❅𝙲𝚊𝚙𝚒́𝚝𝚞𝚕𝚘 20❅
Ren sorriu ao ver Daisy, Victor e Théo deitados em seu sofá enrolados em um cobertor azul assistindo a memes de gatinhos engraçados. As gargalhadas de seus amigos preenchiam o ambiente, era como ouvir a tranquilidade em saber que Daisy não estava naquele momento pensando no que aconteceu durante aquele dia.
– Tudo bem? – MJ sussurrou ao lado de Ren. Os dois estavam escorados na bancada assistindo os amigos se divertirem.
– Estou, só que… O que eu mais temia aconteceu, um dos meus amigos terem recebido o cartão. Estou me sentindo inútil, esse R.T precisa parar. Mas como encontrá-lo? Como ele soube que estávamos vigiando? – Ren tinha tantas perguntas…
No seu exterior ele aparentava estar tranquilo, mas em seu consciente estava uma bagunça, havia dúvida, medo, conflito, raiva e mais outros sentimentos ilimitados.
MJ soltou o ar percebendo isso. Uma agonia sempre se instalava em seu âmago quando Ren estava em conflito. Ele estava com raiva de R.T, deixar Ren daquela maneira era um pecado, seus olhos ficam tristes, o brilho deles somem dando lugar a uma sombra de muitos sentimentos envolvidos.
– Vamos, quero te levar para sair. – disse MJ segurando sua mão. Ren desviou o olhar para suas mãos e sem demora entrelaçou seus dedos, tirando um sorriso bonito de MJ.
Ren voltou seu olhar para seus amigos, observou Daisy gargalhar e decidiu ir com MJ, ela estava bem, estava com Victor e Théo.
Ren assentiu para MJ com um sorriso sincero.
Janelas vidradas possibilitando a visão breve de dentro do estabelecimento. Fachadas coloridas com destaques as cores rosas e amarelas era o que Ren deslumbrou.
– Uma confeitaria. – disse, MJ assentiu.
– Fiquei sabendo desse lugar. Queria te trazer aqui algum dia. – explicou MJ. Ren apertou os lábios desviando o olhar por um momento para a calçada. Sentia seu coração acelerar com entusiasmo.
Aquelas reações eram tão boas… E ainda provocadas pelo MJ. Ele sabia muito bem agora o que estava acontecendo com ele mesmo, e não evitaria.
Entraram no estabelecimento logo ouvindo o som do sino ao adentrarem. Paredes cores rosa e amarelo pastéis, piso quadriculado preto e branco, iluminação suave tendo a ajuda da luz do dia foi o que Ren e MJ viram. O cheiro de biscoitos acariciaram seus olfatos tirando um sorriso dos rapazes.
A garçonete com o crachá insinuando que se chamava Lia, direcionou os dois para uma mesa retangular ao lado de uma das janelas vidradas. Ela começou a dizer as melhores sobremesas que tinham, onde no final Ren decidiu por uma torta Flapper e MJ escolheu uma Banoffi.
MJ sorriu para Ren, mas logo ele viu uma sombra de dúvidas e incertezas passar pelos olhos de Ren. Ele aproximou sua mão e entrelaçou seus dedos nos dele. Ren voltou seu olhar para o que MJ fez e brevemente alargou seus lábios em um sorriso curto.
– Sabe, eu fiquei pensando no porquê o cartão vermelho voltou. Tivemos alguns anos de paz, e isso foi ótimo. Mas eu percebi que os problemas não somem, eles só diminuem. O que nos resta é resolver o problema de agora. – disse MJ enquanto acariciava o dorso da mão de Ren.
O desenhista engoliu em seco apertando os lábios. As palavras de MJ eram verdadeiras, não existe felicidade e paz sem algum problema para ser resolvido, e se não tiver conflitos, elas acabam sendo criadas para que tudo aquilo tenha mais significado. Isso era um fato!
