28° Aproveitando cada minuto
Milena e Enrico caminharam lado a lado pelas ruas tranquilas de San Lorenzo, as luzes da cidade começando a acender, tingindo o céu com tons de laranja e roxo. A brisa suave da noite acariciava seus rostos enquanto ela levava Enrico pelas vielas estreitas que conhecia tão bem. Ele parecia à vontade, mas algo em seus olhos, como se estivesse tentando decifrar cada detalhe ao redor, indicava que ainda estava se acostumando com a cidade e com ela.
Eles chegaram ao pequeno prédio onde Milena morava. O prédio era modesto, com uma fachada antiga e janelas com cortinas simples, mas havia algo acolhedor em sua aparência. O som das ruas movimentadas de Gênova foi substituído pelo silêncio do corredor enquanto ela destrancava a porta do seu apartamento. Milena entrou primeiro, segurando a porta aberta para ele.
— Bem-vindo ao meu humilde lar — ela disse, com um sorriso ligeiramente envergonhado. O apartamento era simples, mas aconchegante, com móveis de madeira escura e paredes adornadas por fotos de família e algumas peças de arte local. O aroma de café e incenso ainda pairava no ar, como se ela estivesse se preparando para relaxar depois de um dia agitado.
Enrico olhou ao redor, claramente impressionado pela simplicidade e pela sensação de intimidade que o lugar transmitia.
O apartamento de Milena é um espaço aconchegante e acolhedor, situado em um bairro charmoso de San Lorenzo, onde a simplicidade e o charme italiano se combinam perfeitamente. Logo ao entrar, você é recebido por uma atmosfera calma e descomplicada. O ambiente é pequeno, mas cada detalhe foi pensado para maximizar o conforto e a funcionalidade, sem perder a beleza simples que caracteriza a vida na Itália.
O piso é de madeira clara, com veios discretos, dando um toque de rusticidade ao ambiente. As paredes são de um tom suave de bege ou branco, o que ajuda a refletir a luz natural que entra pelas janelas amplas, cobertas por cortinas de linho branco, que balançam suavemente com a brisa do mar. O apartamento tem uma sensação de leveza, com uma luz suave e acolhedora que preenche todos os cantos.
A sala de estar é compacta, mas muito bem aproveitada. Um sofá de dois lugares, forrado em tecido claro, repousa contra a parede, cercado por algumas almofadas coloridas, criando um espaço confortável para relaxar. Em frente ao sofá, uma pequena mesa de café de madeira escura, simples, mas elegante, ocupa o centro da sala. Ao lado, uma estante modesta de madeira abriga alguns livros, pequenos enfeites e uma planta em um vaso de cerâmica. A decoração é minimalista, com poucos objetos, mas cada um parece contar uma história uma lembrança de viagem, uma peça de cerâmica artesanal, uma foto em preto e branco de Milena com a família.
A cozinha, integrada à sala de estar, é pequena e funcional. Armários planejados de madeira clara ocupam as paredes, organizados com precisão, mas sem sobrecarregar o espaço. O balcão de mármore branco é simples, mas moderno, com um pequeno espaço para um café rápido ou uma refeição simples. A pia é equipada com os utensílios essenciais, e ao lado, uma pequena mesa de jantar, com cadeiras de madeira, oferece um espaço para refeições caseiras.
— Você mora aqui há muito tempo? — Enrico perguntou, quebrando o silêncio com uma voz suave.
Milena se virou para ele, tentando esconder a leve ansiedade que sentia ao ter alguém como Enrico em seu espaço pessoal.
— Sim! Desde que comecei a trabalhar na construtora do meu tio Leonel. É pequeno, mas... é meu. — falou andando até a cozinha para preparar um café.—
Ele a observou enquanto ela caminha até a cozinha para preparar um café, os movimentos dela calmos e naturais. A luz suave da cozinha iluminava seu rosto de uma maneira que fazia Milena parecer ainda mais encantadora. Enrico sentiu uma onda de curiosidade crescer dentro de si. Ele não sabia muito sobre ela, sobre sua vida fora dos momentos que compartilharam, e aquele apartamento parecia ser uma pequena janela para entender mais sobre quem ela realmente era.
— Eu gosto disso — ele disse finalmente, olhando em volta. — É... confortável.
Milena sorriu ao ouvir o elogio, mas o sorriso desapareceu por um instante quando ela se virou para ele. O que ela realmente queria era saber se ele estava ali apenas porque a atração entre os dois era inegável ou se ele estava disposto a algo mais. Ela não sabia como ele se sentia realmente, e isso a deixava em dúvida.
Enrico percebeu a mudança no olhar dela e deu um passo à frente. Ele não queria deixá-la desconfortável, não queria que ela pensasse que ele estava ali apenas para um jogo de uma noite. Sua expressão se suavizou enquanto ele se aproximava dela, a distância entre eles diminuindo com cada passo.
— Milena... — Ele disse suavemente, tocando seu braço, fazendo com que ela olhasse diretamente para ele. — Eu não sou o tipo de homem que se aproxima de uma mulher para apenas... sair da sua vida logo depois. Não é isso que eu quero... Não quando ás coisas se tornam tão serias...
Ela sentiu um aperto no peito, como se ele estivesse, finalmente, abrindo um caminho para algo que ela já suspeitava, mas tinha medo de admitir. Milena olhou para ele, os olhos fixos nos dele, e, por um momento, não disse nada. Ela apenas se permitiu sentir o peso de suas palavras, e a sensação de algo real começando a nascer entre eles.
A mão dele ainda repousava em seu braço, o toque agora mais firme, como se quisesse lhe passar uma confiança silenciosa. Milena sentiu a tensão em seu corpo se dissolver. Ela finalmente sorriu de volta para ele.
