33° Despedidas
Naquela manhã fria e nublada, Enrico e Milena pegaram a estrada silenciosamente, ambos absorvidos em seus próprios pensamentos enquanto o carro avançava pela estrada vazia. O som suave da chuva caindo contra o vidro parecia criar uma trilha sonora melancólica para o momento. Pequenas gotículas de água deslizando pela janela pareciam refletir a tristeza do que estava por vir.
Enrico dirigia com a atenção concentrada na estrada, mas seu olhar constantemente se voltava para Milena, que estava ao seu lado, com o rosto pálido e os olhos perdidos na janela. Ela tentava esconder o aperto no peito, mas o silêncio entre eles falava mais do que qualquer palavra poderia expressar. O fim de semana na casa de campo, com o calor da família e o afeto que compartilhavam, parecia agora um sonho distante. A realidade havia retornado cruel e implacável.
O som do motor do carro diminuiu à medida que se aproximavam do aeroporto, e Enrico puxou o carro até a área de embarque. Estacionou com cuidado e desligou o motor, deixando que o silêncio tomasse o ambiente por um momento.
Quando ele olhou para Milena, o peso da despedida finalmente atingiu seu coração com força. O que mais doía não era a missão, mas a incerteza. Ele sabia que ela ficaria, e ele teria que partir para um destino desconhecido, sem saber quando, ou até se, voltaria. O simples ato de olhar para ela, e saber que seria a última vez por um tempo, fez o aperto no peito se intensificar.
Milena olhou para ele, seus olhos mais brilhantes agora devido à tensão e aos sentimentos contidos. Ela forçou um sorriso, mas ele percebeu a tristeza em seus olhos, refletida na leveza de sua expressão.
— Eu... eu não sei como dizer isso... — ela começou, sua voz baixa, mas firme.
Enrico não falou nada, apenas a observou, sentindo sua própria garganta apertar. As palavras estavam presas, e ele sabia que nada que dissesse agora poderia aliviar a dor deles.
Com um suspiro, ele estendeu a mão, tocando a dela com suavidade. Era um gesto simples, mas cheio de significados não ditos. Milena entrelaçou seus dedos com os dele, e por um instante, os dois ficaram em silêncio, compartilhando a tristeza do momento.
— Eu vou voltar, Milena... Eu prometo — disse Enrico, com uma voz carregada de sinceridade. Ele olhou profundamente nos olhos dela, tentando transmitir todo o seu amor e a sua intenção de retornar.
Ela assentiu lentamente, mas seu sorriso foi triste. Sabia que ele não poderia prometer nada com certeza. A vida dele era imprevisível, e ela entendia isso. Mas, ainda assim, o fato de ele ter falado aquelas palavras era tudo o que ela precisava ouvir naquele momento.
— Eu sei... Eu só... — Ela hesitou, olhando para ele com ternura. — Eu só não sei como ficar longe de você.
As palavras dela ecoaram no ar, e Enrico sentiu seu coração apertar ainda mais. Ele queria dizer que tudo ficaria bem, que a distância não os separaria, mas ele sabia que isso não era verdade. Não completamente. A separação era dolorosa, mas eles tinham que enfrentá-la.
— Eu também não sei, Milena... Mas eu prometo que vou lutar para voltar para você — disse ele com firmeza, os olhos cheios de emoção.
Sem dizer mais nada, Enrico a puxou para um abraço apertado. Ela se aninhou em seus braços, sentindo o calor dele, sentindo que aquele abraço era tudo o que ela tinha naquele momento. Ela sabia que ele estava indo para cumprir seu dever, mas isso não tornava a despedida mais fácil. Era difícil imaginar os dias sem ele, sem o toque, a presença e o sorriso dele. Mas ela sabia que, enquanto ele estivesse longe, ela o esperaria.
Enrico finalmente se afastou, olhando para ela com uma expressão que dizia tudo o que ele sentia. Eles estavam à beira da despedida, e, no entanto, o amor entre eles parecia mais forte do que nunca. Ele tocou seu rosto suavemente, guardando aquele momento em sua memória.
— Eu volto, Milena. E quando voltar, vou te mostrar que tudo valeu a pena — disse ele, antes de se afastar lentamente.
— Eu te amo, Enrico Rozzi, e é melhor você voltar para casa em segurança para sua família, ou eu mesma vou dar uma lição em você.
Ele sorriu, aquele sorriso cheio de carinho que sempre a desarmava.
— Essa é minha garota.
Enrico puxou Milena para perto, colando os lábios nos dela com suavidade, deixando que o momento se prolongasse. Ela sentiu o gosto de suas próprias lágrimas misturadas às dele, salgadas e cheias de emoção. Quando ele se afastou, enxugou o rosto dela com os polegares, com ternura. Os lábios de Milena tremeram, e ele a puxou para um último abraço apertado.
— Pensarei em você — murmurou ele no ouvido dela. — Fique bem e em segurança, prometo que voltarei.
— O mesmo para você, Tenente.
