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Capítulo 21 - De volta ao jogo.

Um canto afinado e agradável fez Anne acordar. Ela estava dormindo tão confortavelmente aquecida, que abrir os olhos se constituía em uma luta interna.

E quando o fez, sua mente entrou em uma confusão absoluta ao olhar ao redor e tentar entender onde estava . Aos poucos sua consciência foi despertando, e entrando em uma coerência necessária para que ela percebesse e se lembrasse do que tinha acontecido na noite anterior.

Ela e Gilbert tinham dormido na rede na varanda do apartamento, e a superfície macia abaixo dela era o corpo do rapaz, que continuava a dormir com as mãos presas em sua cintura.

Anne se lembrou que na noite anterior, depois que John foi embora, eles tinham se beijado e Gilbert pediu que ela dormisse no apartamento. O plano era que Anne passaria a noite no quarto de hóspedes, mas acabaram deitados na rede contando estrelas e fazendo companhia um ao outro.

Gilbert pegara uma manta de lã quando Anne reclamou de frio, e também lhe serviu chocolate quente. E assim passaram a noite inteira, jogando conversa fora e criando um tipo de intimidade que não seria apropriado na atual situação de ambos. Porém, ela mais uma vez ignorara os avisos, dizendo a si mesma que estava fazendo aquilo por uma boa causa, só se esqueceu de dizer para seu coração que não levasse tão à sério as investidas de Gilbert, por quem se derretia a cada cinco minutos.

Gilbert era um grande provocador, e já lhe deixara às claras suas intenções, e ao invés de se afastar dele, seu coração a empurrava para cada vez mais perto. Em sua cabeça, Anne sabia que devia evitar situações tão íntimas, mas quando se estava apaixonado pensar com coerência e praticidade acabava se tornando um enorme problema.

Anne olhou para Gilbert que continuava dormindo com ela sobre seu corpo, como se ela não pesasse nem meio quilo e admirou a beleza do rapaz, pensando que tudo nele havia sido feito para seduzir, conquistar, e vencer. Normalmente, ela nunca teria dado uma chance que fosse a um rapaz que tivesse o estilo mauricinho de Gilbert Blythe.

Ela o teria ignorado, ironizado, e rido de suas piadas picantes. Nunca tivera problemas em afastar caras assim, mas com Gilbert, ela não conseguira fazer o mesmo, e não foi por imensa tentativa.

Ele era arrogante em alguns momentos, mas tinha um sorriso de matar. Ele era malicioso e gostava de brincar com fogo, mas tinha olhos extremamente encantadores. Ele era irônico, sarcástico e convencido, mas também sabia usar as palavras certas nos momentos mais sensíveis. Sem contar que era sedutor ao extremo, bonito além da conta e tinha um beijo que acabava com todo autocontrole dela.

Contudo, talvez o que a atraísse nele mais que tudo, era o lado fragilizado de sua alma que Gilbert lhe mostrara, e que Anne nunca imaginaria que ele tivesse escondido dentro de si.

Saber de sua história com o pai, e depois todo o drama que ele estava vivendo com o problema de saúde da avó, lhe revelara um Gilbert totalmente diferente daquele que ela tinha em mente. E aos poucos descobrira que a arrogância que a fizera detestá-lo no inicio, era apenas uma fachada para esconder seus verdadeiros sentimentos, suas mágoas e suas dores. E era esse outro lado dele que se tornara extremamente perigoso para o seu coração.

-Bom dia, Noivinha.- ela ouviu a voz rouca dele dizer e seus sentidos se agitaram no mesmo instante. Não podia se afastar dele, pois o rapaz a mantinha presa sobre seu corpo, enquanto as pernas dele entrelaçavam as suas. Estava em uma posição vulnerável e perto demais daquele rosto que a fazia prisioneira de seus encantos.

-Bom dia. Acabamos dormindo na varanda. - ela disse sem jeito, pois seu peito estava diretamente comprimido contra o dele, e as mãos dele tinham descido um pouco da sua cintura, e estavam pousadas bem perto do seu bumbum.

-Foi a melhor noite de sono que tive há meses. - Gilbert disse, olhando-a de um jeito preguiçoso, como se fosse um felino, esperando para dar o bote.

-Então, você gosta de dormir ao ar livre sem conforto nenhum?- Anne perguntou, surpresa pelo que ele dissera. Um homem como ele deveria adorar dormir em colchões macios. Não podia acreditar que ele realmente gostasse de passar uma noite inteira em um espaço tão reduzido, sem conseguir esticar as pernas direito.

-Com você em meus braços, eu durmo bem em qualquer lugar.- O rapaz respondeu com um sorriso ladino que quase arrancou de Anne um sorriso também.

