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5° Decisão



 Enrico estava sentado à mesa, as mãos envolvendo uma xícara de café, o olhar perdido para além da janela, como se o céu carregado de nuvens estivesse refletindo o turbilhão dentro dele. O silêncio da manhã era denso, quase palpável, até que passos suaves ecoaram pelo corredor. Ele ergueu o rosto quando Giulia entrou na cozinha, ainda com um sorriso sonolento, os cabelos um pouco desalinhados.

— Caiu da cama? — ela brincou, com aquele sorriso que sempre conseguia quebrar um pouco da sua tensão.

Ele respondeu com um meio sorriso cansado.

— Não dormi muito bem.

Giulia se aproximou, repousando a mão de forma suave em seu ombro.

— Pesadelos? — perguntou, com a voz carregada de preocupação.

Ele assentiu lentamente, desviando o olhar de volta para a janela, como se a resposta estivesse lá fora.

— Saí para correr um pouco... precisava espairecer. Daqui a pouco, vou encontrar uns amigos. Mas não devo demorar.

Giulia hesitou, querendo dizer algo, mas foi interrompida por passos pesados e um longo bocejo. Julieta apareceu na porta da cozinha, os olhos ainda semicerrados, o cabelo desordenado, e um sorriso leve despontando em seu rosto.

Buongiorno! — murmurou, a voz ainda baixa e rouca. — Como estão? Dormiram bem?

Enrico e Giulia trocaram olhares e assentiram, embora fosse evidente que um peso pairava no ar. Julieta logo percebeu, e seu sorriso se estreitou, o olhar percorrendo atentamente os rostos dos dois.

— Como está o seu rosto, Enrico? — ela perguntou, aproximando-se para ver melhor o rosto do irmão. Com delicadeza, tocou o rosto dele, e Enrico fez uma careta leve, sentindo o incômodo.—

— Está melhor que ontem à noite, mas... ainda dói um pouco, confesso. — Ele suspirou, desviando o olhar de Julieta.—

Julieta arqueou a sobrancelha, fingindo um ar de drama.

— Uma confusão daquelas não poderia passar ilesa, né? Eu, sinceramente, fiquei traumatizada!

Enrico revirou os olhos, e Giulia, arqueou a sobrancelha.

— Traumatizada? Como assim?

Julieta cruzou os braços, com um brilho divertido nos olhos, mas o rosto fingindo seriedade.

— É, imagina a cena, quando eu entrei na cozinha, e lá está o nosso "grande" Enrico, desmaiado no chão... e completamente nu! — Ela passou por ele, prendendo a risada. — Foi uma visão que eu definitivamente não precisava ver.

— Por favor, Julieta... Não precisa relembrar cada detalhe... — murmurou, sem coragem de encarar as irmãs.—

Giulia gargalhou, incrédula, os olhos brilhando de diversão.

— Ah, Enrico, você realmente atrai essas encrencas! — riu ela, dando-lhe um leve empurrão no ombro.—

Ele bufou, tentando manter a compostura.

— Nem começa... Aquilo foi um acidente.

Julieta balançou a cabeça, divertida.

— E, para melhorar, você foi derrotado por uma garota. Milena é realmente boa, hein?

Enrico abriu a boca para responder, mas fechou rapidamente, suspirando em rendição. Giulia percebeu o constrangimento dele e decidiu mudar de assunto.

— Ainda não entendi o que você está fazendo aqui. Achei que ainda estivesse em Kosovo... — comentou ela, olhando para ele com uma mistura de curiosidade e apreensão.

Enrico sorriu de lado e fez aspas no ar.

— Meu capitão decidiu me dar umas "férias para descansar". — Ele suspirou, deixando o cansaço transparecer. — Mas você sabe como é... nesse mundo, férias são sempre relativas

Giulia, percebendo o peso nas palavras do irmão, trocou um olhar com Julieta e perguntou com um toque de preocupação.

— Por que essa cara, Enrico? — perguntou Giulia, a voz suave e preocupada. — Você parece... diferente.

Julieta assentiu, complementando:

— Deve ser a vida no exército, né?

Ele hesitou, fitando a xícara em suas mãos, antes de erguer os olhos para elas, deixando escapar algo que as surpreendeu.

— Na verdade, estou pensando em me aposentar.

As duas ficaram em silêncio, trocando um olhar de incredulidade, até que Giulia balbuciou, hesitante:

— Como assim, Enrico? A gente sempre pensou que você nunca tiraria a farda. — Falou Giulia.—

Julieta olhou para ele, visivelmente preocupada antes de perguntar:

— O que houve?

