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26° Na mesma página

Uma semana depois...

Milena estava de volta a Gênova há uma semana, mas a cidade parecia estranhamente silenciosa e fria, como se as cores vibrantes tivessem perdido um pouco de vida. Em meio ao retorno à sua rotina, os pensamentos dela continuavam voltando para Enrico, e ela se perguntava como ele tinha conseguido ocupar tanto espaço em sua mente. Aquilo não fazia sentido; desde o começo, o plano era claro, apenas uma aventura casual, um encontro sem compromisso. Ela acreditava que ambos concordavam com isso. Mas, surpreendentemente, parecia que as coisas tomaram um rumo diferente.

Enquanto olhava pela janela de seu escritório, as lembranças daquele último dia com Enrico no aeroporto voltavam intensas. Ele a havia levado em silêncio, com os olhos fixos na estrada, a expressão séria e distante, como se tentasse manter um controle rigoroso sobre si mesmo. Milena ainda podia sentir a tensão no ar durante o trajeto, mas quando eles finalmente chegaram ao terminal, ele apenas a encarou por alguns segundos, com aquele olhar intenso que ela ainda não conseguia decifrar.

"Se cuida, sua maluca."

Essas foram as únicas palavras que Enrico lhe dissera antes de se virar e se afastar sem olhar para trás. Não houve um último beijo, nem um abraço prolongado. Ele não pediu seu número, nem fez qualquer gesto que indicasse querer manter contato. Foi uma despedida seca, distante, quase fria, evasiva.

Milena suspirou, frustrada. Por que isso a incomodava tanto? Por que ele continuava surgindo em sua mente quando, em teoria, deveria ser só uma lembrança casual? Sentia-se confusa e um pouco ressentida, como se estivesse esperando mais de alguém que nunca prometeu nada. Ao mesmo tempo, lutava contra esse desejo, lembrando a si mesma de que havia aceitado os termos desde o início. Não havia sido forçada a nada, então por que agora parecia tão difícil esquecer?

Ela se mexeu na cadeira, cruzando os braços como se quisesse se proteger da realidade incômoda que começava a aceitar: talvez, em algum momento, ela tivesse cruzado uma linha invisível entre o desapego e o desejo de algo mais. Talvez fosse tarde demais agora.

Ela suspirou profundamente. Estava irritada... Ela iria surtar com toda aquela situação.
"Eu preciso esquecer ele."

Ok Milena... Vamos virar a página... Você consegue garota...
Disse se levantando da cadeira no exato momento que o seu celular tocou. Assim que pegou o aparelho, pode ver o numero familiar de sua avó Paola.

Milena hesitou por um instante antes de atender, sentindo um aperto no peito. A voz de sua avó Paola sempre trazia uma sensação de acolhimento, mas, ao mesmo tempo, era impossível negar que, de alguma forma, ela sempre conseguia puxá-la de volta para a realidade de sua família e suas obrigações.

Ela deslizou o dedo na tela e colocou o celular no ouvido.

— Alô?

— Milena! Como você está, minha querida? — a voz de Paola soou calorosa, mas também havia uma leve preocupação, algo que Milena não pôde ignorar.

— Oi, vó. Estou bem, só um pouco... cansada. — Milena se recostou na cadeira, tentando disfarçar a frustração que ainda sentia.

— Cansada? De quê, exatamente? — Paola perguntou com um tom curioso, quase maternal, como se soubesse que algo estava fora do lugar.

Milena ficou em silêncio por um momento, lutando para encontrar as palavras. Não queria preocupar sua avó com as complicações que estavam surgindo em sua vida, e, especialmente, com os sentimentos confusos que ela ainda tentava processar.

— Ah, só a vida mesmo. — Milena forçou um sorriso, tentando soar mais leve do que realmente se sentia. — Está tudo tranquilo, só um pouco sobrecarregada com o trabalho e essas coisas.

— Bem, você sabe que, quando se sentir assim, pode sempre vir aqui para descansar um pouco. 

