçados, e a testa suada. Ele realmente não parecia bem. Assim, ela se sentou mais perto e trouxe a cabeça dele para seu ombro, acariciando a nuca dele, como ele sempre fazia com ela quando estavam juntos.
-Anne, onde fica o apartamento de Gilbert?- Lindy perguntou, olhando pelo retrovisor o carro que vinha logo atrás do dela.
-Acho melhor não levá-lo para lá. Não é uma boa ideia deixá-lo sozinho. - Anne respondeu, pois sabia o quanto o noivo detestava a solidão, principalmente agora que estava passando por uma situação tão complicada.
-Para onde vai levá-lo então? Para sua casa?
-Também não é uma boa ideia. Meu pai não vai gostar de ver o Gilbert assim por motivos óbvios, e não estou a fim de ouvir piadinhas de Josie sobre o estado de meu noivo.- Anne respondeu indecisa. Talvez um hotel fosse uma saída para aquela situação, e não seria nada difícil conseguir um quarto em um daqueles hotéis de luxo aos quais Gilbert estava acostumado, principalmente, porque o nome Blythe dentro daquela cidade tinha muito peso.
-Quer levá-lo lá para casa? Meu pai está viajando, Brian só chega amanhã à noite, então estou praticamente sozinha por um dia e meio. - Lindy sugeriu, enquanto virava uma curva mais à frente.
-Não vamos atrapalhar?- Anne perguntou, preocupada em incomodar a amiga que sempre lhe estendia a mão nas piores situações.
-De forma nenhuma. Temos um quarto de hóspedes bastante confortável, onde Gilbert ficará muito bem instalado.
-Certo. - Anne disse, olhando mais uma vez para o rapaz quase adormecido em seu ombro.
No momento em que chegaram na casa de Lindy, ela ajudou Anne a levar Gilbert para dentro, e logo estavam no quarto de hóspedes.
-Acho melhor preparar um café forte para ele tomar. - Lindy disse, assim que colocaram Gilbert sentado na cama.- Volto daqui a pouco.
No momento em que Lindy saiu, Anne se sentou ao lado de Gilbert e segurou na mão dele enquanto observava as reações do rapaz. Ele tinha se encostado na cabeceira da cama, e mantinha seus olhos fechados como se tivesse vergonha de encarar Anne.
Ele era tão bonito que chegava ser uma afronta a toda ala masculina. Observando cada detalhe do rosto dele, inclusive as covinhas nas laterais das bochechas, Anne não pôde deixar de sentir uma ternura imensa por ele. Havia algo naqueles traços perfeitos que além de atrai-la imensamente, lhe sugeriam uma tristeza oculta que ele escondia de todo mundo,especialmente de si mesmo. Gilbert não era feliz, e isso não tinha apenas a ver com o momento que ele estava vivendo, mas sim com coisas mais antigas, e descobrir isso partia o coração dela completamente.
Pensar que ele carregava aquela dor dentro de si por tanto tempo e sozinho, a fazia perceber como eram parecidos, e tal constação a fazia amá-lo mais ainda do que devia e também a assustava, porque não queria que nenhum elo desse tipo existisse entre eles.
Como se pressentisse toda a atenção que Anne colocava sobre ele naquele momento, Gilbert abriu os olhos e também a encarou,e a força dos olhos dele a prendeu exatamente ali. Era como se a alma dele se despisse para ela naquele momento, deixando-a enxergar exatamente o que havia lá no fundo, e de novo a fragilidade dele que encontrou ali a quebrou inteira.
Anne estendeu a mão, e deixou que eles percorressem a lateral do rosto dele vagarosamente. Gilbert não disse nada, apenas continuou a olhá-la como se ela fosse um diamante raro e muito valioso, fazendo o coração de Anne surtar de mil maneiras diferentes.
-Eu trouxe o café. - Lindy disse, entrando no quarto e interrompendo o momento.
-Obrigada. - Anne respondeu, sorrindo para a amiga e entregando a xícara de café para Gilbert, que a bebeu obedientemente, mas logo no primeiro gole fez uma careta de desgosto ao descobrir que a bebida estava sem açúcar.
-Tudo bem,?- Anne perguntou ao vê-lo beber cada gole bravamente sem reclamar, apesar do sabor.
-Sim.- ele disse com um sorriso fraco e tomando o restante do líquido até o final, e logo em seguida, o rapaz estendeu a xícara vazia que foi recolhida por Lindy que disse:
-Anne, vou deixá-lo à vontade. Se precisar de alguma coisa estou no quarto ao lado.
-Está bem. Obrigada por tudo.- Anne agradeceu a amiga que lhe sorriu e saiu do quarto.