– Sim, eu sei. Penso que já passamos por tantas coisas… Mas uma vai ser moleza, não é? – Ren disse expressando uma risada. MJ riu juntos assentindo.
– Pelo menos é o que esperamos. – MJ sentia que as coisas poderiam piorar, com seu histórico de eventos perigosos que dividia com os F4 e Gorya, ele sabia que esse perigo iminente poderia ser mais complicado do que pensam.
Mas, Ren estava na sua frente agora, deduziu que ele está disposto a esquecer pelo menos um pouco aquele dia e focar em se sentir bem. Dessa vez ele seguiu o conselho de Kavin e não se deixou ser afetado pela ocasião.
MJ apertou suavemente a mão de Ren e disse:
– Não vamos mais pensar nisso, ok? – Ren apertou os lábios assentido brevemente. MJ sentiu firmeza ali, era a brecha para se dedicar em simplesmente sorrir verdadeiramente.
Seus pedidos chegaram onde Ren e MJ vivenciaram a sensação extasiante das sobremesas. Naquele momento eram só dois rapazes que se gostavam aproveitando uma tarde juntos.
Mas, como um pensamento na velocidade da luz, Ren se lembrou que não falou veemente para o rapaz à sua frente que gosta dele. Na verdade, nunca falou isso em voz alta, nem para si mesmo.
Ele sentia seu coração se aquecer quando disse mentalmente enquanto olhava MJ que estava admirando a rua através dos vidros da confeitaria: "Eu também gosto de você, MJ."
– Sabe onde tem uma concessionária aqui perto? – a pergunta de MJ fez Ren sair dos seus pensamentos. Ele limpou a garganta e disse:
– Sei, porquê? – indagou cruzando os braços ao se escorar no encosto do banco.
– Vou comprar uma moto para Daisy. A dela certamente não tem concerto. – Ren assentiu.
– Eu iria comprar a moto. –admitiu Ren, tirando uma risada curta de MJ. Ele afastou a mecha única que sempre está a solta e respondeu:
– Deixe a moto comigo, você já está devendo uma festa para ela. – Ren se surpreendeu com essa fala de MJ, ele tinha esquecido desse fato. Ele sorriu e disse:
– Tinha esquecido, com certeza ela está esperando o momento certo para cobrar. – MJ concordou firmemente.
Ficaram alguns segundos em silêncio pelo fato de MJ ter parado para pensar em como continuar essa tarde. E Ren, se deu conta disso, ele sorriu para si mesmo assistindo MJ vasculhar em sua memória algo para fazerem, ele não podia negar, era divertido ver MJ se empenhando para agradá-lo. Entusiasmo, uma sensação intrigante e ao mesmo tempo maravilhosa era o que Ren estava vivenciando em cada partícula do seu ser.
– Já sei! Vamos. – Vociferou MJ estalando os dedos por ter tido uma ideia. Ren sorriu balançando a cabeça, disposto a ir onde MJ o levasse.
Um parque de diversões foi o que Ren deslumbrou, roda gigante, brinquedos espalhados pelo espaço, pessoas sorrindo e se divertindo com seus filhos, amigos e etc. Os dois rapazes sorriram um para o outro com aquela imensidão de possibilidades de diversões.
Guardarão na memória como bens mais preciosos os momentos daquela ocasião. MJ se recusando a ir na roda gigante pelo medo de altura, mesmo assim ele foi e em nenhum momento largou a mão de Ren, onde apertava veemente para que se sentisse protegido naquela altura.
Ren se deixou levar, rindo a todo momento, vislumbrando a paisagem da cidade no topo da roda gigante, respirou fundo e sentiu leveza.
Coisas como: MJ chateado por ter derrubado seu sorvete de morango; uma criança ter brigado com ele por ter pisado no pé dela sem querer; Ren tentando acertar o alvo para ganhar um ursinho mais nem ele e nem MJ conseguiram, onde crianças que assistiam tudo aquilo riam da cara deles. Definição de um dia divertido e desastrado que nunca deixaria de ser perfeito.