-Você tem que parar com isso, Gilbert.- Anne disse, tentando se manter séria.

-Parar o que?- Gilbert franziu a testa, a encarando sem realmente compreender o que Anne queria dizer.

-Tem que parar de me dizer essas coisas, parar de me olhar desse jeito, e parar de tentar me tocar toda vez que tem uma oportunidade.- o olhar magoado que Gilbert lhe lançou a incomodou, mas ela precisava colocar um limite naquela situação, ou perderia o controle.- Eu quero te ajudar a passar por esse período difícil e vou te ajudar, mas tem que me prometer que não vai tentar ultrapassar nenhuma regra estabelecida entre nós.- ela senti um desconforto ao pensar no contrato aquela altura, mas ele existia, fora assinado e ignorá-lo seria idiotice de sua parte.

Ela não tinha ilusões sobre aquela relação. Se apaixonar não estava nos seus planos, mas acontecera por sua própria culpa, pois não sabia quando baixara a guarda e deixara Gilbert entrar em seu coração.

Gilbert fitou a garota linda em seus braços, e se perguntou se conseguiria fazer o que ela estava lhe pedindo. Ele já a amava tanto que pensar em não ter nenhum contato físico com ela o deixava em agonia. Não se lembrava de ter ficado assim por nenhum garota antes. Nem mesmo quando era um adolescente bobo e sem experiência de vida, atirado dentro de uma faculdade onde tivera que aprender a viver no mundo real, e fora de seu mundinho particular que era seu quarto e a casa se sua avó. Mas Anne era diferente de qualquer outra garota. Ela sempre fora.

-Você está dizendo que não apreciou nenhum dos beijos que trocamos?- Gilbert perguntou, sem permitir que ela saísse de seus braços. Se iam ter aquela conversa, que fosse um encarando o outro de perto.

-Eu não disse isso. Os beijos que aconteceram entre nós foram por circunstâncias especiais. - Anne respondeu, sentindo dificuldade em encará-lo. Aqueles olhos castanhos pareciam roubar-lhe o raciocínio, a razão e toda a coerência do que estava dizendo. Era como se lhe dissessem que sabiam que ela estava mentindo descaradamente.

-Então, está me confessando que me beijou por pena?- Gilbert perguntou, sentindo seu coração afundar um pouquinho no peito ao pensar nessa possibilidade.

-Não! Como te disse, eu te beijei levada pelas circunstâncias, porque você precisava desse contato e eu também. - ela estava se enrolando nas palavras, e odiava quando não conseguia argumentar com alguém coerentemente.

-Então para você foi um consolo, e acha que significou o mesmo para mim?- Anne não respondeu, e Gilbert entendeu o silêncio dela como um sim.

-Não quer mais que eu te beije ou te toque. É isso?- ele perguntou, sem deixar de encará-la.

-É isso.- ela confirmou com um frio desagradável no estômago, mostrando-lhe que mais uma vez mentia.

-Acha que consigo? Depois que provei dessa boca?- ele disse, tocando os lábios dela de leve com o polegar. - Depois que senti a maciez dessa pele em meus dedos?- ele perguntou, deslizando as mãos pelos braços dela, fazendo Anne estremecer.- E desejo muito mais que isso. Quero sentir o gosto do seu corpo inteiro na minha boca, quero tirar cada peça de roupa sua, e admirar casa detalhe lindo seu por horas, enquanto minhas mãos aprendem a conhecer todas as suas curvas.- os olhos sobre ela eram como brasas acesas, e Anne fez de tudo para não ofegar, e dar a ele a certeza de que podia afetá-la apenas com palavras, enquanto sua imaginação se encarregava de fazer o resto.

-Gilbert, por favor. - ela pediu. Tinha que fazê-lo parar. Não podia deixar aquela conversa se tornar mais intima do que já tinha se tornado.

-Está bem. Me desculpe. Vamos para a cozinha preparar o café da manhã, e depois vou te levar para casa.- Gilbert respondeu, fazendo um carinho em seu rosto.

Anne se levantou de onde estava, mas logo sentiu falta dos braços ao redor dela. Não era possível que estivesse enfeitiçada a esse ponto, que até abraço de Gilbert lhe fazia falta.

Gilbert se levantou da rede em seguida, levando Anne direto para a cozinha. Quando chegaram lá, o rapaz pegou o café instantâneo que costumava tomar nos fins de semana, e o colocou na cafeteira para começar a ser preparado, e em seguida, começou a por sobre a mesa tudo o que ele imaginava que Anne gostava de comer, enquanto a ruivinha o olhava admirada, e que logo não pôde deixar de perguntar:

-Seus empregados não estão por aqui hoje?

