especial: final alternativo.
Abraçado a um de seus travesseiros prediletos, Sunghoon sentia seu rosto quente e os olhos ardentes. Levantou sua face minimamente e abriu seus olhos devagar, os sentindo úmidos. A fronha estava encharcada com lágrimas, o que provava que, mesmo dormindo, não conseguiu conter o choro.
Sentou-se na cama e respirou fundo. Não deveria estar tão triste, Sunoo estava vivo, afinal. Teve sucesso na sua missão, mas por que sentia como se tivesse fracassado? A resposta era óbvia, mas Sunghoon fingia não saber.
Sunghoon novamente puxou o ar para seus pulmões. Precisava ir à escola, não tinha tempo para perder remoendo sua história impossível de amor. Doía, mas não tinha o que fazer. Pelo menos, ainda tinha uma pequena lembrança que provava que havia sido real.
Deixou a polaroid que ganhou de seu tio em sua escrivaninha um pouco antes de deitar-se para dormir. Sunghoon procurou avidamente pela foto, e lá estava ela; no entanto, havia algo de errado. Confuso, olhou para a polaroid, virou-a, e chegou a fechar os olhos, achando que era coisa da sua cabeça. No entanto, estava vendo perfeitamente certo. Nem a mensagem de Sunoo, ou sequer a foto eram as mesmas. Na imagem, estavam seu tio e um outro garoto, e atrás dizia somente: "Feliz aniversário, Park Daesung". O último resquício que provava a sua ida ao passado desapareceu completamente. Isso significava que... Fora tudo um sonho?
Sunghoon pulou da cama e correu degraus abaixo. Não podia ser, não conseguia acreditar. A única coisa que o confortou na noite anterior foi saber que realmente conheceu Kim Sunoo. Com a polaroid quase amassada entre os dedos, Sunghoon chegou ao encontro de seu tio, que estava comendo seu café da manhã como todos os outros dias normais.
──── Tio... ── falou já um tanto ofegante.
──── Sunghoon? ── Daesung soltou a caneca devagar, enquanto encarava seu sobrinho com um semblante preocupado. ──── O que aconteceu?
O garoto ajeitou a foto em suas mãos e ergueu-a para Daesung, quase grudando-a no rosto de seu tio. Daesung afastou a cabeça e estreitou os olhos para conseguir ver melhor o que Sunghoon estava tentando mostrar.
──── Ah! A polaroid que te dei noite passada. Bonita, não é?
──── Sim, mas... na noite passada você me deu outra polaroid, não era essa!
Daesung tirou a foto das mãos do sobrinho e a observou melhor, balançando levemente a cabeça em confirmação.
──── É sim. Eu te disse de quando eu e meu melhor amigo de infância, Lee Heeseung, fomos patinar no dia do meu aniversário ── Explicou-se, apontando para o lado oposto da fotografia. ────, e atrás a mensagem que ele escreveu para mim. Como assim, "não é essa a foto"?
Sunghoon calou-se, um pouco atordoado com as recentes informações. Suas memórias estavam confusas. Ao mesmo tempo em que não se esquecia da semana que viveu no passado, começava a se lembrar do que realmente tinha acontecido no dia anterior.
Seu tio não o levou para testar uma máquina do tempo, ele levou-o para testar um tal de carro voador que claramente daria errado. Daesung sempre foi um péssimo inventor. Depois daquilo, foram tomar sorvete e voltaram para a casa dos pais de Sunghoon, e o assunto sobre viagem do tempo veio:
──── Tio, já pensou em inventar uma máquina do tempo? Como aquelas dos filmes?
Daesung coçou a cabeça, não compreendendo muito bem o porquê da pergunta do garoto.
──── Já, várias vezes. Eu tive um diário onde eu desenhava coisas do tipo, mas já perdi há anos... ── Suspirou e abriu um pequeno sorriso. ──── Mas se eu pudesse criar tal máquina, eu mudaria algo do qual eu me arrependo até hoje.
