Capítulo 14- O vestido de noiva
Anne olhou para o seu relógio de pulso, e percebeu que já passara da hora de ir para casa. Ela e Cole se reuniram depois da faculdade para criarem os panfletos da próxima passeata, da qual ela tinha a intenção de participar dessa vez sem a interferência de Gilbert Blythe. Ele a colocara em uma situação difícil com Cole, a quem realmente decepcionara em seu último projeto juntos, e não o faria novamente. Não deixaria de lado seus ideais pessoais por conta de um casamento que lhe fora imposto. Gilbert não podaria suas asas, por mais que desejasse ter sobre a vida dela algum controle.
Não pedira para casar com um Blythe. Na verdade, nunca pensara em se casar, e se ele a escolhera deveria saber de todo o pacote que viria junto com essa sua escolha. Ela era uma pessoa, não um robô, e sabia o que queria para si mesma muito antes de entrar na vida adulta. Se Gilbert a desejava como esposa, teria que arcar com as consequências desse desejo, e aceitar quem ela era sem enchê-la de condições impossíveis.
Afinal de contas aquele casamento não fora feito para durar. Como poderiam construir alguma coisa, se tudo aquilo tinha prazo de validade? Anne ainda não queria se envolver emocionalmente com Gilbert, pois no período de cinco anos aquilo tudo terminaria e só lhe sobraria um coração magoado, se não tomasse cuidado com suas emoções.
“Então, por que o beijou?” – uma voz gritou dentro dela, e era uma pergunta que queria ignorar. Poderia dizer que fora por conta de tristeza dele ao lhe contar a história do pai, ou simplesmente por que o acidente na praia a deixara de miolo mole, e sucumbira ao momento, mas nada a convencia e não conseguia negar que os lábios de Gilbert eram o melhores que já havia provado.
-Anne, o que está acontecendo com você hoje?- ela ouviu Cole lhe perguntar, assustando-a momentaneamente.
-Por que?
-É o terceiro cartaz que erra ao escrever nele. Pode me contar o que está tirando a sua concentração?- Anne o olhou sem jeito, e se perguntou se teria coragem de dizer que os lábios de um certo rapaz eram a causa de seu alheamento. Em pouco tempo, chegou a conclusão que definitivamente não era uma boa ideia confessar com todas as letras que havia sim algo em Gilbert que lhe virava a cabeça. Por isso, decidiu que faria qualquer coisa para manter aquela boca longe da sua.
-Não tem nada tirando minha concentração. Apenas não prestei atenção suficiente no que estava fazendo, mas lhe dou a minha palavra que mais nenhum erro será cometido.- Anne disse, irritada consigo mesma por aquele deslize.
Seus sentimentos adversos por Gilbert estavam conseguindo tirar seu foco de algo que era importante para ela, e por conta disso não conseguia se entender. Havia momentos que queria socar Gilbert pela maneira como agia com ela, e em outros sentia por ele uma ternura imensa.
De certa forma, fora chocante saber a verdade sobre sua relação com o pai, e pela primeira vez percebeu o quão solitário ele era dentro de sua própria família. Fora isso que mexera com ela, tocando seu coração a ponto de fazer o que fizera. Um beijo assim não devia significar tanto, ou será que estava errada?
-Acho que terminamos por hoje, Anne. Vai mesmo participar da passeata dessa vez?- Cole perguntou, ajudando-a a organizar os cartazes que seriam usados dali a dois dias.
-Sim, pode contar comigo.
-E seu noivo? Lindy me disse que ele não aprova muito essas suas atividades. – Cole a questionou, e Anne se aborreceu com a amiga por ter mencionado aquele fato ao rapaz.
-Já conversei com ele sobre isso, e está tudo bem.- ela mentiu. Não ia permitir que seu noivo interferisse em seus assuntos, especialmente nesse que não tinha nada a ver com ele.