-Não. Nos fins de semana eu dou folga para eles, e preparo eu mesmo minhas refeições. Por que está perguntando? Achou que eu era tão mauricinho assim que não saberia preparar um café?- ele perguntou de sobrancelha erguida.

-Não. - Anne disse sem graça, pois quando o conhecera, achara que ele era o tipo de homem que não fazia nada sozinho se não tivesse um empregado para ajudá-lo, mas com o passar do tempo, ela teve que rever sua opinião, e perceber que não era bem assim.

-Pensou sim. Mas desculpe decepcioná-la, pois sou um rapaz bastante prendado. Se tivesse morado com a minha avó entenderia do que estou falando.- Gilbert fez uma pausa para acrescentar alguns ingredientes no omelete que estava preparando para depois continuar:- Vovó Cora é uma feminista incurável. Ela acredita que homens e mulheres nasceram para ter os mesmo direitos e deveres, e isso se aplica não só em sociedade, mas também nos serviços da casa e na cozinha. Por isso, desde pequeno, ela me ensinou a tomar conta de uma casa muito bem. E nem preciso dizer que meu pai foi totalmente contra a ideia, e que ela não deu a mínima. - Gilbert disse sorrindo, e depois seu rosto ficou triste, fazendo Anne querer abraçá-lo, mas refreou seu desejo, porque precisava manter certa distância, e ser fiel a seus pensamentos que lhe pediam para ter mais cautela ainda do que antes.

- Você ama muito sua avó, não é? Toda vez que fala dela dá para perceber isso em sua voz. - Anne disse suavemente, fazendo Gilbert encará-la e dizer:

-Ela é tudo o que eu tenho, Anne. Se ela partir , eu sei que perco tudo.

-Ela não é tudo o que você tem. Eu tenho certeza que existem outras pessoas que te amam. - Anne respondeu com o coração doendo, por não poder confessar o que sentia por ele.

-Eu tenho você, Anne? - ele perguntou a queima roupa, deixando-a sem reação. Ela pensou com cuidado em como responder, porque o olhar de Gilbert lhe dizia que não a deixaria escapar de uma resposta honesta .

Engolindo em seco, Anne se preparou para responder, mas o celular dela tocou, salvando-a de uma situação constrangedora . Quando ela verificou o autor da chamada, percebeu que era Diana, e disse:

-Com licença, é minha irmã. Vou falar com ela e já volto.

-Fique à vontade - Gilbert disse, se sentindo frustrado com a interrupção.

Enquanto se apressava em terminar o café da manhã, Gilbert se perguntava como faria para conquistar o coração de Anne para sempre. Quando pensava que estava a caminho de tê-la como sua de verdade, ela se tornava arrisca e se afastava outra vez.

Ele a queria e precisava dela tanto que fracassar naquela missão se tornara inconcebível para ele. Mas em todo aquele jogo, Anne estava à frente dele, e o estava enlouquecendo com toda aquela distância que queria colocar entre os dois.

Ele nunca tivera que lidar com alguém tão difícil. No passado, as garotas viviam ao seu redor, e Gilbert não tinha que dizer mais que meia dúzia de palavras para tê-las onde queria, mas com Anne, por mais sincero que fosse sobre como se sentia, nada funcionava. Na verdade, parecia que ela ficava cada vez mais desconfiada, e isso o estava deixando em um estado quase de desespero. A única coisa que ainda não fizera fora confessar que a amava, mas se fizesse isso, ele tinha certeza que ela o mandaria para o inferno, acusando-o de tentar manipulá-la para que chegassem às vias de fato, e Gilbert não queria se arriscar a perdê-la, ele não podia perdê-la, e esse era o único pensamento que predominava em sua mente.

No outro cômodo, Anne acabara de atender Diana que lhe perguntou:

-Que novidade é essa de dormir no apartamento de Gilbert ? Quando papai me contou, ele sorria de orelha a orelha, pensando que ele estava perdoado por ter te ajudado a encontrar o amor de sua vida.- Diana riu, e Anne balançou a cabeça, pensando na ingenuidade do pai.

- Não é nada disso, Diana. Gilbert me convidou para jantar com ele aqui no apartamento, e o pai dele apareceu de repente, e acabaram se desentendendo. Depois disso, ele ficou muito mal e me pediu para passar a noite aqui com ele. Foi apenas isso.

- Certo, mas passaram a noite juntos ou separados?- Diana perguntou, e Anne entendeu no ato o que Diana queria saber, e respondeu:

-Não aconteceu nada, Diana.