Enrico a olhou uma última vez antes de se afastar, e foi quando ele retirou a corrente do exército que usava no pescoço e, com um gesto cuidadoso, colocou-a em volta do pescoço de Milena.
— Fica com o meu carro, quando eu voltar, pego com você — ele disse, com a voz carregada de carinho. — E cuida disso para mim...
Milena tocou a corrente com os dedos, sentindo o peso do símbolo, e então Enrico retirou a chave do Hummer H3 do bolso. Ele a entregou a ela, com um sorriso que, apesar da situação, continuava sincero e cheio de amor.
— Eu não tive tempo de comprar um anel apropriado, mas na próxima vez que te encontrar... Vou substituir esse colar por um anel no seu dedo anelar. — disse ele, com um brilho nos olhos e um sorriso que, embora um pouco triste, era cheio de confiança no futuro.
Milena sentiu um calor imenso tomar conta de seu peito ao ouvir aquelas palavras. Ela tocou a corrente com mais intensidade, como se já soubesse que aquele gesto, aquele pequeno presente, representava muito mais do que qualquer materialismo. Era um símbolo do que ela e Enrico haviam compartilhado e do que ainda compartilhariam no futuro.
Com um sorriso tímido e os olhos marejados, Milena se aproximou uma última vez, tentando gravar aquele momento na memória.
— Eu estarei esperando por você, Enrico. Sempre... Eu te amo! — disse num fio de voz e tentando não chorar.—
Milena se aproximou de Enrico uma última vez, seu coração apertado com a despedida iminente. O sorriso dele ainda estava lá, mas agora havia um toque de melancolia em seus olhos. Ela respirou fundo, tentando controlar a emoção que ameaçava transbordar, e disse com a voz quase inaudível, mas cheia de sinceridade:
Aquelas palavras, ditas com tanto sentimento, fizeram o peito dele apertar. Ele não conseguiu conter a emoção, e por um breve momento, seus olhos se suavizaram, mais uma vez refletindo a profundidade do que estavam compartilhando. O ar parecia mais pesado, o tempo parecia desacelerar enquanto ambos se encaravam, sentindo cada segundo dessa despedida.
Ele aproximou-se dela, com a intensidade do olhar dizendo mais do que palavras poderiam expressar. Não havia mais espaço para hesitação, nem para palavras. Só restava um gesto, um símbolo do que significavam um para o outro.
Enrico a envolveu nos braços, seu corpo firme e seguro, mas com uma suavidade que só o amor poderia proporcionar. Milena levantou o rosto, sentindo o calor dele, o cheiro familiar de seu uniforme. Quando seus lábios finalmente se tocaram, foi como se o mundo ao redor deles tivesse desaparecido, deixando apenas o som de suas respirações entrecortadas e os corações batendo em uníssono.
O beijo foi suave, mas carregado de uma despedida silenciosa. Um beijo repleto de promessas e saudade, com a esperança de que a distância não seria capaz de apagar o que haviam construído. Foi um beijo de despedida, mas também um beijo que guardava no fundo o desejo do reencontro, a certeza de que o amor deles era mais forte do que qualquer obstáculo.
Milena sentiu as lágrimas nos olhos, mas não as deixou cair. Ela sabia que esse momento ficaria gravado nela para sempre. Ele afastou-se com delicadeza, tocando o rosto dela com os dedos, como se quisesse levar consigo a lembrança daquela última sensação de proximidade. O olhar deles se manteve, como se quisessem gravar na memória cada detalhe, cada expressão.
— Eu amo você!
Enrico então virou-se, e Milena viu suas costas se afastando enquanto ele caminhava em direção à porta de embarque. Ele estava impecável em seu uniforme, a boina bordo acentuando sua postura de militar, mas também de homem que carregava uma carga emocional profunda. Cada passo que ele dava parecia uma eternidade, mas Milena não conseguiu desviar o olhar. Ele estava indo, mas ela sabia que, de alguma forma, ele sempre estaria com ela. O vazio tomou conta de seu coração, mas ela sabia que, apesar da distância, ele sempre estaria com ela, e o futuro traria novas oportunidades para se encontrarem. Ela tocou a corrente no pescoço e olhou para a chave do carro em sua mão, sentindo uma mistura de saudade e esperança.
Quando ele desapareceu por entre a multidão, Milena permaneceu ali, imóvel, com a corrente que ele havia colocado ao redor do pescoço brilhando suavemente sob a luz da manhã. O vazio em seu peito era enorme, mas havia também uma chama de esperança. Ela se sentiu forte, mesmo com a saudade que já começava a tomar conta de seu coração.
Ela sabia que, apesar da separação, aquele amor não tinha fim. E quando ele voltasse, estariam prontos para o que viesse. Ela sempre o esperaria, com a certeza de que, no fundo, eles estavam entrelaçados, e o destino os traria de volta.
Enrico partiu, mas as promessas que fizeram um ao outro estavam gravadas na memória, e ela sabia que ele voltaria. E quando isso acontecesse, ela estaria pronta para o que viesse, com o coração aberto e esperando por ele, como sempre.
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