Chào các bạn! Vì nhiều lý do từ nay Truyen2U chính thức đổi tên là Truyen247.Pro. Mong các bạn tiếp tục ủng hộ truy cập tên miền mới này nhé! Mãi yêu... ♥

36°Guardião


A notícia da evacuação de Enrico Rizzi chegou à base apenas algumas horas após o incidente. Ele havia sido levado para um hospital militar, onde médicos estavam cuidando do ferimento em seu braço. Apesar de a situação estar sob controle, a informação chegou incompleta para Milena, que recebeu apenas a notícia de que ele havia sido ferido em combate e que estava no hospital. O resto das palavras ditas ao telefone mal fizeram sentido para ela; tudo o que conseguia pensar era que ele poderia estar gravemente machucado, ou pior...

Milena ficou paralisada ao ouvir a notícia, e o celular escapou de suas mãos, caindo ao chão com um ruído oco. Em meio ao silêncio que se seguiu, ela sentiu o peito apertar e o pânico tomar conta. Sem perder tempo, pegou algumas roupas, enfiando-as de qualquer jeito em uma mala, as mãos trêmulas e a mente completamente focada em chegar até Rizzi. No trajeto, cada segundo parecia uma eternidade, e o medo de não vê-lo novamente a consumia... Comprou a primeira passagem para os estados unidos e partiu. Ela precisava ver ele com os seus próprios olhos.

Enquanto o avião aterrissava, ela já estava ao telefone, tentando saber exatamente em que hospital, e quarto ele estava. A incerteza e a espera na recepção do hospital foram insuportáveis; ela tamborilava os dedos, o coração martelando no peito, cada instante aumentando o peso do que sentia. Quando finalmente conseguiu autorização para entrar, Milena quase correu pelos corredores até chegar ao quarto.

Ao abrir a porta, viu Rizzi deitado na cama, o braço enfaixado, mas consciente, com um leve sorriso ao vê-la entrar.

—Milena.— ele murmurou, a voz rouca.—

Ela respirou fundo, os olhos marejados enquanto caminhava até ele.

—Enrico... Me disseram que você estava ferido, e eu pensei... pensei que...

Ele a interrompeu, estendendo a mão ilesa para ela.

—Ei, calma, estou bem. Só um ferimento no braço. Os médicos disseram que eu tive sorte.

Ela segurou sua mão com força, os olhos vermelhos de tanto se segurar.

—Sorte? Você poderia ter... você poderia ter.— Sua voz falhou, e ela abaixou o olhar para o ferimento, como se apenas vê-lo a ajudasse a acreditar que ele estava realmente ali, vivo.

Rizzi apertou a mão dela, puxando-a para perto e a abraçando.

—Eu sei, Milena. Sinto muito por ter assustado você. A missão foi complicada, mas agora está tudo bem. Eu estou aqui.

—Não faz isso comigo de novo... Promete que vai se cuidar.

Ele assentiu, os olhos fixos nela.

—Eu prometo. —E, com um sorriso suave, completou.—Vou cuidar de mim, porque agora sei o quanto isso significa para você... Mas, o que faz aqui?

— Você acha que eu ia ficar sabendo que você quase morreu e simplesmente ficar em casa? Me ligaram falando que você não parava de chamar o meu nome. — respondeu ela, cruzando os braços, mas os olhos já marejados entregavam o quanto estava abalada.

Enrico tentou sorrir, mas uma pontada de dor o fez recuar.

— Não foi tão grave assim... — Ele tentou minimizar, mas Milena o interrompeu, aproximando-se da cama.

— Você é um idiota, Enrico. Um idiota que quase me matou de preocupação! — A voz dela falhou, e antes que pudesse dizer mais alguma coisa, ele segurou sua mão.

— Ei... Estou aqui. Inteiro. — Ele apertou levemente os dedos dela, seu olhar firme e reconfortante.

Milena sentiu as lágrimas rolarem, mas não tentou escondê-las. Sentando-se ao lado da cama, ela deixou que ele entrelaçasse os dedos nos dela.

— Você não pode fazer isso comigo, Enrico. Não pode... — Sua voz era um sussurro quebrado.