-Seria tão ruim se tivesse acontecido? Anne, você precisa parar de levar as coisas tão à sério, e se divertir um pouco, minha irmã. E por que não com um cara tão gato quanto Gilbert?- Diana sugeriu, e Anne pensou que se seguisse a sugestão da irmã, não seria apenas diversão para ela, e acabaria de perder seu coração de vez. Não era por falta de vontade, mas sim um meio de preservação, pois enquanto não ultrapassem essa linha, Anne ainda sentia que poderia proteger a si mesma.

-Eu não quero isso, Diana. Pelo menos não agora.- Anne disse, passando as mãos pelos cabelos, e jogando-os para trás.

-Tudo bem, Anne. Isso é você quem decide. Eu só te liguei para te lembrar do aniversário do papai. Não esqueceu que é hoje, não é? - Diana perguntou.

-Nossa, com tudo o que aconteceu, eu realmente acabei me esquecendo. - Anne disse, chateada por aquela data importante ter sumido da sua mente. Eles sempre comemoravam em família, com um almoço especial e sobremesa. Depois se sentavam para ouvir um pouco das músicas favoritas de Walter ou viam um filme também da preferência dele.

-Acha que consegue chegar em casa logo para me ajudar com o almoço? Josie não está em casa para variar, e Ruby não tem muito jeito na cozinha.

-Sim. Chego aí em uma hora.- Anne afirmou.

-Ótimo. Enquanto isso vou separar tudo o que vamos usar para o almoço do papai. Manda um beijo para o Gilbert. - Diana disse alegremente.

-Mando sim.- Anne disse, encerrando a ligação.

Ela voltou para a cozinha, e encontrou a mesa do café da manhã posta. Assim que entrou, Gilbert perguntou com curiosidade

-Algum problema?

-Não. Foi Diana que me ligou, me lembrando do aniversário do meu pai hoje. Gostaria de ir?- ela perguntou de repente em uma súbita inspiração. - Não é nada sofisticado, apenas minha família, um almoço, alguns doces de sobremesa, e depois sempre fazemos algo juntos. Você poderia levar Cora. Meu pai adorou conhecê-la, e acho que seria uma boa distração para ela também.

-Tem certeza que quer que eu vá?-ele perguntou se sentando de frente com ela na mesa, e começando a servir o café.

-É claro que quero que vá. Por que está me perguntando isso?- Anne o questionou com a testa franzida.

-Esse tipo de evento não está no nosso contrato.- Gilbert respondeu secamente, deixando Anne brava que lhe respondeu:

-Não seja ridículo. Já fizemos isso várias vezes nos últimos meses.

-Mas hoje mais cedo você disse que quer que eu me afaste, então, estou apenas te lembrando das cláusulas do nosso contrato.- Gilbert afirmou com um cinismo que fez a raiva de Anne aumentar.

-Achei que tivesse me dito que o rótulo de menino mimado não servisse para você, mas pelo jeito estava enganado, pois nesse exato momento está se comportando como um garotinho cujo presente de Natal esperado lhe foi negado. Tem que aprender a lidar com o não, Gilbert. Ter dinheiro não lhe dá garantia que terá tudo o que quer na vida.- o tom de Anne foi duro e aumentou a mágoa de Gilbert que respondeu como se tivesse levado um sonoro tapa na cara:

-Eu não estou tentando te comprar.

-De certa forma me comprou, não é?- Anne revidou, vendo a carranca de Gilbert aumentar. Ela o fizera se lembrar como conseguira aquele noivado, e não fora da forma mais legal possível. O arrependimento o pegou de um jeito que o fez olhar para Anne e pensar no que tinha feito.

Ele ainda queria salvar a parte de sua mãe na empresa, e por isso precisava se casar. Mas esse não era mais o único motivo. Ele amava Anne, e a queria demais, porém, por conta daquele contrato que a fizera assinar, ela pensava que tudo o que ele fazia ou dizia era para conseguir mais vantagens naquele casamento. Se dissesse a ela que a amava, Anne não acreditaria e por isso tinha que pensar em algo que a fizesse não ter dúvidas sobre os seus sentimentos.

-Anne...- ele começou a dizer, mas a ruivinha foi mais rápida, e falou na sua frente:

-Vamos parar essa conversa por aqui, Gilbert. Não quero magoar você como também não quero ser magoada por mais nenhuma de suas palavras. Estamos de acordo que esse relacionamento não vai dar certo fora das cláusulas do nosso acordo. Não somos um casal normal como os outros. Eu sei de suas intenções, e você sabe das minhas, por isso, vamos terminar esse café da manhã para que você possa me levar para casa.

Anne encerrou a conversa, e provou o omelete que Gilbert tinha feito. O sabor estava delicioso, mas decidiu não dizer nada, para não começar outra discussão. Estava arrasada por dentro, mas não demonstrou nenhuma vez como estava se sentindo.

