confissão.
O rosto de Sunoo esquentou tão rápido com aquele elogio, que o garoto nem conseguiu formar uma frase direito, só colocou as mãos sobre a própria cara para não conseguir ver a encarada que estava recebendo.
Sunghoon, assim que percebeu o que tinha dito, mal se reconheceu, mas gostou desse seu eu direto. Notando o constrangimento do mais novo, levantou-se com um pouco de dificuldade.
──── O que está acontecendo aí? ── Perguntou Daesung, andando na direção dos amigos.
Sunoo descobriu o rosto e levantou-se rapidamente quando o Daesung se aproximou. Sunghoon, observando-o, podia notar que ele estava preocupado se o melhor amigo havia visto a cena.
──── Ele só caiu em cima de mim. Estamos bem. ── Respondeu, com um sorriso amarelo. ──── Você ouviu algo?
──── Não. Vocês falaram algo?
Somente uma tentativa desesperada de flerte, nada demais.
──── Não. Eu só zoei a cara assustada dele. ── Sunghoon responde, mesmo que Sunoo ja estivesse prestes a responder.
Sunoo encarou Sunghoon, meio confuso com o motivo pelo qual ele havia mentido sem saber de nada, mas lambeu seus lábios ao perceber que ele apenas não queria que Daesung sobre a sua óbvia cantada a um homem. Sua confirmação foi a piscada a qual o mais alto deu enquanto se encaravam, tal piscada que também fez Sunoo desviar o olhar. Sunghoon também era...? Não tinha certeza. Aquilo era muito pouco ainda.
──── Imagino. Você é tão alto quanto um armário, Sunoo deve ter se assustado pela própria vida. ── Brincou, fazendo os dois outros rirem.
O resto do dia no parque foi divertido para todos, e Sunghoon só tomou cuidado para não ter muito contato com seu pai, pois não seria muito bom se ele se lembrasse do rosto de um cara que se parecia exatamente como seu futuro filho caçula. Daesung deixou o irmão treinando e foi andar com seus amigos, e então criaram vários desafios para descobrir quem era o melhor. Não houve nenhuma outra queda significativa, mas todos os três caíram tanto que mal podiam contar nos dedos.
⏳
Andando de volta para a casa das duas famílias, jogaram papo fora como qualquer adolescentes. Jay já havia ido embora faz tempo. Sunoo e Daesung eram muito bons em incluir pessoas de fora em seus temas, mesmo que essa pessoa tivesse que pensar muito antes de falar para não dar spoiler do futuro. Ao chegarem mais perto do destino final, Sunoo percebe uma coisa estranha: ele não tinha a menor ideia de onde Sunghoon morava. Encarou o mais alto, que ria de uma piada de Daesung, mas logo foi notado.
──── Tem algo na minha cara? ── Tocou no próprio rosto, mais para disfarçar o rosto avermelhado.
──── Não é nada demais... É só que... Onde você mora? ── Perguntou, pensando estar sendo invasivo, mesmo que o outro já soubesse ambos os endereços dos amigos.
Daesung e Sunghoon se entreolharam, tentando pensar em alguma coisa para falar. Precisavam de alguma mentira convincente. O sobrinho foi o primeiro a pensar em algo.
──── Eu na verdade não sou daqui. Eu vim visitar com a minha família, estamos ficando no hotel... ── Olha desesperadamente para o tio, que rapidamente entende o recado.
──── D-dos Kang, sabe? ── Gaguejava um pouco, não parecia estar acostumado a mentir. ──── Eu não lembro o nome...
Sunoo parecia estar satisfeito com a mentira. Foi um alívio para os dois, mas Sunghoon ficou meio preocupado. Era assim fácil enganá-lo?
──── Sei sim. Mas se está aqui com seus pais, por que está passando seu tempo todo com a gente?
Dessa vez, Daesung pensou mais rápido.
──── Ele me disse que os pais dele estão mais aqui a trabalho, e ele veio só porque queria rever a cidade. ── Sorriu para Sunghoon, orgulhoso de sua resposta.
──── Faz sentido. Então vamos aproveitar até você ir embora, não é? ── Sorriu aberto.
──── Sim. Vamos. ── Respondeu com um leve sorriso nos lábios.
Sunoo entrou primeiro em sua casa, deixando os dois outros sozinhos. Sunghoon suspirou, cansado, se apoiando na árvore à frente da casa dos Park.
──── Onde é que eu vou dormir agora? Só tive um lugar pois o Sunoo me salvou lá. ── Resmungou para o tio, enquanto massageava o próprio pescoço.