Milena mordeu o lábio, tocada pelas palavras de sua avó. Paola sempre fora seu refúgio, a pessoa que a entendia melhor do que qualquer outro. Apesar de tudo o que estava acontecendo em sua vida, saber que sua avó queria que ela fosse para lá, sentar na varanda com uma xícara de chá e conversar como nos velhos tempos, parecia uma ideia reconfortante.

— Eu sei, vó. — Milena finalmente respondeu, uma leve saudade invadindo sua voz. — Acho que poderia mesmo dar uma passada aí. Preciso de um pouco de paz.

Paola riu suavemente, e o som foi como um bálsamo para a mente de Milena.

— Então venha, meu bem. Vou preparar aquele bolo de laranja que você adora.

Milena sorriu genuinamente, sentindo-se reconectada com algo simples, algo que não envolvia as complicações da vida adulta ou os sentimentos intensos que estavam tentando dominá-la.

— Combinado vovó, eu vou terminar de organizar algumas coisas antes de ir...

— Estarei te esperando, querida. Não se preocupe, vai ficar tudo bem.

Após se despedirem, Milena ficou alguns segundos olhando para o celular, pensando no que fazer a seguir. Ir até a casa de sua avó poderia ser exatamente o que ela precisava. Ela precisava de um descanso mental, de um pouco de clareza.

A viagem até a casa de Paola seria o suficiente para ajudá-la a colocar seus pensamentos em ordem. Sem mais questionamentos sobre Enrico ou sobre o que estava acontecendo em sua cabeça. Apenas ela e a tranquilidade de um ambiente familiar, onde as coisas ainda tinham um ritmo mais lento, mais controlável.

Ela se levantou da cadeira e, ao olhar pela janela, viu o céu tingido de tons quentes do fim da tarde. De alguma forma, parecia que o dia estava começando a se despedir da confusão e da ansiedade, e ela poderia finalmente respirar.

— Luiza, eu estou saindo mais cedo hoje... — Milena disse com um sorriso leve, pegando sua bolsa e ajustando a alça no ombro.

A secretária, uma mulher sempre atenta e eficiente, levantou os olhos da pilha de papéis e sorriu ao ver Milena pronta para sair.

— Ah, tudo bem, Milena. — Luiza respondeu, com um tom descontraído. — Aproveite o restinho do dia. Eu cuido de tudo por aqui.

Milena acenou com a cabeça, sentindo-se aliviada por não ter que dar mais explicações. Estava feliz em poder sair mais cedo, algo que raramente acontecia devido à carga de trabalho intensa da Alpha Pi. O ritmo acelerado da empresa e as constantes demandas de seu tio, Leonel De Lucca, nunca pareciam dar trégua. Mas, naquele momento, Milena sentia que precisava de um tempo só para ela.

Ela caminhou em direção à saída, cruzando o amplo corredor do escritório e observando as paredes forradas de fotos de projetos passados e modelos de construção. Milena sempre se sentiu orgulhosa de fazer parte da equipe, especialmente por trabalhar ao lado de seu tio, mas sabia que sua vida estava muito mais complexa do que apenas as paredes e os projetos de engenharia.

Quando chegou à porta de vidro que dava para o hall do prédio, ela respirou fundo, sentindo a leveza do ar fresco e a energia da cidade. A tarde estava começando a se estender, e Milena podia ver o movimento das pessoas indo e vindo, cada uma com seu próprio destino. Ela não se importava com isso agora. Tinha um destino seu, um lugar onde poderia encontrar um pouco de paz.

Ela entrou no carro, e dirigiu para a casa de sua avó, deixando o tráfego de Gênova para trás. Durante o caminho, ela refletiu sobre tudo o que estava sentindo. Enrico ainda ocupava seus pensamentos, mas, desta vez, não havia uma sensação de angústia. Apenas uma vaga curiosidade sobre o que ele estaria fazendo, se ainda pensava nela como ela pensava nele. Milena sabia que precisava afastar esses pensamentos se quisesse seguir em frente.

Quando chegou à casa de Paola, a velha casa de campo com seu jardim cheio de flores e a varanda com cadeiras de balanço, Milena sentiu uma onda de conforto a invadir. Entrou pelos fundos e foi em direção ao restaurante da avó. Naquela hora do dia, ela deveria estar na cozinha auxiliando os funcionários. 