Então , ela se voltou para Gilbert que parecia mais lúcido do que horas antes e perguntou:
-Como se sente?
-Um pouco zonzo, mas melhor. - Gilbert respondeu, passando a mão pelo rosto e em seguida perguntou, olhando diretamente para Anne:- Será que eu poderia tomar um banho?
-Claro. Venha comigo que eu te ajudo.- Anne afirmou, lhe oferecendo o braço que Gilbert aceitou no mesmo instante, e vagarosamente caminharam juntos até o banheiro.
Quando chegaram lá, Gilbert começou a se despir sem cerimônia, fazendo com que Anne virasse o rosto para o outro lado envergonhada. Era a primeira vez que ficava em uma situação tão íntima com um homem, e isso era no mínimo desconcertante.
-Anne.- ela ouviu Gilbert a chamar.
-O que foi? - ela perguntou sem encará-lo ainda.
-Pode olhar para mim por favor.- Gilbert pediu , fazendo com que Anne respirasse fundo, e virasse a cabeça devagar com medo do que pudesse encontrar quando o encarasse de frente, mas para seu completo alívio, ele estava vestindo sua boxer preta, o que não o deixava menos sexy, ela tinha que admitir.
-Não acredito que está com vergonha de me ver assim. Sou seu noivo, Anne, e em dois dias serei seu marido. Isso quer dizer que vai me ver assim muitas vezes.- ele disse, com um sorriso insinuante que fez Anne responder:
-Mas ainda não somos casados. Portanto, essa situação é no mínimo esquisita.
Gilbert abriu a torneira do chuveiro e disse:
-Sabe o que é esquisito? - ele entrou debaixo da agua do chuveiro e depois respondeu a própria pergunta:- É estarmos nesse banheiro comigo completamente molhado, enquanto você permanece totalmente seca.- e antes que Anne compreendesse o significado do que ele dissera, ela foi puxada para embaixo do chuveiro, ficando com suas roupas completamente encharcadas.
-Muito engraçado, Blythe - ela disse irritada, enquanto o rapaz sorria sem parar e lhe respondia:
-Agora estamos quites ruivinha.- Anne ia responder, mas de repente ela percebeu o sorriso dele desaparecer aos poucos, e não demorou para entender o motivo.
Quando seguiu a direção do olhar dele, ela quase morreu de vergonha ao ver sua camiseta branca quase transparente por conta da água, evidenciando seus seios sem sutiã de maneira escandalosa. Ela tentou se afastar de Gilbert, mas o rapaz colocou o próprio corpo como barreira, impedindo que ela escapasse dele, ao mesmo tempo que o olhar dele sobre aquela região do seu corpo parecia queimá-la feito brasa.
-Como quer que eu resista a isso?- ele perguntou, subindo as mãos masculinas pela lateral de seu corpo, fazendo com que a respiração dela ficasse presa na garganta. - Você é tão incrivelmente perfeita.
O tom de voz rouco dele fez com que Anne sentisse cada centímetro de sua pele se arrepiar, e então o rapaz a fez ofegar quando as mãos dele alcançaram seus seios, e deixou que o seu polegar , roçasse seus mamilos de leve sobre a camiseta molhada.
-Eu te quero tanto. - ele disse, aproximando o rosto do dela, enquanto suas mãos faziam um pouco mais de pressão sobre o seios dela.
Anne engoliu em seco, sentindo seu corpo despertar com aquela carícia, como de estivesse em chamas sob o toque de Gilbert e precisasse cada vez mais dele para se sentir viva, vibrando com aquele olhar que a engolia inteira, e com aqueles lábios que embora estivessem longes dos seus no momento , a faziam suspirar, sentindo aquele amor em seu coração que não queria, mas que já era parte dela sem que pudesse evitá-lo.
Ainda assim, ela tentou fazê-lo parar, pois sentia que não era certo estarem assim, mesmo que sua pele gritasse por mais daquele rapaz e o que ele a fazia sentir.
-Gilbert, não podemos.
- Por que não?- ele perguntou, aproximando o rosto do ouvido dela, enquanto suas mãos desciam pelas curvas dela sob a camiseta molhada.- Eu preciso de você como você precisa de mim.
-Não preciso. - Anne disse teimosamente, sentindo a respiração dele em seu pescoço e a vibração da voz dele tão próxima deixando-a arrepiada.
-Você diz que não, mas seu corpo diz que sim. - o rapaz a provocou, apertando os quadris dela contra si, onde Anne pôde sentir o volume que havia ali, fazendo com que sua intimidade pulsasse desesperadamente por um contato maior, mas ela sabia que não podia deixar que acontecesse, por isso disse quase sem fôlego.
-Você está bêbado, Gilbert. Nem sabe o que está fazendo.