O café da manhã foi terminado em silêncio, e também em silêncio Gilbert a levou para casa, e Anne ficou se perguntando no que ele estava pensando, pois sua expressão nitidamente neutra não lhe dava nenhuma indicação por onde andavam seus pensamentos.

Quando saiu do carro sem terem trocado uma palavra sequer, Anne disse:

-Se quiser vir no almoço de aniversário do meu pai, o convite ainda está de pé.

-Certo.- o rapaz respondeu com tanta indiferença, que Anne sentiu uma fisgada por dentro. O que ela esperava? Tinha esfregado o contrato na cara dele de novo. Não podia querer um tratamento melhor que aquele.

-Até logo. - ela disse, mas Gilbert apenas assentiu e foi embora sem esperar que ela entrasse como das outras vezes.

Suspirando ela foi para dentro de casa, e rumou direto para a cozinha, onde Diana trabalhava a todo vapor, que sorriu ao vê-la chegar.

-Oi, querida.

-Oi, o que quer que eu faça para ajudar?- Anne perguntou se aproximando da irmã.

-Pode fazer a torta preferida do papai. A receita está naquele caderno ali.- Diana apontou para o objeto de capa marrom, aberto em cima da mesa.

-Está bem.- Anne respondeu dando uma olhada na receita, e começando a separar os ingredientes.

-Aconteceu alguma coisa?- Diana perguntou, olhando para Anne com preocupação.

-Não, por que?- Anne respondeu, fingindo prender sua atenção na receita.

- Você chegou calada e até agora não me contou nada de sua noite com o Gilbert.

-Não tem nada para contar. Fiz companhia para ele ontem, pois como te disse, John apareceu por lá, e Gilbert acabou ficando mal com a situação. - ela cortou o tomate em pedaços pequenos, e os colocou em uma tigela com os outros ingredientes que separara.- Ele está sofrendo muito com a doença da Cora. Aliás, eu os convidei para virem almoçar com a gente. Espero que não se importe.

-Não. Na verdade, você fez muito bem em convidá-los. Acho que pode ser bom para os dois interagirem com outras pessoas.- Diana concordou, limpando as mãos no avental.

-Onde está a Josie?- Anne mudou de assunto drasticamente. Não queria dar a Diana a oportunidade de voltar ao assunto da noite anterior. Não queria falar de sua discussão com o Gilbert, pois Diana sempre acabava defendendo o rapaz, e Anne não estava a fim de ficar aborrecida justamente no dia do aniversário do seu pai.

-Ela saiu de casa ontem e ainda não voltou. Me mandou uma mensagem hoje, pedindo desculpas, mas não vai poder participar da nossa reunião esse ano.- Diana contou de forma natural, pois conhecia Josie uma vida inteira, e nada do que vinha dela lhe surpreendia.

-Ela realmente vai ter coragem de fazer isso com o papai no dia do aniversário dele? Nós duas sabemos com quem ela está.- Anne disse com um bico de amuo. Ela sabia que Josie tinha desprezo pela própria família, mas não que colocasse seu pai nesse pacote também.

-Eu penso que é melhor assim. Papai ia ficar muito aborrecido em ter alguém em seu aniversário de cara amarrada. E você conhece a Josie, ela não faz nada para agradar ninguém a não ser a si mesma. Portanto, vamos esquecê-la e tratar de terminar esse almoço, pois temos muita coisa para fazer. - Diana concluiu, e Anne concordou com ela, deixando qualquer outro pensamento de lado para se concentrar apenas no que estava fazendo.

Enquanto isso, Gilbert tentava decidir se iria ou não no aniversário do pai de Anne. O rapaz não gostara de como as coisas ficara entre os dois, acabaram se magoando e não era para ter sido assim. Ele amava aquela ruivinha de um jeito que não conseguia se imaginar longe dela, por isso, tê-la a seu lado mesmo que fosse apenas por cinco anos, era melhor do que nunca saber como seria tê-la em sua vida.

Ainda sem saber o que decidir, o rapaz ligou para Cora e lhe contar sobre o convite de Anne, e o que ela decidisse, era o que fariam.

-Olá, querido. Como você está hoje?- Cora perguntou na chamada em vídeo que o rapaz fez, pois ela preferia esse tipo de ligação na qual ficaria cara a cara com quem estava ligando, mesmo que fosse por uma tela de celular.

-Estou bem, vovó, e a senhora?- o rapaz, perguntou, feliz por ver o rosto animado da mulher mais velha. Era isso que sempre admirara nela, aquela força e vontade de viver que contagiava tudo e a todos ao seu redor.