— Vó, estou aqui! — Ela chamou, com um sorriso no rosto, sentindo o ambiente acolhedor que só a presença de sua avó poderia proporcionar.

Paola apareceu rapidamente da cozinha, com um sorriso caloroso e os olhos brilhando de alegria ao ver sua neta.

— Milena, minha querida! Que bom que você veio. Eu estava esperando! O bolo está quase pronto, mas você pode me ajudar com o chá? — Paola indicou a chaleira no fogão, já começando a ferver.

Milena se aproximou, sentindo a paz que esse lugar sempre lhe trazia. Ela começou a preparar o chá enquanto sua avó tirava o bolo do forno, o aroma doce preenchendo o ar. Sentir-se em casa novamente parecia a cura para todas as suas inquietações.

A casa de sua avó era um refúgio, longe das tensões do dia a dia e da correria da cidade. Enquanto Paola tirava o bolo recém-assado do forno, o aroma doce e acolhedor preenchia o ambiente. Milena se sentia aliviada apenas por estar ali, naquele espaço que sempre havia sido sinônimo de conforto e segurança.

— Onde está o vovô? — Milena perguntou, interrompendo o silêncio acolhedor.

— Deve estar lá fora... — Paola respondeu com um sorriso, desajeitada ao colocar o bolo na mesa. — Por que não vai até lá, minha querida? Chama ele para vir comer o bolo conosco.

Milena sorriu, agradecida pela tranquilidade que sua avó sempre oferecia e decidiu seguir o conselho. Ela deixou a cozinha, passando pela sala de estar com seus móveis rústicos e os quadros antigos nas paredes. Os passos ecoaram suavemente no corredor até que ela chegou à porta que dava para o amplo salão. A área externa do restaurante El Touro, de propriedade do avô, era um espaço elegante e aberto, com mesas sob um grande toldo e uma vista para o jardim florido.

Milena atravessou a porta e caminhou em direção ao pátio. A visão do lugar sempre a fazia se sentir em casa.

Ao entrar, Milena olhou em volta, acenando para alguns rostos conhecidos, e percebeu seu avô Alejandro, em pé, próximo ao balcão, conversando com um homem que parecia ser algum cliente. 

Mas que lhe traiu a atenção... De onde estava, ela só conseguia ver os ombros largos do estranho e o corte militar impecável de seu cabelo. O uniforme militar fez o seu coração da um pequeno salto ao se lembrar de Enrico...

Ela se aproximou, e seu sorriso congelou no rosto ao ver o homem virar-se para encará-la. Seu coração disparou, e um frio percorreu sua espinha ao encontrar os olhos dele.

Era Enrico.

Milena tomou uma respiração profunda. O que ele estava fazendo ali? Por que ele estava no restaurante da  sua avó?

Ela tentou se manter calma, mas o fato de que ele parecia tão tranquilo, enquanto ela ainda carregava aquela sensação de não saber o que realmente havia acontecido entre eles, fez com que o silêncio se fizesse ainda mais pesado. Ela pensou em voltar para dentro da casa, ignorando a situação, mas o impulso de finalmente entender o que estava acontecendo entre eles a fez avançar.

A passos hesitantes, Milena se aproximou de Enrico, sem saber exatamente o que dizer. O som suave de seus saltos no piso de madeira parecia de alguma forma mais alto do que deveria ser.

Enrico, ao ouvir os passos, virou a cabeça lentamente. Seus olhos se encontraram com os dela, e por um instante, o tempo pareceu desacelerar. Ele olhou para ela com um leve, mas perceptível, sorriso que não era nem frio, nem caloroso. Apenas... neutro. Algo dentro de Milena se remexeu.

Por um segundo, ela ficou paralisada, encarando-o sem acreditar no que via. Ele mantinha aquele olhar firme e sereno, mas uma leve surpresa brilhava em seus olhos. O tempo pareceu desacelerar, e o som ao redor se tornou apenas um murmúrio distante enquanto ela tentava processar o que estava acontecendo. Mas quando seus olhos se ajustaram à luz suave da tarde, ela parou abruptamente. Seu coração deu um salto.