──── O que?
──── Hoje já está tudo resolvido, felizmente, mas eu poderia ter feito melhor naquela época. Fui um idiota. ── Parecia sério com o que iria falar, intrigando o sobrinho. ──── Eu tenho um velho amigo, ele se chama Lee Heeseung. Éramos inseparáveis quando jovens, mas um dia eu pisei na bola.
──── Como assim? Mas você se desculpou, não é?
──── Heeseung foi apaixonado por mim, mas eu não correspondia aos sentimentos, e ainda por cima, fui preconceituoso quanto à sexualidade dele. Ele ficou devastado na época, e isso nos afastou drasticamente. Por sorte, ele encontrou alguém e foi feliz. Eu me desculpei, mas já era tarde demais, nunca mais voltamos ao que éramos antes.
Sunghoon ficou quieto depois de ouvir aquela história, sem saber se deveria confortar seu tio. Ele havia sido a pessoa errada no final das contas, não merecia compaixão por ter deixado seu velho amigo por algo tão estúpido.
──── Eu acredito que depois de ouvir essa história, a imagem que você tem de mim tenha mudado, mas as pessoas mudam. Não posso apagar meu passado, mas não irei mais cometer o mesmo erro. ── Daesung colocou a mão sobre o ombro de Sunghoon e lhe deu um sorriso reconfortante. ──── Quer ver uma foto nossa? Está velha, mas eu gosto muito.
──── Tudo bem.
Foi assim que Sunghoon colocou suas mãos naquela polaroid antes de subir para seu quarto e adormecer. Assim, tudo o que viveu não passou de um simples sonho. Sunghoon, após se recordar do que realmente havia acontecido, sentou-se na cadeira ao lado de seu tio, em completo choque.
──── Sunghoon, você realmente está bem? Tem certeza? ── Daesung estava preocupado, Sunghoon não tirava os olhos da garrafa de café.
──── Tio. ── Chamou, virando o rosto para encará-lo nos olhos. ──── Você nunca conheceu um Kim Seonwoo?
Daesung fez o seu melhor para procurar aquele nome em sua memória, mas nada parecia assemelhar-se.
──── Desculpa, Sunghoon, mas eu nunca conheci um Kim Seonwoo.
⏳
Ainda era difícil acreditar. As memórias sobre Sunoo ainda estavam tão vivas em sua mente, e Sunghoon fazia questão de se lembrar a todo momento de seu rosto para não esquecer em meio a tantos pensamentos.
Sabia que um dia teria que superar, mas não esperava que tivesse que ser tão cedo. Seu pai, que costumava o deixar na entrada da escola todas as manhãs, não pôde deixar de notar o desânimo do filho e tentou questioná-lo sobre, mas Sunghoon sempre cortava o assunto.
Não tinha como explicar a seu pai, que havia se apaixonado por alguém que criou em sua própria cabeça.
Um pouco cedo, chegou à escola como sempre fazia. A carona era boa, mas vinha como consequência, ter que acordar mais cedo do que o normal. Sunghoon subiu a longa escadaria até os corredores de armários, para assim pegar os livros
necessários para o dia.
Em seus fones de ouvido, escutava alguma música aleatória de sua playlist, alta o bastante para que afastasse os seus pensamentos, no entanto, não era alta o bastante para silenciar a conversa que fluía entre um grupo de garotos a alguns armários de distância.
Sunghoon não conseguia pegar muitas das palavras, mas sabia que não estavam em concordância; era claramente um confronto. Um tanto curioso, virou-se na direção dos garotos, apenas para perceber que as coisas estavam começando a ficar feias.
Iria se virar de volta, pois não queria intrometer-se e acabar com um braço quebrado. No entanto, ouviu uma voz familiar.
──── Me deixem em paz. Eu falei nada de errado... ── Resmungou a voz, que parecia ser da vítima do confronto, devido ao tom assustado.