-Estou ótima, querido.- ela respondeu sorrindo.

-Vovó, eu estou te ligando porque Anne nos convidou para irmos ao almoço de aniversário do pai dela, que acontecerá hoje. Gostaria de ir?- o rapaz perguntou, enquanto virava uma curva mais adiante. Estava quase chegando na rua de seu apartamento, pois por milagre naquele dia o trânsito não estava tão caótico .

-Eu adoraria, querido. Ainda bem que ligou, pois meu sábado ia ser bem maçante. E olha que coincidência. Acabei de tirar do forno um pudim de leite com calda de caramelo. Acho que podemos levar como sobremesa. - Cora disse tão entusiasmada, que o rapaz sorriu carinhosamente pata ela e lhe respondeu:

-É uma excelente ideia, vovó. Passo para pegar a senhora em uma hora.

-Está bem meu querido. Nos vemos daqui a pouco então.- Cora respondeu, desligando o telefone.

Gilbert acabou de chegar em seu prédio, estacionou o carro, pegou o elevador enquanto pensava no que faria naquele dia para trazer Anne de volta para seu lado. Não seria fácil, teria que fazer seu próprio jogo às claras e sem enganação, mas precisava tentar, pois naquelas circunstâncias não iria desistir de jeito nenhum.

Na casa dos Shirleys, Anne e Diana terminaram de fazer o almoço uma hora depois que o haviam iniciado, enquanto Ruby toma a conta da limpeza da casa e deixava tudo extremamente organizado.

Quando o pai delas chegou alguns minutos após terem dado os retoques nos últimos detalhes, ele disse com um enorme sorriso nos lábios:

-Bom trabalho, meninas. Obrigado pela preocupação comigo.

-Só a Josie não apareceu para ajudar. - Anne disse, ainda irritada com o comportamento da irmã.

-Não importa. Eu tenho comigo as filhas mais lindas do mundo. Não poderia desejar nada mais nesse dia.- Walter falou, abraçando as três garotas com carinho.

-Obrigada, papai . Vou apenas tomar um banho rápido, pois estou toda suada, e depois podemos almoçar todos juntos.- Anne respondeu, deixando um beijo na bochecha de Walter e se encaminhando para seu quarto, no que foi imitada por Ruby e Diana.

Gilbert pegou sua avó na casa dela no horário marcado, e logo estava dirigindo em direção à casa dos Shirleys. Ele não sabia como encontraria Anne, pois naquela manhã a ruivinha se mostrara extremamente irritada com ele, mas esperava que pudessem ficar em bons termos depois daquele almoço familiar.

Assim que chegaram, Gilbert ajudou a avó a sair do carro cujas mãos carregavam a sobremesa que prometera que traria. Cora era o tipo de pessoa que nunca apareceria de mãos vazias na casa de alguém quando era convidada para um almoço ou um jantar, e ensinara essa gentileza a Gilbert, que naquele dia trazia uma torta de frango que comprara em uma cafeteira perto de sua casa.

Quando bateram na porta, para desapontamento de Gilbert, quem atendeu foi Diana que apareceu enxugando as mãos em um pano de prato, e lhes sorriu amistosamente.

-Que bom que puderam vir. Por favor, vamos entrar.- a morena os convidou.

- Nós trouxemos sobremesa e petiscos para agradecer pelo convite.- Cora disse, sorrindo de volta para Diana.

-Não precisavam se preocupar, mas obrigada.- Diana disse, enquanto Walter aparecia na sala naquele instante:

-Que surpresa boa. Agora nosso almoço vai ser muito mais divertido. Como vai, Gilbert?- Walter perguntou, apertando a mão do rapaz.

-Muito bem, e o senhor?

-Estou ótimo. E que satisfação revê-la Cora.- Walter falou, beijando a mão da avó de Gilbert em um sutil galanteio.

-A satisfação é toda minha.- A boa mulher respondeu.

-Onde está a Anne?- Gilbert perguntou a Diana, enquanto Walter se sentava no sofá da sala ao lado de Cora, e começavam a conversar.

-Está no quarto dela se arrumando. Poderia ir até, por favor, e ver se ela não vai demorar? Preciso dela na cozinha, e Ruby foi até a mercearia aqui perto comprar garfos descartáveis que esqueci de providenciar.- Diana pediu, levando os dois pratos que ele e Cora tinham trazido para o almoço para a cozinha.

-Sem problemas.- Gilbert afirmou, rumando em direção ao quarto da ruivinha que ficava no fim do corredor.

A porta estava fechada, por isso, ele bateu e a chamou várias vezes, mas ninguém respondeu. Assim, ele girou a maçaneta e percebeu que não estava trancada, assim ele pensou que seria seguro entrar.