— O que você está fazendo aqui? — Ela perguntou, tentando disfarçar a surpresa em sua voz.

Enrico a analisou, o sorriso agora mais largo, como se a situação tivesse algum tipo de ironia, ou talvez apenas fosse ele se sentindo desconfortável.

— Milena? — A voz de seu avô a trouxe de volta para o presente. — Querida, você conhece o Tenente Enrico?

Ela respirou fundo, tentando recompor-se.

— Conheço sim, vô — respondeu, tentando soar casual. — 

Enrico a observava em silêncio, e ela sentiu o olhar dele sobre si, como se ele estivesse lendo cada reação dela. Ele inclinou a cabeça, com um leve sorriso de canto.

Milena forçou um sorriso, tentando manter a calma. O avô, como sempre, parecia alheio à tensão que pairava no ar, com seu jeito acolhedor e sua presença imponente. Ele olhou de Milena para Enrico, esperando uma interação mais natural, enquanto a atmosfera entre os dois permanecia carregada com a tensão não resolvida.

— Vovô, a avó está te chamando para comer o bolo de laranja que ela fez.

o avô acentiu com a cabeça antes de dizer.

— Vamos entrar Tenente, você é meu convidado.

Milena arregalou os olhos com o comentário do avô, mas se limitou a falar qualquer coisa. Apenas caminhou de volta para a casa com o avô e e Enrico logo atrás...

Milena tentou evitar olhar diretamente para ele, ainda processando tudo o que havia acontecido entre eles. Ela sabia que o que restava não era uma simples conversa, mas sim algo mais complexo.

O avô, talvez percebendo a tensão no ar, decidiu intervir, sem sequer notar o que estava acontecendo entre eles. Ele puxou uma cadeira e gesticulou para Milena se sentar assim que chegaram na varanda da casa dos avós, onde a mesa estava posta.

— Sente-se, minha filha. O bolo vai esfriar. — Ele sorriu, mas seu olhar atento parecia perceber mais do que queria admitir.

Milena sentou-se lentamente, sentindo o olhar de Enrico acompanhando cada movimento seu. Havia algo nos olhos dele, uma mistura de incerteza e uma quietude que parecia pesada. Ele não estava ali apenas como uma presença casual; algo estava prestes a ser dito, e ela sentia isso no fundo da alma.

Ela pegou uma fatia do bolo e a colocou em seu prato, tentando se manter ocupada. Não queria que o silêncio entre eles se tornasse mais desconfortável do que já era.

Enrico se sentou também, ainda observando-a com a mesma intensidade, mas dessa vez com um toque de suavidade. Como se estivesse ponderando suas palavras antes de pronunciá-las.

— E então, tenente, o que o trouxe até Gênova? — perguntou dona Paola, com aquele brilho sagaz no olhar.

Enrico deu um sorriso leve, mantendo o olhar fixo em Milena por um instante antes de responder.

— Uma pequena licença, senhora Paola. Precisava respirar um pouco fora das operações. E uma amiga me recomendou o El Touro como um ótimo lugar para apreciar uma boa comida.

Alejandro riu, orgulhoso, batendo no ombro de Enrico.

— Escolha excelente, rapaz. Mas, por acaso, não foi essa menina aqui quem o recomendou também? — ele olhou para Milena com um sorriso de quem captava mais do que dizia.—

Milena engoliu em seco, lançando um olhar para Enrico, que disfarçou o sorriso de canto, enquanto ela sentia que sua mente se embaralhava.

— Bem, talvez eu tenha mencionado o nome do restaurante uma vez... — respondeu ela, meio sem graça, tentando não demonstrar o quanto estava afetada.

Dona Paola sorriu, observando a troca silenciosa entre Milena e Enrico, percebendo as camadas de história não contadas ali. Ela sempre fora perceptiva, e embora o clima na mesa fosse descontraído, havia algo mais profundo, algo que estava se desenrolando bem diante de seus olhos.