-Eu nunca estive tão lúcido em minha vida, e a única coisa que me embriaga nesse momento é você.- ele respondeu, fazendo-a inclinar a cabeça para trás, e deslizou a ponta da língua pela extensão do pescoço dela, chegando até o queixo onde mordiscou de leve, e tornando a fazer o mesmo caminho, fazendo com que Anne gemesse baixinho sem conseguir controlar a reação de seu corpo embaixo de toda aquela água do chuveiro e sob as mãos dele que eram terrivelmente persuasivas.
Por mais que sua mente ainda estivesse enevoada pelo álcool, Gilbert sentia seu corpo reagir intensamente enquanto tinha Anne nos braços. Sua vontade de tocá-la inteira sem as barreiras das roupas estava crescendo tanto que o estava atormentando. Ele precisava dela bem mais do que havia confessado, por isso, ele desceu a boca pelo colo dela, e tomou o seio direto em seus lábios sobre o tecido, mordiscando-o de leve, e ouvindo com satisfação os sons excitados que saíam da boca de sua noiva. Estimulado pela excitação dela, ele se preparou para fazer a mesma coisa com o seio esquerdo, mas a ruivinha não permitiu e o empurrou, encarando-o com seu rosto corado e olhos brilhantes, enquanto dizia:
-Vou deixar que termine seu banho sozinho. Não precisa de mim para isso. Tem toalha limpa no gabinete a esquerda, e vou te deixar um pijama aqui na porta para que se troque quando acabar.
Assim, ela saiu apressada do banheiro e quando fechou a porta se encostou nela, respirando descompassadamente, e pensando que nunca imaginara que resistir ao toque de Gilbert fosse tão difícil. Se com um beijo, ele conseguia tirar tudo dela, o que não aconteceria se tivesse permitido que as carícias dele em seu corpo continuassem? Tinha que achar uma maneira de impedir que isso acontecesse de novo ou daria a Gilbert exatamente o que ele desejava.
Ela trocou de roupa e colocou uma camisola de algodão de Lindy que encontrou em uma das gavetas, deixou um pijama para Gilbert do lado de fora do banheiro sob uma cadeira, e quando estava terminando de secar seus cabelos, ele entrou no quarto.
Anne evitou de encará-lo diretamente, pois estava se sentindo envergonhada pelo que permitira que ele fizesse com ela minutos antes, e assim continuou secando os cabelos em silêncio.
Mas Gilbert não permitiu que ela erguesse mais uma barreira entre eles, por isso se aproximou, colocou as duas mãos sobre os ombros dela e disse:
-Desculpe-me, Anne, pelo que fiz. Eu não estava pensando direito. Eu devia respeitar sua vontade, mas falhei.
Ela o fitou pelo espelho da penteadeira, observando atentamente o rosto do rapaz até que seus olhos encontraram os dele, vendo ali um sincero arrependimento que não esperava ver. Contudo, ela não podia deixar que ele se sentisse responsável sozinho pelo que acontecera. Ele tivera a iniciativa de tocá-la, mas ela também não fizera nada de concreto para impedir, por esta razão respondeu:
-Tudo bem, Gilbert. Não estou brava com você, mas devo avisá-lo que situações assim entre nós nunca mais tornarão a acontecer. Agora, acho melhor se deitar, pois vai acordar com uma tremenda ressaca amanhã.
O rapaz apenas concordou, e se deitou na enorme cama de casal que havia por ali. Quando viu que Anne se preparava para sair do quarto, ele perguntou:
-Onde você vai?
-Vou procurar um lugar para dormir. - ela respondeu, pensando em pedir a Lindy que a deixasse dormir com ela no quarto ao lado. Não confiava em si mesma na mesma cama com Gilbert Blythe.
-Aqui tem bastante espaço para nós dois. Prometo não fazer nada que te aborreça. - Gilbert afirmou, e Anne até pensou em negar, mas desistiu ao ver a nota de desespero que havia nos olhos dele que quase implorava para que ela ficasse.
Ainda pretendia conversar com ele sobre os motivos que o fizera beber tanto, mas naquela noite sentia que não era uma boa hora, por isso se deitou ao lado dele e por alguns segundos ficaram se encarando, como se os olhos dissessem o que os lábios não tinham coragem de confessar.
-Boa noite, Anne. - Gilbert sussurrou.
-Boa noite, Gilbert.- ela respondeu, e acabou adormecendo com os olhos de Gilbert sobre ela, que confessavam sem que ela percebesse o quanto a amava.
Olá, para quem gosta dessa fic, mais um capítulo postado. Espero que me deixem duas opiniões e votos como incentivo. Obrigada por lerem. Beijos.
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