Enrico desviou o olhar para a janela novamente, como se as respostas estivessem lá fora. Respirou fundo, e quando falou, sua voz saiu suave, mas carregada de emoção.

— Não sei... Ultimamente, parece que algo mudou em mim. E talvez seja hora de mudar de vida também.

O silêncio na cozinha era profundo, mas repleto de uma compreensão tácita. Giulia e Julieta sentiam que o irmão estava em um ponto de virada, que algo nele parecia ter se quebrado e ao mesmo tempo renascido. Giulia quebrou o silêncio, a voz suave.

— Sabe, Enrico... às vezes, a gente precisa de uma mudança para se reencontrar. Talvez essa pausa te faça bem, mesmo que seja só para refletir um pouco.

Enrico segurou a xícara entre as mãos, refletindo por um momento, e finalmente voltou o olhar para as irmãs, com um brilho de vulnerabilidade nos olhos que elas raramente viam.

— Sabe... eu sempre achei que o exército fosse minha única opção, meu único caminho. Desde que entrei, dediquei tudo de mim, e durante muito tempo isso me trouxe um propósito — começou ele, com a voz baixa, mas firme. Giulia e Julieta ouviram em silêncio, seus olhares fixos nele, sentindo a gravidade do momento.— Mas algo mudou nos últimos tempos. Talvez tenha sido essa última missão... — Ele fez uma pausa, como se buscasse as palavras certas. — A gente passou por muita coisa lá fora, sabe? Ver coisas que... ninguém deveria ver. Perdi amigos, pessoas que eu admirava, e cada vez que isso acontecia, parecia que uma parte de mim também se ia.

Giulia apertou de leve o ombro dele, incentivando-o a continuar.

— E aí, eu comecei a questionar tudo. Passei a pensar se realmente quero isso para o resto da minha vida. A pressão, a violência, a incerteza... Fico imaginando se não há algo mais, uma outra forma de viver, uma outra coisa para construir. — Ele sorriu, melancólico. — Não sei, às vezes acho que estou ficando... velho demais para isso.

Julieta esboçou um sorriso compreensivo, segurando a mão dele.

— Velho? Você mal passou dos trinta, Enrico... Mas entendo o que quer dizer. — Ela fez uma pausa, procurando pelas palavras certas. — 

— Eu estou com 32 anos July.

— Trinta e dois, então? — ela provocou, suavizando o tom sério com uma pitada de humor. — Isso ainda está longe de ser velho, irmão. Mas, de qualquer forma, não é sobre idade, não é? Sabe, ninguém espera que você seja de ferro o tempo todo. Às vezes, é importante dar um passo para trás e cuidar de si também.

Enrico suspirou e, por um momento, seus olhos pareciam ver outra cena, talvez uma memória distante dos anos de serviço.

— Exato. Sabe, eu dei tudo o que tinha nesses catorze anos. — Ele fitou as irmãs, os olhos carregados de uma nostalgia que as fazia entender o quanto o peso da escolha era real para ele. — Foram seis anos no exército da Itália, antes de aceitar o convite para integrar as forças especiais dos Estados Unidos. Aquela foi uma decisão difícil, mas eu queria novos desafios... e encontrei.

Giulia observou o rosto do irmão, enxergando a tensão que sempre fora camuflada atrás da disciplina e da determinação.

— E você nunca reclamou, sempre esteve disposto a fazer o que era preciso. — Ela apertou o ombro dele levemente. — Mas acho que nunca pensamos em tudo o que você deixou para trás por isso, né?

Enrico fez que sim com a cabeça, os lábios curvando-se num sorriso triste.

— Quando escolhi esse caminho, eu sabia que não seria fácil, e não me arrependo. Mas agora... — Ele hesitou, procurando as palavras. — Sinto que há partes de mim que eu nunca explorei, que ficaram para trás enquanto eu estava no serviço. O que me dava forças era pensar que estava fazendo algo bom. Mas será que, depois de tanto tempo, não está na hora de viver um pouco mais... pra mim?

Julieta trocou um olhar com Giulia, ambas compreendendo o peso dessa revelação.

— Talvez você esteja certo, Enrico. Você merece esse tempo, e ninguém vai te julgar por isso. Na verdade, vai ser bom para nós também. — Julieta piscou, brincalhona. — Sabe, poder te ter mais por perto, te ver em uma vida mais... normal. Vai ser um novo capítulo.