-Se você diz que não vai ter problema, vou te esperar na praça principal do centro de Nova Iorque daqui a dois dias. Mas ainda temos alguns detalhes para acertar. – o rapaz disse, enrolando os cartazes cuidadosamente.
-Você poderia ir à minha casa amanhã à tarde, assim poderemos resolver tudo o que está pendente.- Anne sugeriu.
-Boa ideia. Estarei lá às duas horas. Está bom para você?
-Está sim.- Anne respondeu, acompanhando o rapaz até a saída da faculdade, onde se despediram com um abraço carinhoso.
Quando Anne estava se encaminhando para o ponto de ônibus, pois aquela hora não havia nenhuma van que pudesse pegar para ir para casa, ela ouviu alguém a chamar, e ao se virar, surpreendentemente viu Phillip caminhar em sua direção.
-Quer uma carona para casa?- a pergunta do rapaz lhe soou estranha, uma vez que ele não falava com ela a quase um mês.
-Não sei se é uma boa ideia. Faz um mês que sequer fala comigo e agora quer me levar para casa. Não sei o que isso pode significar. – ela disse com sinceridade, pois precisava entender o que se passava na cabeça de Phillip.
-Eu estava zangado porque você sabia o que eu sentia por você, e nunca me deu uma chance. Então, de repente apareceu com um noivo a quem nunca ouvi você mencionar antes, e me senti rejeitado.
-Nunca te dei esperança, Phillip. Eu sempre te considerei um amigo, e pensei que nossa amizade fosse forte o bastante para durar, mas com sua atitude você me provou que não significava o mesmo para você. – Anne respondeu, triste com aquela situação. Não queria que Philip se sentisse magoado, mas não fora culpa dela. Ele criará fantasias em sua cabeça acerca dos dois, e depois se decepcionara com a realidade da situação, portanto, Anne não tivera nenhuma participação naquilo.
-Eu sei, Anne. Por isso estou aqui. Quero reatar nossa amizade, e te pedir desculpas pelo meu comportamento nos últimos tempos. Será que consegue me perdoar?- Anne sentiu sinceridade nas palavras do rapaz , por isso não viu motivos para não fazer o que ele estava lhe pedindo.
-Está bem, podemos ser amigos de novo.- por fim ela respondeu.
-Muito obrigado, Anne. Eu posso mesmo te dar uma carona para casa se quiser. – Phillip tornou a oferecer.
-Eu aceito, pois meu ônibus ainda vai demorar a passar e tenho muitas coisas para estudar para a prova de amanhã. – Anne respondeu, seguindo o rapaz até o carro que estava estacionado em frente à faculdade.
Naquela mesma manhã, Gilbert estava momentaneamente cansado. Acabara de fazer uma visita a um cliente com o qual tivera uma reunião bastante longa e estressante, e estava voltando para o escritório onde com certeza milhares de problemas a serem resolvidos o esperavam.
Para piorar seu ânimo, o trânsito estava infernal, e preso em um engarrafamento que lhe dava muito tempo para pensar. Automaticamente, ele pegou o celular, onde em sua galeria de fotos havia uma de Anne que ele tirara sem ela perceber no dia que estavam na praia. Ela estava sentada na areia, e fitava o mar como se quisesse desvendar todos os seus mistérios, enquanto o sol brilhava em seus cabelos ruivos.
Aquilo era como uma pintura, e se ela não ficasse zangada com ele, até mandaria emoldurar e colocar como um quadro em seu apartamento, mas duvidava que ela iria aprovar tal ato. Anne ainda se mostrava bastante resistente a desenvolver um relacionamento amigável com ele, pois a sua raiva a fazia se lembrar do que Gilbert fizera com Walter, e ela mantunha essa lembrança fresca em sua memória, o que a mantinha totalmente longe dele.