Ele a puxou para mais perto, ignorando a dor no ombro.

— Eu não planejava te assustar, Milena. Mas sabe... enquanto eu estava lá, tudo o que conseguia pensar era em você. — A confissão veio num tom suave, mas carregado de verdade.

Milena olhou para ele, os olhos dela encontrando os dele, e em um movimento impulsivo e inevitável, ela o beijou. Não havia hesitação, apenas a necessidade urgente de sentir que ele estava ali, vivo e com ela. O beijo era intenso e carregado de emoção, como se tudo o que sentiam um pelo outro tivesse explodido naquele instante.

Eles mal perceberam a porta se abrir.

— Eu sabia que você não podia ficar quieto nem em um hospital, Tenente. — A voz sarcástica de kaleb  interrompeu o momento, fazendo Milena e Enrico se separarem como se tivessem levado um choque.—

Milena estava com o rosto vermelho, enquanto Enrico apenas suspirou, passando a mão pela nuca, sem conseguir esconder o sorriso satisfeito, olhando para Kaleb, Gentilli, e Greg que estavam parados a frente usando o impecável uniforme militar.

— Como se sente Tenente?

— Estou melhor. — Ele respondeu, com um tom de leveza, embora o desconforto ainda estivesse presente devido ao curativo no ombro e o cansaço visível no rosto. — Mas ainda não posso dizer que estou 100%, se é isso que você quer saber Kaleb.

Greg olhou para Enrico com um semblante sério, mas seus olhos suavizaram ao perceber o esforço do tenente para parecer mais bem disposto do que realmente estava. Ele fez uma leve pausa, antes de dar um sorriso discreto.

— Eu sabia que não ia conseguir manter o Tenente quieto por muito tempo. — Kaleb comentou com um sorriso de escárnio, enquanto se aproximava da cama. Seu tom de voz sarcástico, característico, ainda estava presente, mas, como sempre, havia uma pitada de carinho por trás da zombaria. — Enrico, se você não parar de arrumar problemas para nós, vou começar a achar que está tentando se matar.

 Enrico tentou sorrir, mas não conseguia esconder o desconforto ao ver a tensão no grupo. 

— Alguma coisa aconteceu?

Os companheiros trocaram olhares rápidos, até que Greg deu um passo à frente, com o olhar pesado.

— Precisamos conversar, Tenente. É sobre o Ramirez. .

— O que aconteceu com Ramirez? — A pergunta saiu quase como um sussurro.—

— Ele partiu essa manhã. —Gentilli foi o primeiro a falar, a voz carregada de pesar. Por um momento, o quarto foi tomado pelo silêncio absoluto. Milena sentiu um nó se formar em sua garganta ao ver Enrico fechar os olhos, claramente tentando processar a notícia. Ramirez era um amigo próximo, parte da mesma equipe que sempre esteve ao lado dele. — O enterro será amanhã. O comandante queria que você soubesse primeiro, já que ele era o seu melhor amigo.

— Ramirez sempre dizia que, se algo acontecesse com ele, queria que a gente bebesse uma por ele... — Kaleb acrescentou, tentando soar casual, mas a tristeza em sua voz era evidente.—

Enrico abriu os olhos, piscando rapidamente como se estivesse tentando afastar as lágrimas.

— Ele merecia mais. Ramirez era um dos melhores. — A voz dele estava rouca, carregada de dor. — E o cão de guerra?

Milena ergueu as sobrancelhas, sem entender a pergunta.

—O cão ainda está na base, mas ninguém sabe o que fazer com ele agora. Ele era leal a Ramirez. Não vai ser fácil para ele.— falou Greg seriamente.—

Enrico passou a mão pelo rosto, claramente dividido.

— Max era mais do que um cão para Ramirez... Era o único parceiro que ele confiava plenamente. — Ele respirou fundo. — Eu fico com a guarda dele. Ramirez confiava no Max como ninguém. Não vou deixar o cão de guerra ser tratado como um problema qualquer. Ele merece respeito... merece um lar. E eu posso proporcionar isso ao Max.