Ele soltou uma risada leve, como se a ideia de "vida normal" fosse ao mesmo tempo estranha e atraente.

— E talvez seja isso mesmo o que eu estou procurando... algo mais simples, menos barulhento. — Ele olhou para o café e então para as duas, como se esse momento fosse um lembrete de que a simplicidade também podia ser profunda.

Giulia deu um sorriso compreensivo, segurando a mão dele por um instante.

— Então é isso, Enrico. Talvez esse seja o primeiro passo: aceitar que, depois de tudo, você merece essa paz. E nós estaremos aqui, seja qual for a sua decisão. —Enrico assentiu, o semblante mais leve, como se a decisão que parecia tão distante agora estivesse mais próxima, com o apoio e a compreensão das irmãs ao seu lado.— E se você realmente quiser tentar algo novo, nós vamos estar aqui. Seja o que for, vamos te apoiar meu irmão. — Ela sorriu, brincando levemente para aliviar o clima. — Quem sabe, uma profissão menos perigosa... 

— Você é veterinário Enrico... Poderia cogitar em abrir sua própria clinica e ter um trabalho mais tranquilo.

— Julieta tem razão irmão... Você deveria cogitar nessa possibilidade, afinal, você sempre sonhou em ser veterinário.

— Eu sei que preciso voltar daqui a um mês para o Afeganistão... Provavelmente eu liderarei ás tropas especiais, pois o capitão está se recuperando... — começou, a voz um pouco rouca, como se cada palavra carregasse um peso. — É por isso que preciso pensar bem antes de aposentar a minha farda... Todos os soldados dependem de mim...

— Enrico... — Julieta começou, hesitante. — Você dedicou tanto da sua vida a isso. Não há ninguém que duvide da sua lealdade e da sua força. Mas... será que chegou a hora de você cuidar de si?

Ele assentiu, um sorriso fraco e melancólico nos lábios.

— Talvez. Sei que minha equipe precisa de mim... e deixar isso para trás não é algo fácil. — Ele passou as mãos pelo rosto, pensativo. — Mas também sei que a vida é curta demais, e... preciso de um tempo para mim, algo mais tranquilo, mais calmo... se é que me entendem.

— Claro que entendemos, Enrico. Você já fez tanto por todos... talvez seja o momento de fazer algo por você. — Falou Julieta.—

Ele olhou para ela, com uma expressão que misturava gratidão e indecisão.

— Pode ser que esteja na hora, sim. É só... complicado. — Ele sorriu de lado, pensativo. — Ainda sinto que a farda é parte de quem eu sou, mas algo dentro de mim pede outra coisa agora. Não sei bem o que é, só sei que é mais tranquilo. Mas, ao mesmo tempo, não quero abandonar a minha equipe... Não é só uma responsabilidade. É um compromisso que fiz comigo mesmo, com minha equipe. Eles confiam em mim. Como eu posso simplesmente virar as costas? — Sua voz tremia levemente, traindo a firmeza que ele sempre tentava manter.

— Não estamos dizendo para você abandonar sua equipe, Enrico. Mas, e depois? Vai continuar indo e vindo até que não sobre nada de você para dar? Ou até que seja tarde demais meu irmão?— falou Julieta.—

Ele ficou em silêncio por um momento, os dedos tamborilando nervosamente na mesa. Giulia aproveitou para suavizar a conversa, mas sem perder o tom sério.

— Ninguém aqui está dizendo que você não é um soldado incrível, ou que o que faz não é importante. Pelo contrário. Nós sabemos o quanto você já sacrificou. Só que... talvez seja hora de pensar no que você quer para o futuro.

— E no que você merece, Enrico — acrescentou Julieta, com um sorriso encorajador.

Enrico sorriu de canto, como se estivesse sendo vencido pouco a pouco pela lógica das irmãs.

— Vocês não facilitam, né? — brincou, mas o tom ainda carregava um peso emocional. — Talvez eu devesse ouvir vocês. Talvez...

Giulia e Julieta trocaram um olhar esperançoso, antes de Giulia completar, provocando-o levemente:

— Talvez? Não, irmão. Você vai pelo menos considerar isso. Uma clínica veterinária com o seu nome... já consigo até imaginar a placa na entrada. — falou Giulia sorridente.—

— E um consultório cheio de bichos. Aposto que você vai adorar — acrescentou Julieta, rindo.— Você já tem o primeiro cliente, que é o Sansão. 

Enrico riu pela primeira vez naquela conversa, um som leve que fez suas irmãs relaxarem, ao ouvir o nome do gato da casa.