Entretanto, por mais que as coisas estivessem contra ele, Gilbert se sentia bem ao lado de Anne. Fora bom se abrir com ela sobre o passado de seu pai, algo que nunca fizera nem com seus amigos mais próximos. Anne era uma boa ouvinte, e parecera-lhe natural falar tudo que estava em seu coração. Era como se sentisse lá no fundo, que somente ela compreenderia o que acontecia entre ele e seu pai.
Então, ela o beijara, e mesmo parecendo-lhe algo inesperado, Gilbert não quisera se prender ao motivo do que Anne fizera. Talvez tivesse sido por compaixão, por consideração ou simpatia, mas o afetara do mesmo jeito, e desde aquele dia isso não saia de sua cabeça. Gilbert estava se apegando a ela, e não podia deixar que aquilo continuasse , pois no final de toda aquela história não queria sair ainda mais destruído do que entrara nela.
Fizera aquilo, porque John Blythe o forçara, e às vezes questionava se a razão que o pai lhe dera para desejar que ele se casasse era mesmo verdadeira, ou ele queria apenas castigá-lo por Gilbert ter saído da linha, provando que John não podia mais controlá-lo como fizera no passado.
Quase meia hora preso em um engarrafamento medonho fez Gilbert sentir-se tão entediado, que a ideia de passar horas dentro de um escritório não era nem um pouco atraente. Mas como não tinha escapatória, o rapaz continuou dirigindo até que percebeu que estava na rua da faculdade de Anne. Distraidamente, o rapaz olhou para fora e a cena a se desenrolar ali o fez ficar em alerta.
Anne estava entrando no carro de um rapaz que lhe era vagamente familiar, e como era bom fisionomista, Gilbert se lembrou que era o rapaz que o tinha encarado no dia em que viera buscar sua noiva na faculdade. Seu maxilar se travou instantaneamente, enquanto ele observava a ruivinha se sentar ao lado do motorista, ter problemas com o cinto de segurança, e o rapaz se inclinar sobre ela para ajudá-la.
-Não estou com ciúmes. – ele disse a si mesmo ao notar a própria tensão nos ombros.- Anne tem o direito de pegar carona com quem quiser. É isso que diz o contrato. Estamos noivos, mas podemos ter nossas vidas paralelas. Ela não precisa me contar o que está fazendo com aquele cara na saída da faculdade. – ele repetiu várias vezes a mesma coisa, como se precisasse se convencer daquilo.
Quando Phillip começou a dirigir, ele os seguiu a uma certa distância, continuando a dizer que era apenas por precaução por não confiar no rapaz, mas assim que o amigo de Anne parou em frente à casa dela, Gilbert prendeu a respiração ao ver os dois conversando animadamente dentro do veículo, e só quando Anne desceu do carro, e se despediu com um aceno apenas, ele voltou a respirar normalmente, se sentindo ridículo pelo que acabara de fazer.
Assim, ele voltou para o escritório, tentando encontrar uma razão para ter espionado Anne descaradamente. Nunca fizera isso com namorada nenhuma, por que com ela tudo tinha que ser diferente? Ela acabava com sua sanidade, fazendo-o se comportar como um homem inseguro , e morrendo de medo de perder a noiva para um cara qualquer. Anne devia ter um clube de admiradores naquela faculdade, e fora dela também. Ele ainda se lembrava dos olhares de Sean sobre ela na reunião de amigos, e na praia, e ele não deveria ser o único.
-Por que isso te importa, Gilbert?- o rapaz disse em voz alta, assim que entrou em sua sala na empresa do pai.
-Falando sozinho, Blythe?- Moody disse, quase matando o rapaz de susto que não tinha visto o amigo sentado em uma das poltronas de visitantes.
-O que está fazendo aqui, Moody?- Gilbert perguntou secamente, ainda abalado com toda a situação com Anne.
-Nossa, tão educado quanto um cavalo. Trocou a ferradura hoje, Gil?- Moody disse rindo, deixando Gilbert sem jeito.