──── Eu tenho uma ideia. Podes dormir na nossa garagem, mas vai ser em um saco de dormir e terás que acordar todo dia às 7:00 da manhã, pois meu pai sai de casa às 7:15 para o trabalho. ── Aproximou-se dando uns tapinhas nas costas do sobrinho.
Sunghoon não tinha muita opção. Era aquilo ou dormir na rua. Olhou para Daesung e suspirou, fechando os olhos, o que fez seu tio dar uma risadinha. A garagem era fria e o saco de dormir fino demais, mas teve que suportar.
⏳
──── Sunghoon! Acorda! Meu pai já vai sair! ── Falou Daesung, chacoalhando o mais novo.
Sunghoon resmungou, mas levantou logo. Aquilo ainda era a sua realidade, se tudo fosse um sonho seria bem mais prático. Suas costas doendo por causa do chão duro não estavam ajudando nada em sua vontade de ficar de pé. Amassou o saco de dormir rapidamente e o jogou em uma das caixas estocadas naquela pequena garagem, e seguiu Daesung até a porta de saída. Assim que estava fora, arrastou as costas na parede, sentando-se no chão. Seus dias não seriam nada confortáveis.
Como era segunda, os dois melhores amigos teriam aula. Começava às 8:30 e ia até às 16, então ficaria sozinho por um bom tempo. Ou seja, haveriam muitos momentos que perderia, os quais poderiam ser cruciais para a sua missão. Como não tinha como evitar, somente mataria tempo explorando o lugar, e evitando falar com as pessoas. Até agora só havia se comunicado com os dois, e tentaria não mudar isso.
De manhã, decidiu ir à biblioteca pública da cidade. Em 2019, ela estava completamente reformada, mas nos anos 80, estava rústica, mas mesmo assim parecia nova em folha. Foi direto para a seção de quadrinhos, pois depois de dormir na casa de Sunoo, acabou se entusiasmando com as histórias. Passou horas lendo, esquecendo totalmente dos seus arredores e da época. Estava tão imerso em seu mundo que nem checava o enorme relógio da biblioteca, ficando completamente alienado quanto ao horário. Quando finalmente tirou o rosto de seu décimo sexto gibi ─ que foi quando a fome bateu ─ olhou para o relógio, e espantou-se com o tempo que havia passado ali. Já era 12:15.
Deixou os quadrinhos de lado, e andou às pressas para a escola, a qual ficava à frente do parque que já haviam frequentado. Assim que aproximou-se do prédio, reconheceu os seus dois amigos, e tentou abanar sua mão para ver se eles notavam. Os dois estavam bem na porta de entrada, a qual estava aberta. Os únicos outros alunos ali perto eram uns três garotos sentados na ponta das escadas que levavam à entrada.
Os dois meninos não perceberam o sinal de Sunghoon. Pareciam estar imersos em algo que parecia uma... Briga? Sunghoon apertou os olhos e foi se aproximando, ficando cada vez mais perto. Em não muito tempo, os garotos sentados na escada foram até a dupla, e estavam chegando perto demais de Sunoo. Finalmente, pode ouvir a conversa.
──── Ah... Então você é um gayzinho de merda? ── Resmungou um dos maiores.
──── Sempre soube... E eu preocupado que você poderia roubar minha namorada... Parece que seu gosto é bem diferente, não é? ── Outro dos garotos empurra Sunoo, que bate as costas no corrimão da escada.
Oh, não, pensou Sunghoon. Sunoo havia se confessado. Só podia ser.
Daesung, como já era esperado, só estava olhando para o lado, fingindo não ver nada. O que mais temia estava acontecendo diante de seus olhos. Precisava pensar em uma solução, e rápido.
O maior deles levantou a mão. Era claro o que ele iria fazer, e Sunoo, não sabendo como defender a si mesmo, estava a ponto de deixar suas lágrimas caírem. Fechou os olhos, esperando o que estava para vir, mas nada aconteceu. Quando teve coragem o bastante para abrir de volta os olhos, só pode ver as costas familiares à sua frente. Sunghoon havia segurando a mão do valentão.
Sunghoon era mais alto que os garotos, mas mesmo assim, sua cabeça estava uma bagunça naquele momento. Estava morrendo de medo de receber porrada, pois sabia que mesmo sendo alto, não era bom de briga. Ele era apenas um adolescente antisocial, já o agressor era bem mais fortinho, mesmo que com um alguns quilos a mais. Ele encarava Sunghoon como se estivesse o convidando para uma briga de vida ou morte, e mesmo o mais novo estando morrendo de medo, não deixou sua postura cair. Precisava ser o herói de Sunoo naquele momento.
──── Tá se metendo por que? ── Soltou-se de Sunghoon. ──── Queres apanhar também?