— Parece justo. — Falou Kaleb, aprovando com um leve aceno. — Vamos providenciar os papéis e o transporte.

— E vamos estar lá amanhã. Todos nós. — Gentilli afirmou, a voz firme.—

Enrico assentiu, e o grupo ficou em silêncio por mais alguns instantes, refletindo sobre a perda e a responsabilidade que agora carregavam. Para eles, Ramirez não era apenas um colega; ele era família. E Max, assim como cada um deles, era parte desse laço que não seria desfeito, mesmo na ausência do amigo que haviam perdido.

****

O céu estava cinzento, carregado de nuvens pesadas que pareciam refletir o luto de todos presentes. O cemitério militar era um lugar silencioso, marcado por fileiras de lápides brancas que se estendiam até o horizonte. Soldados em uniforme de gala estavam alinhados, imóveis, enquanto a bandeira dobrada cuidadosamente descansava sobre o caixão de Ramirez.

Enrico caminhava devagar, com o braço machucado ainda preso numa tipoia, mas recusando qualquer ajuda para carregar a guia do cão de guerra. 

Max, o pastor-belga malinois, caminhava ao lado dele, com passos firmes e disciplinados, mas o olhar claramente perdido, como se entendesse a gravidade do momento.

Milena estava ao lado de Enrico, acompanhando seu ritmo. Ela segurava a guia junto a ele, dando o suporte necessário sem questioná-lo, ciente de que aquele gesto era mais do que físico. Enrico precisava estar ali, e precisava levar Max, o último companheiro de Ramirez, para dizer adeus.

Ao se aproximarem do caixão, Enrico parou. Ele respirou fundo, os olhos fixos na bandeira que cobria o amigo. Max sentou-se ao lado dele, olhando para o caixão como se estivesse esperando um comando que nunca viria.

Milena tocou levemente o ombro de Enrico, incentivando-o a seguir. Ele assentiu, com dificuldade, e deu mais um passo à frente.

— Ramirez... — Enrico começou, a voz trêmula, mas carregada de respeito. Ele engoliu em seco, tentando conter a emoção. — Você era um irmão para todos nós. Não há palavras que possam explicar o vazio que você deixa.— Ele fez uma pausa, fechando os olhos por um instante. Max deitou ao lado do caixão, apoiando a cabeça nas patas, como se também estivesse se despedindo.— Eu prometo cuidar dele. — Enrico olhou para o cão antes de voltar o olhar para o caixão. — 

O silêncio foi quebrado apenas pelo som abafado dos soluços de alguns presentes. Milena apertou de leve o braço de Enrico, oferecendo força sem dizer uma palavra.

O comandante, deu o comando para o toque de corneta. O som melancólico ecoou pelo cemitério, carregado pelo vento, enquanto os soldados prestavam a última homenagem ao camarada caído.

Quando o caixão começou a ser baixado, Max levantou-se, soltando um pequeno ganido. Milena sentiu as lágrimas se acumularem ao ver o cão encarar o caixão como se estivesse compreendendo a perda. Enrico se ajoelhou ao lado de Max, ignorando a dor no braço, e passou a mão pela cabeça do animal.

— Ele não vai mais voltar, parceiro... — Enrico sussurrou, a voz embargada.

Max encostou o focinho no joelho de Enrico, como se buscasse conforto. Milena, incapaz de segurar as lágrimas, abaixou-se também, passando a mão nas costas do cachorro.

Quando o enterro terminou, todos se aproximaram para cumprimentar Enrico. O grupo de amigos o abraçou em silêncio, sem palavras, pois sabiam que o momento falava por si só.

Eles seguiram em silêncio, com Max ao lado, os passos lentos, mas determinados. Ali, entre a dor e a saudade, nasceu uma promessa silenciosa de que, mesmo na perda, a memória de Ramirez viveria nas ações deles e no companheirismo que sempre os unira.

O clima ainda era pesado no cemitério militar, o vento frio cortando levemente o silêncio que pairava entre os presentes. Max, o pastor-belga, permanecia firme ao lado de Enrico, seus olhos atentos e postura disciplinada. Enrico deu um leve suspiro, olhando para Milena ao seu lado.