-Desculpe, estou irritado e a culpa não é sua. Fiquei preso em um engarrafamento enorme, e depois...- ele se interrompeu antes de confessar a real causa de seu destempero.
-E depois?- Moody insistiu.
-Isso não vem ao caso. Precisa de alguma coisa, Moody?- Gilbert perguntou calmamente.
-Eu queria te fazer um pedido. Quais as chances de você convidar a Anne para sair e ela levar a Ruby junto?- o rapaz o interrogou Gilbert, parecendo ansioso pela resposta do amigo.
-Está interessado na garota. – Gilbert deduziu.
-Sim, mas quero que saiba que as minhas intenções são as melhores possíveis.- Moody garantiu, ao ver o olhar que Gilbert lhe lançou.
-Espero que seja mesmo, ou Anne acaba com sua raça. – Gilbert disse rindo.
-E então. Acha que consegue convidá-la para sair no fim de semana?
-Sim, mas não hoje. Tenho que terminar um relatório para meu pai, por isso vou trabalhar em casa até tarde. Pode ser amanhã?- Gilbert respondeu, fazendo uma careta. Detestava quando tinha que levar trabalho para casa, mas naquele caso não teria escolha.
-Está ótimo. Nos falamos amanhã. Vou deixar você trabalhar, pois já vi que está muito ocupado.- Moody apontou para a pilha de papéis em cima da mesa do amigo.
-Certo.- Gilbert respondeu, observando Moody ir embora, e voltando toda a sua atenção para o trabalho à sua espera.
No dia seguinte, como combinado, Anne e Cole foram para a casa dela logo depois da faculdade. Queriam terminar de discutir sobre a organização da passeata que fariam dali a um dia. A maioria dos detalhes já haviam sido discutidos, e faltavam apenas um item ou dois para serem decidido por eles. Assim que pisou em casa, e levou o amigo para seu quarto para começarem a trabalhar em suas ideias, seu pai apareceu e perguntou:
-Posso falar com você um minuto?
-Claro, papai. É uma conversa particular?
-Não, na verdade eu queria apenas te dizer que como o pai de Gilbert quer ficar responsável por toda a organização de sua festa de casamento, eu quero também dar minha contribuição. Vou te dar de presente o vestido de noiva.- Anne o olhou surpresa, pois ainda não tinha pensado sobre aquilo. Nunca pensara em si mesma em um vestido branco, véu e grinalda, e parecia algo tão distante dela que não tinha se preocupado com o assunto. Mas de qualquer forma teria que escolher logo um modelo, pois seu casamento estava cada vez mais próximo, e não poderia adiar a escolha do vestido por nais tempo.
-Está bem.- ela respondeu, sentindo-se estranha por constatar que aquele casamento ia mesmo acontecer, por mais que tivesse esperanças de que um milagre a salvasse dele.
-Por isso pedi para Diana sair mais cedo do trabalho hoje. Ela vai te acompanhar até o shopping onde ela disse que tem uma loja especializada em vestidos de noiva.
-Obrigada, papai.- Anne disse, sentindo o alívio encher seu peito, por não ter que ir sozinha em busca de um vestido que não tinha a menor ideia de como seria. Ela não entendia nada daquele assunto, e por isso, ter Diana em seu auxílio era um fato reconfortante. A irmã sempre fora ligada em moda, enquanto Anne nunca tivera nenhuma aptidão para isso.
-Eu é que agradeço, por tudo.- Walter disse, olhando a filha com amor, e depois saiu, deixando Cole e Anne sozinhos.
-Então vai mesmo se casar.- Cole disse sorridente.
-Sim. – Anne respondeu, um tanto desconfortável por conta daquela situação, mas logo em seguida teve uma ideia.- Quer ir também? Você sempre teve bom gosto para roupas, acho que gostaria de sua opinião sobre o meu vestido.
-Eu posso?- o rapaz perguntou, encantado com o convite.