— Eu prometo pensar nisso — disse, finalmente. — Mas, por agora, vou focar no que tenho pela frente. Ainda preciso liderar minha equipe no Afeganistão. Eles dependem de mim, e eu não vou deixá-los na mão.

Giulia sorriu, satisfeita.

— Sabemos disso. E é por isso que você é quem é. Mas quando o momento chegar, vamos estar aqui para te ajudar no que você decidir.

— Sabe, Enrico, o papai e a mamãe estariam muito orgulhosos de você. — Julieta fez uma pausa, olhando para o irmão com ternura. — Papai sempre dizia que você tinha o coração de um líder e a força de um guerreiro.

Enrico desviou o olhar, os dedos brincando com a alça da xícara de café.

— Papai foi um grande general... — disse ele, sua voz baixa e reflexiva. — Ele sempre teve uma presença tão forte. Era difícil não querer seguir os passos dele.

Giulia, sentada ao lado, inclinou-se para frente, sua expressão carregada de emoção.

— Você se tornou o homem da casa, Enrico, logo depois que ele partiu. E eu sei que não foi fácil. — Sua voz era gentil, mas firme. — Seguir os mesmos passos que o papai e o vovô... isso não era só uma escolha. Era uma responsabilidade enorme.

Enrico soltou um suspiro profundo, como se o peso daquelas palavras se tornasse ainda mais evidente.

— Não foi uma escolha. Foi o que eu precisava fazer. — Ele olhou para Giulia e depois para Julieta. — Vocês sabem disso. O papai esperava isso de mim. Depois que ele morreu, quem mais poderia cuidar de vocês? Quem mais poderia honrar o legado dele? A mamãe estava doente, e eu era o homem da casa e tinha que fazer algo pela nossa família.

Giulia sorriu, mas seus olhos estavam marejados.

— E você fez isso, Enrico. De um jeito que papai teria se orgulhado. Você cuidou de nós. Protegeu a família. Seguiu em frente, mesmo quando estava quebrado por dentro.

Julieta assentiu, enxugando uma lágrima teimosa que ameaçava escorrer.

— Mas sabe o que acho que papai diria agora? — perguntou Julieta, com um meio sorriso.

Enrico arqueou uma sobrancelha, curioso.

— O quê?

Julieta respirou fundo antes de responder.

— Ele diria que você já fez o suficiente. Que você cumpriu seu dever, não só com ele, mas com a gente. E que agora é hora de encontrar o seu próprio caminho irmão.

Enrico ficou em silêncio, as palavras da irmã ecoando em sua mente. Ele pensou em todas as vezes que tentou corresponder às expectativas do pai, à sombra de um homem que era quase uma lenda na família.

— Eu não sei se consigo, Julieta. — Ele finalmente admitiu, sua voz soando quase como um sussurro. — É difícil... sair desse ciclo. É difícil imaginar uma vida fora disso.

Giulia colocou a mão sobre a dele, um gesto de conforto.

— Não estamos dizendo que você precisa esquecer tudo o que fez ou quem você é, Enrico. Estamos dizendo que você pode ser mais. Que tem o direito de escolher. Papai escolheu essa vida, mas isso não significa que você tem que fazer o mesmo para sempre.

— Ele sempre dizia que queria que fôssemos felizes — Julieta completou, sua voz suave. — E isso inclui você, irmão.

Enrico olhou para as duas, o coração apertado, mas ao mesmo tempo aliviado.

— Vocês têm razão... — murmurou. — Papai sempre dizia isso. Só que... às vezes eu não sei se consigo desligar. É como se minha mente sempre estivesse em alerta, pronta para lutar, pronta para proteger.

Giulia sorriu, apertando a mão dele novamente.

— Talvez porque você ainda esteja carregando o peso sozinho. Mas você não precisa mais fazer isso, Enrico. Nós estamos aqui. Sempre estivemos...  

Julieta acrescentou, com um tom mais leve para quebrar a tensão:

— E, além disso, a gente gostaria de te ver em algo menos perigoso. Quem sabe até trazendo alguns sobrinhos pra gente...

Enrico riu, e balançou a cabeça.

— Vocês não perdem uma chance, né?

Giulia deu de ombros, sorrindo.

— Estamos apenas dizendo que, além de ser um herói, você merece ser feliz.

Ele respirou fundo, olhando para o céu como se procurasse respostas.

— Talvez vocês estejam certas. Talvez seja hora de começar a pensar nisso.

***

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