Quando colocou os pés para dentro do quarto, seu olhar recaiu sobre a cama, e ele se lembrou do dia em que Anne ele se beijaram ali. Fora um momento muito intenso, pelo menos para ele que quase perdera o controle de suas ações. Ele ainda podia sentir como queimara de desejo, e seu corpo teria insistido em conseguir a satisfação que precisava, se Anne não tivesse feito com que ele voltasse à razão.

Um suspiro abafado o fez tirar os olhos da cama e desviá-los para onde o som tinha vindo, e ficou paralisado ao ver Anne enrolada em uma toalha e com os cabelos úmidos do banho Deus! Ela estava linda e tão tentadora que era difícil tirar os olhos de cima dela, embora seu bom senso lhe aconselhasse que era o melhor a se fazer.

-O que faz aqui, Gilbert?- Anne perguntou, engolindo em seco ao ver o olhar abusado que o rapaz estava lançando sobre ela.

-Diana me pediu para ver se você estava pronta, pois está precisando de você na cozinha - ele disse se aproximando um pouco, fazendo Anne respirar cada vez mais rápido. Sua pele estava arrepiada, e seu corpo tinha uma linguagem própria que não seguia nenhum alerta naquele momento.

-E você não podia ter batido na porta?- ela perguntou para fugir do fogo que via queimar dentro daqueles olhos poderosos.

-Eu bati.- ele respondeu, chegando tão perto que Anne podia sentir a respiração dele diretamente contra seu rosto.- Na verdade, eu bati várias vezes.- ele continuou, hipnotizado por uma gota de água que escorreu do cabelo de Anne, caindo direto sobre o colo dela. Sem resistir, Gilbert estendeu a mão e seguiu com a ponta do indicador o caminho que a gota estava fazendo, correndo vagarosamente sobre a pele dela, e desaparecendo por dentro da toalha. O rapaz parou entre o limite do tecido e o vale dos seios de Anne, sorrindo ao ouvi-la ofegar. Aquilo era mais sensual que se ele a estivesse de fato tocando.

Ele inclinou o corpo para frente, e seus lábios ficaram na altura do ouvido direito dela, e disse em uma voz quase sussurrante:

-Você não sabe a vontade que tenho de arrancar essa toalha do seu corpo, e fazê-la entender de uma vez por todas tudo o que poderia sentir em meus braços se fosse minha. Mas isso não está no nosso contrato, por isso vai perder toda a diversão. - ele terminou se afastando dela e completando:- Diana te espera na cozinha. - E depois saiu, deixando Anne completamente sem fôlego.

Céus! O que ele fazia com ela era covardia. A deixava maluca, e depois se afastava como se nada tivesse acontecido, e lidar com esse ataque direto ao seu coração e a sua feminilidade seria realmente uma batalha depois daquele casamento.

Ela se vestiu o mais rápido que pôde e foi se juntar a Diana na cozinha, mas antes, passou pela sala e conversou com Cora que lhe disse:

-Querida, você está cada vez mais linda. Meu neto realmente soube escolher.- ela disse em um tom tão divertido, mas Anne nem ousou olhar para Gilbert, mas pelo canto do olho, ela percebeu que ele mantinha um sorriso irônico no rosto que a deixou completamente irritada, mas se controlou a tempo para responder:

-Muito obrigada, e que bom que resolveu vir. Estamos muito felizes pela senhora estar aqui conosco.

-Foi muito gentil de sua parte nos convidar.- Cora respondeu, e Anne acrescentou:

-Fique à vontade. Vou ajudar Diana na cozinha. - Anne respondeu, escapando do olhar insistente de Gilbert, caminhando para a porta e desaparecendo por ela.

Logo Ruby chegou da rua com os itens que Diana encomendara, e o almoço pôde ser finalmente servido na mesa onde a família Shirley fazia suas refeições. Cora conversava alegremente com Walter sobre novas receitas que testara recentemente, e Gilbert se envolveu em uma conversa com Diana e Ruby, ignorando Anne completamente que sentiu o baque do comportamento dele totalmente, permanecendo calada, e comendo sua comida sem grande interesse.

Então, era assim que seria nos próximos cinco anos?, ela pensou. Sempre que Gilbert se sentisse chateado com ela, a trataria como se ela não existisse? Aquele era um comportamento infantil, para dizer o mínimo.

O que ela não sabia era que aquela era uma das táticas que Gilbert decidira usar para fazê-la sentir falta da atenção que ele lhe dava antes, e a qual ela criticara inúmeras vezes, mesmo ele sendo sincero. O rapaz decidira que ia conquistá-la de qualquer jeito, mas ia vencê-la em seu próprio jogo.