— Você pode segurar ele enquanto falo com o meu comandante rapidinho? — ele perguntou, o tom suave, mas carregado de cansaço.

Milena assentiu sem hesitar, segurando a guia com delicadeza, mas firmeza.

— Claro, vai lá.

Antes de se afastar, Enrico abaixou-se e passou a mão na cabeça de Max, encarando-o com seriedade.

— Max, fique aqui e se comporte. Eu já volto, entendeu? — A voz era firme, mas havia um toque de ternura. O cão apenas inclinou levemente a cabeça, como se confirmasse a ordem.

Enrico deu um último olhar para Milena antes de se dirigir ao comandante, que estava ao lado do grupo de companheiros. Ele fez um gesto sutil, indicando que queria falar em particular, e ambos se afastaram para um canto mais reservado.

Alvarez, um homem com uma postura imponente e um olhar experiente, percebeu o ar sério de Enrico e cruzou os braços.

— Qual o problema, Rizzi? — perguntou o comandante, direto ao ponto.

Enrico respirou fundo, ajeitando o braço machucado na tipoia.

— Comandante, sei que esse não é o melhor momento para trazer isso à tona, mas... eu gostaria de me aposentar... E também, gostaria de ter a guarda de Max. — A voz de Enrico era firme, mas carregava um tom de reflexão.

Rizzi arqueou uma sobrancelha, claramente surpreso.

— Aposentar? Você está falando sério, Enrico?

— Estou. — Enrico afirmou, olhando diretamente para o comandante. — Essa última missão me fez perceber muita coisa. Não é só sobre o que aconteceu comigo... É sobre quem está esperando por mim fora do campo de batalha.

Alvarez inclinou a cabeça, observando Enrico com atenção.

— Isso tem a ver com ela? — perguntou, indicando Milena com um leve movimento de queixo.

Enrico sorriu de canto, mas o olhar era sério.

— Tem, sim. Mas não é só isso. Comandante, eu quase matei minha namorada do coração. Essa vida... essa rotina... Eu sei que faz parte, mas já passei por muito. Estou cansado. E se continuar assim, sei que vou acabar perdendo tudo o que ainda me resta.

Alvarez ficou em silêncio por um momento, absorvendo as palavras de Enrico. O comandante parecia pesar cuidadosamente cada detalhe da situação, seus olhos fixos no homem à sua frente. O cenário ao redor estava carregado de tensão, mas ele manteve a postura firme e imperturbável, como sempre.

— Você sempre foi um dos melhores,Rozzi. Nunca pensei que ouviria isso de você.

— Nem eu pensei que diria isso um dia. — Enrico respondeu, com um leve sorriso melancólico. — Mas acho que está na hora de sossegar. De construir algo além da farda.

Alvarez olhou para ele por mais alguns segundos antes de dar um pequeno aceno com a cabeça.

— Entendo. Mas sabe que não é uma decisão simples. Ainda há protocolos, e você vai precisar fazer alguns ajustes, principalmente por causa do Max. Ele é um cão de guerra, fiel ao dono.

— Eu sei. — Enrico assentiu. — Não espero que seja rápido. Só queria que soubesse da minha decisão antes de mais ninguém.

— Eu entendo — disse Rozzi, finalmente quebrando o silêncio. A voz estava mais calma, sem o usual tom de comando que ele sempre usava. — É uma escolha difícil. E eu sei que você não chegou a essa conclusão de forma leviana.

— Não quero que pense que estou desistindo. — Enrico continuou, a voz mais baixa agora, quase como se estivesse falando para si mesmo. — Não é isso. Não é sobre fugir da responsabilidade, mas... eu preciso de algo mais, algo que me faça sentir que vale a pena continuar, além de uma batalha sem fim. Milena, Max... eles precisam de mim de uma maneira que ninguém mais precisa. E acho que, no fundo, eu também preciso deles.