Manteve-se calado. Não precisava tirar satisfação, precisava arranjar uma forma de fugir.
Sunoo, ali atrás, tremia suas pernas, mas não deixaria que o esforço de m Sunghoon fosse em vão. Não podia deixá-lo meter-se em uma briga que não era dele. Com a pouca coragem que restava em seu corpo e as pernas ainda trêmulas, agarrou o braço do mais alto e saiu correndo. Mesmo assustado, Sunghoon logo correu junto. Conseguiram passar pelos garotos.
Enquanto corriam, o mais velho arrumou a mão para segurar a de Sunoo, o que surpreendeu-o, mas não pode falar nada pois estavam sendo perseguidos. Daquela forma era mais confortável, de qualquer jeito. Felizmente, não demorou para que os valentões desistissem. Mais calmos, agora sem ninguém a temer, entraram em um beco entre a lanchonete e uma sorveteria.
──── Eu acho que está tudo bem agora. Eles pararam de nos seguir. ── Observou Sunghoon, virado para o lado de fora do beco. ──── Agora está...
Quando virou-se para o mais novo, deparou-se com o rosto dele coberto de lágrimas, e o som de pequenas fungadas de nariz. Sunghoon sentiu a imediata vontade de chorar também com aquela cena deplorável, mas não o faria. Soltou a mão ainda segurando a de Sunoo, e o abraçou delicadamente. No momento em que o rosto dele encontrou a camiseta surrada do mais velho, seu choro ficou mais intenso. Era possível ouvir soluços e sentir a tremedeira em que estava. Tudo que Sunghoon podia fazer era aproximá-lo cada vez mais, e acariciar seus cabelos castanhos. Sunoo estava tão sensível e indefeso naquele momento, como se seu mundo tivesse quebrado completamente.
Assim que os soluços e fungadas diminuíram, o mais alto finalizou o abraço, dando uma segunda olhada no rosto encharcado de Sunoo. Antes que o menor secasse suas próprias lágrimas, Sunghoon passou as mangas de sua camiseta pelo rosto molhado do garoto, enquanto mantia o contato visual.
Sunoo estremeceu com aquilo. Estava muito grato, mas não podia não sentir-se envergonhado com a proximidade repentina a qual haviam criado. Desviou o olhar, encarando o chão.
──── Vai ficar tudo bem. Você não fez nada de errado. ── Confortou-o, com um sorriso terno.
──── Por que fizesse aquilo? Você poderia ter se machucado. ── Resmungou, apreensivo com a pergunta.
Sunghoon suspirou, já esperava aquela abordagem.
──── Mas se eu não tivesse feito nada, você teria se machucado. ── Deu ênfase no "você". ──── Aliás... Eu vi que um deles te empurrou, você está bem?
Tentou aproximar-se, mas Sunoo deu um passo para trás, mantendo a distância entre os dois.
──── Sim. Não foi forte.
Ficaram em silêncio por um tempo. Era desconfortável, mas talvez melhor do que a conversa que antes estavam mantendo. Sunoo estava tentando remoer o fato de que seu melhor amigo nem pensava em olhar na sua cara novamente. Havia se exposto tão no impulso...
Pensando que Daesung entenderia... Mas a única coisa que recebeu foi uma expressão desgostosa e um "Namorados? Que nojo. Não teria te deixado ir dormir na minha casa se soubesse que você pensava assim de mim". Aquelas palavras rasgaram o seu coração como uma faca e Sunoo não sabia como se livraria daquela cicatriz. E ela doía. Doía demais.
Gostar de garotos era algo não horrível assim?
Deveria ter vergonha disso?
Concordaria com as opiniões alheias se Sunghoon não tivesse se metido e falado que ele não havia feito nada de errado. Ele entendia. Ele não o achava repugnante. Pelo contrário... O deu um abraço e limpou suas lágrimas. Era difícil pensar que não havia feito nada de errado com toda resposta negativa, mas sentia que precisava acreditar nas palavras de Sunghoon. Queria acreditar nas palavras de Sunghoon.
──── Obrigado. ── Quebrou o silêncio, com um murmuro. ──── De verdade. Mesmo depois de saber.
──── Não tem nada de errado em gostar de garotos, Sunoo. ── Respondeu logo depois, novamente tentando diminuir a distância entre eles. ──── Você não escolheu se apaixonar pelo seu melhor amigo.
──── Você ouviu essa parte também, é? Como eu sou idiota... ── Riu anasalado, mesmo com vontade de chorar novamente. ──── Por que eu achei que ele entenderia?
Sunghoon conseguiu se aproximar, e assim que chegou perto o bastante, colocou as mãos no rosto do mais novo, o levantando, para conseguir fazer contato visual.