Não podia ser... além de seu sonho, estava delirando, mas sua curiosidade não o deixaria não checar para ter uma confirmação. Sunghoon chegou mais perto, tentando achar um ângulo em que pudesse ver o rosto do dono da voz.
Seus olhos arregalaram e seu corpo simplesmente travou. Ali, diante de seus olhos, estava Kim Seonwoo, exatamente como se lembrava. A única diferença era o seu cabelo cor-de-rosa, que era um pouco mais comprido do que costumava ser. Ficou alguns segundos inteiros sem mover um músculo, apenas o encarando desacreditado, o que logo chamou atenção do grupo de garotos que estava brigando com Sunoo.
──── Ei, o que você quer?! ── Um deles, o qual Sunghoon já conhecia de vista pela escola, aproximou-se com uma postura intimidadora. ──── Vai defender a bichinha?
Sunghoon acordou de seu transe com uma piscada de olhos. Aquela situação era ridiculamente familiar. Os olhos estavam todos grudados em si, provavelmente não esperariam por uma resposta por muito tempo. Até mesmo Sunoo o encarava assustado, mesmo que tivesse vergonha de pedir ajuda.
Era triste pensar em como a mesmíssima situação estava acontecendo 40 anos depois, mesmo com tanta luta, aquilo ainda era recorrente. Sunghoon respirou fundo e não pensou muito diferente do que da última vez em que esteve diante daquele evento.
Avançou o mais rápido possível até Sunoo, agarrou-o pelo pulso e saiu correndo. O barulho de passos atrás logo pôde ser ouvido, mas Sunghoon não entrou em pânico. Não sabia exatamente para onde iria, o que não era um bom sinal, mas algo muito melhor estava acontecendo.
Estava segurando o pulso de Kim Sunoo, de alguma forma. Não tinha como não ser ele.
──── Para onde estamos indo? ── Indagou Sunoo, ofegante ao tentar acompanhar o ritmo de Sunghoon.
──── Confia em mim. ── Foi a única coisa que conseguiu dizer, mesmo que não fosse carregada de certeza.
Sunghoon estava correndo sem rumo e sorrindo como bobo, como se não houvesse perigo. No entanto, precisava arranjar uma solução rápida, e aquele corredor contínuo de salas fechadas devido ao horário, não ajudaria. Até que Sunghoon tem uma ideia, pois nem todas as portas estavam fechadas.
──── Por aqui! ── Gritou na emoção, e abriu a porta com um forte empurrão.
Assim que entraram, os passos cessaram completamente do lado de fora, o que fez Sunghoon estranhar um pouco.
──── Será que eles desistiram? ── Murmurou olhando para Sunoo, e ele estava ali mesmo, de cabelo rosa. Estava ainda incrédulo e ofegante.
──── Eu acho que sei porque eles desistiram. ── Falou meio sem jeito. ──── Os banheiros da esquerda são os femininos...
──── São o que?! ── repetiu o maior, não conseguindo pensar direito.
Um barulho de passos veio do outro lado da porta, que ameaçou abrir, assustando os dois garotos. Sunghoon só conseguiu pensar em uma coisa, e Sunoo pareceu entender a ideia com facilidade.
Sunghoon abriu a porta de uma das cabines e os dois entraram rapidamente, por pouco não foram vistos pelas pessoas que entraram.
──── Ah, por que não consigo amarrar meu cabelo direito? ── Resmungou uma voz, que soava feminina.
──── Tenta amarrar de outro jeito. ── respondeu outra voz, também classificada como feminina pelo tom levemente agudo e doce.
O coração de Sunghoon estava batendo muito rápido, e não somente porque há poucos segundos estava correndo, mas também porque a cabine não era muito espaçosa e seu rosto estava um pouco perto demais da parte de trás dos cabelos de Sunoo, o qual estava tentando espiar o lado de fora pela pequena fresta da porta.