Quando terminaram de saborear a sobremesa que Cora trouxera, Anne já estava se sentindo completamente excluída de toda a conversa que acontecia durante a refeição. Salvo os momentos em que a avó de Gilbert a incluía em algum assunto de interesse de todos.

Por isso, no momento em que Walter sugeriu que levassem Cora pata conhecer o jardim que Anne cuidava, ela se sentiu totalmente aliviada por sair daquele clima estranho e tenso que perdurava entre ela e Gilbert.

Diana e Ruby ficaram encarregadas de tirar a mesa e lavar a louça, e Anne de guardá-la mais tarde, assim ela pôde acompanhar Cora e Walter até o seu jardim, com Gilbert caminhando a seu lado. Eles não se encaravam, mas a ruivinha podia sentir a intensidade do olhar do rapaz sobre ela, deixando-a elétrica e a fazendo se lembrar das palavras dele em seu quarto.

"Se você fosse minha."- Tal frase mexia com ela de um jeito que não deveria, porque jamais pensara em si mesma nesse tipo de conexão com alguém antes. Ela sabia do desejo que corria em seu sangue, e a fazia querer ser dele como Gilbert dissera, mas isso seria sua ruína depois, pois não conseguiria mais se afastar, e quando aquele casamento chegasse ao fim, ela sairia completamente destruída da vida de Gilbert.

-Que roseira linda, Anne! Foi você que a plantou?- Cora perguntou admirada, aproximando o rosto de uma das flores para sentir-lhe o perfume.

-Sim. Minha mãe gostava muito de rosas, e apesar de não tê-la conhecido, quis fazer-lhe uma homenagem. - Anne respondeu, enquanto observava Cora olhando cheio de encantamento para seu jardim.

-Que forma linda de mostrar que se ama alguém, e que essa pessoa vai fazer parte de sua vida para sempre. - Cora comentou pensativa.

O sol naquele instante saiu de trás de uma nuvem, e jogou seus raios sobre o jardim, iluminando tudo, até os cabelos de Anne que pareciam estar em chamas. Mais uma vez, Gilbert ficou hipnotizado pela cor vibrante que se destacava naquele fios lindos, e quase os tocou, pois era impossível resistir a uma beleza assim tão extraordinária. Porém, no último minuto, ele refreou esse desejo, porque não queria que sua noiva descobrisse com que facilidade, ela podia ter tudo o que quisesse dele sem mesmo pedir.

Contudo, depois de darem uma volta pelo jardim, e decidirem voltar para dentro de casa, Gilbert percebeu que não poderia ir embora dali sem conseguir pelo menos uma das coisas que desejava dela, e assim que Walter e Cora estavam a uma boa distância deles, o rapaz puxou Anne de lado e disse:

-Eu não consigo.

-O que?- Anne perguntou, olhando-o confusa.

-Eu não consigo ficar sem te beijar.- ele respondeu, segurando-a pela cintura, e colando seus corpos, enquanto a boca dele tomou a de Anne com vontade.

Ela quis resistir, fez de tudo para resistir, mas seu amor e sua paixão por ele venceram mais uma vez, e assim Anne deu a Gilbert exatamente o que ele queria, enquanto os lábios dele exploravam os seus com a mesma intensidade que ela explorou os dele, deixando-os ofegantes, e com a pulsação acelerada.

E quando o rapaz interrompeu o beijo por um instante, ela o puxou de volta, recusando-se a permitir que ele se afastasse. Anne estava viciada no movimento daquela boca, e na maneira como fazia seu coração bater forte, e um calor enorme se espalhar por todo o seu corpo.

Quando não foi mais possível que continuassem, eles se separaram e Gilbert lhe disse, observando seu rosto corado e seus olhos brilhantes:

-Embora não esteja em nosso contrato, eu não vou te pedir desculpas por isso, nem que você implore.

-Eu não vou.- ela disse, um pouco envergonhada por ter se deixado levar mais uma vez.

-Então, vamos voltar para dentro antes que eu perca o pouco de juízo que me resta. - Anne assentiu, e segurando na mão dela, seguiram o mesmo caminho que Cora e Walter tinham feito antes, enquanto Anne olhava para seus dedos entrelaçados nos de Gilbert e pensava, no quanto eles se encaixavam tão bem daquela maneira.


Olá, pessoal. Mais uma vez peço pela demora. Meu tempo está muito curto por conta do trabalho, e logo estarei de férias, e poderei atualizar as fics maus rápido. Espero que apreciem o capítulo e me deixem seus votose opiniões como incentivo.Beijos e muito obrigada por lerem.

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