-Claro que pode. Assim que Diana chegar, podemos ir em busca do meu vestido de noiva. – Anne disse sorrindo, tentando parecer mais feliz do que realmente se sentia.
-Feito!- Cole disse com animação.
Diana chegou um tempo depois e encontrou Anne a sua espera junto com Cole.
-O papai falou com você?- ela perguntou à sua irmã mais nova.
-Sim.
-Já tem em mente algum modelo de vestido? – ela perguntou, colocando sua bolsa em cima da cadeira da cozinha.
-Não faço ideia. Espero que você possa me ajudar, pois nunca vou saber escolher um vestido de noiva digno de um casamento com Gilbert.- Anne respondeu, sentindo a ansiedade atingi-la naquele instante.
-Não se preocupe, querida. Eu vou ajudá-la.- Diana disse, acariciando o rosto de Anne com carinho.
-Cole vai com a gente. Tudo bem?
-Sim. Uma opinião a mais é sempre bem vinda. Vou trocar de roupa e então podemos ir.- Diana anunciou, caminhando para seu quarto, e voltando dez minutos depois pronta para sair com Anne e Cole.
Walter os deixou no shopping, e assim que alcançaram as dependências principais do lugar, Diana levou Anne direto para uma das lojas mais famosas de noivas que havia por ali. Logo que entraram, uma vendedora se prontificou a mostrar a elas os modelos mais elegantes, e em meio a tanto cetim e tafetá, Anne não fazia ideia do que escolher. Ela olhou para Diana e depois para Cole, que pressentindo sua indecisão disse:
-Vamos experimentar um a um, minha amiga e escolher um vestido que seja absolutamente perfeito para seu grande dia.
Enquanto isso, o noivo em questão se dirigia para a casa da ruivinha, dizendo a si mesmo que estava fazendo aquilo, porque Moody lhe pedira, pois não queria admitir que estava louco para ver Anne nem que fosse por cinco minutos.
Quando tocou a campainha, Ruby surgiu com um livro na mão e lhe sorriu de forma radiante.
-Gilbert, você por aqui? Veio procurar a Anne?
-Sim, ela está?- o rapaz, perguntou, calculando que aquela hora, a ruivinha já tinha chegado da faculdade.
-Não, ela foi ao shopping com a Diana e um amigo dela para escolher o vestido de noiva.
-Que amigo?- ele perguntou, pois aquilo foi a única coisa que registrou de toda a frase falada por Ruby. Seria possível que ela estaria de novo com o rapaz da faculdade?
-Cole. Ele estuda com ela no mesmo campus.- Ruby explicou, e como Gilbert não sabia o nome do rapaz do outro dia, ele perguntou:
-Sabe para qual loja eles foram?
-Não. A única coisa que sei é que uma das lojas de noiva do shopping do centro.- Ruby respondeu, observando Gilbert caminhar apressadamente de volta para o carro.- Quer que eu ligue para a Anne e a avise para te esperar em algum lugar?
-Não precisa. Eu a encontro.- Gilbert disse, arrancando com o carro, e dirigindo o mais rápido possível até o shopping do qual Ruby lhe falara.
Ele deixou o carro no estacionamento, e se dirigiu até a loja que imaginava que Anne estaria, e percebeu que tinha acertado na mosca, quando perguntou à vendedora que o atendeu:
-Estou a procura de minha noiva. Poderia me dizer se ela está aqui? Ela é ruiva e tem lindos olhos azuis.
-Ela está sim. Quer que eu mande chamá-la?- a moça disse solícita.
-Não é necessário. Só me diga onde ela está.- o rapaz, respondeu com impaciência.
-Ela está na segunda porta à esquerda. Mas não creio que seja uma boa ideia que vá até lá, pois sua noiva está experimentando o vestido da cerimônia de casamento.