— Uma recomendação de amiga, é? — disse dona Paola, com um sorriso ligeiramente travesso. — Então, é claro que o tenente acabou se encantando pelo El Touro... e quem sabe por mais alguma coisa.

Milena sentiu suas bochechas esquentarem, um tanto desconfortável com a direção que a conversa estava tomando. Ela olhou para o avô, tentando mudar de assunto, mas ele parecia estar se divertindo com a situação.

Alejandro riu, levantando a xicara de chá até os lábios.

— Ah, mas quem não se encantaria, minha querida? — disse ele com um sorriso largo, deixando a conversa na ponta da língua.

Enrico, mais calmo agora, tocou o copo em sinal de respeito antes de responder.

— Bom, talvez a recomendação tenha sido um bom ponto de partida, mas o que encontrei aqui foi algo muito mais interessante. — Ele disse, voltando o olhar para Milena, a suavidade na sua expressão tornando as palavras ainda mais carregadas de significado.

Milena olhou rapidamente para ele, o coração batendo mais rápido, mas se forçou a manter a compostura. Ela não sabia o que fazer com aquelas palavras, com a atenção que Enrico estava lhe dedicando. Ele havia se distanciado tanto, e agora parecia como se estivesse tentando reencontrá-la de alguma forma.

Dona Paola, vendo o olhar trocado entre os dois, não pôde deixar de sorrir discretamente. Ela não era ingênua, e sabia exatamente o que estava acontecendo. Ela não se intrometeu, mas sua expressão suave deixava claro que ela estava observando tudo com um certo prazer silencioso.

— Então, Milena, o que acha de continuar mostrando a cidade ao tenente? — perguntou Paola, com um tom que poderia ser interpretado como um convite, ou talvez até uma leve provocação.

Milena franziu a testa por um momento, não sabendo se deveria responder com seriedade ou brincar de volta.

— Acho que ele já viu o suficiente de San Lorenzo por hoje... — ela respondeu, tentando manter a leveza, embora uma parte de si tivesse medo de estar perdendo o controle da situação.

Enrico sorriu suavemente, seu olhar mais sério agora. Ele não parecia estar brincando, mas ao invés disso, algo em seus olhos sugeria que ele queria algo mais, algo mais profundo do que simples palavras.

— Quem sabe o que mais eu poderia ver, Milena? — ele disse de forma tranquila, mas com um tom que indicava que sua presença ali não era apenas uma coincidência.

Milena sentiu o ambiente ao redor se tornar mais íntimo, como se eles estivessem, de alguma forma, isolados no meio da conversa. Ela tentou se manter firme, mas as palavras de Enrico mexiam com ela de um jeito que ela não conseguia explicar. 

— O que você quer dizer, Enrico? — Ela perguntou, sua voz baixa, mas firme.

A expressão de Enrico se suavizou, seus ombros relaxando. Ele parecia, por um momento, mais vulnerável do que ela já o havia visto.

— Eu... — Ele hesitou, e Milena viu a luta interna em seu olhar. — Eu não sei o que você espera de mim, Milena, mas não posso mais ficar em silêncio sobre isso. Eu... sinto falta de você.

A confissão foi como uma explosão silenciosa, mas que reverberou no peito de Milena. Ela sentiu sua respiração falhar por um instante, antes de conseguir se recompor.

O avô, aparentemente alheio à profundidade do que estava acontecendo, apenas sorria como se estivesse no meio de uma conversa casual. Mas para Milena e Enrico, o mundo ao redor havia desaparecido, e tudo o que importava agora era o que eles não podiam mais esconder um do outro.

Milena olhou para Enrico, tentando processar suas palavras. Ela não estava mais certa do que sentia, mas algo dentro de si se afrouxava, como se finalmente algo que estava apertado demais dentro dela começasse a se soltar.

— Eu... também sinto a sua falta, Enrico. — Ela respondeu, sua voz mais suave do que ela gostaria, mas sincera.

Os olhos de Enrico brilharam com um alívio que ele não havia demonstrado antes. Ele não precisava dizer mais nada, e Milena sabia que não precisava esperar mais. A resolução estava ali, nas palavras não ditas e nos olhares que se encontraram novamente.