──── Porque você é bom demais para achar que alguém poderia ser tão desprezível como eles foram.
Encarava fundo nos olhos de Sunoo, enquanto sentia o próprio coração bater mais rápido. O menor estava com rosto quente e tentou se afastar, mas Sunghoon agarrou sua cintura.
──── Não fuja de mim. Eu quero receber atenção que você dá a Daesung. ── Sussurrou na orelha do garoto, tentando ser o mais provocativo possível.
Sunoo sentiu um arrepio com a voz rouca de Sunghoon no seu ouvido, não podia estar mais envergonhado e confuso. Agora não tinha mais dúvidas que sim, aquele rapaz estava totalmente flertando consigo. E naquele estado sensível em que estava, em que tudo que queria era a mão amiga de alguém, não podia dizer que não estava gostando daquele tratamento. Daesung era sua paixão de infância, mas Sunghoon o fazia sentir borboletas no estômago com uma simples frase.
──── Tudo bem... ── Concordou, deitando sua cabeça sobre o ombro do mais alto.
Sunghoon estremeceu com aquela confirmação, e sua postura confiante até o momento foi abalada. Mesmo Sunoo não sendo um cara baixo, ele parecia tão pequeno em seus braços, não conseguia conter sua vontade natural de protegê-lo e talvez isso fosse um problema. Nunca havia sentido isso por ninguém. Com o rosto vermelho como um tomate, afastou-se um pouco do mais novo.
──── Que tal... ── Olhou ao redor, procurando alguma ideia, e fora do beco conseguiu ver uma criança com um sorvete nas mãos, pois logo ao lado havia uma sorveteria. Sorriu com os dentes, satisfeito. ──── Tomarmos um sorvete?
Sunoo deu uma leve risada. Talvez um sorvete realmente o faça se sentir melhor.
──── Tudo bem... Mas me deixe pagar. Eu te devo uma.
Pouco ele sabia que Sunghoon não tinha um tostão. Golpe de sorte.
⏳
Sunghoon e Sunoo apenas se separaram no final da aulas ─ pois Kim decidiu faltar o período da tarde ─ , quando o segundo disse que precisava ir treinar para a apresentação na sexta. Sunghoon preocupou-se, perguntou se lá estariam algum dos garotos de mais cedo, mas Sunoo negou e disse que poderia ir sozinho. De qualquer forma, não poderia ser protegido pelo mais alto a todo momento.
Sem muito o que fazer durante uma hora e meia, resolveu ir procurar por seu tio na escola. Precisava abrir os olhos dele antes que fosse tarde demais para arrumar as coisas. Sunghoon imaginou várias formas de como o daria uma bronca, mas nenhuma delas parecia efetiva o bastante para fazê-lo mudar de ideia, porque, no final das contas, eram fruto da raiva que o adolescente estava sentindo naquele momento.
Quando chegou na escola, procurou entre os vários alunos que saiam por aquela porta Daesung, mas não o achou. Esperando que em algum momento o mais velho aparecesse, apoiou-se em uma das árvores do parque à frente e ficou olhando aos poucos o movimento, o qual só diminuía.
Depois de alguns minutos, a figura magricela do tio de Sunghoon apareceu, andando rapidamente com passos longos e rápidos, parecia estar com pressa. O sobrinho logo correu a seu encontro.
──── Daesung! ── Gritou.
Daesung virou-se, não tendo muita reação ao ver Sunghoon. Apenas fechou a cara. Ele havia visto Sunghoon defender Sunoo.
──── Você precisa me ouvir. Estais cometendo o maior erro da sua vida, acredite em mim. ──
Colocou a mão sobre o ombro do tio.
Daesung o encarou, confuso. Em sua cabeça, não havia feito nada de errado, por mais que no fundo sentisse uma sensação de culpa.
──── Do que eu possivelmente poderia me arrepender? De cortar laços com um homossexual de merda que fingia ser meu amigo? ── Falou com o nojo explícito em sua expressão.
Sunghoon não pode conter-se. Seu corpo encheu-se de raiva no momento em que o ouviu dizer aquelas palavras horríveis sobre seu próprio melhor amigo. Como aquele adolescente poderia ter virado o tio que Sunghoon tanto gostava?
Em um ato impulsivo, levantou o braço e deu um tapa com força da bochecha de Daesung.
──── Você pode não gostar dele de volta, mas não vou deixar que fale como se Sunoo fosse um pedaço de merda na minha frente. ── Quase cuspiu as palavras no rosto do mais velho. ──── Era para você mesmo estar consertando esse erro, mas eu que voltei para o seu passado. E você, querendo ou não, vai abrir os seus olhos antes que seja tarde demais.
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