-Quem disse?- Gilbert disse rumando para onde Anne estava, sem dar importância à vendedora que corria atrás dele, dizendo desesperada:
-Senhor, espere!
Gilbert encontrou a sala com facilidade, e logo bateu na porta várias vezes, esperando que Anne viesse atendê-lo, mas foi um rapaz, loiro que a abriu, fazendo Gilbert perguntar confuso:
-Quem é você?
-Sou Cole, amigo da Anne.- mais um? Gilbert perguntou mentalmente. Aquele não era o rapaz, que esperara encontrar com Anne, pois o outro amigo era moreno e alto, e esse era de estatura mediana e tunha pele clara.
-Eu sou o noivo dela. Por favor, pode chamá-la? Preciso falar com ela.- Gilbert pediu, tentando ver o que estava acontecendo naquela sala, mas a presença de Cole atrapalhava-lhe toda a visão.
-Sinto muito, mas ela está experimentando o vestido de noiva.- Cole o informou, fazendo Gilbert dizer:
-Tudo bem. Se ela não pode vir até aqui, eu irei até ela.
-Ficou maluco? Não sabe que o noivo não pode ver a noiva com seu vestido de casamento? Dá azar.- Cole disse, olhando para Gilbert, parecendo assustado.
-Quem acredita nessa crendice? Isso não é verdade.- Gilbert respondeu, quase rindo da ingenuidade daquele rapaz.
-Eu acredito , e aposto que Anne também, então, você não pode entrar.- Cole disse com a voz um pouco mais dura que antes
-Quem pensa que é para me impedir de alguma coisa? Eu vou ver minha noiva e ninguém vai me impedir.- Gilbert disse, tentando entrar, mas Cole de novo o barrou.
-Vai vê-la daqui a pouco. Agora você não pode.
-Por que se acha tão importante assim que pode estar aí com Anne, enquanto eu estou aqui do lado de fora? – Cole riu da cara de bravo de Gilbert, e para apaziguá-lo, colocou a mão no ombro dele e disse:
-Calma, Sr. Blythe. Eu estou aqui como amigo, não sou nenhuma concorrência para o senhor. – Gilbert percebeu a maneira como que o rapaz o estava encarando, e entendeu imediatamente o que Cole quis dizer. Envergonhado, ele respondeu:
-Me desculpe. Não quis ofendê-lo. Vou esperar Anne na recepção. – Gilbert deu as costas para Cole e caminhou de volta a entrada da loja, se sentindo um verdadeiro idiota pela cena que protagonizara com o amigo de Anne. Cada coisa que aquela ruivinha o forçava a fazer. Estava ficando louco, só podia ser essa a explicação para tal comportamento descontrolado.
Não demorou muito, e Anne apareceu com Diana e Cole . A morena se aproximou do rapaz, lhe deu um beijo no rosto e disse:
-Que surpresa boa.- Gilbert sorriu , enquanto Anne o encarava com certa ironia e lhe perguntou:
-Como sabia que eu estava aqui, Blythe?
-Ruby me contou. Fui até sua casa para falar com você, e ela me disse que tinha vindo para cá com Diana e um amigo.- Gilbert respondeu, ainda sem coragem de encarar Cole, por conta do que tinha acabado de acontecer.
-E por que queria falar comigo?
-Depois eu te conto. Estão com fome? Tem uma lanchonete ótima aqui perto.- ele sugeriu, e Diana respondeu:
-Acho que um sorvete cairia bem.
-Eu concordo. – Cole disse com entusiasmo.
-E você, Anne?- Gilbert perguntou, encarando os olhos azuis de sua noiva.
-Tudo bem.- ela respondeu, mas na verdade estava pouco interessada no sorvete, mas muito intrigada pela presença do rapaz, ali.
Deste modo, foram até a sorveteira onde Gilbert comprou para cada um seu sabor favorito, e enquanto Diana e Cole procuravam um lugar para se sentar, ele perguntou a Anne:
-Podemos dar uma volta?