— Eu não estou dizendo que você está errado. — Rozzi falou por fim, sua voz firme, mas com um tom de compreensão. — Só que é complicado. Você sabe como é o Max, não sabe? A lealdade dele... não é algo fácil de desfazer. E, mesmo que você queira se afastar disso tudo, a guerra não vai simplesmente desaparecer porque você decidiu dar um passo para trás. Alguns de nós não escolhemos esse caminho. Ele é como um carma que não se solta, mesmo quando você decide fazer algo diferente.

Enrico sorriu, um sorriso meio cansado, mas genuíno.

— Eu sei disso. Sei muito bem o que isso significa. E não estou tentando fugir. Não quero fazer isso sozinho, e sei que Max vai ter dificuldades. Eu só... — ele hesitou, a voz se tornando um pouco mais suave. — Eu só quero ter a chance de tentar. Tentar construir uma vida fora disso, onde eu possa ser mais do que o homem que vive na sombra da guerra.

Alvarez olhou para Enrico, e por um momento, parecia que ele via algo mais. Algo que talvez, até então, ele mesmo tivesse negligenciado em sua própria vida. A busca por algo além da farda, além do campo de batalha.

— Eu vou dar os passos necessários, Enrico. Vou ajudar com a transição, mesmo que não seja simples. Mas uma coisa é certa: a sua decisão, por mais difícil que seja, é sua. E a partir de agora, você tem a minha palavra. Não vou impedir você de seguir em frente. Só... só não se esqueça de que, quando precisar, não estará sozinho.

Enrico respirou fundo, a sensação de alívio começando a tomar conta de seu corpo, substituindo a tensão acumulada durante a conversa. Ele sabia que a transição não seria fácil, mas finalmente sentia que a estrada à sua frente, embora desconhecida e repleta de desafios, era sua para percorrer. E ao menos, agora, ele tinha o apoio de alguém que entendia.

— Obrigado, comandante — disse Enrico, com um tom de gratidão genuína. — Isso significa mais do que você imagina.

O comandante acenou com a cabeça, sua expressão voltando ao normal, mas havia uma leve suavidade nos olhos, algo raro de se ver em alguém tão acostumado à dureza das decisões militares.

— Você merece isso, Enrico. Se é o que você quer, terá meu apoio. Mas não pense que vai sair sem um último brinde no bar da equipe.

Enrico riu de leve, aliviado com a resposta do comandante.

— Fechado.

Enrico sorriu, agora com um pouco mais de confiança. Sabia que havia um caminho árduo pela frente, mas também sabia que o mais difícil já tinha sido feito: a decisão. Ele não estava mais preso às correntes do passado. Com isso, ele fez um aceno de despedida, caminhando em direção a Milena e Max, a consciência de que a verdadeira batalha, agora, seria pela sua própria felicidade e por um futuro que não fosse definido pela guerra, mas por aquilo que ele escolhesse construir.

— Tudo bem?

— Sim. — Ele respondeu, pegando a guia de Max com cuidado. Ele olhou para o cachorro e depois para Milena, o rosto relaxando em um sorriso. — Está tudo bem agora.

Milena sorriu de volta, e, com Max ao lado, eles seguiram juntos, deixando para trás o peso do momento, mas com a promessa de um novo começo no horizonte.

Enquanto os três caminhavam, o som das botas de Enrico batendo no solo e o leve farfalhar das folhas ao vento eram a única coisa que se ouvia. O resto do mundo parecia ficar para trás, uma memória distante que não poderia mais interferir nas escolhas que estavam sendo feitas. Cada passo era um símbolo de transformação, um afastamento do campo de batalha que ele deixava para trás, sem olhar para trás.

— Você já pensou o que vai fazer agora? — Milena perguntou, quebrando o silêncio. Ela estava com o olhar concentrado, mas havia uma suavidade em sua voz, como se soubesse que, embora o futuro fosse incerto, o que importava era o presente que eles estavam construindo, juntos.

Enrico olhou para ela, um sorriso ainda presente no rosto, mas agora mais tranquilo, como alguém que finalmente se sente em paz consigo mesmo.