──── São meninas. ── Sussurrou baixinho e virou-se para Sunghoon.
Não conseguia acreditar, o que estava acontecendo?
Imaginou, com certeza, em como seria levá-lo para 2019 durante a sua viagem, mas nunca pensou nessa como uma opção verdadeira. Os dois se encararam por alguns segundos, mas Sunoo logo desviou o olhar, sentindo suas bochechas esquentarem.
──── Obrigado por isso-
O Kim não conseguiu finalizar o que queria dizer, pois foi surpreendido com um abraço repentino. Park apertou-o com força, e pode sentir as lágrimas que tanto quis soltar de manhã quando seu tio confirmou que Sunoo era apenas um sonho.
Mas era mentira, tudo mentira! Sunoo estava ali bem na sua frente, mais real impossível. De cabelo rosa, mas estava.
──── O que foi? ── Suspirou na orelha de Sunghoon, esforçando-se para não gaguejar. Seu rosto provavelmente estava queimando. ──── Você está bem...?
──── Sim, desculpa por isso. ── Afastou-se, e limpou seus olhos.
──── Tudo bem. ── Sorriu pequeno, mesmo um pouco confuso. ──── Acho que elas já saíram. Antes de irmos... Posso perguntar o seu nome?
Sunghoon arregalou os olhos, não havia pensado naquilo. Achou que seria reconhecido, mesmo que
não fizesse sentido. É claro que aquele Sunoo não tinha lembranças do que tiveram, talvez nem tivessem a mesma personalidade. Nem mesmo fazia sentido que ele existisse. Sunghoon se limitou a sorrir sem graça.
──── Park Sunghoon.
──── A-Ah, meu nome é Kim Seonwoo, do segundo C... ── Sunoo permanecia olhando para o chão e atrapalhando-se nas palavras. ──── Te vejo por aí então... ── respondeu baixinho, sentindo o seu coração bater mais forte.
──── Sim..
Os dois deixaram o banheiro feminino, mas checaram antes pelos valentões antes. Por sorte, havia alguns protessores por perto, o que evitaria que eles agissem de forma violenta por enquanto.
O sinal tocou, e cada um precisava ir para um lado diferente. Não tinham uma razão para ficarem mais tempo juntos, então com um pequeno aceno de cabeça, separaram-se.
Até Sunghoon sentir sua blusa ser puxada.
──── Me desculpa, mas... talvez isso soe estranho... ── Riu baixinho. ────, mas eu te conheço de algum lugar?
Sunghoon virou-se para o menor.
──── Eu não acho que você irá lembrar, mas nós uma vez fomos muito próximos ── falou risonho.
──── Sério?
──── Sim, mas um dia eu precisei ir embora. Eu te deixei para trás, mas agora não há nada que me faça ir. ── Sorriu singelo, assistindo as bochechas de Sunoo ficarem da cor de seus fios.
──── Isso é algo bem destemido para dizer... ── Coçou de leve o próprio pescoço, impressionado com a resposta.
──── Acredite em mim, Sun. ── Aproximou-se, tocando a mão do Kim. ──── Se você estivesse no meu lugar, a última coisa que você teria, seria paciência.
Essa era a chance de Park concretizar o seu desejo de não ter um romance no passado, ou futuro, mas sim, no presente.
──── Você, com certeza, fala algumas coisas interessantes, Hwang Sunghoon.
[DEFINITIVAMENTE FIM.]
demorei um pouco para trazer o bônus para fazer vocês sentirem saudades, senão qual seria a graça né?
lembrando que isso - como o próprio título do capítulo fala - é apenas um final alternativo, o que de fato aconteceu está no capítulo anterior, isso aqui foi só para conforta-los de algum jeito. De qualquer maneira, espero que vocês tenham gostado igual. 🩷
novamente obrigada por terem lido e os encontro novamente em mais alguma aventura. 🩷
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