-Podemos sim.- Anne assentiu.
Eles caminharam alguns passos, e Gilbert disse:
-E o vestido de noiva? Vai me mostrar?
-Não seja curioso, Blythe. Vai vê-lo no dia do casamento. - ela respondeu quase bufando, o que deu espaço para Gilbert acrescentar:
-Acho que devo desculpas a seu amigo. Fui um pouco indelicado com ele.
-É, ele me contou. – Anne respondeu sem encará-lo diretamente.
-Eu não sabia que ele era....
-Gay?- Anne completou com certo ar de riso.
-É isso aí. – Gilbert concordou.
-Então ficou com ciúmes. – Anne o provocou.
-Eu não fiquei com ciúmes.- Gilbert disse, protestando.
-Ficou sim. Pode admitir. Você morre de ciúmes de mim.- Anne disse, continuando a brincadeira.
-Para de me alugar, ruivinha. Ou também vou acreditar que gosta de mim.- Gilbert disse, colocando uma porção de sorvete na boca.
-Não gosto não, mas se me der parte do seu sorvete, talvez eu mude de ideia. - ela afirmou, fazendo o rapaz rir e responder :
-Eu sabia que estava de olho no meu sorvete. Minha noiva é uma garota gulosa, como não percebi?- os olhos brilhando de Gilbert fizeram Anne perceber que estava de novo se aventurando em águas perigosas, mas será que seria tão mal assim se deixar levar só um pouquinho?
-Por que veio até aqui? Você disse que precisava falar comigo. – ela disse de forma mais séria agora.
-Não é nada demais, eu queria saber se aceita sair comigo no sábado a noite? – ele perguntou de forma neutra.- Pode levar quem quiser. – ele acrescentou, não querendo parecer óbvio, o que aconteceria se mencionasse o nome de Ruby naquele instante.
-Tudo bem.- Anne aceitou sem questionar. Se podia levar mais gente com eles, não via nenhum perigo no convite, por isso se sentia segura em tomar aquela decisão sem hesitar, ela pensou distraidamente.
De repente, a ruivinha sentiu algo gelado no seu nariz e perguntou surpresa:
-Ei, o que pensa que está fazendo?
-Chamando sua atenção, pois de repente parece que se distanciou de mim. – Gilbert respondeu.- Pode deixar que eu limpo.- ele lhe assegurou, e com cuidado, passou a pontinha da língua no creme gelado, levando o coração de Anne junto. Santo Deus! Ele ia acabar com ela assim. Queria mantê-lo longe, mas Gilbert insistia em se aproximar, e aquele maldito charme a fazia desejar algo que não devia. Ela decidiu não o encarar, pois sabia exatamente o que veria nos olhos castanhos. Porém Gilbert não estava disposto a deixá-la escapar, e para provocá-la, ele passou o sorvete nos lábios dela, e quando Anne ia protestar, o rapaz capturou sua boca em um beijo quente, que a fez se agarrar a ele sem conseguir se esquivar ou rejeitá-lo. Ele beijava tão bem que era impossível não querer mais, e por isso ela entreabriu os lábios, e deixou que Gilbert explorasse sua boca de um jeito que nunca fizera antes. Quando estava a ponto de perder a cabeça, ela o empurrou e disse ofegante:
-O que eu disse sobre me beijar?
-Mas você não falou nada sobre beijos roubados, noivinha.- Gilbert respondeu com um sorriso tão espontâneo que a fez sorrir também e dizer:
-Está bem, mas não faça mais isso.
-Eu prometo. – ele respondeu e continuaram a andar pelo shopping lado a lado, mas o que ela não viu foi os dedos de Gilbert que ele disfarçadamente colocara atrás das costas, invalidando totalmente a promessa que acabara de fazer.
olá, espero que apreciem esse capítulo e me deixem seus comentários e votos como incentivo. Beijos e obrigada por lerem.
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