— Ainda não sei exatamente. Mas posso te garantir uma coisa: não vou mais correr de quem eu sou. Não vou mais viver para o que os outros esperam de mim. Acho que o que eu mais preciso agora é encontrar um lugar para nós três, um lugar onde possamos ser... quem realmente somos. Sem a pressão da guerra, sem as sombras que sempre nos acompanharam.

Eles seguiram em silêncio, mas não havia mais aquele peso abafado de antes. Agora, tudo parecia mais claro. O futuro, por mais incerto que fosse, era algo que poderiam enfrentar juntos. A guerra podia ter definido quem eles eram até aquele momento, mas o futuro seria definido por aquilo que eles decidissem ser.

— Conversei com meu superior. — Ele disse, a voz tranquila, mas com uma certeza nas palavras. — Eu quero me aposentar. Acho que já vivi emoções demais por essa vida. Ele fez uma leve pausa, como se refletisse sobre tudo o que passara até aquele momento, e então, seu olhar se suavizou ainda mais. — E também... quero cuidar de Max. Ele é um bom cão, Milena. Pertencia ao meu amigo, mas fui eu quem o treinei, quem o ensinou a confiar em mim. Eu não posso deixá-lo agora.

Milena olhou para Enrico por um momento, os olhos expressando uma mistura de compreensão e surpresa. Ela sabia o quanto ele se dedicara à sua missão, à sua profissão — mas também sabia o quanto a vida de combate o desgastara, o quanto ele precisava de algo novo, de um recomeço. Ela sorriu, tocando suavemente sua mão.

— Você realmente decidiu, então? — Perguntou, sua voz mais calma agora, embora ainda carregasse a ternura de quem desejava ver Enrico, não mais como o soldado imbatível, mas como o homem que precisava, finalmente, viver por si mesmo.

Enrico assentiu, um sorriso suave nos lábios.

Milena olhou para ele por um momento, as palavras de Enrico ecoando dentro dela. Ela sabia que aquilo não seria fácil. O passado de Enrico, suas cicatrizes, tanto físicas quanto emocionais, não desapareceriam de um dia para o outro. Mas havia algo novo, algo real no modo como ele falava. Ele estava finalmente tentando, com todas as suas forças, reconstruir sua vida, dar a si mesmo a chance de ser feliz. E ela estaria ao lado dele.

Eles caminharam em silêncio por um momento, o peso do passado diminuindo aos poucos. Não havia mais aquele abafamento, aquela sensação de estar preso. Agora, o ar parecia mais fresco, mais leve. O futuro era uma incógnita, sim, mas Enrico e Milena sabiam que o enfrentariam juntos, com Max ao lado, como uma verdadeira família.

— Então, o que ele disse? — Milena perguntou, a voz suave, mas cheia de expectativa.

Enrico parou diante dela, sua expressão mais serena, mas com um peso novo que ele tentava compreender. Ele olhou para Max, que estava a alguns passos de distância, observando-os com aquele olhar inquieto, mas também cheio de lealdade. O garoto, sempre atento, talvez já tivesse percebido que algo importante estava acontecendo.

— Ele... ele me apoiou, Milena. Eu... eu estou fora. Aposentado, enfim. — Enrico disse, a voz um pouco mais firme agora, como se estivesse tentando se acostumar com a própria decisão. — E sobre Max... Eu pedi a guarda dele. O comandante não se opôs.

Milena olhou para Enrico com surpresa, mas também com uma leve expressão de alívio. Ela não disse nada de imediato, mas seus olhos brilharam com algo como uma mistura de gratidão e compreensão.

— Isso... é uma grande mudança, Enrico.

Enrico respirou fundo, seu olhar indo de Milena para Max, que se aproximava lentamente, a expressão do garoto refletindo a mesma incerteza que ele sentia. A ideia de ser responsável por alguém fora da guerra, fora da estrutura rígida que o havia sustentado durante tanto tempo, ainda parecia surreal.

— Eu sei, Milena. Sei que não é simples. Mas acho que é o que eu preciso agora. Acho que é o que todos nós precisamos. Vou ser responsável, guardião, e vou garantir que ele tenha uma vida diferente daquela que teve até agora. A vida que ele merece.


Bạn đang đọc truyện trên: Truyen247.Pro