— Então... o que acontece agora? — perguntou, sua voz baixinha, mas com um tom de desafio suave.
Enrico sorriu também, mais relaxado agora, como se tivesse finalmente encontrado um equilíbrio entre as expectativas deles e os sentimentos que ambos começavam a compartilhar.
— Agora, Milena, nós vemos onde isso vai nos levar. Mas, nesse momento, eu só quero fazer uma coisa.
— O que? — perguntou com certa curiosidade em sua voz.—
Enrico se aproximou de Milena com um sorriso tranquilo, como se tivesse finalmente dado espaço para o momento, sem pressa de apressar as coisas. Seus olhos se encontraram, e ela sentiu o calor do olhar dele antes que ele desse um passo a mais, inclinando-se levemente em sua direção.
Quando seus lábios se encontraram, foi suave, mas cheio de significado, como se estivesse dizendo em silêncio tudo o que não podia expressar com palavras. O selinho foi leve, mas carregado de um sentimento novo e reconfortante, algo que ambos ainda estavam começando a entender. Quando ele se afastou, seus olhos ainda estavam fixos nela, procurando entender sua reação.
Milena, por sua vez, ficou ali, surpresa com a simplicidade do gesto, mas ao mesmo tempo tocada pela sinceridade que ele transmitia. Ela sentiu seu peito apertar, uma mistura de sentimentos conflitantes surgindo. Mas, no fundo, havia algo mais claro agora: ele estava disposto a dar um passo à frente, e ela não sabia se estava pronta para resistir a isso.
Ela sorriu, suavemente, quebrando o silêncio que havia se formado entre eles.
— Eu não esperava isso... — ela disse, ainda com a respiração levemente acelerada. — Mas, acho que estou começando a entender o que você quer dizer com "ver onde isso vai nos levar."
Enrico deu um leve sorriso, os olhos brilhando com a sinceridade que ele raramente deixava transparecer.
— E você ainda tem duvidas...
Ela assentiu, sentindo uma sensação de alívio. A ideia de não precisar ter todas as respostas agora a acalmava de uma forma que ela não esperava. Talvez fosse isso o que ela precisasse: espaço para se descobrir, para entender o que queria e, mais importante, para deixar que as coisas fluíssem naturalmente.
Enrico sorriu de volta, sentindo que, por mais que fosse difícil se desprender das expectativas e incertezas, havia algo muito mais importante que se estava formando entre os dois: a confiança mútua. Ele podia sentir isso no ar, e era algo que valia a pena proteger.
— Então, vamos aproveitar o momento agora — ele disse, olhando para ela com suavidade.
O silêncio que se seguiu foi confortável, carregado de algo que ainda estava por vir, algo promissor e ao mesmo tempo tranquilo. Ambos sabiam que, apesar da jornada imprevisível que os aguardava, o que importava naquele momento era estar ali, juntos.
Enrico olhou para Milena com uma expressão séria, mas também cheia de suavidade. Ele sabia o que ela provavelmente estaria pensando, e a verdade era que, embora não quisesse falar sobre isso, ele não podia esconder mais. O tempo deles juntos, tão precioso e tão breve, pesava agora sobre ele. Ele precisava ser honesto com ela, sem rodeios.
— Em breve, vou voltar para o Afeganistão... mas até lá, eu quero aproveitar cada segundo ao seu lado. Cada momento, Milena.
Milena sentiu uma pontada no peito, mas, ao mesmo tempo, o olhar dele a tranquilizou. Ela sabia o que isso significava. Ele estava se entregando ao que sentia por ela, mesmo sabendo das dificuldades que viriam. E, de certa forma, ela também queria aproveitar cada segundo com ele, sem pensar no amanhã, apenas no agora.
Ela olhou nos olhos dele, sentindo o peso das palavras e o desejo que havia entre os dois, algo real e palpável. Sem dizer mais nada, ela se aproximou dele, o coração batendo forte no peito. As palavras haviam sido ditas, e agora o que importava era o que ambos queriam naquele instante.
Enrico, percebendo o movimento dela, deu um passo à frente. Ele tocou delicadamente o rosto de Milena, a acariciando com os dedos, como se fosse a coisa mais preciosa do mundo. Então, com um sorriso tranquilo, ele a puxou para mais perto, até que seus corpos estivessem quase colados.
Milena fechou os olhos, deixando-se envolver pela intensidade do momento. Quando seus lábios se encontraram, foi suave no começo, explorando lentamente a conexão entre eles. Mas, em seguida, o beijo se aprofundou, como se todo o desejo reprimido durante o tempo em que estiveram separados se manifestasse ali, naquele instante.
Enrico a beijava com uma paixão que Milena não esperava, como se estivesse tentando guardar cada detalhe dela em sua memória, sabendo que o tempo deles juntos seria limitado. Ela se entregou a ele, com a mesma intensidade, sem querer pensar no futuro, apenas no agora, no que estavam vivendo naquele momento.
O beijo se prolongou, os dois absorvendo a proximidade, a necessidade de estarem juntos. Quando finalmente se separaram, os olhos de ambos estavam cheios de algo novo, uma promessa silenciosa, uma ligação profunda que, apesar de tudo, parecia inquebrável.
Milena respirou fundo, ainda sentindo o calor de Enrico em seus lábios, e, com um sorriso suave, sussurrou:
— Vamos aproveitar cada minuto, então. Porque, até lá, é tudo o que temos.
Enrico assentiu, seu olhar determinado e, ao mesmo tempo, cheio de carinho. Ele sabia que, mesmo com as dificuldades e a distância que logo viria, o que havia entre eles era real. E ele estava disposto a fazer de cada momento com Milena valer a pena.
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