— Então, já podem parar de se olhar como se estivessem em uma guerra... — O senhor Alejandro disse com um sorriso travesso. — Vamos comer bolo e conversar direito.

Dona Paola, percebendo o que estava se desenrolando, deu uma risada suave e se levantou, quebrando o momento tenso e puxando o braço do esposo.

— Bom, eu vou deixar vocês dois resolverem isso. Eu vou cuidar de alguns detalhes do restaurante. — Ela sorriu de forma afetuosa antes de sair da mesa, deixando Milena e Enrico a sós.

Alejandro, percebendo a mudança no clima, fez um gesto de despedida amigável e se afastou também, deixando os dois sozinhos na mesa.

Agora, finalmente, Milena e Enrico ficaram a sós, o silêncio pesado entre eles, mas carregado de significados não ditos. Enrico, com os olhos fixos nela, parecia esperar por uma reação, enquanto Milena tentava decidir se deveria fugir de tudo ou finalmente encarar aquilo que ela já sentia há algum tempo.

— Você sabe, Milena... — Enrico começou, a voz baixa e intensa. — Eu pensei que tivesse deixado claro antes, mas parece que estava errado. Não consigo mais simplesmente seguir em frente sem falar o que sinto.

Milena engoliu em seco, o olhar desviado por um momento, antes de finalmente encontrá-lo novamente. Ela sabia o que ele estava prestes a dizer, mas ainda assim, uma parte de si hesitava.

O que ela deveria fazer com essas palavras, com o que Enrico estava oferecendo agora?

— Eu vim a Gênova por outro motivo, além de visitar o restaurante. — Enrico passou a mão pelo cabelo, um gesto que ela sabia ser de nervosismo. — Queria te ver... Depois que você foi embora, fiquei com a impressão de que a gente não tinha acabado... que talvez a gente nem tenha começado direito.

Ela sentiu o coração disparar, mas manteve o olhar firme, sem deixar transparecer o impacto das palavras dele.

— E você acha que agora seria diferente? — respondeu, a voz baixa, mas com uma ponta de provocação. — A gente nem se despediu direito, e você mesmo disse que... que eu era só uma "maluca" que devia se cuidar.

Ele riu, aquele riso baixo que ela já conhecia bem, antes de continuar.

— É, você é uma maluca, Milena. Mas acho que fiquei maluco também. Depois que voltei, pensei que esqueceria isso tudo em uma semana, mas não consegui. Fiquei imaginando se você sentia o mesmo... ou se era só coisa da minha cabeça.

Ela desviou o olhar, mordendo o lábio, mas a expressão no rosto dele a fez soltar a verdade que guardava desde o dia em que partiu.

— Você não saiu da minha cabeça, Enrico. Isso também me deixou maluca, porque... porque era pra ser algo simples. Mas você estava lá... todos os dias.

Ele deu um passo à frente, e ela sentiu a intensidade de sua presença. Enrico a olhava com algo que misturava desejo e receio, como se também estivesse arriscando algo ao estar ali.

— Milena, se há uma chance de fazermos isso dar certo, eu quero tentar. Não quero mais deixar as coisas pela metade.

Ela hesitou, uma mistura de alívio e medo crescendo em seu peito.

— Eu também quero tentar, Enrico, mas você sabe que a minha vida não é fácil... Eu tenho meus compromissos aqui, e você... bom, você tem toda a sua vida no exército.

Ele assentiu, os olhos mantendo o contato firme.

— Eu sei. Mas a gente pode descobrir um jeito, mesmo com as dificuldades. Se você topar, estou disposto a enfrentar o que vier.

Milena sorriu, sentindo um misto de confiança e uma nova esperança que fazia seu coração bater mais forte.

— Então acho que estamos na mesma página, tenente.

Ele riu, e, sem se conter, puxou-a para perto, segurando-a pelo rosto antes de beijá-la com a intensidade que eles haviam segurado durante o tempo separados. Era como se aquele fosse o começo de algo real, uma promessa mútua que ia além das palavras.




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