O sol tímido se pondo dando lugar ao início da noite, com o frio querendo tomar conta.
Ren engoliu em seco enquanto olhava MJ caminhando lentamente ao seu lado. Uma praça silenciosa, com árvores e arbustos espalhados por toda sua extensão. Eles estavam andando por ali, ainda apreensivos por não querer acabar aquele dia divertido. Andavam lentamente admirando cada segundo do vento batendo em seus rostos ainda sentindo uma sensação de liberdade.
Ren precisava falar, ele sentia essa urgência, estava pronto e convicto. Ele já teve muitas certezas na vida, mas a certeza de que gosta de MJ era como acreditar firmemente em algo óbvio existe.
– Eu também gosto de você, MJ. – declarou. Ele soltou o ar quando viu MJ parar.
Ao virar o rosto, assistiu as feições surpresas de MJ se transformarem em feições felizes. Um sorriso se formou em seus lábios, MJ levantou o olhar e encontrou os de Ren, ele caminhou para ficar a frente dele, vendo que o mesmo estava apreensivo e também curioso.
– Pode repetir? – pediu MJ com um sorriso sincero que tirou uma risada de Ren, ele balançou a cabeça colocando suas mãos nos bolsos.
Ren tratou de fixar seus olhos nos de MJ e disse:
– Já gostei de muitas pessoas na minha vida, e já quebrei meu coração muitas vezes também. – começou a dizer. Ele respirou fundo se concentrando no que falar e continuou: – Mas, com você, sinto que posso confiar meu coração machucado, que você vai cuidar dele. – suas emoções estavam ampliadas, Ren não era de chorar, mas seus olhos estavam lacrimejando, pelo fato de se sentir tão seguro em admitir – Eu gosto muito de você, MJ. – concluiu, vendo os olhos da pessoa que estava em sua frente brilharam, com um sorriso reconfortante e firme.
MJ se aproximou mais, levou sua mão até os cabelos de Ren afastando uma mecha acompanhando o movimento que fazia. Ele apertou os lábios quando voltou seus olhos nos de Ren e disse:
– Ficou feliz em ouvir isso. – respondeu, Ren soltou um sorriso mostrando suas covinhas que MJ tanto amava.
Ren logo se lembrou da época que era apaixonado pela Mira, ele foi capaz de ir atrás dela em outro país alegando que ela precisava dele, Ren é um apaixonado capaz de dar o mundo pela pessoa, ele largou seus amigos e vida para ir com Mira. Com o tempo, ele se deu conta que Mira não precisava dele. Foi como um banho de água fria quando percebeu que ele não havia perdido ela, e sim, nunca a teve.
Quando voltou para Tailândia e começou a se apaixonar pela Gorya, ele repetiu esse mesmo dilema. Quando percebeu que estava apaixonado pelo Gorya, ele estava disposto a largar sua vida de luxo para morar em um vilarejo e começar tudo do zero só para estar ao lado de Gorya.
Quando declarou isso para Gorya, e ele foi rejeitado novamente, ele se deu conta que nunca foi primeira opção de ninguém.
Durante todos aqueles anos, Ren achava que ninguém o amaria como ele amava ao se apaixonar.
Mas ao admirar os olhos negros de MJ naquele momento, viu que ele foi sim a primeira opção e que outra pessoa o amava como jamais amou alguém, e essa pessoa sempre foi MJ.
– Obrigado por gostar de mim. – admitiu Ren vivenciando seu coração se apertar em uma sensação maravilhosa.
MJ soltou um sorriso assentindo enquanto acariciava a bochecha de Ren.
O futuro médico se aproximou mais e encostou sua testa na de MJ, sentiu a respiração dele se misturar com a sua e para ele aquele momento era algo tão lindo que jamais imaginou que viveria.
Era isso. Era o certo. MJ era quem ele amava loucamente sem medo de machucar seu coração remendado.
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